Guarda-chuva branco.
#GuardaChuvaParaJK🌂
Mirror Lake - Agnus MacRae
Enquanto todos dormem, o rapaz permanece acordado com o seu espectro nessa constante situação de apenas o seu próprio eu invisível ser sua única companhia. No que poderia ser a solitude, tornou-se uma solidão admirável de uma vida findada.
Na aurora do dia, em mais um inverno que chegou para abraçar o seu corpo oculto e intocável, Jeon Jungkook admira a estrela brilhante iluminando o dia de muitos, porém sua alma continua no mais puro breu.
Assim pensava ele.
O principal motor da nossa jornada para a compreensão da realidade é o reconhecimento de que podemos estar errados.¹
Errados na compreensão da vida, da morte, do tempo e até de nós mesmos. Não somos verdades absolutas.
Jogar toda a culpa da incompreensão sobre seus ombros seria um ato de crueldade admirável da minha parte. Não ouso fazer tal coisa. Pois agora o rapaz consegue enxergar a sua finitude, o diminuto do seu ser e perceber que sua compreensão era tão pequena quanto ele próprio.
Tão minúsculo quanto os grãos de areia que jazia sob seus pés.
Em pé na praia, Jungkook tem seus olhos mirados no horizonte à sua frente, captando a paleta de cores que a alvorada lhe proporciona, ele enxerga a grandeza do oceano e a infinitude do céu. Ao levantar seu rosto para o firmamento, ele sente os raios solares atravessarem seu corpo e como nunca antes, desejou que eles tocassem a sua pele.
Eu presenciei as inúmeras vezes que o brilho solar estava alí para ele... Porém, Jeon sempre estava indiferente para poder apreciar o calor sobre sua derme. Vê-lo neste estado e há tanto tempo me parte o coração, mas em parte eu entendo e sei da sua dor. Estive com ele até o último minuto e mesmo depois do fim, ainda estou aqui, mesmo não sendo mais parte dele.
Sentindo seu espectro cansado, Jungkook caminha de volta e senta em um dos bancos coloridos dispostos na orla da praia de Woljeongri.
As primeiras horas do dia não são tão quentes, mesmo com o sol brilhando. Estava no início do inverno de 1988. Rajadas de ventos fortes deixam o clima ameno e o rapaz abraça o próprio corpo, mesmo não sentindo frio, ele busca em sua memória como eram os invernos que já vivera e tenta se agarrar às lembranças, tenta imaginar como era sentir o frio.
Para Jungkook sobrou apenas lembranças e alguns arrependimentos.
O rapaz respira e inspira profundamente. Vê o ar gélido sair da sua boca e fecha os olhos, por alguns momentos a lembrança de sua mãe ao piano chega até ele. Movendo a cabeça de um lado para o outro, ele acompanha as notas musicais tão bem gravadas em sua mente.
Entregue aquele momento, Jeon não percebe a chegada de um homem vestido com roupas casuais e segurando um guarda-chuva branco que está desarmado.
O desconhecido senta no único banco disponível ao lado do rapaz. De pernas cruzadas e apoiando o braço esquerdo no objeto em pé, ele também admira a beleza do horizonte. Só depois de alguns minutos, Jungkook abre os olhos e se assusta com a presença do estranho, mas logo em seguida faz pouco caso, pois imagina que esse seria mais um que não conseguia enxergá-lo.
ㅡ Sabe, faz tempo que eu não via algo tão bonito, a forma como as cores se completam faz tudo ficar tão harmonioso, não acha?
O jovem arregala os olhos e por um segundo, pensa ter ouvido o homem falar consigo.
ㅡ É feio ignorar a pergunta de alguém, Jungkook!
Dessa vez ele teve a certeza de que ou estava louco ou o estranho sentado ao seu lado realmente falava com ele.
ㅡ Você está falando comigo? ㅡ pergunta ao se virar para o homem.
ㅡ Bem, você é a única pe... O único que está sentado aqui comigo e também não vejo mais ninguém por aqui além de você! ㅡ diz, dessa vez olhando nos olhos do rapaz.
Jungkook pisca diversas vezes. Até eu consegui ver a confusão em seus olhos.
ㅡ Você consegue me ver? ㅡ pergunta, e o outro faz sinal que sim com a cabeça. ㅡ Mas como, como você consegue?
Levantando o indicador direito, o anônimo leva o dedo até o rosto e aponta para os olhos em um gesto de brincadeira.
