As duas meninas continuaram a caminhada em silêncio e Elizabeth ainda se sentia extremamente culpada por ter deixado a amiga super alegre tão triste.
Até que sentiu a mão da garota segurando a sua.

-Olha Eliza nós finalmente chegamos!-a animação voltou para a voz da fauna o que deixou a outra menina muito feliz.

Então Elizabeth se virou para frente para contemplar a vila em que chegaram.
E mesmo já esperando ver aquela paisagem ela não pode deixar de ficar surpresa.
Era uma vila simples que se parecia muito com algumas ilustrações que ela via nos livros de história mas era uma sensação muito diferente ver uma com os próprios olhos.
As casas eram feitas de madeira e todas eram muito próximas umas das outras e a maioria possuía barraquinhas em suas calçadas vendendo os mais diversos produtos como frutas,verduras,carnes,livros,roupas e outras coisas nada comuns para Elizabeth como varinhas,recipientes com líquidos estranhos,criaturas pequeninas e estranhas como dragões e etc.
Os habitantes da vila também não eram nada comuns.
Nela se encontrava-se pessoas com caudas e orelhas de lobo e completamente cobertos de pelos em suas partes íntimas sem usar nenhuma peça de roupa,pessoas com características de animais,mulheres pálidas e altas cobertas com roupas pesadas e compridas e cabelos quase tocando o chão,homens de capas pretas com cabelos e barbas arrastando no chão,pessoas altas com orelhas pontudas e quase albinas de tão claras,pessoas muito baixinhas com chapéus pontudos,meninas muito pequenas com roupas coloridas e asas e etc.
Porém suas ações eram normais.
Senhoras variam as calçadas de suas casas,senhores tentavam desesperadamente vender seus produtos,jovens andavam em grupos ou se paqueravam,mães cuidavam de seus bebes,crianças corriam,algumas mulheres pálidas de cabelo comprido discutiam,casais faziam compras e etc.

-Hehe aposto que você nunca viu nenhuma desses seres e criaturas na vida né?-indagou Evy observando a expressão fascinada da humana

-Não mas todas são fascinantes !Aí cara eu quero muito saber tudo sobre todas elas!-exclamava com a voz cheia de alegria e empolgação.

-Olha você não vai poder chegar e perguntar o que bem quiser pra eles,vão suspeitar que você é humana e se os guardar souberem vão querer te matar.

-Por que?

-Eu não sei muito bem mas humanos não são bem aceitos aqui.Acho que vocês causaram problemas pra nós no passado.

-Ah,não me surpreende.Nós somos desprezíveis mesmo.

-Os outros humanos podem ser sim,mas você é muito gentil e alegre,não acredito que seja alguém ruim-Elizabeth corou um pouco com o elogio-Mas se quer tanto saber sobre os seres desse mundo eu posso te contar depois quando chegarmos em casa ok?

-Ok!Agora vamos?

-Hehe vamos!-e assim as duas jovens se dirigiram a vila animadas.

Enquanto passavam pelas barracas Elizabeth olhava tudo com entusiasmo e curiosidade.

-Ei Eliza!-Evy puxou a outra garota para um cantinho,pois a mesma encarava uma moça alta de cabelo comprido que já estava incomodada-Você tem que parecer normal!Tente evitar ficar tão entusiasmada com os seres e com os produtos!Eles vão perceber que você não é daqui e o pior vai acontecer!

-Ok me desculpe vou me controlar.-disse se envergonhando um pouco.

-Muito bem.Agora vamos comprar umas roupas para você,depois nós vamos em outra vila bem perto daqui para comprar as ervas.

-Tá bom-e se dirigiram a uma barraquinha que vendia apenas roupas.

No total Evy comprou três vestidos e duas botas para a humana,gastando cinco Cotons*.

-Evy você não precisava ter gastado tanto pra comprar essas coisas pra mim!-reclamava Elizabeth se sentindo envergonhada por fazer a fauna gastar tanto com ela enquanto a outra a ignorava sorridente.

-Não tem problema nem foi tanto assim,e se sua preocupação são as ervas eu ainda tenho bastante para pagar por elas.Olha enquanto você se queixava nós chegamos na vila!

