Onze - Madison

Depois de mais de dois meses sendo uma Escolhida, só depois de todo esse tempo, parei pra pensar na quantidade de tempo que os treinos tomavam do meu dia. E só do meu dia. Todos os outros passavam seus dias na cidade, conhecendo tudo, conhecendo pessoas. E eu nunca saia de casa direito, apenas carregada por um deles...

Sentia que estava na hora de mudar isso, por mim. Comecei a ficar obcecada por aquela magia, que estava ali, escondida sobre a nossa pele, e ainda dava pra ser ouvida se prestasse atenção. Precisava me distrair um pouco, estava decidida.

De banho tomado, terminava de tomar café, pronta pra sair. Faltaria no treino do almoço, mas era por uma boa causa. Tentava engolir o pão com manteiga o mais rápido possível, mas quase me engasguei quando o som do notebook explodiu no meu fone, uma notificação que eu pensei ter desativado aparecendo na tela.

Meu sorriso veio logo depois. Era de Eve e Ray, do grupo que tínhamos no chat mas ultimamente estava abandonado pela falta de assunto e de tempo dos três.

Chat on

Eve's Barterdon entrou na sala.

Ray Bay entrou na sala.

Madi H. Roberts entrou na sala.

Eve's Barterdon: MADIII!!! Ai que saudade de você por aqui!!! Faz tanto tempo que não da as caras...

Ray Bay: Começou a ficar viajada esqueceu de quem continua na cidadezinha né Madi...

Madi H. Roberts: Antes fosse... Fico tanto tempo dentro de uma sala de aula que não tenho tempo nenhum pra passear pela cidade. Na verdade, eu ia sair daqui a pouquinho, justamente pra isso.

Eve's Bartendon: Madison saindo de casa sem ser obrigada? Quem é você e onde colocou minha amiga?

Madi H. Roberts: kkk, ai Eve... Uma verdade, mas eu to tentando mudar, justamente porque to perdendo muita coisa... E ai, como anda a faculdade?

Ray Bay: Pesada pra caramba. Eu to vivendo a base de cafeina.

Eve's Bartendon: Eu desisti da cafeína já, não ta me sustentando mais. Não sei o que é dormir direito a algumas semanas, mas tá sendo tão incrível...

Madi H. Roberts: Eu achando que eu que estava cheia de coisa pra fazer...

Eve's Barterdon: Estou morrendo de saudade de você Madi, de verdade.

Ray Bay: Eu não vejo a hora de você voltar e a gente se ver de novo. Sair não é a mesma coisa sem você.

Madi H. Roberts: Também estou morrendo de saudade de vocês. Se estivessem aqui, eu nunca iria parar em casa, kkkkk.

Eve's Barterdon: Falando nisso, você precisa sair, e eu preciso terminar um trabalho pra amanhã. Vai se divertir Madison.

Ray Bay: Eita que chamou pelo nome, vou até concordar porque fiquei com medo. Compra lembrancinhas pra gente.

Madi H. Roberts: Pode deixar, vou entupir vocês de presentes! Estou saindo, bom trabalho pra você Eve! Tchau Ray.

Madi H.Roberts saiu da sala.

Chat off

Meu coração ficou apertado quando desliguei o notebook. Coloquei o prato na cozinha, a pulsação acelerada. Eu não tinha me dado conta do quanto sentia falta de Eve e de Ray no meu dia a dia, até agora... Fazia falta ter a segurança dos dois ao meu lado, me conhecendo nos piores momentos, e nos bons também. Me contentava em dizer que a falta deles era por uma boa causa, pelo universo... Mas não diminuía a saudade, não a essa altura. Me permiti pensar em como mamãe estaria, em como Wesley estaria se comportando... Como estariam as coisas na minha cidadezinha?

Suspirei profundamente, levantando o olhar. Não, hoje é dia de conhecer coisas novas, não de ficar vivendo no passado! Helena entrou na cozinha com seu próprio prato nas mãos, e me encarou, os olhos cor de musgo um pouco arregalados.

