° Capítulo 06 °
A felina achava que a tempestade a havia sido dispersada, no entanto estava bem longe disso.
— Ele é o Hades? — uma voz masculina inquiriu.
Na soleira da cozinha o jovem de cabelo loiro escuro olhava desconfiado para ela, como se houvesse algo mais, porém implícitos, nem sempre palavras são necessárias. Ela se recompôs voltando com olhar ferino e reprovador para seu afilhado, o garoto apenas desviou os olhos não querendo demonstrar o leve temor que sentiu, Bastet podia era deusa da fertilidade, mas não isentava seu lado intimidador.
— Há quanto tempo estava nos espionando? — ela indagou sem cerimônias.
— Calma aí — ele brincou tentando amenizar o clima, o que efeito contrário. — Acabei de chegar.
— Como sabe que ele era Hades — a felina retorquiu, uma dúvida que a deixou inquieta, apesar de querer saber como Tarden chegou em sua casa, nunca havia citado sobre o lugar.
Assim como essa inquietação perdurava na mente da deusa outras tomavam conta, o que fazia ela querer amaldiçoar o rei do submundo, pois metade de suas preocupações envolvia Hades.
— Minha vó Deméter, ela me falou sobre ele — Tarden contou, sem ter noção da dimensão do que havia dito.
A deusa ergueu as sobrancelhas em surpresa. Não aquilo só poderia ser um equívoco, desde quando Tarden entrou em contato com os olimpianos? quem seria imprudente o bastante para expô-lo aos seus inimigos. A felina fitou os olhos castanhos contendo a raiva que crescia, enquanto ela movia tudo ao seu redor para protegê-lo ele negligenciava todo o seu esforço.
— Quem deu permissão — ela silabou contendo a raiva, Anúbis e Perséfone não poderiam ter tal descuido.
A felina se afastou revirando as almofadas do sofá mais próximo atrás da bolsa, não era seguro ficar na casa com o garoto, eles não teriam proteção o bastante caso houvesse um ameaça.
— eu sou um deus, posso ir onde quiser — Tarden voltou a replicar contrariado, e lá estava a teimosia do seu afilhado.
Uma risada sarcástica escapou dos lábios de Bastet, ela se virou voltando a avaliar o garoto.
— Um deus imprudente — murmurou.
— Tia, vocês não podem esconder tudo de mim, eu faço parte dessa história.
— Isso não lhe dar direito de entrar em terreno inimigo — replicou. — Não faça todo nosso esforço ser em vão.
Não queria nem supor a ideia de alguém por as mãos em Tarden, havia se passado poucos anos desde que ela pegara o pequeno bebê choroso no colo, mas nunca esqueceu como aqueles pequenos olhinhos a encararam com profundidade, foi ali que soube que faria tudo por Tarden. Ela era uma deusa da fertilidade, vira muitos nascimentos e abençoava que a procurava, todo nascimento de um humano ou deus tinha seu modo especial, uma vida recém chegada era sempre uma dádiva, contudo o nascimento e Tarden havia despertado algo a mais, um sentimento que a entorpecera de tal modo que dispersou por um instante tudo que havia sucedido naquele ano, ela apenas tinha sentido o mesmo com Malu.
Tarden exibiu uma cara carrancuda, mas não tornou a retrucar, sabia que sua tia não deixara margem para discussão.
Ela permaneceu vasculhando até encontrar a bolsa desgastada. A viagem até Heliópolis era exaustiva mesmo com seus atalhos, Bastet passou por Tarden entrando na cozinha sofisticada procurando algumas frutas acessíveis, Azila era responsável pelos afazeres culinários, de um simples achocolatado a um prato típico do Egito, Bastet não cansava de elogiar seus empenhos.
Com uma decisão rápida ela pegou algumas maçãs e uvas enfiou na bolsa, trancou a casa enquanto o mais novo observava emburrado.
— Onde a senhora vai? — questionou Tarden, cruzando os braços.