Essa outra vila era bem diferente da anterior.
Ela tinha poucas casas,a maior parte das moradias eram prédios com vários andares,as poucas casas que tinham eram enormes e cercadas e os edifícios eram bem separados uns dos outros formando vários becos.Poucas pessoas andavam pelas ruas e se vestiam com roupas mais chiques e extravagantes do que as da vila anterior.
Mas o que mais chamava a atenção era seu centro.
Nele se encontrava uma grande construção meio oval,com paredes de pedra branca e telhado de cristal,com uma porta pequena e duas pequenas janelas.

-Essa vila é mais rica que a outra.Aquela era uma vila comum para comerciantes por isso tinha uma variedade de produtos.Já essa é próspera por conta do cultivo e da venda de produtos medicinais,usados pelos médicos da Cidade Central para a produção de remédios.Se for reparar no quintal das casas e nas varandas dos prédios pode se encontrar várias plantas-Elizabeth foi conferir e realmente,a vila inteira tinha várias árvores e plantas-Essas ervas são cultivadas e ficam armazenadas na grande estufa,que é a construção principal dessa vila-a humana voltou o olhar para a construção com teto de cristal.-Apesar delas serem na maioria das vezes compradas por médicos da Cidade Central pessoas também as compram para fazerem temperos e chãs,e eu e a mamãe para fazermos nossos próprios remédios.Bem agora vamos lá antes que fique tarde!-e assim as duas foram correndo para dentro da estufa.

Evy encheu várias cestas com as mais diversas ervas e plantas do local,enquanto Elizabeth encarava algumas que nunca tinha visto na vida.
Assim que terminou sua coleta a fauna se dirigiu a um senhor (meio gato) que estava sentado sobre uma mesa de pedra.

-Com licença-o homem que estava distraído lendo um livro ergueu o olhar em direção a jovem e fingiu animação.

-Oh você não é a filha daquela tal médica particular de uma família de nobres?-Elizabeth ficou um pouco confusa mas achou melhor não se intrometer.

-Isso mesmo!Eu quero pagar por esses aqui.-colocou as quatro cestas em cima da mesa e entregou 15 Cotons,recebeu 5,agradeceu e puxou Elizabeth para ir embora.

Após se afastarem um pouco do edifício Elizabeth perguntou:

-Evy porque você concordou quando o senhor perguntou se você era filha de uma médica particular?Porque não o corrigiu falando que sua mãe é uma curandeira?-antes que a fauna pudesse responder,ela foi arrastada para um beco,derrubando suas cestas e gritando.

-EVY!!!-Elizabeth também derrubou suas sacolas de roupas e foi atrás da amiga.

Após cruzar vários labirintos de becos Elizabeth achou a fauna.
E seu estado não era dos melhores.
Ela estava toda roxa como se tivesse sido chutada,seu nariz sangrava,a blusa estava suja,as calças e as botas foram arrancadas revelando as pernas e os cascos de fauno estavam a mostra.
Então Elizabeth dirigiu o olhar para os agressores de sua amiga.
Uma menina baixinha e morena de cabelo preto comprido preso,sardinhas e orelhas pontudas,um menino com orelhas,rabo e bigodes de gato,com tufos de pelo branco,olhos felinos azuis,focinho e cabelo castanho meio ruivo e um menino meio sapo bizarro.

-Bem,agora que você já sofreu o bastante,-o menino gato foi se aproximando e ergueu um pedaço de pau com um prego na ponta-você vai morrer!É isso que acontece com pessoas que não seguem as palavras da Imperatriz!

Sem ter controle do próprio corpo,Elizabeth correu rapidamente na direção do garoto,acertando um soco no rosto dele o arremessando em direção a uma parede,fazendo com que ele se machucasse.

-NYAN!!-a menina gritou e correu em direção ao amigo junto com o outro menino-SUA VAGABUNDA!!COMO OUSA ATRAPALHAR NOSSA PUNIÇÃO DIVINA?!

Elizabeth se postou na frente da amiga ferida,com os punhos cerrados e uma aura assustadora,quase visível emanando de seu corpo.
E seus lindos olhos castanhos que transmitiam bondade,estavam quase queimando em um tom âmbar feroz e predador.

-Eu não me importo com o que estavam tentando fazer...eu só quero que nunca mais toquem na minha amiga!Entenderam?!-ela encarou as crianças com um olhar ameaçador.

Aquele olhar inundava todas as células dos corpos dos três,ele transmitia uma sensação de perigo e medo tão grande a ponto de paralisar,como o veneno.
O garoto sapo fez xixi nas calças e a garota das sardas estava pálida com os lábios tremendo.