— Por que está com essa cara de triste Madi?— Ela me olhou preocupada, os vários centímetros a menos que Helena tinha em comparação comigo fazendo com que ela olhasse pra cima.— Aconteceu alguma coisa contigo, com quem você você estava falando?

— Não é isso. Fica tranquila que não aconteceu nada... É só saudades de casa mesmo, mas vou resolver isso...

— Pelo Universo Madison, não me assusta assim!— Pediu, me dando um abraço.— E como você pretende resolver?

— Saindo de casa, coisa que eu quase nunca faço, você sabe...

— É quase um milagre isso.

— Vem comigo.— Pedi, vendo os olhos dela brilhando com a ideia. O brilho que eu tanto amo.

— Não precisava nem pedir, você acha que eu te deixaria sair sem minha presença junto?— Ela abriu um sorriso branco de orelha a orelha, a brincadeira dançando no olhar.

Sorri de volta. Era uma verdade, Helena ficaria de coração partido se eu resolvesse dar um passeio sem ela por perto... Isso me lembra, que eu já tinha magoado ela uma vez, mesmo que Helena negace isso com todas as suas forças, eu sabia... E quase tinha feito isso de novo hoje.

Helena tirou a faixa que costumava usar em casa, guardando ela dentro da gaveta da cozinha (o que me fez levantar uma sobrancelha confusa, mas ignorar), balançando os cabelos pra sairmos.

— Vamos, eu vou te mostrar um dos meus lugares favoritos nessa cidade!

Pegou a minha mão, e me conduziu pra fora da casa o mais rápido que suas pernas mais curtas permitiam.

— Se eu não estivesse disposta a descobrir coisas novas nessa cidade hoje, Lena, você estaria morta por me trazer em um lugar desses.— Resmunguei, assim que sentamos em uma mesa de madeira escura.

— É só um pub Madi, não tem porquê de toda essa raiva não.Você queria um lugar bonito, não tem lugar mais bonito nessa cidade, garanto.

Não podia negar que o lugar era lindo mesmo. A parte mais frequentada da Cidade de Touque era apinhada de prédios altos e empresariais, mas que a maioria tinha o térreo tomado por algum estabelecimento, e uma entrada separada para a empresa. Como esse em que estávamos, um prédio de esquina feito de tijolinhos, com um pub escuro, mas muito bonito de pé direito auto e abaixo da linha da calçada. O lugar era cheio me mesinhas de madeira com uma decoração que eu não sabia bem o que era no meio (aparentemente, era um vasinho decorado cheio de areia colorida dentro, formando algum desenho), luminárias coloridas enormes, em forma de lâmpada iluminavam o lugar com luzes neon, projetando sombras no rosto de Helena. Um bar enorme, feito de tijolos e pedra escura ostentava prateleiras lotadas de bebidas, e copos enormes tão coloridos quanto as luzes. O chão acarpetado dava um ar acolhedor ao lugarzinho, que completava com o pequeno palco, onde deveria ter alguém cantando, mas agora estava vazio, apenas um suporte pra microfone preparado. A mesa que Helena escolheu tinha uma visão privilegiada do palco.

— Não é cedo demais pra esse lugar estar aberto?— Perguntei, a sobrancelha arqueada.

— Ele funciona como café até as sete da noite, e é só ai que começa o trabalho de verdade.

— Já escolheram o que vão pedir moças?— Um cara, um pouco mais velho do que eu nos encarou, se demorando um pouco mais em Helena.

— Dois Developpe's, por favor.— Ela sorriu lascivamente para ele, o que fez com que eu segurasse uma risada, encarando a rua e fingindo desinteresse. Como eu adorava ser uma vela...

Assim que o cara trouxe os dois cafés, um em uma taça roxa e outro em um vermelha (ironicamente), focou os olhos escuros e o sorriso tão branco quanto neve pra ruiva, e tive que interromper aquele pequeno momento limpando a garganta, tirando um pouco do chantilly que decorava o café com o dedo.

