Capítulo 3
Gente, essa semana foi mais corrida do que eu esperava, não tive tempo pra droga nenhuma por isso estou postando hoje.
Mas enfim, eu vim com o capítulo pra vcs, espero que gostem.
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Eu não esperava que uma manhã ao acordar em Hera poderia ser diferente de acordar do lado humano do mundo, na verdade, não havia tanta diferença, a não ser que fosse os inúmeros raios solares da manhã refletindo nas flores e as fazendo exteriorizar suas cores em vitro como se fosse uma plantação de prismas, passei metade da manhã inteira hipnotizado com aquilo, com o arco-íris gigante que o jardim formava, como parecia uma pintura irreal.
Decidi tomar um banho e talvez explorar um pouco a banheira de mármore esquecida no banheiro. Ele era dentro do quarto, as portas eram divididas em duas que escorriam para os lados opostos uma a outra, suspirei quando o olhei por dentro, o quarto era surpreendente o banheiro conseguia superar, não havia luz, era iluminado pela clarabóia no teto e ela fazia um trabalho muito mais funcional do que imaginei que faria, o mármore da banheira brilhava assim como o azulejo emoldurado por todas as paredes.
Olhei ao redor.
— Como será que funciona esse sistema mágico de trabalho doméstico? — perguntei para mim mesmo. — Será que é... Tipo... Um desejo instantâneo?
Suspirei, só percebi o bico nós lábios quando me olhei no espelho, tratei de tirar as roupas, as deixei sobre os balcões entalhados de pedra lisa, sobressaltei quando elas imediatamente sumiram.
— Okay... Corro risco de também sumir se me sentar nessa banheira? — eu o fiz, embora hesitante. Um segundo, dois segundos, três. — Tudo bem, continuo aqui.
Sohie havia feito um trabalho excepcional em explicar um pouco do sistema da casa, mesmo assim com toda as demonstrações que recebia noventa por cento das horas do meu dia, ainda custava a acreditar. Sohie disse que a magia era um grande e principal fonte de partida para a evolução e crescimento de cada extensão dos quatro reinos, uma das fontes que gerava lucro e que movia aquele mundo, todos os reinos a usavam como tomar um cafézinho no final da tarde. Então... Magia era normal e eu teria que me acostumar com isso de hoje em diante, um jovem aprendiz com 20 anos e pouca experiência.
— Acho... Que é só pedir. — suspirei. — Casa, eu quero água morna.
Olhei para os cantos, esperando talvez uma grande explosão de magia emanando de seja lá onde fosse a fonte de magia da casa, me senti estúpido por estar conversando sozinho, mas oque me restou depois do pedido fora estampar uma patética cara de pateta no rosto e esperar.
Esperei, esperei... Então veio, a água morna, não jorrou de lugar nenhum, não caiu do teto, não brilhou, apenas surgiu tocando minha pele nua e arrepiada.
— Realmente, é tipo um desejo instantâneo. — ri de mim mesmo. — Casa, eu quero ficar rico.
Silêncio. Um longo e constrangedor silêncio, até mesmo para um humano e uma casa mágica.
— Hum, sua estraga prazeres. — reclamei após reconhecer que magia para fazeres domésticos era um tanto limitado.
Saí da banheira quando me aproveitei de todas as loções e óleos corporais que a casa parecia fazer questão de me apresentar, me perguntei se aquela era realmente magia doméstica ou a casa simplesmente tinha vida próprio, porque eu sou facilmente o tipo de humano tolo que se apegaria a uma casa doméstica.
Minhas roupas estavam em uma pilha organizada na ponta da cama arrumada, o sacada me parecia ainda mais atraente agora.
Coloquei as roupas, um conjunto que era de acordo com o estilo da casa, não podia dizer que era elegante, mas estava muito acima do que eu costumava vestir em Kalyd, a minha antiga vila. Suspirei pesado depois saí pela porta, um processo lento, lembrei imediatamente das pegadas de sangue e olhei para a porta a diante como se podesse ver através dela, mas por enquanto, era o menor dos meu problemas e como os outros problemas que eu tinha, resolvi ignorar.
Desci as escadas e me vi reconhecendo o lugar com pouco mais de calma, quando no desespero do dia anterior eu não conseguia ouvir nem meus próprios pensamentos.
Caminhei sob o silêncio mortal da casa embora não me encomodasse de modo algum, a movimentação na cozinha chamou a minha atenção e lá estava as primeiras pessoas que eu vira no dia, Sohie e... Jeongguk?
Isso, foi isso que Juwon tinha dito, que eu acabara de conhecer Jeongguk.
— Porque o trouxe? — era o que ele dizia, as duas mãos espalmadas sobre a mesa de jantar, ele parecia furioso.