-VAMOS EMBORA!!!-ela gritou e o outro garoto foi correndo atrás dela.

Antes que o terceiro pudesse levantar para fugir,Elizabeth colocou o pé ao lado da cabeça dele.

-Tire suas calças!

-Eu não vou te obedecer!Sua puta maldi...-Elizabeth agora pressionou o pé contra a cabeça do garoto,pronta para esmaga-lá contra a parede.

-Tire!-quase chorando de pavor o garoto tirou-Muito bem,pode ir-ele saiu correndo,chorando e cambaleando.

Elizabeth pegou a calça e entregou para Evy,que também estava em choque e tremendo.

-Aqui,vista-Elizabeth pediu,novamente sorrindo gentilmente.

Evy pegou a calça com as mãos tremendo e vestiu,ficaram um pouco grandes mas escondiam as pernas e os cascos.

-O-obrigada...Eu sabia que você era gentil Eliza!-disse chorando.

Elizabeth secou as lágrimas da amiga e refez o penteado para esconder os chifres novamente.

-Por que eles fizeram isso com você e por que falaram que era uma punição divina?-instantaneamente os olhos da fauna se encheram de lágrimas e rapidamente ela começou a chorar a ponto de soluçar-Ei tá tudo bem!É a segunda vez que eu faço você se sentir mal com minhas perguntas!Se não quiser responder não precisa!-Evy se acalmou um pouco e secou as lágrimas.

-Eu...Eu quase fui assassinada...DA MESMA FORMA QUE MEU PAI!!!

Elizabeth levou um choque e a fauna começou a chorar bem mais.
Ela se abaixou e novamente secou as lágrimas da amiga,segurou as mãos dela e a olhou com um olhar de compaixão.

-Você é tão gentil Eliza...você merece saber de tudo!-fungou,respirou fundo e continuou-Há muito tempo nosso mundo foi dominado por mulheres demoníacas e poderosas,conhecidas como Serpentes.

-Serpentes?

-Sim.Aqui as serpentes são consideradas animais malignos,traiçoeiros,demoníacos e etc.Essas mulheres podem ser consideradas demónios!Elas são extremamente cruéis e fortes e tem poderes únicos!Elas podem transformar órgãos e ossos de seus corpos em serpentes,como também podem controlar o fogo e alguns acreditam que elas até mesmo podem se transformar em uma serpente completa!

Evy engoliu mas continuou falando:

-Há milhares de anos atrás as Serpentes desafiaram os Deuses,não se sabe direito o que aconteceu naquela luta,só sabe-se que os Deuses nos abandonaram e daquele dia em diante o inferno começou!As Serpentes dominaram todo o Reino Principal,antes conhecido como O Reino das Pedras onde antes em qualquer lugar que você fosse poderia ver lindas construções dos mais variados tipos de pedra,mas agora,você só vê coisas simples e pequenas sem muita beleza.
"Isso porque quando essas malditas chegaram elas obrigaram todos a se tornarem submissos a elas.
Assim várias vilas foram reduzidas e até mesmo destruídas por se recusarem a acabar com seus rituais e orações para os deuses,as construções de pedra também foram reduzidas pois as Serpentes exigem o pagamento de impostos no valor de pedras preciosas que na época foram retiradas das construções,causando extrema pobreza as vilas restantes.

-Mas o que esse domínio das Serpentes tem haver com o fato daqueles pirralhos terem tentado te matar?

-Elas obrigaram todos a serem submissos a elas certo?Por conta disso elas destruiram templos,livros e pinturas e mataram e escravizaram as pessoas que não queriam cumprir suas ordens,por conta disso todos ficaram com medos e a crença nos Deuses não foi passada para as próximas gerações,então poucas pessoas hoje em dia sabem da existência deles e acreditam que as Serpentes são as Deusas protetoras desse mundo e os que sabem não ousam abrir a boca pois tem medo da morte.
"Porém,três grupos não se renderam até hoje ao domínio delas.
Esses grupos são nós os faunos,os centauros e as ninfas.
Desde a chegada das Serpentes nós fomos perseguidos para sermos exterminados ou para lutarmos contra elas,já pode se imaginar que muitos morreram nesses conflitos.

Elizabeth e Evy ficaram em silêncio por um tempo como se fosse um ato de respeito aos que moraram.