Assim que o cara se distanciou um pouco, sorri pra Helena, escondendo os dentes enquanto dava um gole no café. Mas me surpreendi, arregalando os olhos com o gosto daquilo.

— Tem conhaque nisso Lena!— Anunciei baixinho.

— Uma delicia não é? É o meu café favorito deles...

— Você tem 15 anos Lena.

— Quase 16, por favor.— Tomou um grande gole, me fazendo arquear ainda mais as sobrancelhas.— Você é muito certinha Madi, não te julgo por isso. Mas eu, eu não sou assim.— Concordei devagar e contrariada. A expressão dela se suavizou, ficando brincalhona, e ela continuou, desmerecendo a bebida.— É só conhaque.

— Se você diz.

As luzes neon começaram a diminuir um pouco, tornando o lugar ainda mais escuro. Assim que as persianas nas janelas desceram sozinhas, e o rosto da ruiva desapareceu na escuridão, se tornando uma sombra, só o cabelo visível, a voz dela se sobressaiu no burburinho que as outras pessoas no pub começaram a fazer.

— Agora você vai entender porque eu te trouxe aqui, e porque esse é o melhor lugar dessa cidade.

No palco, que a apenas alguns minutos estava completamente vazio, uma única luz branca iluminou uma cadeira alta, e um homem, sentado lá com um violão preto nas mãos. Um homem não. Um garoto, não podia ter muito mais que 18 anos. Os cabelos castanhos encaracolados davam um ar angelical ao rosto anguloso, a pele escura ostentava manchas brancas, uma em especial descia do queixo pelo pescoço, terminando dentro da camiseta estampada que usava. A calça jeans preta tinha um corte que caia incrivelmente bem. O tênis rosa bebê que usava contrastava inteiramente com todo o resto, mas, na minha opinião, deu um charme.

Não que ele precisasse daqueles tênis pra isso.

O garoto esquadrinhou o local por um momento, abrindo um sorriso carismático com os lábios carnudos, passando os olhos pelas mesas. Até que ele chegou na mesa onde eu e Helena estávamos sentadas, e pude jurar que se demorou um pouco mais. Os meus olhos encontraram os dele, e minha boca se abriu um pouco, o queixo caindo. Caindo por causa daqueles olhos... Eles eram cada um de uma cor, mas as cores eram o mais excepcional. O esquerdo ostentava um tom tão escuro de castanho que jurei conseguir ver meu rosto refletido nele, mas o aro mais próximo da pupila era de um azul elétrico, como o de Genezis, mas... Diferente. O direito, já tinha o aro de fora mais escuro, e um degradê de verde, vindo do mais escuro tom de musgo ao mais claro verde mar. Não podia negar que estava completamente desconcertada.

Cravei as unhas na palma das mãos quando as mãos começaram a dedilhar algumas notas no violão. E perdi o ar completamente quando ele começou a cantar.

Durante toda a musica, não consegui desgrudar os olhos daquele palco. Não consegui desgrudar os olhos dele, talvez estivesse um pouco hipnotizada. A voz daquele garoto era simplesmente inacreditável, tão angelical quanto o seu rosto, uma melodia calma e um pouco grave. Cada nota que ele tocava parecia a mais certa, a vibração certa, o tom certo... Quando a musica acabou, as palmas pareciam pouco para o que ele tinha feito. A risada fraca que ele deu no fim, seguidas de um sorriso sincero foram minha desgraça.

— Obrigada, obrigada a todos!— Disse, com a voz melodiosa no microfone.— Meu nome é Cristian, estou aqui quase todos os dias, se quiserem ouvir boa musica. Vou adorar rever vocês!— Novamente esquadrinhou o local. Nesse momento, tive certeza que ele parou no meu rosto, me encarando, mesmo com toda a escuridão, e ainda olhando a mesa onde estava sentada, continuou.— Vamos continuar, porque o dia só começou agora.