O rapaz o encarou confuso pela ação. Por fim fala:
ㅡ Eu sei que é com os olhos, mas eu quero saber, como você consegue. Não encontrei ninguém que conseguisse, já tentei de tudo.
O desconhecido descruza as pernas e põe o guarda-chuva entre elas, apoia os braços sobre ele e responde:
ㅡ Eu apenas consigo ver, meu jovem. Não importa qual seja o estado eu vejo a todos, Jungkook... O tempo todo eu vejo.
ㅡ Isso não responde a minha pergunta! ㅡ exclama.
ㅡ Nem todas as perguntas têm respostas e algumas jamais serão respondidas!
Dessa vez Jeon mantém-se calado. Palavra alguma veio à boca, digeriu aquela frase lentamente. O que ele mais tem dentro de si são perguntas e o que mais quer são respostas para elas.
ㅡ Mas eu estou aqui para tentar responder algumas, Jeon! ㅡ o desconhecido acaba com o silêncio que se prolongava.
As pessoas começaram a surgir na medida que as horas da manhã passavam. Na orla apareciam pessoas que corriam, se exercitavam e muitos caminhavam para o trabalho. Esses não podiam ver o diálogo que havia acabado de começar entre os dois homens sentados no banco e mesmo que pudessem, jamais compreenderiam o significado desse momento.
ㅡ Afinal, quem é você? ㅡ Jeon questiona.
ㅡ Prazer, eu sou o tempo!
O jovem nada esboça. Fica parado tentando processar o que acabou de ouvir. Em seguida, uma risada debochada ocupa o silêncio que havia se instaurado entre os dois. Jeon riu da capacidade de alguém se intitular ser "o tempo".
ㅡ Então eu sou o Buda! ㅡ fala irônico.
ㅡ Ele é mais simpático que você, com toda certeza!
Enquanto o homem que diz ser o tempo estava no seu estado mais tranquilo, Jungkook o encara com incredulidade. Essa só podia ser uma brincadeira muito idiota ou ele realmente estava louco; pensou consigo.
Passou as duas mãos nos rosto, apertou os olhos e ao abrir, desejou que fosse uma visão ou algo que sua mente havia criado, porém como nada na vida do rapaz seguia a normalidade ㅡ principalmente depois de sua partida ㅡ, quando ele abre os olhos, percebe que o tempo ainda estava lá; parado e admirando o horizonte azul do oceano.
ㅡ Eu sou real, meu jovem. E agradeça por eu ser.
Jungkook estava sem entender toda a situação. Primeiro alguém que conseguia enxergá-lo e agora um ser que diz ser o próprio tempo estava de papo com ele.
ㅡ Desculpe, mas isso é muito louco para a minha mente... ㅡ Confessa ao encarar o não tão desconhecido que continuava a observar o oceano.
Passa um pequeno espaço de tempo onde apenas se escuta o quebrar das ondas, as pessoas e os carros apressados na orla da praia. O tempo por sua vez virou-se para o jovem, e olhou com atenção para a face de Jungkook, percebeu que o rapaz estava confuso e também notou ao olhar para o fundo de seus olhos, um peso invisível para quem não sabia admirar com atenção.
Olhos que viram e viveram muita coisa para uma vida curta.
O sarcasmo que carregava minutos atrás esvaiu-se, sua face foi tomada por uma aparência mais séria, porém os olhos do tempo expressavam acolhimento.
ㅡ E você acha que a situação em que você se encontra é normal, Jeon? ㅡ Pergunta olhando dentro dos lumes pretos do outro.
Jungkook sentiu ser penetrado até o seu último intento; o profundo de sua alma havia sido descoberto apenas com um simples olhar. Não nego que o olhar do tempo às vezes gera isso, eu sinto o mesmo quando ele me olha.
Em seguida um arrepio percorreu seu corpo, algo que não sentia há tempos. As palavras que havia pensado em falar travaram no meio do caminho; ele soube naquela pergunta que o homem sabia sobre tudo.
ㅡ Então você sabe? ㅡ Pergunta.
ㅡ Sei, como eu disse, eu sei e vejo tudo. Mas não estou aqui para julgá-lo, quero apenas conversar com você, a sua situação tem causado alguns... Pequenos transtornos, nada muito grande... Mas que queremos resolver, se você quiser é claro.
