Capítulo 13 - De volta ao Brasil
Minha consciência vai voltando aos poucos.
Sinto que estou deitada, porém não sei onde estou ainda. Abro meus olhos devagar, mas está tudo borrado. Esfrego eles para tentar focar mais, mas fazer isso só piora a situação.
Tenho que descobrir onde estou.
Me sento e fecho os olhos, tentando me lembrar do que aconteceu nas últimas horas. Qualquer coisa que indique onde estou.
Mas tudo o que me lembro é do breu infinito. E de algumas vozes: "- Ela foi crucial em nossa vitória. Precisamos dela.
- Eu sei. Mas nós já prometemos a ela. Ela que vai decidir isso. Não podemos simplesmente quebrar essa promessa." Essas vozes.. Não consigo identificar de quem são. Faço um esforço para lembrar de mais, ou de quem são as vozes, mas isso apenas me causou uma forte dor de cabeça.
Fico por mais algum tempo de olhos fechados tentando me lembrar, até que desisto e os abro. Felizmente, minha visão não está mais embaçada.
Olho em volta.
Parece uma sala de hospital, iluminada apenas pelas luzes urbanas que entravam por uma grande janela no canto. Ao lado de minha cama havia um animus, no qual eu estava conectada.
Fico sentada por mais alguns minutos, até que resolvo me levantar. Imediatamente, me arrependo por ter feito isso. Meu corpo todo dói. Parece que eu havia levado diversas facadas por todo o corpo.
Ignoro a dor e ando até um espelho no canto da sala. Levanto a roupa, e quase caio quando vejo, pelo menos, umas cinco cicatrizes por todo o meu corpo. "Acho que esse é o preço a pagar por ter lutado. Uma "pequena" lembrancinha da minha primeira batalha." penso.
Vou até uma bancada ao lado do espelho que tinha uma pilha com roupas e as visto. Assim que termino de colocar a bota, ouço passos se aproximando da porta.
Instintivamente, recuo alguns passos quando a maçaneta é virada, mostrando um Henri sem capuz, e com um olhar surpreso por me ver de pé.
- Alice! Faz quanto tempo que você acordou? - Pergunta ele entrando no quarto.
- Alguns minutos.. - Olho em volta. - Ei, onde estamos? E por quanto tempo eu fiquei desacordada?
- Estamos em Brasília e... Você ficou assim durante três dias.
- Bra.. Brasília? O que estamos fazendo aqui? E como eu não acordei?
- O antigo QG foi destruído, então viemos para este temporariamente. Você estava péssima. Não acordou nem quando te colocamos no jato. E olha que foi barulhento aquilo..
- Destruído? Por que? Nós... Perdemos?
- Pelo contrário, graças a você. Porém, os templários destruíram o campo completamente, e uma boa parte interna do QG... Além disso, eles já sabem a localização da irmandade. Seria burrice continuar lá, ao menos que queiramos ser atacados toda hora.
- Endendi.. Mas pera aí! Graças a mim? O que eu fiz?
- Além de detonar com praticamente todos os caras de bazucas e granadas? Bem.. você se lembra do seu último oponente, não é? - Faço sinal afirmativo com a cabeça. - Então, ele era o líder daquele "exército". Ele, de acordo com nossos cálculos, havia matado, no mínimo, 30 de nossos melhores homens. Por causa dele, os templários não recuavam. Por causa dele, mesmo sem os templários de bazucas, eles estavam ganhando aos poucos. Mas você o venceu. Graças a você, os templários, pela primeira vez, recuaram com medo perante os assassinos. A irmandade te deve uma, garota.
- Eu.. - Começo, porém sou interrompida por Henri, que levanta a mão, me interrompendo.
- Conversei com meu mestre, e ele disse que você seria uma peça fundamental como membro da irmandade. Não apenas para encontrar "o objeto", mas em nossas missões contra os templários. Porém, nós prometemos a você que a escolha é sua.. Sendo assim, se você negar, te levaremos imediatamente para casa. - Ele se vira para a saída. - Pense bem. Assim que você fizer a sua escolha, me procure imediatamente. - Diz e fecha a porta.
