Capítulo 6

Mais um para vocês, espero que gostem, votem e comentem bastante.

Beijos.

Haviam se passado alguns dias, tantos que o gelo modesto em forma de minúsculas estrelas já começara a despencar do céu preguiçosamente e eu mal havia me dado conta disso, não quando passei grande parte dos meus dias me escondendo de Jeongguk pela casa, isso a algumas semanas, no entanto desde então não fiquei sabendo dele nem no quarto e muito menos na casa.

E isso me enchia de alívio mesmo que estivesse vergonhosamente curioso pelo seu paradeiro.

Tomei um banho quente naquele dia, a água morna já disponibilizada pela casa e sua incrível vontade em me deixar o mais confortável possível, shampoos e loções de cheiro todos espalhados pelo balcão do menor para o maior.

Eu me perguntava de onde aquelas coisas todas surgiam, ainda estava por descobrir.

Olhei o céu coberto pelas nuvens carregadas do inverno todas se estendendo pela vastidão do céu como um tapete denso e escuro, minhas mãos frias e formigando mesmo que a água aquecesse todo meu corpo, não sabia quanto tempo havia de fato se passado naquela casa, eu não podia sequer dizer que eram dias, não quando o inverno havia dado as boas vindas.

Já havia se passado muito tempo.

Saí da água alguns minutos depois, por causa do céu nublado do lado de fora estava escuro mesmo que ainda não chegasse perto do por do sol, a casa havia disponibilizado algumas opções de roupas sobre a cama, algumas delas muito mais bem vestidas do que eu estava acostumado.

— O que você sabe que eu não estou sabendo? — questionei mesmo sabendo que ninguém me responderia, mesmo assim escolhi o conjunto mais simples.

A casa estava como sempre muito vazia, o aquecimento mágico do lado de dentro não fazia muita diferença quando a presença física estava tão em falta, tudo escuro e nada frio. Suspirei descendo os degraus lentamente, Juwon apareceu alguns degraus abaixo com um enorme sorriso suspeito no rosto, das inúmeras vezes que estava com ele, nunca o vi sorrindo desta maneira e isso acabou me aquecendo por dentro, aquele bonito sorriso direcionado para mim.

— Bom dia, Tae Tae. — sorri envergonhado pelo apelido. — Está bonito, vai sair?

Neguei.

— Foram as únicas opções que a casa me deu, escolhi a mais simples. — ele arqueou as duas sombrancelha com a sombra de um sorriso no rosto.

— A mais simples? Certeza? — o respondi com os dois ombros quase tocando as orelhas demonstrando que eu não sabia de nada.

— Foi a casa. — mas ele apenas murmurou algo e me olhou dos pés a cabeça.

— Tem algo para fazer hoje? Que tal a gent-

— Não vai dá, irmãozinho querido, infelizmente hoje ele estará ocupado. — ouvi a voz de longe e ela reverberou na minha cabeça inúmeras vezes como um eco irritante e grudento.

Minha felicidade escapou do rosto nos segundos seguintes no mesmo instante que o belo sorriso de Juwon morreu.

Jeongguk estava sorrindo enquanto caminhava até onde estávamos, para a minha total surpresa, pisquei inúmeras vezes como se areia houvesse inundado meus olhos. Sempre muito elegante, imponente e importante, coloquei as mãos frias nos bolsos da calça de tecido fino para esconder o leve tremor e então revirei os olhos quando Jeongguk piscou para mim.

— Ah, você sorri? Achei que tivesse paralisia facial. — gastei saliva no tom carregado de deboche.

Ele apenas sorriu novamente, um grande e estupidamente belo sorriso.

Descarado sem-vergonha.

Juwon olhou de mim para Jeongguk, sem exibir nenhuma estilha da expressão tão alegre que ele me exibia a alguns minutos atrás.

— Vocês... Vão sair?

— Não eu-

— Sim, iremos, junto e sozinhos. — juntei as sombrancelhas, um retrato da repulsa.

Juwon abriu e fechou a boca várias vezes e eu prontamente abri a boca para explicar o que estava acontecendo, mas no meio de tudo antes do primeiro som atravessar meus lábios, eu percebi que dizer aquilo em voz alta me trazia mais vergonha do que eu gostaria de imaginar, então não tive coragem de dizer.

— Eu posso-

— Não, não pode, o que irei fazer com Taehyung não é para seus olhos pequenos e imaturos irmão, vá dormi. — Jeongguk respondeu a Juwon mais com deboche e zombaria do que raiva.

Foi a minha vez de demonstrar insatisfação, ele não podia andar falando de mim daquele jeito como se eu fosse algum tipo de pertence.

Abri a boca, mas Jeongguk enfiou uma maçã nela antes que eu podesse protestar.

— Vamos indo, pequena raposa, tenho muita o que mostrar hoje. — piscou novamente um dos olhos e passou a caminhar esperando que eu o acompanhasse.

Olhei para Juwon, imóvel e pálido e então para Jeongguk a caminho dos fundos da casa onde eu nunca havia ido.

Então segui Jeongguk.

🌙

Mordi a maçã depois de ter entrado em uma das portas das dezenas que haviam ali, a casa parecia ser uma grande enganação, parecia ser consideravelmente "pequena" por fora, mas por dentro tinha muita mais facetas do que aquele tamanho de mansão permitia, eu nunca tinha andado tanto por uma casa como se estivesse atravessando um campo de plantação.

— Porque falou aquilo, seu patife? — perguntei a Jeongguk, ele como todas as outras vezes era uma muralha de músculos e gelo difícil de quebrar, caminhando por aquele corredor de prateleiras repletas de livros como se fosse um deus poderoso e eu só conseguia ter a visão das suas costas e os músculos tencionando na blusa de gola alta apertada de cor escura.