Jungkook trabalha em seus pensamentos torturantes; lembranças antigas e recentes, momentos que passam pela sua mente e faz ele saber o porquê de ter feito a escolha que fez, o porquê escolheu ficar.
ㅡ Se veio aqui tentar me convencer perdeu o seu tem- ... ㅡ Interrompe a própria fala ao se tocar do que iria falar ㅡ Enfim, você entendeu.
O homem esboça um leve sorriso e brinca com o seu guarda-chuva. Estava acostumado a causar algumas confusões na cabeça das pessoas, de certa forma ele gosta de ver alguns se perderem nas palavras.
Desfazendo a postura anterior, ele se vira na cadeira e fica de frente para Jeon ao que fala:
ㅡ Pode me chamar de Seokjin, é o meu nome.
Jungkook pisca repetidamente enquanto olha para o tempo.
ㅡ Pensei que seu nome era tempo!
ㅡ Uso para meras formalidades e apresentações, sabe, para causar um certo impacto. E como eu disse, vim conversar. No final de tudo, quem escolherá a melhor decisão para você será você mesmo, não eu, vim aqui para saber melhor sobre suas decisões e te mostrar algumas coisas necessárias.
ㅡ Não estou interessado em nada que você queira me mostrar, muito menos em contar qualquer coisa sobre mim.
Ele se levanta e vai em direção à praia, deixando o outro só no banco enquanto este observa ele se afastar rapidamente de onde estavam. A mudança repentina no comportamento de Jeon causa ainda mais curiosidade no Sr.Tempo... Este que sorri divertido pela ação do outro.
De fato Jungkook era muito citado nas rodas de conversas entre aqueles interessados em sua jornada, tudo sobre ele era interessante. Desde o seu nascimento até o último suspiro. E também a viagem que começou depois deste, é motivo de horas de conversa entre nós.
E o tempo estava mais uma vez comprovando que Jungkook daria mais trabalho do que pensávamos.
Ao longe, Jeon caminha até onde as ondas molham os seus pés. Com as mãos nos bolsos da calça, ele respira pesadamente e sente o cheiro da maresia. Pensou consigo: "porque não fiz isso mais vezes?"
Bem, devo informar a você que reservou o tempo precioso da sua jornada para ler o que decidi contar, que Jungkook carrega consigo bagagens pesadas de arrependimentos. Bagagens que não deveriam existir, ou se existirem, que sejam poucas e sem muita importância.
Mas quando estamos do outro lado e percebemos como nossas escolhas afetam nosso caminho, fazendo com que o trajeto e a chegada se tornem torturante em vez de prazerosa, percebemos como fizemos errado em não apreciar os equinócios das estações.
Sei bem, pois tudo o que o pequeno Jungkook sentiu, eu sentia. Quando doía nele, doía em mim. Quando suas lágrimas caíam, eu as sentia de forma quente. Quando sua alma parecia estar sendo destroçada, eu queria protegê-lo. Mas infelizmente as escolhas vinham dele, não de mim.
Por isso sempre fui um espectador de dentro, eu apenas seguia o rumo que ele mesmo escolhia... Eu não podia fazer muita coisa.
A ponta do guarda-chuva branco fazia um caminho linear na areia até Jeon, que notou a presença do homem ao seu lado. Um suspiro pesado escapa e ele fala:
ㅡ O que você quer?
ㅡ Um pouco do seu tempo! ㅡ Seokjin fala.
O rapaz sorriu incrédulo. Pelo visto o Sr.Tempo gostava de piadas.
ㅡ Não acha engraçado você me pedir isso? ㅡ Questiona. ㅡ E devo informar que o meu tempo já acabou.
ㅡ Primeiro que eu nem estou me esforçando para ser engraçado e segundo, seu tempo não acabou. Mas está, acredite, de tempo eu entendo.
Com o cenho franzido, Jeon olha para o outro, sem entender muito o que acabou de ouvir, ele diz:
ㅡ Como assim está?
ㅡ Você está há tempo demais nessa condição, meu querido. Até mesmo você já percebeu que algo está errado, mesmo indo contra, você sabe que está. Se desprender daqui é preciso, Jungkook. E minha missão é tentar te ajudar a fazer a escolha certa.
Mas uma vez o rapaz sente um embrulho no estômago. A escolha, o que ele havia decidido conscientemente e também por razões que ele mesmo desconhecia, entrou novamente em tópico.