— Nós — ela frisou impaciente. — Vamos ter uma conversa em Heliópolis.
O garoto arregalou os olhos castanhos já sabendo o que sucederia, logo toda autoconfiança se fora, não precisava de muito para deduzir o que ela dissera e Bastet sabia disso.
— Tia, espere aí, não...
— Não é mais a mim que deve explicação, guarde para Rá — ela interrompeu.
Tarden a seguiu cabisbaixo para os fundo da propriedade, tinha ciência de tudo que envolvia o deus solar tendia ao leve sermão.
Em um segundo a vegetação espessa deu lugar ao deserto árido, mas ainda teriam que andar alguns quilômetros, o horário tardio já evidenciava os baixos graus arrepiando a pele da felina. Tarden vinha atrás incerto, Bastet não se orgulhava da escolha feita, mas teria que dar um basta nessas visitas ao Olimpo, ele tivera sorte de não ser abordado em nenhuma das vezes.
As estrelas auxiliavam nas coordenadas até o templo, sempre eram um bom guia se soubessem interpretar e a felina dominava com eficiência, tudo que aprendera foi com esforço para sobreviver, apesar do extenso laço familiar os deuses não eram tão demonstrativo em relação a afeto. Rá era preciso nos ensinamentos de seus filhos, havia prestados bons ensinamentos válidos até quando ela subestimasse, a felina tinha o intuito de repassa-lo para o garoto.
— Estamos perdidos — Tarden resmungou ofegante.
A deusa rolou os olhos claros diante da birra do sobrinho. Jogou uma maçã em direção, que agarrou sem muito esforço, ela tornou a prosseguir no caminho.
— Apresse o passo ou, perderemos o banquete assim.
Com a audição apurada ela seguia caminho, não era tola de ponderar que estavam em segurança, era do feitio dele espreitar na escuridão. Mesmo se tivesse opção a felina duvida que os deus fosse parar de atormentá-la, sua mente teimava em girar em torno dos olhos amarelados, o que abria uma brecha para pensamentos infortúnios.
Comprimiu os lábios numa linha dura, era o que ele deseja, ponderou ela, afetá-la.
Mais alguns quilômetros e já avistavam as ruínas em desgaste, Tarden correu animado passando pelas colunas que corrompidas. Para qualquer humanos o local não passaria de destroços do que um dia fora um palácio habitado por um deus, essa era intenção que deveria ser subentendida. Havia muitas colunas que formavam um arco de entrada e só os contemplados tinham direto de vislumbrar o que teria do outro lado. Desse modo quando bastet ultrapassou a entrada correta identificou o alvoroço dos servos que andava de todos os lados com pratos e vinhos, chegou a encontrar Tarden, que havia entrado primeiro, sentado diante da mesa ao lado do seu progenitor.
Uma reunião dos deuses havia sido marcada para aquela noite, a qual a deusa tinha descartado pelo o encontro com Mason. Banquetes assim ocorria com frequência, afinal Rá dava sentido real a palavra família, dessa maneira Hórus, Ísis, Anúbis deram ar a sua presença, além é claro da olimpiana.
Perséfone seguia ao lado de Anúbis com o olhar calmo, mas duro, a felina não sentia nenhuma euforia em vê-la, pois no fim da contas ela tinha uma parcela de culpa por Bastet ter se envolvido tão intensamente na relação entre deuses. Brevemente ponderou como teria sido sua vida se nada daquilo tivesse ocorrido, ainda estaria na sua rotina de sempre? teria se aproximado de Malu? Eram só suposições que nunca obteria respostas.
— Ah! Bastet — a deusa de cabelos castanhos exclamou, puxando a felina para um abraço afetuoso. — Achei que não viesse.
A felina a afastou sua irmã um pouco, mesmo permitindo o abraço.
— Agradeça o Tarden — Bastet disse, fazendo o garoto suspirar cansado.