— Antes, pare de babar nos meus bíceps que eu lhe explicarei. — fechei totalmente a expressão, como se ele podesse ver, ouvi sua risada e tive certeza.

— Não estou babando em nada. — respondi emburrado.

— Coma a maçã. — foi apenas oque ele respondeu.

— Porque me deu a maçã?

— Não é assim que... Como é mesmo aquela palavra... — ele fingiu pensar. — Ah, gentileza. Não é assim que se demonstra gentileza?

Revirei os olhos a ponto de doer, ouvi novamente o som rijo da sua risada.

— Você estava tentando ser gentil? — ele deu de ombros. — Enfiando a maçã na minha boca?

Outro movimento de desinteresse.

— Eu vi que era de bom tom levar presentes no primeiro encontro. — um riso.

Irritante.

— Isso não é um encontro. — joguei o resto da maçã fora e continuei caminhando.

— Você está muito bem vestido. — minha boca se escancarou em completa indignação.

A casa! Traidora!

Olhei ao redor como se podesse ver a imagem física da casa, para íntima-la sobre aquilo, mas como sempre recebi silêncio embora sua presença no ar quase me mostrasse um sorriso satisfeito e canalha tão quanto o de Jeongguk.

— Não tive opção. — resmunguei com o sentimento de traição.

— Sim, é claro.

A caminhada durou em silêncio por alguns minutos até chegarmos em uma sala fechada, Jeongguk a abriu sem precisar usar as mãos e quando enfim bati os olhos no que tinha lá dentro senti todo meu fôlego se esvair dos meus pulmões.

Era um salão imenso, tão grande quanto um monte, eu me senti um pequeno ratinho olhando ao redor das imensas estantes cheias de livros tão grandes quanto o próprio salão, era tudo muito claro, lustres de cristais branco refletia no chão de mármore perfeitamente liso, tão liso quanto vidro e tão brilhoso quanto um. Haviam colunas cilíndricas sustentando o teto e muitos outros corredores de livros.

Definitivamente a maior biblioteca que eu já vi, podia ver perfeitamente meu reflexo no chão.

Ouvi meu nome ecoando, só então me dei conta que ainda estava parado na porta dupla patéticamente impressionado com o lugar que havia sido trago, de todos os lugares que Juwon havia me levado, nenhum chegava aos pés.

— Vai ficar aí parado? — fechei a boca acumulando um pouco de saliva e engolindo-a antes de entrar e caminhar para a mesa de mármore branco, dourado e cinza.

Lá estavam inúmeros livros espalhandos, todos em categoria infantil pelo pouco que eu sabia sobre leitura. Minhas bochechas queimavam.

— Eu não quero fazer isso. — ele pareceu ler nas minhas expressões mais do que leu na minha mente o meu desconforto.

Aquele lampejavo violeta dos seus olhos brilharam para mim novamente, desta vez mais a mostra e duradouro, não era pena, era compaixão e compreensão.

— Quero que pelo menos tente, acredite em mim, ficar sem fazer nada nessa casa é muito pior do que aprender a ler. — o tom de sua voz estava surpreendente mais leve, pisquei o olhando por baixo dos cílios.

Seus olhos estavam diretamente nos meus, eu quase podia ver toda sua alma se ele me permitisse entrar além, mas ele se deviou rapidamente, baixando os olhos para os livros para ensino infantil.

— Precisamos começar com nível mais baixo e então evoluímos conforme você for aprendendo. — contraí os lábios juntando as sombrancelhas. — Não precisa ficar tão corado, gracinha, estamos só eu e você nesta sala mas eu não vou fazer nada, a menos que queira.

Ele piscou novamente um dos olhos com um sorriso de lado.

Toda a vergonha e insegurança se dissipou no mesmo segundo e novamente eu estava o odiando. Mas ele estava sorrindo e naquele momento eu me perguntei se aquilo tudo era apenas uma tática para desviar minha atenção do medo e insegurança.

Quando senti liberdade e convicção de pegar o livrinho e categoria infantil e seu sorriso que não demonstrava nada além daquele deboche gelido e orgulhoso, eu tive certeza.

Era a primeira vez que eu conseguia ver tantas facetas, tanto da casa quanto de Jeongguk.

🌙

Voltei para a cama algumas boas horas depois, caminhei novamente nas costas de Jeongguk enquanto eu o observava andar destemido e soberano, ele não falou mais nada nas horas seguintes e quando eu subi o primeiro degrau e pisquei ele simplesmente tinha sumido no ar.

Coisa que eu estava aprendendo a não estranhar.

Tomei outro banho, desta vez mais rápido do que mais cedo e me preparei para me jogar na cama depois de ter passado o dia inteiro tentando aprender o som de cada letra. Era bastante difícil, mesmo assim eu estava esperançoso.

Escorreguei para dentro dos cobertores minutos depois, completamente cansado mentalmente, suspirei pesado olhando a lua pela janela da sacada. Elas estavam fechadas e com as cortinas na frente mas isso não me impediu de ver a pequena luminosidade dourada atravessado de um lado para o outro.

Foi tão rápido e esperei que voltasse seja lá o que tenha sido, mas não aconteceu.

Julguei ser apenas o cansaço mental.

Então dormi e sonhei com grades sílabas ameaçadoras e de dentes afiados minaz prometendo me devorar caso eu não as aprendesse rapidamente.

O que acharam? Gostaram do capítulo?

Muito obrigado por ter chegado até aqui. Beijinhos.

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