O próprio havia feito a escolha de ficar, e ao mesmo tempo, não sabia o motivo de sentir-se tão apegado ㅡ ou preso ㅡ a este plano. Tinha consciência de suas decisões, porém algo desconhecido queimava em seu peito, mas não quente como fogo e sim frio como gelo.
Percebendo o silêncio que os pensamentos de Jungkook causavam, o homem fala novamente:
ㅡ Eu só quero te ajudar, como já citei. Não quero julgá-lo, mas sim ouvir as suas razões e entendê-las para que eu possa te compreender da melhor maneira ㅡ ele agora consegue a atenção do rapaz. ㅡ Eu quero apenas um pouco do seu... Da sua disponibilidade, só preciso que venha comigo.
Jeon dá um passo atrás receoso.
ㅡ Ir para onde?
ㅡ Não se preocupe, não é o que pensa... Sobre isso, é você quem precisa decidir. Ninguém além de você tem o poder de tomar as decisões da sua própria história.
O jovem pisca diversas vezes e entende o peso das palavras, por fim se lembra de algo importante.
ㅡ Mesmo assim eu não posso, não consigo sair daqui... De alguma forma estou preso a esse lugar, já tentei mas não consigo nem atravessar a rua, a praia é o único lugar onde consigo ficar.
Em seguida, o tempo ergue o guarda-chuva e abre o objeto.
ㅡ Eu sei disso, por isso trouxe ele ㅡ Aponta para cima ㅡ Você só precisa entrar aqui embaixo e conseguirá me acompanhar para onde quer que eu te leve.
Confuso, Jeon tenta entender a dinâmica, logo em seguida, lutando contra si mesmo ele entra debaixo do guarda-chuva e os primeiros passos ao lado do tempo são dados.
Os pés deixam a areia e pisam no piso de madeira da orla, em seguida, as faixas brancas pintadas no asfalto recebem os passos dos dois. A lembrança do final de um verão completamente diferente de todos os que já viveu chega a memória de Jungkook, quando este está no meio da faixa de pedestres e olha para o lado vê os carros parados.
ㅡ Olhe para frente, Jeon. E acompanhe os meus passos, se não ficarás para trás.
Imediatamente ele guarda a memória e volta a caminhar ao lado de Seokjin. Quando percebe que já havia atravessado a pista, seus olhos dobram de tamanho. Ele havia tentado tantas vezes e seus esforços sempre foram em vão... Mas agora o rapaz conseguia ver de forma ampla e distante, o lugar onde estava durante todo esse tempo.
ㅡ Para onde vai me levar? ㅡ pergunta curioso.
ㅡ Não seja apressado, aproveite o momento, olhe ao redor e veja o que fazia tempo que não enxergava.
Dessa vez os olhos grandes de Jungkook percorrem para observar o que acontece ao seu redor enquanto caminha. Na calçada, ele começa a ver cada rosto que passa por ele, nota a diversidade de jornadas estampadas em cada face caminhante. Vê os sorrisos de alguns, percebe a pressa de outros, tenta decifrar as faces cansadas seja pela exaustão do dia ou da vida. No parquinho da praça onde passa, vê uma criança aos berros porque caiu do escorrego e ralou os joelhos, logo depois a mãe corre ao seu encontro e a pega nos braços, sopra o machucado e o choro vai cessando aos poucos.
A lembrança de uma figura de cabelos longos e castanhos vem à mente, mas não demora.
Passando pelo pequeno jardim daquele lugar, ele estende a mão sobre as flores enfileiradas e como sempre não as sente. As pétalas passam pelo seu espectro sem qualquer dificuldade.
Novamente sente a boa e velha companhia do arrependimento.
O tempo finalmente para de caminhar e eles ficam em cima de uma pequena ponte onde um lago passa embaixo.
ㅡ O que sentiu, Jungkook? ㅡ segurando um dente-de-leão que havia pego o homem pergunta.
ㅡ Não sei ao certo! ㅡ responde rápido. ㅡ Vi coisas que nunca parei para prestar atenção, antigamente eu nunca observava algo de verdade, apenas passava por elas, não me importava... Assim como eu sempre fui invisível para eles, eles eram para mim.
O tempo continua brincando com a pequena flor entre seus dedos. Sei o que passa em sua mente. Ele entende o que Jeon diz, assim como eu também compreendo o que ele fala.
Afinal, sempre fomos muito curiosos no que se refere a Jeon Jungkook.