— Ele aprontou de novo? — questionou Hathor, deusa do amor e da beleza. — Pegue leve com o garoto, irmã, é da juventude fazer travessuras.
Bastet riu enquanto as duas seguiam para a enorme mesa, recoberta de alimentos dignos de deuses, Hathor sempre defendia que havia fases passageiras na vida, Bastet admirava o otimismo da irmã mais velha.
— Não tenha tanta certeza — ela replicou. — Rá não virá?
Todos já estavam disposto e apreciando suas bebidas, contudo o lugar central, destinada divindade solar, encontrava-se vazio.
— Apófis pode ser incômoda quando quer — Sekhmet explicou, quando as duas deusas se juntaram ao seu lado.
A grande serpente era mais nada que a personificação do caos, espalhando terror ao crepúsculo, contudo Rá o combatia com veemência fazendo a serpente, que beirava os 15 metros, regredindo para longe de terras egípcias. Bastet já havia presenciado a batalha árdua, junto com Sekhmet, mas seus minutos apenas observando foram poucos, pois entrara na batalha contra Apófis tornando-se uma das lutas que lembraria na sua imortalidade.
— Um golpe certo pode ser definitivo — a voz do deus reverberou entrando no salão espaçoso.
Diferente do templo dos demais deuses, a morada de Rá era enorme e recoberta por tapeçarias renomadas, as paredes continham escrituras desde a criação ao tempos de glória,
Como esperado os deuses presentes curvaram-se em respeito, Rá sentou-se no seu lugar de direito com uma leve expressão de cansaço, mas ele não diria nada sobre, a felina conhecia seu pai e sabia que ele não se prenderia a isso.
Para a surpresa dos presentes Set chegara com Rá, sem muito diálogo sentou ao lados da felina mantendo o olhar duro. A tensão era clara, já que Hórus e Osíris estavam do lado oposto, mas todos preferiam manter poucos palavras, pois a divindade solar era rígida sobre brigas e provocações em reuniões como essa, como ele dissera " Suas desavenças ficam lá fora".
— Toth não veio — Hathor para ninguém em específico, afim de harmonizar o jantar.
— Já não é surpresa o bastante Bastet está aqui? — replicou Anúbis com um sorriso desafiador, a felina o conhecia, Tarden tinha herdado do deus.
Talvez Rá havia percebido que o autocontrole da deusa estava por um fio, dessa maneira ele deu maneou a cabeça em um simples gesto ordenando que ela não retorqui, enquanto os demais não se davam o trabalho de se importar, afinal poucos queriam estar ali. No entanto sua noite foi um fiasco começo ao fim, ela já não continha sua raiva.
— A honra é toda sua, pois minha presença aqui só demonstra que você não sabe criar um filho.
A pouca calma que restara se foi quando os olhos dos deuses presentes focaram nela e Anúbis, o qual estava com as pupilas dilatadas.
— Pai... — Tarden tentou falar.
— Silêncio! — Bastet e Anúbis disseram em uníssono fazendo o mais novo se encolher, recebendo um olhar de compaixão de Hathor.
Era em momentos assim que seu desejo era por fim no deus sombrio, aquelas lembranças que sua mente tentava reprimir eram expurgadas com clareza não inibindo o sentimentos de repulsa e ódio. A felina fitou os olhos escuros com fúria que foi retribuída com desdém e ironia.
— Sua atenção está dispensada — Perséfone se pronunciou levantando. — Sei muito bem cuidar do meu filho.
Com uma leve surpresa a felina se virou para deusa de fios loiros, mas logo deixou uma risada sarcástica escapar, ignorando a expressão de surpresa de Ísis e olhar interessado de Set, o falso moralismo da deusa da primavera causava uma certa ironia na situação quando a mesma era primeira que o colocava ao perigo, um passeio ao Cairo sozinha era uma das centenas escapadas de Tarden, clero com apoio da mãe, Bastet duvidava que ela sabia do real sentido de cuidar de alguém.