E me vi hipnotizada de novo por aquela musica. Eu sabia a letra, e vi que estava cantando junto, a atenção cravada nele. Dois dedos estalaram na minha frente, me assustando, o transe desaparecendo. Helena ria na minha frente, tomando o café que eu inconscientemente tinha esquecido da existência.

— Agora concorda comigo?

Só consegui concordar com a cabeça, tomando um gole longo do café, meus ouvidos ainda sendo agraciados por aquela musica incrível. Tentei me recompor. Reparei que minhas mãos suavam segurando a taça, que meu coração estava levemente acelerado, e minha pele parecia quente. Respirei fundo varias vezes, sabendo que aquela sensação não era muito recomendada agora.

Cristian cantou por mais meia hora ininterruptamente, antes de dizer que iria fazer uma pausa, o que foi recebido com uma exclamação de tristeza coletiva. As mesas estavam consideravelmente cheias de gente. Ele cumprimentou todas as pessoas presentes em cada mesa, e reparei que pulou a nossa.

— Madi! Você está com os olhos nele desde que ele chegou aqui meu amor.— Helena disse, um pouco indignada.— Seja um pouco mais difícil, acho que todo mundo nesse lugar reparou que gostou dele.— E deu uma gargalhada baixa.

— O que? Não! Eu gostei da música, ele canta bem, não tem nada a ver com...

— Obrigada.— A voz melodiosa me fez ficar quieta, mais de susto do que de qualquer outra coisa.— É bom saber que gostou do que ouviu.

Eu não consegui responder, minha voz tinha desaparecido, sem deixar rastro. Helena reparou nisso, e continuou a conversa, seu sorriso educado, que costumava cativar qualquer pessoa no rosto.

— Sua musica é incrível Cristian, sabe disso.— Engoliu o último gole do café enquanto o olhava.

— De você os elogios nem contam mais Helena.— Os sorrisos trocados foram educados, e apenas isso. O que me confirmou muita coisa.— Posso sentar aqui? Preciso de uma pausa, mas as mesas estão todas ocupadas.

— Senta ai.— A ruiva respondeu, e Cristian não demorou a achar alguém que emprestasse uma cadeira. Pediu apenas uma água, e suspirou profundamente quando finalmente bebeu um gole, longo e sofrido.

— E ai, qual o nome da sua amiga Helena?

Meu silêncio fez Helena chutar minha canela por baixo da mesa.

— Madison...— Respondi, conseguindo encontrar onde demônios foi parar minha voz.— Prazer.— Completei, minha educação sendo mais forte do que o resto.

— Bonito nome.

— Bonita voz.— Foi minha vez de sorrir.

Meu ego e minha consciência agradeceram muito em ver que ele apertou as mãos na garrafa d'água, um pouco desconcertado. Mas foi só um segundo, não o suficiente pra qualquer conclusão, mas o suficiente pra minha sanidade e minha confiança voltarem ao seu lugar. Helena segurou uma risada visivelmente, e eu e Cristian olhamos pra ela. A ruiva enrubesceu, todas as sardas sendo cobertas de vermelho, e buscou a bebida vazia com o olhar.

— Desculpa, isso é engraçado.

— Porque?— Perguntei, e o verde musgo me fuzilou. Levantei as mãos em rendição.

— Fica tranquila.— Cristian encarou minha amiga, mas sabia que se referia a mim.— Eu conheço essa peça.— E então voltou os olhos pra mim. Naquele momento percebi que ele tinha um piercing bem pequeno e discreto no septo, apenas uma argola fina de prata.— Você estava cantando algumas, gosta desse gênero?

— Gosto, principalmente da melodia. É fácil de tocar no violão.

— Você toca também?

— Não tanto quanto você.— Arqueei uma sobrancelha, tomando mais um gole do café.— Mas eu tento.

— Conhece Anaskiana?— Fiz que sim com a cabeça, ainda com o copo na mão.— É minha próxima, canta comigo?