ㅡ Por qual motivo você acha que era invisível?
Encostado na mureta, o rapaz se debruça sobre a ponte e apoia os braços, olha para baixo e consegue enxergar o próprio reflexo na água.
A imagem de alguém invisível refletida.
A água e sua resiliência em não se importar com quaisquer que sejam os obstáculos a serem superados. Sendo a sua forma um pequeno riacho inofensivo ou uma correnteza devastadora, ela não se importa com as marcas que deixa para trás, sejam de salvação ou de destruição.
Com sua imagem refletida na água, Jungkook pensou em como seria se fosse igual a água. Não em sua forma devastadora, mas em sua resiliência.
Mesmo sendo um ser invisível, queria ser um invisível que supera e deixava mesmo que pequena, alguma marca.
Mas Jeon trabalhou duro em ser invisível e não deixar rastros. Assim pensou ele.
ㅡ Eu não tinha nada de especial para ser visto por alguém.
ㅡ Você não tinha ou não deixava que vissem algo em você?
Como uma lâmina de dois gumes, as palavras entraram macias, rápidas e certeiras. Sem tempo para defesa.
ㅡ Sabe, você sempre foi muito bom em esconder as coisas. Quando você era criança, amava esconder os chinelos do seu pai ou os batons da sua mãe, sei que até hoje não se sabe sobre o batom rosa que você escondeu no quintal quando tinha cinco anos ㅡ um aperto chega no coração de Jeon ao ouvir as palavras. ㅡ Sabe o mais engraçado, você conseguiu alimentar esse dom de esconder as coisas pela adolescência, juventude e vida adulta. Sei que foi preciso muita coragem e força de sua parte, o ruim foi que você colocou muita força e coragem em algo que não valia muito a pena, enquanto outras coisas foram deixadas de lado.
O jovem ainda se auto observa pelo reflexo na água enquanto digere as palavras sem nada dizer em troca.
ㅡ Você colocava sua energia em tudo o que não devia... Em pessoas, ações, lembranças e dores, em tanta coisa que não merecia o seu tempo e esforço. Eu ficava como um espectador ansioso para ver em qual momento da sua vida você iria fazer algo que realmente merecia o seu tempo, mas como um corredor, você correu e correu mas nunca chegava a atravessar a faixa e um "puxa" sempre me escapava ao ver a mesma cena de sempre.
Com os punhos cerrados, e lágrimas nos olhos, Jungkook se vira para o tempo e fala em voz alta:
ㅡ Você pensa que eu me orgulho disso? Por acaso você sabe o quanto cada escolha que fiz no final me doeu? Você por acaso imagina como eu me sentia quando uma lembrança deles surgia? ㅡ Suas lágrimas aumentam a cada palavra dita. ㅡ E devo dizer que elas não me largavam um segundo sequer da minha vida. Elas martelam em minha cabeça ㅡ Faz toques consecutivos em sua têmpora com o indicador ㅡ Segundo após segundo, sabe como foi difícil viver toda uma vida onde quem você mais ama não estava alí? ㅡ Ele agora soluça e passa as mãos no rosto para limpar as lágrimas que continuavam a derramarem-se. ㅡ Ninguém nunca me disse como seria, e você, onde estava? Não dizem que você resolve tudo, que o tempo cura tudo, porque não estava lá para dar fim às dores quando precisei? Porque não as levou embora?
O dono do guarda-chuva sorriu desacreditado ao ouvir as últimas palavras do garoto.
ㅡ Vocês vivem colocando esse fardo nos meus ombros, de ser aquele que leva a dor embora, "ah, o tempo resolve, cura tudo", mas esquecem que na maioria das vezes são vocês que se apegam e não largam as lembranças e os pensamentos que os fazem mal. Como querem que eu leve a dor embora se vocês não as largam? ㅡ Confessa irritado. ㅡ Eu estou cansado, e sim, o tempo cansa às vezes. Estou cansado de ser o culpado de sempre. Culpado de fazer vocês chegarem atrasados quando deveriam acordar mais cedo, culpado de vocês não terem tempo para algo importante quando na verdade gastam as horas em algo supérfluo onde nada vai acrescentar. Culpado de, como você mesmo disse, de não levar suas dores, lembranças, remorsos, culpas ou seja lá qual for, as suas responsabilidades embora. Não foi, não é e nunca será minha a responsabilidade de tais coisas.