Me sento na cama e fecho os olhos. "Eu? Uma assassina? Não, não. Isso não é pra mim. Mas.. Tudo o que eu sempre quis era melhorar o meu país. Consertar todas as desigualdades dele.. Quando nos conhecemos, Henri me disse que a Abstergo é a maior rede de templários. E quem comanda a Abstergo é o presidente! A Abstergo é quem destrói o meu país. Sei que posso consertar isso com a ajuda dos assassinos. Sei que, com eles, meu país se tornaria algo melhor. Os assassinos querem acabar com a Abstergo, certo? Temos objetivos em comum então.. " A única coisa que me impede de me juntar a irmandade é Will. O que seria de mim sem ele? Aperto minha cabeça. Isso está me dando uma bela de uma enxaqueca. Chego a conclusão de que vou negar a oferta. Não dá pra ficar sem o Will. Principalmente porque ele nem sabe onde eu estou.
Me levanto, pronta para abrir a porta e procurar Henri, porém paro assim que toco na maçaneta. Uma onda de pensamentos e lembranças me invadem. "- Estamos aqui para lutar pela paz e pela liberdade. Mas atualmente estamos perdendo.", "Um objeto capaz de destruir o mundo. Ou salvá-lo, dependendo de quem o possuir.". É óbvio que os templários o usarão para controlar as pessoas. Se eu simplesmente ignorar esse fato e não fizer nada pra tentar impedir, tudo o que eu pensei ser vai ser uma mentira..
E agora? Recuso ou aceito?
Fico parada na porta, segurando a maçaneta fria por mais alguns minutos, até que tomo a decisão. Abro a porta, pronta para sair à procura de Henri, porém sou surpreendida por um homem de meia-idade com cabelos grisalhos que se dirige até mim. Ele usava um agasalho azul escuro com capuz.
- Boa tarde. - Diz ele. - Você deve ser a Alice. Me chamo Anthony.. E então? Já tomou sua decisão? - Aceno afirmativamente com a cabeça. Surpresa por ele já saber sobre a proposta. - Ótimo, vou te levar até Henri. Por favor, siga-me.
Sigo ele em silêncio pelos largos e desertos corredores da irmandade. Até ele parar em frente de uma porta de madeira rústica. Ele aponta para ela em um sinal para que eu entre.
Respiro fundo e abro a porta. Me viro para ver se Anthony vai entrar também, porém ele apenas acena afirmativamente com a cabeça, me encorajando, e vai embora.
A sala era pequena, e havia apenas uma mesa rústica no centro dela, onde estavam sentados dois homens com capuzes abaixados. Um reconheço ser Henri, já o outro eu nunca vi em minha vida.
- Alice! Já tomou a sua decisão? - O homem desconhecido olha para mim e se levanta, me cumprimentando. - A propósito, sou Halt. Fundador desse QG, e atual mestre assassino. Sente-se - Ele aponta para uma cadeira na mesa, e eu me sento nela. - Então, vamos direto ao ponto: vai se juntar a nós, ou vai voltar para casa? - Seus olhos azuis me encaram esperançosos.
- Eu.. Vou me juntar a vocês. - Digo decidida. Percebo que o olhar de Henri se iluminou, mas logo voltou a assumir sua postura séria.
- Você está ciente dos riscos? - Pergunta Halt. - Aquela batalha no campo foi apenas uma amostra do que lhe aguarda se juntando aos assassinos.
- Sim. Eu quero me juntar a vocês, independentemente dos riscos.
- Se você tem certeza... Sendo assim, faremos a cerimônia de iniciação imediatamente. Tudo bem por você?
- Claro. Quanto antes melhor.- Digo animada. Halt aperta um botão em cima da mesa que até então não tinha visto, porém nada aparente acontece.
- Nos acompanhe por favor. Creio que seu ancestral já tenha lhe ensinado a escalar paredes, certo? - Faço que sim com a cabeça. - Ótimo. - Eles se levantam, e eu faço o mesmo. Henri coloca o capuz, anda até a janela e a abre. Sem hesitar, ele sobe no parapeito e pula de lá. Halt faz o mesmo.