Engasguei um pouco, uma risada presa na garganta.

— Eu? Não, eu não sirvo pra cantar lá na frente, faz muito tempo que não faço nada parecido...— Comecei, mas Cristian tirou o copo da minha mão delicadamente, colocando na mesa, e me encarando, o que inconscientemente fez com que eu o olhasse. As pontas do seus dedos era brancas, e batucavam na mesa um pouco, um ritmo que eu conhecia e muito bem.

— Sua voz é bonita sem cantar, imagina cantando. É só uma musica, tenho certeza que não vai fazer feio.— Sem saber o que responder, busquei Helena, mas agora ela bebia do meu café, os olhos arregalados como quem vê uma cena muito interessante. Ela concordou com a cabeça, me incentivando, e suspirei, soltando o ar profundamente. Colocaria a culpa disso no nada de conhaque do café. Olhei pras iris bicolores, sorrindo de canto.

— Tudo bem... Mas só uma musica.

Ele abriu um sorriso que eu não reconheci se era educado ou carismático. Parecia mais verdadeiro. Cristian tomou mais um copo d'água, e fez eu tomar um também, fechando a mão sobre a minha. Ele me conduziu até o palco, e consegui sentir os olhares pousando em mim quando subi. Cristian pediu outra cadeira alta, e me fez sentar nela, dando um microfone sem fio pra mim. Sorriu pra mim, e voltou o olhar para a multidão.

— Estamos de volta pra mais um pouco de música boa, e dessa vez, com uma convidada especial...— Mostrou meu rosto, mesmo que eu estivesse embaixo da luz e bem visível agora. Antes que realmente começasse a cantar, amarrei o cabelo em um coque, vendo que Cristian abriu uma deixa para que eu me apresentasse.

— Olá! Meu nome é Madison, e espero que gostem do que vão ouvir aqui.— Me surpreendi com a confiança que disse aquilo, sorrindo.

O burburinho foi silenciado pelas primeiras notas tocadas no violão, ainda melhores ouvidas de perto. Busquei o olhar de Helena, encontrando o brilho tão lindo que ela sempre tinha, e usando aquilo como uma força.

Assim que a nota inicial da letra começou, minha voz se sobressaiu. Achei que Cristian cantaria comigo, mas não deixei que a falta da voz dele me tirasse o foco. Ele me deixou cantar sozinha até o primeiro refrão, e assim que o tom da música mudou, encaixou sua voz perfeitamente na minha. E aquilo foi simplesmente incrível... Durante todo o tempo da música, as notas, as vozes, cada um dos sons se encaixavam perfeitamente e sem erros. Incrivelmente sem erros...

As últimas notas se foram, e terminamos a musica juntos, o violão desaparecendo aos poucos. Um segundo de silêncio veio logo depois, e senti um arrepio de preocupação subir pela minha coluna, engolindo em seco. Até que todo o pub, como uma explosão enorme, começou a bater palmas, e até alguns gritinhos, que arrancaram um sorriso de orelha a orelha meu.

— Obrigada... Obrigada...— Agradeci, dando uma risadinha com vergonha.

— Você foi incrível.— Cristian disse no meu ouvido, fazendo eu me virar levemente assustada.— Acho que nunca vi uma voz que se encaixa tão bem nessa musica.

— Eu já vi. A sua.— Respondi, descendo do palco o mais rápido possível, cumprimentando as pessoas mais próximas que me parabenizavam, e sentando junto com Helena de novo.

Queria jogar o potinho de sal na cara que Helena estava fazendo, um sorrisinho sarcástico sem mostrar os dentes, a cara "Eu sei o que você está pensando".

— Não, não, não, tira esse sorriso do rosto, agora.— Pedi, indignada, franzindo as sobrancelhas.

— Vai me dizer que não gostou disso Madi?— Olhei pro chão, mordendo a boca.— Não negue pra mim, você adorou esse momento!