No final do monólogo, ele solta todo o ar que estava segurando durante a fala. Eu particularmente nunca o tinha visto tão irritado, foi aí que percebi que tudo ao redor deles dois estava parado. Somente quando terminou de falar e se acalmou, o tempo voltou ao normal e o ambiente voltou a movimentar-se.
As lágrimas de Jungkook estavam estancadas, ele estava imóvel de frente para o outro. Nunca vira alguém tão irritado e falar tão rápido em poucos segundos.
Mas convenhamos, o Sr. Tempo tem lá suas razões para tal irritabilidade. Eu mesmo estou cansado de muitas vezes levar a culpa, de ser injusto e cruel, quando na verdade dou a chance de serem quem vocês querem ser e no final sempre escolhem errado. Sempre vivendo a mesmice, a monotonia de dias vazios. Não coloco em pauta a peculiaridade da vida de cada um, pois bem sei que cada ser tem sua jornada, e cada jornada tem sua singularidade. Mas falo de momentos, de instantes curtos mas que podem durar uma vida e vidas que podem durar instantes.
Não anule o diminuto de seus dias, nem os torne irrisórios, pois serão eles que farão a tua peregrinação se tornar memórias inesquecíveis.
Para Jungkook as memórias se tornaram mais do que isso... Elas se converteram em sua casa, sua prisão, seu fardo e sua bagagem de penitências. O meio pelo qual ele se agarra com a ilusão de poder sentir de volta a vida pulsar em suas veias e seu coração parado voltar a bater.
E na constatação de suas divagações, as lágrimas estavam de volta. Num percurso lancinante pelo seu rosto, numa caminhada infinita de uma água que tinha o brilho da dor.
A visão que ele tem do tempo estava embaçado pelo acúmulo de lágrimas de seus olhos que logo são enxugadas pelo dorso de sua destra.
ㅡ Você pode até pensar que não sei nada sobre suas dores ㅡ o mais velho começa a falar ㅡ, mas não esqueça de quem eu sou, estive com você desde sempre. Desde todos os universos possíveis, eu vejo você, Jungkook. Vi e vivenciei suas alegrias de infância, suas metamorfoses dolorosas da adolescência e juventude... Como também seus últimos anos, por isso não me venha com palavras de que não sei nada sobre você e suas queixas. O principal motivo da minha visita é exatamente fazer você se auto avaliar, numa observação profunda de quem foi, quem é, e quem você quer se tornar. ㅡ O homem se vira para o pequeno horizonte de flores e suspira cansado, sua fala tem um tom mais baixo. ㅡ As suas escolhas, boas ou ruins, te trouxeram para o exato momento em que você está. Mais do que ninguém você sabe o peso de cada uma delas.
ㅡ Sim... ㅡ Confessa baixo encarando os movimentos simples da água embaixo da ponte ㅡ Você fez questão de me fazer lembrar.
O clima estava mais tranquilo entre os dois. As vozes soavam num timbre calmo e dava-se a entender que ambos ㅡ principalmente Jungkook ㅡ começou a entender situação.
ㅡ Não é só pelas lembranças e escolhas, mas o motivo delas. ㅡ O tempo ergue na frente do rapaz a flor que carregava consigo. ㅡ Você por acaso já soprou um dente-de-leão e observou suas sementes voarem?
ㅡ Acredito que sim, talvez há muito tempo atrás.
ㅡ Entendo... Bem, eu acho muito interessante como as pequenas sementes dessa flor me lembram certas fases da vida. ㅡ Sua voz estava em um tom mais animado. De fato ele ama contar essa história. ㅡ De início, as sementes parecem estar muito ligadas ao estame delicado e não parece pronta para se destacarem. Porém, bem devagar elas são levadas pelo vento com "apreensão" em um primeiro momento, mas cada vez mais decididas a encarar uma nova jornada e experimentar novos ares e aventuras. Ultrapassando o medo ou o receio inicial, elas se deixam ser conduzidas pelo fluxo do vento, curiosas sobre novas descobertas e prontas para criarem uma nova vida assim que pousarem em um novo terreno. Eu gosto de comparar vocês, humanos, a uma semente dessas. E me admiro quando vocês cumprem à risca essa analogia que carrego comigo. Eu fico feliz quando vejo muitos se desprendendo do que poderia ser algo seguro, a que se sustentar e se deixar levar pelas novas descobertas e conseguir no final um chão onde possam se plantar de verdade, sem medo ou receio. Infelizmente nem todos conseguem se soltar de amarras invisíveis.