— Bem tarde para sua lições moralista não acha? — replicou séria.
— Pode me odiar o quanto desejar, mas não vou prender meu filho em casa, ele precisa viver ser livre — alguns murmúrios ergueram-se com as palavras, a deusa não desviou a atenção fitando os olhos claros.
— Tente e o deixe morrer no primeiro sinal de perigo.
— Me tornar a vilã de tudo não vai ser ele menos culpado — Tanto os deus, que seguiam olhando a troca de farpas, como a felina não compreenderam o que a loira estava insinuando. — Você sempre esteve do lado de Hades.
Mal a deusa fechara os lábios quando Bastet ultrapassou o mesa polida, o corpo esguio deu um salto majestoso ficando e cara a cara com Perséfone, que tremia assombrada pela atitude inesperada. O Choque da mão contra o rosto delicado de Perséfone ecoou pela salão, ela cambaleou um pouco pela força imposta pela felina, mas Anúbis foi preciso em segurá-la seguido por Tarden que limpara o filete de sangue no canto da boca da deusa. Bastet se afastou sem muita importância, na sua visão ela havia procurado tudo isso mencionado o deus de olhos amarelados, tanto Perséfone, Anúbis e Hades haviam protagonizado tudo que sucedera, ela só havia sido uma peça de útil em ambos lados, por mais que odiasse admitir.
— Sua vadia! — Anúbis xingou, se aproximando com fúria, os olhos castanhos deram lugar a escuridão.
No entanto seria necessário além para ela expressar medo, se o deus mensageiro queria um duelo ela o daria, já fazia um bom tempo que ansiava destruí-lo. Mas Sekhmet, que até então assistia a discussão com divertimento, foi rápida intrometendo entre sua irmã e Anúbis, o qual a olhou confuso.
— Satisfeito com suas consequências? — Rá indagou, virando-se para Anúbis. — Aqui não é palco para birras em vão, pensei que tinha deixado bem claro.
Anúbis ficou estático com os punhos cerrados, mas não ousou prosseguir, sabia seu lugar na hierarquia e seria imprudência arriscar por tão pouco.
— Sua preferência por ela também? — retrucou contrariado. — Não me admira você defendê-la tanto.
A felina rolou os olhos com a observação de Anúbis, Rá não cultivava favoritismo com os seus, e se ocorre Bastet se veria em última na lista. Abriu os lábios para dar um basta nas provocações do deus, porém o toque firme em seu braço a fez fitar os olhos ferinos de Sekhemet que dizia para não dar mais uma palavra, Bastet cruzou os braços insatisfeita.
— Isso não vai fazer de você menos culpado — o deus solar falou, sua postura permanecia calma. — Não me desafie criança.
Se Anúbis disse algo mais Bastet não ficou para escutar, sua irmã a puxou para fora do templo em direção dos arbustos retorcidos que eram iluminados pelo luar. Ela mirou mar de areia ainda relutante com as palavras de Perséfone, fazendo sua mente vagar pelo mais recente erro.
— Por mais que a ideia de uma briga entre você e ela me agrade, foi imprudente — Sekhmet iniciou, sem olhá-la. — Lembro que foi sempre foi mais sábia entre nós três.
A recordação das suas idas constantes no templo de Toth e seu fascínio com os antigos papiros enquanto suas irmãs preferiam brincas nas margens do Nilo, sempre fora um tanto obcecada por conhecimento, um passo a frente do perigo era uma vantagem que ela queria colher no futuro, então por que as palavras de Sekhmet a afetara.
— Com erros que se aprende — deu de ombros, não acreditando no que disse.
Sekhmet riu balançando os cachos loiros, voltou a fitar o horizonte enfeitado de estrelas.
— Você sempre evita os erros — discordou a leoa. — O que mudou?
