Capítulo 15 - Festa no senado

- Tem certeza disso? - Digo assim que Henri termina de contar o seu "plano genial". Ele me olha esperançoso. - Você tem razão. Eu não gostei. Nem um pouco.

- É, mas você tem uma ideia melhor? Você sabe que os templários não são tão descuidados assim.

- Eu sei, mas... - Os dois me olham curiosos. - Agrh! Você está certo. - Digo levantando as mãos em sinal de derrota. - Mas se isso falhar e eu morrer, eu te mato.

- Você tem todos os motivos para fazê-lo. - Diz sorrindo. - Então, vá se preparar. Faltam 2 horas pra festa. Alex, assim que terminar de preparar o pendrive, vá se arrumar. Você vai se infiltrar também.

- Entendido. - Diz ele concentrado.

- Argh! - Saio do laboratório batendo os pés e vou para o meu quarto me arrumar.

🔻🔻🔻

- Está pronta? - Escuto Henri do outro lado da porta. Me olho no espelho para ver como estava. Eu estava usando um longo vestido vermelho que moldava a minha cintura, e luvas pretas até os cotovelos. Meus olhos estavam delineados e meu cabelo preso em um rabo. Não me sentia bem com esse vestido.

Se tudo ocorresse como o planejado, bastava eu arrancar o vestido que eu ficaria com uma roupa normal preta, pronta para "a fuga". O vestido era longo pois precisava esconder minhas botas.

- Tem certeza que eu tenho que usar isso? - Reclamo enquanto abro a porta. - Fala sério, não vai nem dar pra correr com isso aqui. - Assim que eu abro a porta, Henri arregala os olhos, me olhando de cima a baixo. - Sem comentários.- Digo mal-humorada.

- Mas essa é a ideia. Quanto menos correr, melhor. Além disso, basta tirar o vestido que você estará com sua roupa normal...

- Eu sei, mas esse vestido não é tão simples de tirar. Como as pessoas conseguem usar isso aqui? Além do mais, essa roupa em baixo está me sufocando.

- Bá... Pare de reclamar. Vamos logo que estamos atrasados. - Olho para os lados, em busca de Alex.

- Ué. Alex não ia junto?

- Sim. É que ele demorou mais tempo do que esperava com o programa do pendrive. Mas não se preocupe, ele vai nos encontrar lá.

- Certo. - Caminhamos até o estacionamento da irmandade e entramos em um carro preto. O lado positivo da irmandade ser perto do Senado é que não demorou mais de meia hora pra chegar lá.

Assim que estacionamos, Henri me dá as instruções finais:

- Ta vendo aquele canto escuro no final do quarteirão? - Ele aponta para um beco, não muito longe de onde estávamos estacionados. - Então, vá até lá e espere até ouvir o barulho de alguém cair. Então roube seu convite. Estarei na cobertura daquele prédio, e jogarei este dardo tranquilizador para fazê-los desmaiarem. Você tem menos de dois minutos para pegar seu convite e entrar. Aqui está o chip. Basta pegar o celular de qualquer pessoa, ligar o bluetooth e colocá-lo em baixo da bateria. Alex está vindo com o pendrive. Pegue este comunicador e só o tire durante "a fuga".

- Certo. Pego o chip e coloco o comunicador no ouvido. Vamos acabar logo com isso.

Descemos do carro, e vou até o beco escuro enquanto Henri pega uma sniper no porta-malas e entra no prédio do outro lado da rua.

- Testando... Está me ouvindo? - Escuto Henri perguntar do comunicador.

- Cara... Isso é bizarro. Parece que você está dentro da minha orelha.

- ... Ok, duas pessoas estão se aproximando. Prepare-se para pegar seus convites. Pegue dois e deixe um no canto do beco para Alex.

- Entendido. - Espero mais alguns segundos, até que escuto alguns gemidos de surpresa, seguidos pelo baque de alguém caindo. Saio de meu esconderijo e vou na direção do casal caído. Pego seus convides e volto rapidamente para o beco, escondendo um deles para Alex atrás da lata de lixo.