-Meu pai e minha mãe eram os únicos faunos em uma tribo de mais ou menos 50 centauros-continuou a explicação-eram os curandeiros da tribo.Mesmo sendo os únicos faunos eles eram bastante respeitados e tratavam os centauros como parentes próximos,eu e o Jack também nos tornamos bem próximos desses centauros e éramos como uma grande família,comendo brincando,aprendendo e fazendo nossas tradições juntos.
"Até chegar aquele dia.
Jack tinha 6 anos e eu tinha 4 quando aconteceu.Era de madrugada quando acordamos com barulhos de gritos e cheiro de queimado,resolvemos olhar pela janela e vimos o que mais temíamos:o exercito real da Imperatriz atacando a tribo.
Nossa casa era mais afastada então não perceberam quando fugimos,nós corremos muito naquela noite até chegarmos na clareira e pudemos descansar tranquilamente.
Demorou um pouco até construirmos nossa casa mas a fizemos com amor e carinho para esquecer dos traumas e recomeçar a nossa vida.
Nosso pai era a pessoa que me deixava mais feliz.
Eu...perdi um amigo centauro bem próximo de mim naquele dia.
Ele era meu tutor e o de Jack e nos ensinava habilidades básicas de combate.
Eu sempre fui atrapalhada nessa área mas ele nunca riu de mim,sempre foi gentil e carinhoso e dava broncas no Jack por me atormentar tanto.
Realmente foi um trauma enorme perdê-lo...

Elizabeth se lembrou de sua professora e seu coração se apertou um pouco mas resolveu não falar nada.

-Eu estava muito triste por tê-lo perdido,Jack também pois como nossos pais estavam sempre ocupados desenvolvendo remédios ele era nosso único amigo.

-Qual era o nome dele?

-Danir.Enfim,depois que ele morreu eu e o Jack mal brincávamos ou sorríamos.Até que meu pai nos ensinou ima importante lição,que eu carrego até hoje:-os olhos da fauna se encheram de lágrimas mas ela continuou falando-"Vocês não podem deixar as perdas da vida abalarem vocês!A vida ira tirar várias coisas de vocês mas vocês não podem se abalar por todas!Por isso venham e vamos viver!

A fauna voltou a chorar novamente mas prosseguiu com a história:

-Meu pai foi nossa maior alegria,sempre animado ele ensinou eu e o Jack a cultivarmos pequenas frutinhas e a pescar.Ele sempre estava brincando conosco no lago ou de esconde-esconde na clareira.Ele também era muito amoroso,sempre fazia lindos buquês de flores para a minha mãe e a enchia com seu amor o máximo do tempo possível,já que na época ela não trabalhava no seu mundo.Nós éramos uma família perfeita.
"Até uma outra desgraça acontecer!
Era meu pai que ia até as vilas na época,como cultivávamos frutas ele só ia comprar ervas que usávamos para fazer remédios para tratar de animais e carne.Eu e Jack sempre ficávamos sentados na porta ou debruçados nas janelas o esperando.Mas naquele dia horas e horas se passaram e nada dele chegar.Como minha mãe sempre teve muito medo de ir a cidade nós esperamos até escurecer pois não teria mais ninguém nas vilas.Depois de tanto andar nós não encontramos nosso pai então viemos aqui.Depois de andarmos pelos diversos labirintos de becos meu irmão o encontrou,exatamente aqui mas em um estado terrível!

A fauna começou a chorar mais.

-Ele estava com o corpo cheio de hematomas horríveis,arranhões...a-as pernas quebradas e os pelos do braço e peito arrancados expondo um pouco de carne vermelha e-e...sua cabeça....era só um bolo de carne nojento e vermelho vivo...-ela começou a chorar bem mais e Elizabeth a abraçou em uma tentativa de acalma-lá um pouco depois de reviver as cenas horríveis em sua mente-todos nós contivemos um grito de horror e corremos o mais rápido possível pra casa,onde depois nos permitimos chorar e gritar até o sono chegar.Foram seis longos meses de sofrimento.Eu tentava ao máximo ficar feliz porque eu acreditava que seria aquilo que meu pai iria querer.Jack mal falava mas também tentava e mamãe.....ficou os seis longos meses trancada no quarto chorando.
"Eu e Jack fazíamos o serviço de casa como limpeza e comida,e tentávamos ao máximo deixar nossa mãe feliz com flores,comida e nossa companhia o que a fazia se sentir um pouco melhor.
Depois dos 6 meses ela finalmente saiu só que...ela agora vestia as roupas de seu mundo,se escondendo completamente de tudo e todos,e arranjou um trabalho no seu mundo,pois cada segundo que ela passava aqui a torturava por pensar no falecido marido.Ela mal fica em casa com a gente e sou eu que tenho que enfrentar o mundo aqui fora,pois Jack também ficou traumatizado,ele nem sai no jardim agora e nem olha pelas janelas ou porta afora.