Uma indagação que Bastet fazia todo o nascer e pôr do sol, chutou a areia fina que escorreu entre os dedos, querendo evitar a resposta novamente. O que mudara esses míseros anos? fatores marcavam com nitidez, mas ela ainda se recusava ter a visão concreta.
— Nada — se limitou a dizer.
Esticando as pernas torneadas a deusa deu um salto permitindo que o pelo espesso crescessem sobre seu corpo esguio, enquanto seus membros reduziam de tamanho. A transformação não durara mais que alguns minutos e em disparada a felina movia as patas com rapidez.
Fugir de uma simples pergunta não era muito seu feitio, e por mais que no fundo queria convencer a si mesma que não estava em um interrogatório, ela era bem segura em suas escolhas. Chegou no local dos símbolos cravados com alívio, atravessou o portal a fim de esquecer de uma vez por todas aquele maldito jantar.
A ideia de uma cama quentinha teve que ficar para outro dia. Os olhos claros o fitaram na varanda, sentado na pequena escada na entrada ele encarava as infinitas estrelas no céu escuro, as altas horas pareciam não incomodar Mason.
Ela se aproximou evidenciando sua presença, sentou dos nos degraus esticando as pernas, havia sido uma boa corrida. Mason sorriu passando o braço sobre seus ombros, um dos hábitos que havia abdicado nos últimos meses.
Bastet tinha que relevar que ele era além de rosto bonito, Mason tinha suas peculiaridades que o tornavam singular perante a deusa, não por sua maestria em questão de relíquias ou muitos menos por fazê-la ri de modo espontâneo. Avaliando minuciosamente ponderava a ideia de nutrir por muitos anos aquela recente amizade, mas sem subestimá-lo, não cairia em total inocência novamente.
— Acho que devo evitar mais calmantes — ele ponderou, então aquela foi a ideia implantada pelo o deus do submundo. — Me desculpe, pelo se divertiu sem mim?
— Eu não colocaria um jantar em família como diversão — a felina falou sem muito ânimo.
O mortal a olhou surpreso, não era com frequência que ela citava sua família. Em suas muitas conversas em frente da lareira Mason perguntava sobre seus pais e irmãs, sempre acabando no mesmo círculo vicioso, ela mudava de assunto e ele aceitava sutilmente a recusa.
— Então da próxima posso acompanhá-la. — ele sugeriu, o sorriso revelava um consolo. — O que pode acontecer é seu pai me olhar feio.
A simulação de Mason conhecendo Rá fez Bastet ri baixinho, ela sabia da personalidade do rei solar o bastante para saber que o semblante sério dominaria seu rosto por longos minutos. Por outro lado sua irmã, Hathor se divertiria com a situação ao seu modo, ela era tão travessa quanto seu afilhado.
— O quê? — Mason indagou sorrindo. — o que poderia dar tão errado.
— Digamos que.... — ela pausou misteriosa. — Meu pai acharia que você não está à minha altura.
Com uma olhar desafiador Mason tirou o braço ao redor dela e se levantou, arrumou a camisa e fios loiros como se estivesse prestes a fazer um pronunciamento, a felina sorria esperando até então ele falar. Inesperadamente ele se ajoelhou perante ela, não era uma cena muito comum numa madrugada.
— Sei que não sou digno, mas acredito, Cat, faço por merecer — ele falou humorado, fazendo a deusa sorrir e esquecer aquele fatídico jantar.
Ela levantou-se e estendeu a mão para o humano, que aceitou com veemência.
— Já passou da hora dos seus galanteios — ela replicou mais leve, talvez a noite não fora tão perdida. — Vamos entrar está tarde.
Tanto ele quanto ela não falaram mais nada perto do alvorecer, ficaram deitados um do lado do outro, sem beijos ou juras. Nem todos os casos é com pressa que se cultiva algo além da amizade.
° NOTAS °
O Anúbis procurar treta com a Cat 😅
Sorry pela demora de caps novos, mas agora pretendo ser mais ativa 🙃💖
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