Capítulo 21 - A caminho da liberdade
- Conta comigo: - Continua Peter, tentando fazer eu entender sua linha de raciocínio. - Umas... setecentas pessoas do lado dos políticos, versus uns duzentos milhões de brasileiros contra. Quem você acha que sai vencendo? Poderíamos dar uma lição nesses políticos filhos-da-mãe e alterar totalmente o governo corrupto que está a séculos aqui no Brasil! - Diz ele com tanto entusiasmo que acabou me contagiando também.
- Pensando bem.. faz sentido. Mas como você pretende fazer isso? Tipo, teríamos que juntar geral.. E você sabe que simples protestos nunca dão certo... - Ele me lança um sorriso maroto.
- É exatamente isso que eu ia fazer quando você chegou aqui. Ele anda até o armário e o abre, pegando uma pequena mochila de couro e voltando logo em seguida, colocando-a em cima da cama. - Aqui. É assim que vamos "juntar geral". Você com suas habilidades "parkoureras", e eu com a minha facilidade de falar em público vamos animar o povo para revidar! Assim: vamos sair pelas ruas chamando a galera para protestar. Enquanto isso você vai me filmar. Pra chamar as pessoas dos outros Estados. - Explica.
- Mas como você vai chamar as pessoas? - Ele olha pra mochila com um sorriso, e logo depois a abre, revelando um megafone.
- Com isso.
- Você acha que o povo vai se juntar em um dia? Revoluções não acontecem de um dia para o outro..
- Nem.. Meu amigo só será executado daqui uma semana. O tempo perfeito para juntar algumas centenas de pessoas.. Mas a revolução mesmo vai ser quando juntarmos milhões.
- Você é louco.
- É... Acho que sim. Mas e aí? Vai me ajudar ou não?
- É... Eu acho que sim.. - Digo depois de pensar um pouco.
- Ótimo. Vamos logo. - Diz ele se levantando com a mochila no ombro e indo na direção de sua escrivaninha, pegando de lá uma câmera de longo alcance.
Ele se aproxima de mim, e me entrega a câmera. Pego-a e coloco a fita em meu pescoço, deixando a câmera pendurada.
Peter abre a porta e me deixa passar na frente. Descemos as escadas e saímos da casa.
- Temos uma hora antes de meu pai voltar. Vamos logo. - Saímos para a rua, onde Andamos mais um pouco até ele parar abruptamente e se virar pra mim. - Suba nos telhados, pois assim você vai conseguir um ângulo melhor. - Diz e eu assinto, já caminhando até o telhado da casa mais próxima. "Eu devo estar ficando louca." Penso comigo mesma quando começo a ir para a casa.
Coloco melhor o capuz, de forma que ninguém possa ver por trás dele e subo a casa. Peter tira o megafone da mochila e começa a gritar nele, chamado pelas pessoas. Começo a gravar com a câmera, pulando de telhado em telhados conforme ele ia avançando.
- Cidadãos brasileiros! Juntem-se a nós contra esse governo que tira as nossas vidas por causa de simples impostos! Eles acham que podem nos enganar com futebol e bolsa família, que aliás, nem tem mais! Precisamos nos unir contra isso, e ir de mãos dadas contra eles! - Não demora nem cinco minutos e já perdi as contas de quantas pessoas se juntaram, seguindo Peter.
A quantidade de pessoas se juntando a nós não diminui. A cada metro que avançamos, mais pessoas se juntam. Não sei onde Peter está pensando ir, até que "cai a minha ficha". "O senado" Penso preocupada, pois lá tem muitos policiais. A população não conseguiria passar por eles..
Desligo a câmera e desço do telhado, entrando no meio da multidão, me guiando pelo som do megafone de Peter.
Quando finalmente o alcanço, dou uma leve cutucada em seu ombro. Ele se virou para mim com um sorriso no rosto.
- Pit, você está mesmo indo para o lugar que eu penso que está?
- Depende.. Aonde você pensa que estamos indo?
- Pro senado?
- Ah. Então.. Sim. Estamos indo para o lugar onde você pensa que estamos.
- Pit, presta atenção: tá cheio de policiais lá. Essas pessoas não conseguem dar conta disso.
- Como não? Damos conta sim, e.. - Ele não conseguiu terminar. Sua fala foi interrompida pelo barulho de vários tiros seguidos para o alto. Olho para frente, procurando pelo autor dos disparos.