Rapidamente, vou até a entrada, e mostro para o convide para um segurança, que me permite a passagem.

- Estou dentro. - Digo para Henri assim que passo pelas largas portas que davam para o salão.

- Exelente. Agora, procure por alguém que tenha o celular visível, e que seja fácil roubar. - Olho por todo o salão apinhado de gente.

- Isso vai ser um pouco demorado.. - Digo, me surpreendendo pela quantidade de pessoas. Aquele salão tinha praticamente o tamanho do palácio de Versalhes, e estava lotado! - Não seria mais fácil tacar uma bomba aqui? Quantas vezes vamos ver tantos templários reunidos assim?

- Apenas siga o plano. Mesmo que joguemos uma bomba aí, a maior parte vai sobreviver. Acredite, os templários sempre tem um meio de fuga.

- Tá... - Me dirijo até o bar e começo a procurar por lá qualquer celular no balcão, ou no bolso. Porém não encontro nada. Atraio alguns olhares desconfiados. Então para não ficar tão suspeito, peço um copo d'água.

Me levanto ainda com copo na mão, para continuar com a busca disfarçadamente. Sempre que me olhavam, eu fingia beber um pouco de água.

Finalmente encontro um celular a mostra no bolso traseiro da calça de um cara. Finjo esbarrar nele, e pego seu celular disfarçadamente, saindo antes que ele perceba que está faltando algo.

- Alice? - Me viro para ver quem estava me chamando, e me surpreendo quando percebo que foi o cara de quem peguei o celular. Olho bem para ele, e percebo que ele não era um templário, nem um político. E sim um garoto da minha idade. Olho melhor para ele, e quase caio pra trás quando reconheço de quem eram aqueles cabelos negros.

- Peter? - Pergunto incrédula. - O que você está fazendo aqui?

- Eu é que pergunto. Você não mora em Sampa?

- Eu.. - Busco desesperadamente alguma desculpa, mas não encontro nada. Felizmente Henri diz pelo comunicador: "fale que o pai de seu amigo é político". - O pai do meu amigo é político.. E.. Eu estou acompanhando ele.. - Peter me olha desconfiado.

- Sei.. Então, onde está o seu "amigo". - Fico sem saber o que responder, até que uma voz conhecida diz atrás de mim...

- Alice! Por que você saiu do bar sem me avisar? Aqui, trouxe a água que você pediu.

- Alex! Ah, o..obrigada. - Digo pegando o copo de sua mão, enquanto me voltava para Peter. - Mas e você, Peter? O que faz aqui?

- Meu tio é senador, se lembra? Como meus pais estão viajando, tive que ficar com meu tio. Então vim pra cá. -Responde.

- Ah. Claro. Como me esqueci disso? - Digo com um sorriso.

- Bem, a conversa está boa, mas precisamos mesmo falar com o meu pai, que já deve estar se perguntando onde nos metemos. Foi um prazer te conhecer.. Peter. - Diz Alex de repente.

- Igualmente... Alex. - O clima ficou um pouco tenso entre os dois.

- Então.. Aproveite a festa Peter. Tenho mesmo que ir. Até a mais. - Digo tentando quebrar a tensão entre os dois. - Vamos Alex? Seu pai deve estar esperando. - Nos viramos para ir embora e deixamos Peter sozinho. - Nossa. Obrigada por me salvar. Então.. Será que serve se colocarmos o chip no celular dele? - Pergunto mostrando o celular de Peter, e Alex parece pensar um pouco.

- Sim. Vai dar no mesmo.

Abro seu celular e tiro a bateria dele, colocando o chip.

- Você conhece esse cara? - Pergunta Alex subitamente. Com um claro ciúmes na voz.

- O Peter? Sim. Desde que nos entendemos por gente somos amigos. Mas quando seus pais se mudaram para Brasília nunca mais nos falamos.. - Respondo concentrada no trabalho. - Pronto. Chip colocado.

- Certo.. Agora vamos para o pendrive. - Alex olha pra mim e me entrega o pendrive. Assim que dá, ele me olha de cima a baixo. - Nossa. Eu já disse que você está linda?