A fauna agarrou com força o corpo da humana que ainda abraçava o seu.

-ENTENDE PORQUÊ EU ODEIO TANTO ESSAS MALDITAS SERPENTES?!POR CONTA DELAS MEU PAI FOI ASSASSINADO SEM TER FEITO NADA DE ERRADO E MEU IRMÃO E MÃE CARREGAM TRAUMAS ATÉ HOJE!!!-agora ela estava soluçando muito.

-M-mas vocês não tem alguma esperança?!Algum tipo de exército rebelde ou algo do tipo?!-Evy enxugou as lágrimas e se soltou da amiga,fungou um pouco e voltou a falar.

-Há mais ou menos 500 anos atrás algumas pessoas tiveram...mas...ela foi simplesmente apagada do dia para noite-fungou um pouco-ninguém lembra de seu nome,eu mesma não sei pois todas as informações sobre essa mulher foram apagadas como se ela nunca tivesse existido.As únicas coisas que eu lembro é que ela era a filha do primeiro casamento da Imperatriz anterior,ela apesar de forte e poderosa era uma menina muito bondosa,ajudava crianças e idosos com problemas quando saia do castelo,fazia companhia a esposas viúvas,brincava com crianças de orfanatos,comprava vários produtos de feiras para ajudar os vendedores,dava comida e roupas para pessoas pobres e rezava escondida em destroços de templos pelo bem de seu povo.Seus pais desaprovavam o comportamento da filha e tentavam de tudo para torná-la alguém maligna,a torturando com chicotes,batendo,a aprisionando com correntes,queimando-a e etc.

-Que coisa horrível!-Elizabeth estava chocada,sua mãe não era a melhor de todas mas perto daquilo ela poderia ser considerada uma santa.

-Realmente,eu também tive essa mesma reação quando ouvi.Porém,ela continuava sendo uma menina boa e seus pais não podiam fazer nada já que por ser a filha mais velha ela herdaria o trono primeiro.Até que um dia...ela simplesmente desapareceu!

-Como assim desapareceu?!

-Ninguém sabe.Só sabe-se que um dia ela passeou pelas vilas fazendo suas boas ações normalmente e no dia seguinte ela tinha sumido sem deixar rastros e com todos os seus pertences no castelo.Acredita-se que na época sua irmã mais nova,nossa atual Imperatriz,era muito apegada a mais velha por ser muito carinhosa com todos,então ela enlouqueceu e por isso tornou nossas vidas mais terríveis como são!-a fauna começou a chorar novamente até sentir as mãos de Eliza segurarem as suas.

-Olha eu prometo que enquanto eu estiver aqui com você eu farei de tudo para melhorar alguma coisa aqui e pra deixar você feliz ok?!-Evy a encarava com um olhar de surpresa.

"Como pode?Ela nem é daqui e demonstrou tanta compaixão e dor ouvindo poucas histórias!Essa menina...é uma Deusa?!"

-Obrigada...Eliza!!!-Evy abraçou com força a amiga que acariciava delicadamente seus cabelos.

As duas ficaram abraçadas por um tempo até Elizabeth se levantar.

-É melhor irmos antes de ficar tarde.Vamos-ela estendeu a mão e ajudou a fauna se levantar.

Assim que limpou o risco de sangue no rosto das garotas as duas voltaram para o lugar onde deixaram as compras.
Por sorte,devido o pouco movimento dos habitantes da vila,as coisas ainda estavam todas ali.
Como seria perigoso suspeitarem de algo na outra vila,as meninas dessa vez usaram um atalho pela floresta para voltarem.
A caminhada foi silenciosa novamente,Elizabeth se sentiria mal se perguntasse ou falasse alguma coisa enquanto a fauna ainda estava cabisbaixa tentando esquecer das cenas que reviveu.
Enquanto caminhavam Elizabeth só pensava em uma coisa:

"De onde eu encontrei e consegui forças para espantar tanto aquelas crianças?!"

Contons*:Acho que vocês já perceberam que são as moedas desse mundo não é mesmo?