Até onde é alucinação e onde é realidade?

Eu precisava conversar com ele, por mais que eu achasse todas aquelas sessões com a psicóloga as vezes desnecessárias, aquele conselho eu precisava seguir e saber se tudo que estava acontecendo em minha cabeça eram alucinações ou realmente a realidade aparecendo e fazendo sua presença.

E acho que Hoseok pensou a mesma coisa, pois durante nosso almoço soltamos a mesma frase juntos: "precisamos conversar", eu só não sabia qual era a visão que ele teria para aquela conversa, estava até mesmo incerta sobre a minha e se devia realmente falar sobre aquilo, contudo seguiria o conselho da pessoa que estava me ajudando e resolveria todas aquelas incógnitas que estavam flutuando em minha mente.

Não conversamos muito durante o almoço por conta de estarmos presos em nosso próprio mundo, a verdade era que os pensamentos estavam nos apertando e tornando tudo ainda mais sufocante:

- Ah assim não dá! – Hobi rompeu o silencio por se levantando – vamos para sala conversar...

Concordei com a cabeça e o segui então, observei atentamente enquanto ele se jogava no sofá e passava a mão no rosto:

- Eu vou ser sincero com você, a alguns dias atras conversei com a psicóloga, desabafei sobre todos os momentos que estávamos passando e ela abriu minha mente que deveríamos conversar e ser sinceros um com o outro.

- E sobre o que exatamente você quer ser sincero? – juro que estava com medo de sua resposta

- Sobre o que estamos passando, quero saber sobre seus lapsos, se tem alguma dúvida e que fale sobre seus medos, desde ... – houve um suspiro – desde aquele dia que você acordou ao meu lado assustada, você vem agindo totalmente diferente do que sempre foi.

Ponderei entre ser sincera ou não, e quer saber... Eu cansei de esconder esses pensamentos, me virei para ele e peguei suas mãos me concentrando nela enquanto contava o que sentia e pensava:

- Eu vivia outra vida antes de acordar aquele dia, uma vida em que você era alguém intocável, em que trabalhava sem reconhecimento e que eu descobri em que minha empresa estava na verdade lavando dinheiro – ele não demonstrou reação nenhuma apenas ouvia atenciosamente – meu namorado havia me deixado e eu estava tão desolada que desejei ter uma vida com você do meu lado. E então aconteceu!

- Jihye eu entendo seus sentimentos, entendo que você absorveu isso para você, mas a história é um pouco diferente!

- Diferente? Você não acredita em mim né? - acabei deixando o ceticismo falar

- Não meu anjo, claro que acredito, eu te conheço melhor que ninguém e sei que não brincaria com um assunto assim, mas você pode por favor me ouvir também? – concordei com a cabeça – bem naquele dia, para ser mais exato na noite anterior a aquele dia você descobriu sobre o acidente que sofreu e que não estava sozinha no carro, seu choque foi tão grande que acabou desmaiando e novamente voltamos ao hospital, depois de checar que você estava bem o medico nos dispensou com medicamentos que você deveria tomar para se acalmar e então você acordou sem memoria alguma, com a amnesia psicogênica.

- Não, isso não pode ser verdade! – me senti perdida – e todas as lembranças que tenho? E todos esses fatos que estão em minha mente? Não podem ser uma simples alucinação.

-Os médicos estão tentando entender melhor o que é isso e como podemos te ajudar a recuperar sua recordação, mas nada disso é alucinação ou nada disso é irreal...

Enquanto Hoseok falava eu só conseguia me perguntar o que era real? O que era um devaneio ou criação da minha cabeça? Eu conseguiria voltar a minha realidade ou viveria ali presa naquele personagem para sempre?

- Eu estou muito confusa.

- É normal estar, mas é importante que entenda tudo que está passando e as memorias que estão oscilando e acima de tudo, não esconda converse comigo sobre o que estiver pensando.

Concordei com a cabeça, ponderando sobre as ultimas coisa que havia me contado e então novamente o barulho das buzinas, o farol alto e um grito se tornou forte em minha cabeça fazendo apertar o braço de Hobi o impedindo de se afastar.

- O que houve? – seu olhar e atenção se voltarão ao meu rosto que devia estar sem reação.

- Eu tenho lapsos de faróis altos, buzinas, e gritos de desespero, você disse que eu sofri um acidente... Que tipo de acidente?

Ele desviou o olhar pensando em possivelmente em fugir.

- Foi um acidente de carro? – insisti – O que aconteceu comigo?

- Você ficou em coma por meses e eu parei minha carreira por um ano e pouco para cuidar de você.

- Não pode ser verdade, eu... Como eu não me lembro.

- Pelo que contei a você antes, olha eu...

- Eu quero um tempo sozinha – o interrompi antes de dizer mais alguma coisa

- Tudo bem, eu vou para o estúdio se precisar de algo me liga, ok?

Concordei com a cabeça tentando me distrair consultando os trabalhos que estavam pendentes em minha galeria, não conseguindo muito resultado já que todas as informações martelavam em minha cabeça como uma cachoeira, caindo e caindo sem parar.

Sei que minha atitude com Hoseok possa ter sido infantil, ele deve estar passando pelos mesmos problemas que eu ou esteja até pior por me ver confusa e fora de mim, mas eu não queria ouvir mais sobre aquele passado e nem queria frases como "vamos conseguir!", "vamos vencer!" ou "você vai superar!". A única coisa que eu queria naquele momento era entender até onde eu estava metida naquilo, como eu poderia conseguir de volta aquelas memorias e se havia alguma luz no fim do túnel para voltar a ser quem eu era realmente!

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