— Não tenho motivações meu filho, mas se quer uma resposta, posso dizer que foi por ganância, satisfeito? — Sohie dizia aquilo certamente por eu a servira uma hora ou outra como padeiro oficial, ela parecia sincera, então não tinha dúvidas que ali meu destino era apenas uma troca.
— A que ele pode nos ser útil mãe, é só um amontoado de ossos e carne. — ele sibilou, me senti ofendido.
— Ele não pode ser útil para você, Jeongguk, mas certamente para mim ele tem alguma utilidade, então por favor se recolha e deixe de tomar o meu precioso tempo, sim? — foi o que Sohie disse tocando com os dedos finos e brancos o queixo do filho.
Ela me olhou antes de se retirar e logo depois recebi o olhar afiado do Jeon, aqueles grandes olhos redondos e violetas, eram brilhantes... Vidrados e as janelas da alma daquele homem, ele não parecia nada feliz. Tinha cara de quem tornaria minha vivência na casa difícil.
Mas ele se retirou antes que eu podesse dizer alguma coisa, novamente me ignorando sem dirigir uma palavra sequer que seja para mim, então como se fosse a deixa Juwon surgiu no momento em que Jeongguk passava e este esbarrou no ombro do irmão o que pareceu ser de propósito.
Pisquei aturdido.
— Esse cara... — ele estalou a língua no céu da boca e então seus olhos negros estavam nos meus, Juwon abriu um largo sorriso. — Você está aí. Já tomou o café da manhã?
Neguei.
— Está assustado?
Neguei novamente.
— Você pode falar, sabia disso? Ou o meu irmão arrancou sua língua? — neguei violentamente.
— Estou... Tentando me acostumar com ambiente. — falei. — Essas terras são muito diferentes de onde vim.
E ele sabia disso quando concordou e se sentou em uma das cadeiras me convidando para ocupar uma também.
— Eu entendo, mas acredite, Hera é a mais próxima semelhança de uma cidade humana que você vai encontrar por aqui. — ele se preparou para se alimentar quando mal percebi o prato de comida que já estava a nossa frente.
— Os outros reinos...
— São diferentes, nada humanos, nada... Acolhedores como Hera gosta de ser. — concordei observando meu prato a frente, havia dois pequenos ovos de codorna, duas fatias e bacon e eu quase caí na gargalhada quando percebi que aquele prato era uma carinha feliz de comida.
Juwon olhou para do meu prato para o dele, o olhar recaiu como um cachorro pidão e um bico triste nós lábios.
— Ela não faz um desse pra mim. — murmurou num tom de revolta soltei um riso fraco.
— Aparentemente a casa gostou de mim. — falei cutucando um pedaço do ovo frito no prato, aquilo havia me deixado feliz pelo menos. — Aliás, isso na casa é magia doméstica ou... Ela tem vida?
Juwon me olhou pulando uma das cadeiras que nos deixava longe um do outro, o seu prato ressurgiu na sua frente sem que ele precisasse fazer esforço além de mover o corpo.
— Não sabemos. — ele respondeu depois de muito suspense.
— Como assim? Não foram vocês que colocaram isso aqui?
— Não, a casa já existia muito antes de Hera ser levantada, então não sabemos que tipo de magia é essa, mas sabemos que é antigo demais para ser revelada assim. — Juwon sibilou atacando o prato de comida como se estivesse morto de fome.
— E como vieram morar aqui?
— Um dos nossos antepassados encontrou a casa, já com a magia, teve que pedir permissão a ela para habita-la e então isso passou de geração para geração até estarmos aqui. — concordei com a cabeça quase compreendendo. — É uma boa casa, mesmo que não tenha um trabalho 100% eficiente.
Juwon fechou a boca e o copo de suco que ele estendia os dedos para pegar seu afastou até a outra extremidade da mesa, Juwon xingou levantando para alcançar o copo que repeliu o toque até estar do outro lado da mesa quase na ponta. Sufoquei a risada quando Juwon se jogou a cadeira indignado.
— Eu nem queria mesmo. — e eu quase ri se não fosse aquele dos olhos coloridos surgindo na cozinha novamente, ele não se deu o trabalho de falar com ninguém, qualquer sentimento se dissolveu do rosto de Juwon que agora o olhava petrificado e em alerta, como se esperasse qualquer movimento para sumir dali como fumaça.
Engoli saliva apreensivo mas decidi que continuar comendo seria melhor.
— Onde estava ontem a noite? — Juwon começou, me encolhi na cadeira a mesma maneira que o corpo de Jeongguk ficou rígido.
Ele virou a cabeça muito, muito lentamente para olhar nos olhos do irmão, achei que teria um ataque ali mesmo mas ele apenas sibilou baixo e assustadoramente calmo.
— Não é da sua conta. — o rosto era sempre inexpressivo, não ousava olhar para mim nenhum momento.
— Você chegou banhado em sangue, não era o seu, não vejo nenhum ferimento. — o outro continuo.