- Vamos nos focar na missão. - Digo revirando os olhos. - Onde será que ficam os computadores?

- Bom.. Geralmente em alguma sala longe das pessoas.. Vamos ver.. - Ele coloca a mão no bolso do paletó e tira de lá uma pequena abelha, soltando-a no salão. Logo em seguida ele pega seu celular e começa a mexer em algo.

- O que é isso? - Pergunto. - E porque diabos você tinha uma abelha no seu bolso?

- Essa "abelha" tem nome, sabia? É Josefina. - Lanço um olhar intrigado a Alex. - Um drone - Explica. - Com ela posso rodar o salão todo, e entrar nas salas. Quem desconfiaria de uma abelha? Aqui. Olhe. Eu controlo ela com o meu celular. - Chego perto de Alex e olho para seu celular. A abelha estava voando em direção a uma porta no canto do salão. Ela entra pela fresta, e voa por toda a sala. Porém não tinha nada de interessante. A abelha entra em diversas salas vazias, até chegar em uma onde havia um computador no centro. - Achou.

- E agora? A abel..

- Josefina. - Me corrige.

- ...a Josefina vai hackear o pc?

- Não.. Ela não tem força o bastante pra carregar um pendrive. E ela é muito pequena pra carregar o vírus capaz de pegar as informações necessárias. Ela só nos poupou tempo de ficar procurando a sala certa. Agora, basta ir para trás do palco e abrir uma portinha. O computador vai estar lá.

- Certo.. Então até mais. - Digo me virando, porém Alex segura a minha mão.

- Tente não morrer, ok?

- Vou tentar. - Dou um sorriso sincero, e vou até o palco, onde os músicos estavam tão concentrados tocando, que não perceberam quando eu fui para trás do mesmo e entrei pela porta.

Como o planejado, coloquei o pendrive no computador e esperei alguns minutos.

- Recebendo informações. - Escuto Henri pelo comunicador. - Completo. Desconecte o pendrive e saia daí. Está na hora "da fuga". Tente não chamar tanta atenção, ok?

- Não prometo nada.

Desligo o comunicador e desconecto o pendrive. Jogo os dois no chão, e piso neles com força. Quebrando-os. Pego um capuz vermelho de minha bolsa e o visto, juntando-o com o vestido, que foi feito especialmente para colocá-lo. Saio da sala e subo no palco. A esta hora, Alex já deve ter espalhado que tem uma assassina nessa festa.

Assim que subo, derrubo "acidentalmente" o microfone do vocalista, de forma que vários rostos se virem para mim. Olho para todos e começo a correr em direção a saída.

- Ops. - Escuto tiros para o teto, e um segurança gritando em um megafone para que todos ouçam:

- Assassina infiltrada! Assassina infiltrada! Todos a postos! - Várias pessoas começaram a correr desesperadamente até a saída, enquanto os seguranças se espalhavam pelo salão para tentarem me pegar.

Enquanto corro, rasgo o vestido, de forma que eu só fique com minha roupa preta e botas. Finalmente liberdade. "Hahaha. Toma vestido. Nunca mais você vai me sufocar". Continuo correndo com mais velocidade agora, me desviando da multidão. Quando finalmente chego na saída, um segurança me barra.

Ele tenta desferir um soco em mim, porém me abaixo, e soco seu abdômen, o homem se contorce de dor e cambaleia para trás. Ando até ele, pronta para soca-lo novamente, porém sinto que alguém bate em minhas costas com força, usando algum tipo de porrete.

O ar escapa de meus pulmões. Não consigo me virar para ver quem foi que me bateu, pois caio no chão gelado do salão, entre a consciência e inconsciência.

Sinto mãos enluvadas colocando meus braços para trás, e algemando-os. Logo depois alguém me pega e começa a me levar para algum lugar que não consigo ver, pois tudo começa a escurecer.

" Eu vou é matar o Henri mesmo que eu saia viva daqui." Isso é a única coisa que eu consigo pensar antes de perder a consciência completamente.

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