Não respondi. Ao invés disso, voltei a olhar para Cristian cantando no palco... Sabia que a ruiva ainda estava me olhando e esperando minha resposta. Mas eu não estava preparada para responder aquilo ainda.

Eu não vi as horas passando, não vi quando a mesa se encheu com 6 taças de cafés diferentes, e em algum momento, uma porção de frango. Já tínhamos conversado mais, Cristian já tinha se sentado mais vezes naquela mesa e tido conversas banais comigo e com Helena. Ele tinha uma conversa incrível, que fluía muito bem e fazia algumas piadinhas enquanto petiscava. Acho que nunca tinha rido tanto, ou passado um dia tão tranquilo naquela cidade.

Mesmo que Helena falasse de mim, ela e o garçom (que por acaso, tinha feito questão de nos atender ele mesmo,toda vez que pedíamos qualquer coisa) não tinham parado de se encarar por um segundinho sequer. Ou melhor, acho que se eu não estivesse ali, aquele cara seria demitido por esquecer completamente do trabalho.

Helena tinha esse efeito, não podia negar.

— Obrigado a todos que estiveram aqui prestigiando, foi muito bom todo o carinho de vocês, e espero que tenham gostado do que ouviram!— Cristian começou a se despedir. Olhei no relógio, vendo que provavelmente já estava anoitecendo lá fora. Não pude negar que fiquei decepcionada que tinha acabado.— Se gostaram, não deixem de vir novamente outro dia, estou aqui quase todos os dias!

Cristian guardou o violão, colocando o case nas costas.

— Eu vou pedir a conta, porque com certeza Hugo está querendo comer nosso fígado. E também porque você não vai achar nada muito interessante por aqui depois dele.— Helena se levantou e saiu rindo, e quase quis enforcar novamente ela.

Cristian sentou ao meu lado, suspirando profundamente.

— Você não cansa de cantar tantas horas assim?— Perguntei.

— Na verdade sim, mas tudo o que vem com o cansaço compensa.— Sorriu, aquele sorriso que não era carismático, ou educado, mas muito verdadeiro.— Me passa seu numero, adorei cantar contigo. A gente pode tentar fazer algum projeto juntos...

— Eu só não nego de cara, porque achei incrível cantar com você também.— Ele me entregou o celular, e coloquei meu número, enquanto ele olhava em volta. Entreguei o celular pra ele novamente, e vi que Cristian parecia preocupado.

Segui o olhar dele, vendo Helena e aquele garçom conversando enquanto ela pagava a conta. Uma conversa que me fez suspirar profundamente pela garota ruiva...

— Protege ela.— A voz melodiosa dele me tirou a atenção de Helena, e vi que Cristian me pedia aquilo com uma preocupação real no rosto.— Ela é ingenua, mas ao mesmo tempo tem muita malícia da vida... Protege ela Madison, a Helena não percebe certas coisas. Ela é nova demais para ser machucada desse jeito.

— Faria isso até mesmo se você não pedisse.— Respondi, séria e concordando com a cabeça.

Não vou negar que os sorrisos que trocamos naquele momento me desconcertaram um pouco. Helena voltou com um meio sorriso no rosto, e Cristian se levantou assim que ela se aproximou.

— A gente se fala algum dia.— Cristian se despediu, se abaixando pra dar um beijo no meu rosto. Então ele se afastou, e não me impedi de acompanha-lo com o olhar até que saísse porta a fora.

Nem me dei ao trabalho de olhar para a expressão Helena. Sabia a cara que ela estava fazendo. E eu não julgaria Helena por isso, não agora.

Meu Deus, capítulo enorme não acham? A Madison fala demais, vamos combinar que o Lucas é bem mais direto. Mas amamos a nossa Força, e tudo o mais. Eu não vou dizer nada sobre o Cristian, vou deixar isso pra vocês, kkkk Coloquem suas teorias nos comentários, e não se esqueçam da estrelinha, que me ajuda pakas!!!

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