Jeongguk estava bebendo um copo de água, repousou ele delicadamente sobre a mesa como se o menor dos movimentos fosse o partir em pedaços.
— Não. É. Da. Sua conta. — Jeongguk murmurou muito lentamente, estremeci pelo tom estrondoso que reverberou de sua garganta para os meus ouvidos mesmo que ele estivesse falando muito suavemente.
E ele não disse mesmo, não demonstrou nada quando simplesmente deixou a cozinha, eu estava ali olhando fixamente para o prato embora nenhum pensamento estivesse ocupando minha cabeça, Juwon não parecia estar ali ao meu lado, pelo menos não psiquicamente.
— Seu irmão-
— É um babaca. — disse, voltando a comer oque sobrava no prato.
— Não se dão bem. — afirmei. — Porque?
Perguntei, mesmo que não fosse da minha conta.
— Jeongguk é difícil... Ele nunca se mostra, numa me deixa desvenda-lo. — não cheguei a questionar mais do que isso, não me dizia a respeito.
— Oque acha que ele deva ter feito ontem, quando chegou... Daquele jeito? — perguntei desviando do assunto que era muito mais pessoal.
— Não devo imaginar. — ele disse. — Jeongguk se mete em confusões, talvez tenha sido uma briga de bar ou... Não sei.
Estremeci sobre a cadeira, meu café da manhã pela metade. Eu não sabia quem era aquele Jeongguk e muito menos oque ele estaria disposto a fazer comigo caso eu tivesse a infelicidade de atravessar o seu caminho.
Mesmo assim, quando acabei café da manhã e fui caminhar pelas extremidades do casarão me deparei com uma das salas de muitas que haviam ali, mas esta em específico estava cheia do que me pareciam tintas jogada pelas paredes e quadros de pintura, muito quadros, eu não sabia se eram todos novos e não conseguia chutar a quantidade de tempo que estavam ali esquecidas por não haver um grão sequer que fosse de poeira, a casa não permitiria.
Desviei os olhos para o extenso corredor, atrás de mim e contínuo a minha frente, olhei para dentro da sala... Entrei.
Enxerido, me parecia uma invasão para quem quer que pertence esse ambiente caótico, não dei mais que três passos para avançar e observar a primeira pintura perto da entrada muito bem exposta no cavalete que também estava sujo de tinta, seja lá quem fosse o dono usava a violência na arte, usava força e afobação.
Caminhei lentamente para o interior, por algum motivo minhas pernas estavam trêmulas, aquele ambiente confuso e desordenado gritando para todos os lados fúria e dor, repleta de histórias que preenchiam o vazio.
— Oque está fazendo aqui? — aquela voz, suave e arrogante, o outro irmão.
Virei a tempo o suficiente para vê-lo caminhar até mim, por um momento achei que me socaria o rosto, mas ele apenas parou a alguns metros de mim sem um segundo algum desgrudar os olhos dos meus, obstinado, frio e inexpressivo.
— A porta estava aberta, eu apenas-
— Só porquê vive aqui não significa que pode andar por aí invadindo a privacidade alheia. — ele falou muito mais rápido, seus olhos chamuscados e quentes diferente das expressões. — Precisa saber onde deve entrar, se tem permissão ou não.
Eu não soube oque responder, por um lado ele estava certo embora não precisasse usar aquele tom.
— Não estava fazendo nada de mal. — respondi, não baixei a cabeça mesmo que as pernas estivessem discretamente trêmulas. — Eu estava apenas olhando.
— Não dá motivos a sua invasão, não quero que entre aqui novamente, saia por favor. — juntei as sombrancelhas.
— Não precisa falar assim comigo! Eu não invadi lugar algum, a porta estava aberta.
— Saia. — palavras frias que me deixaram quente de raiva.
— Sua mãe não te deu educação? — eu segurei um grito, porque achei que seria demais.
— Aparentemente a sua também não. — e então explodi.
O pincel jogado no cavalete voou os poucos metros que ele estava de mim, diretamente para o seu rosto e teria acertado se ele não tivesse desviado a tempo, pela primeira vez consegui algo mais que uma expressão fria dirigida a mim, algo a mais do que apatia, esperei raiva, ódio e talvez o pincel voando de volta.
Mas Jeongguk estava completamente estático, com os olhos arregalados e os lábios curvado em surpresa, o julguei um pouco mais pálido.
Por um momento quase entrei em desespero, ele estava literalmente chocado.
Suspirei pesado, ainda com raiva passei por ele sem esperar nada ele acompanhou meu caminho com os olhos com a expressão de que os olhos poderiam saltar a qualquer momento do rosto.
Mas jurei antes de partir, que naquele rosto frio surgiu a sombra de um sorriso no canto dos lábios, uma movimentação quase imperceptível, mas que eu notei.
☪
Pronto.
E talvez tenha muitos errinhos hoje, só dei uma olhada rápida na revisada, então me perdoem de novo.
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