- PAREM JÁ COM ISSO!! - Gritava um policial. Provavelmente o autor dos tiros.
As pessoas o ignoraram e continuaram andando. Sem nem mesmo hesitarem. Minha preocupação aumenta quando escuto o barulho de sirenes dos policiais chegando. O policial que havia dado os tiros se vira e corre até as viaturas que estavam chegando com suas sirenes ensurdecedoras tocando em uma espécie de música desconfortável.
O policial que disparara os tiros finalmente alcança os carros. Ele chega perto de um, e pega de lá um megafone:
- Parem já com essa palhaçada! Isso é infração das leis, e ao governo! O governo que sustenta vocês!
- Sustenta? - Rebate Peter pelo megafone - Alguém precisa de umas aulas de português.. É sustentava, no passado. Agora o que ele faz? Nos manda impostos sem parar e não nos deixa ter uma vida. Isso é o que você chama de sustentar? Os políticos só querem saber de ficar com os impostos! Apenas um décimo dos impostos vai para a reconstrução do Senado! Isso não é mais uma sociedade livre! Tá mais para monarquia absolutista!
- Aí é que está: o senado. Foi um de vocês que causou isso! Se não fosse por vocês, o governo teria continuado do jeito que estava, e nada disso teria acontecido!
- O governo já estava uma bosta antes, e agora piorou mais ainda! - Ele se virou para as pessoas atrás de si. - Tudo o que queremos é um governo justo, não é? - A população gritou eufórica em resposta. - Um governo que não roube, e sim zele pela proteção de seu povo, não é? - A população gritou novamente em resposta. Peter se virou novamente para os policiais. - Viram? Só queremos isso. Somos um povo. Uma nação. Queremos paz e prosperidade! Mas o governo não deixa! São poucos contra duzentos milhões! Nós é que escolhemos! Não as urnas! Nem vocês! Se começar a corrupção de novo, nós tiramos o corrupto do poder de novo e escolhemos outro! Separados podemos ser fracos, mas juntos somos mais fortes do que qualquer um de vocês! - O povo atrás de nós explode de gritos, em concordância. O policial do megafone fica sem saber o que dizer. "Acho que ganhamos" penso satisfeita. Coloco a mão no ombro de Peter e assinto. Ele olha pra mim com um sorriso.
- Agora chega, moleque! Você é só uma criança. Vocês podem ser o maior número, porém somos melhores! - Ao dizer isso, todos os policiais saem dos carros, carregando escudos e segurando armas. O policial continuou: - Vocês todos têm três opções: ir pra casa e serem perdoados por isso, irem para a prisão, ou levarem chumbo! - Quase que instantaneamente todo mundo saiu correndo. Olhei de soslaio para trás, e fiz uma conta rápida dos que sobraram: uns 90. No máximo 110. - Bem.. A maior parte fez a escolha certa. O problema são vocês!
- Vocês não podem fazer isso! Matar 90 pessoas a sangue frio!
- Eis a questão, garoto: nós podemos. - Já previ o que ia acontecer se eu não fizesse alguma coisa. Sem ninguém perceber, saio do lado de Peter e fui para a parede da casa ao lado, contornando a barreira de policiais. Peter continuava debatendo com o policial, dando-me a oportunidade perfeita para chegar nos dois primeiros policiais que estavam na ponta. Eles nem percebem quando eu me posiciono perfeitamente atrás deles e ativo as Hidden blades, enfiando-às nas costas deles. Antes do primeiro policial cair no chão, pego sua pistola e atiro na cabeça do policial do lado.
Assim que dei o tiro, todos os olhares se voltaram para mim. Inclusive os do Peter. "Bem.. Agora que ele já viu, não adianta disfarçar"
- VIRAM? ELES SÃO FRACOS! VAMOS BRASIL! REVIDEM! - Grito o mais alto que meus pulmões permitem. Escuto o barulho de pistolas sendo engatilhadas, e sei que será o fim se ninguém não fizer nada.
Para a minha surpresa e alegria, o povo grita com fúria e avança na direção dos policiais. Com seus punhos levantados para cima em sinal de força. (N.A: Só eu que senti uma leve essência de Assassin's Creed Unity?😆). Os policiais se protegem melhor com seus escudos e apontam as armas para o povo, prontos para atirarem.
Eu já tinha meus próprios problemas: cinco policiais apontavam suas armas para mim, e começam a andar com cautela a minha volta, me cercando. Prontos para atirarem a qualquer momento em minha cabeça.
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