"Eu suponho... Que eu deva fazer o mesmo, certo?" Ando rapidamente até a janela e olho para baixo. Estávamos em um prédio de no mínimo 5 andares, e esse era o último, provavelmente. A queda seria longa. Halt e Henri estavam logo abaixo da janela, colados na parede de pedras olhando para cima, esperando que eu pulasse também.
Respiro fundo e subo no parapeito. Viro de costas, e meus pés saem a procura de algum ponto de apoio. A parede era de pedra, então não demoro para achar um. Hall e Henri começam a descer até a altura das casas. Quando chegam no fim do prédio, pulam no telhado de uma casa de dois andares, e me esperam.Faço o mesmo e começamos a correr de telhado em telhado.
Corremos por mais alguns minutos, sempre nos telhados, até nos depararmos com um tipo de torre de vigilância abandonada. Henri e Halt começam a escalá-la sem hesitar, porém eu paro e olho para cima. A torre é realmente muito alta, e eu não sei se consigo. Afinal, o mais alto que Teçá subiu até agora, foi em uma igreja. Não uma torre de vigilância gigante e abandonada. Hesito um pouco antes de colocar as mãos em um pequeno buraco da torre que servirá de apoio. Respiro fundo três vezes e começo a subida.
Chego logo depois de Halt e Herni, um pouco arfante. Levanto a cabeça e percebo que aquele não era apenas uma torre de vigilância abandonada.
No centro da torre, chamas alaranjadas ardiam em um pequeno braseiro. Olho em volta, e percebo que não havia apenas eu, Halt e Henri na torre, e sim vários assassinos, (mais ou menos uns 13) incluindo Alex, que formavam um pequeno círculo.
Halt se posicionou ao lado do braseiro e começou a falar:
- Laa shay'a waqi'uh moutlaq bale koulon moumkine... Estas são as palavras pronunciadas por nossos ancestrais que repousam no coração do nosso credo...
Henri deu um passo à frente e olhou firme para mim:
- Onde outros homens seguem cegamente a verdade, lembre-se...
Fiquei um pouco sem saber o que responder, mas todos os assassinos ali presentes continuaram a frase:
- Nada é verdade...
- Onde outros homens são limitados pela moralidade ou pela lei, lembre-se...
- ...Tudo é permitido.
- Trabalhamos na escuridão para servir à luz. Somos os assassinos.
Todos os assassinos continuam em uníssono:
- Nada é verdade tudo é permitido. Nada é verdade, tudo é permitido. Nada é verdade, tudo é permitido... - Subitamente todos param de falar, e Henri toma minha mão esquerda.
- Chegou a hora - Disse-me. -Nesta época de modernidade, não somos tão letais quanto nossos ancestrais. Não exigimos o sacrifício de um dedo. Mas o selo com que nós marcamos é permanente. - Seguro a respiração, esperando o que viria a seguir. - Está preparada para se juntar a nós?
- Estou.
Halt se virou para o braseiro, e dele retirou um ferro de marcar vermelho incandescente que terminava em dois semicírculos, os quais podiam ser unidos usando-se uma alavanca no cabo. Então apanhou minha mão e isolou o dedo anelar.
- Isso só dói por algum tempo, irmã. - Disse. - Como tantas outras coisas.
Pressionou o ferro sobre o dedo e, unindo os dois semicírculos de metal incandescente ao redor da sua base, marcou-o. Aquilo cozinhou a carne, soltando um cheiro de queimado, mas não recuei. Halt rapidamente tirou o ferro e o colocou de forma segura em um canto. Então os assassinos que estavam ali presentes retiraram os capuzes e se juntaram ao meu redor.
Alex sacou do bolso um pequeno frasco com um líquido incolor e me entregou.
- Isso vai aliviar um pouco a dor. - Disse com um sorriso. - Fico feliz por ter se juntado a nós. - Sorrio em resposta e pego o frasco, passando pelo meu dedo.
Halt se aproxima de mim e diz sorridente:
- A partir de agora, você é uma assassina. Bem vinda a irmandade.
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