Após a fala, o tempo entrega a pequena flor a Jungkook que a segura com receio, ainda digerindo toda a história que acabou de escutar onde ele não faz parte daqueles por quem o tempo se sente feliz.
ㅡ Sei que consegue, Jungkook! Sopre!
A pequena flor branca e delicada é segurada com incerteza pelas mãos de Jeon. De fato a analogia do tempo penetrou nas entranhas do rapaz, e lá as palavras começaram a agir como uma pequena semente recém plantada.
Sobre a ponte, o jovem segura a plantinha entre seu polegar e indicador, em seguida sopra o dente-de-leão e suas sementes voam no ar. Como minúsculos guarda-chuvas, as sementes dançam a coreografia feita pelo vento, um vai e vem hipnotizante, giros e cambalhotas fazem os olhos de Jeon se perderem na dança das flores brancas. Era belo e único. E digo que no dicionário do rapaz as palavras nunca vieram juntas na mesma frase. Ou era belo, ou era único, ou simplesmente não era nada.
Logo após, Jungkook observa um fenômeno jamais contemplado em sua vida; as flores não caem ou se vão com o vento como de costume ㅡ afinal sempre esperamos que elas vão embora ㅡ, elas continuam dançando na frente do rapaz, seguindo a melodia perfeita da coreografia, fazem a dança das memórias.
E nesse instante, como se concluísse o espetáculo para apenas um espectador, os dentes-de-leão formam um círculo no ar bem em frente a Jungkook. As hastes das flores continuavam balançando, mas em um ritmo mais calmo e sereno, num pequeno vai e vem sem deixar que o círculo recém formado se desfaça
Os olhos do rapaz nunca ficaram tão presos a algo como estava naquele momento, pude ver uma pequena cintilação em seu olhar. De fato brilhavam com a cena nunca vista.
De repente Jeon se atenta ainda mais sobre o que acontece em sua frente após notar que algo ainda mais diferente começa a acontecer. No círculo de flores, uma imagem embaçada começa a surgir, os olhos do jovem se espremem para se atentar a imagem e decifrá-la. Porém não foi preciso muito esforço de sua parte, logo a imagem vai tomando formas, cores e traços, onde ao final torna-se uma imagem nítida.
O quadro com a moldura de dente-de-leão que agora guarda uma imagem, foi o motivo de novas lágrimas surgirem nos lumes do rapaz.
Ah, lembro-me perfeitamente desse dia, da melodia tocada... Do início de sonhos jovens e de grandes expectativas.
Na frente de Jungkook estão sendo mostrada as mãos delicadas de sua mãe sobre as teclas do piano que tinha na sala de sua antiga casa, os dedos calmos da mulher criam uma melodia harmoniosa impossível de ser esquecida. Mesmo que aquela fosse a primeira vez que a música fosse tocada, o pequeno Jeon teve a sensação de que aquelas notas já estavam dentro dele.
ㅡ Você lembra desse dia?
Questionado pelo tempo, o mais novo enxuga as lágrimas do rosto e responde:
ㅡ Eu jamais pude esquecê-lo!
ㅡ Eu sei, foi nesse dia que você se apaixonou, não só pela música, mas por e qualquer forma de escrita. ㅡ Os olhos do tempo encaram Jungkook, enquanto esse mantém os seus atentos a imagem a frente. ㅡ Você sempre estava ao lado de sua mãe e via ela escrevendo as letras que davam vida às músicas, sempre atento a uma nova nota musical desenhada na partitura. Lembro de quando você pegou o caderno dela e escreveu a sua primeira frase: "Jun ama uvir mamae canta." O sorriso de sua mãe foi enorme ao ver aquelas simples, porém doces palavras. Em seguida veio o seu primeiro parágrafo, a primeira folha, o primeiro caderno de escrita e você simplesmente não parava de escrever! Juro que até eu não me importava de me gastar quando parava para te observar em seu próprio mundo.
O homem sorri singelo ao lembrar de seus atos. O próprio tempo gastando tempo não é algo que ouvimos todo dia.
E nos dirigindo para o personagem principal da história, lembranças da infância deste vêm à tona. As inúmeras páginas preenchidas e os cadernos aos montes lotavam a escrivaninha de madeira rústica em seu quarto. De fato grandes lonjuras eram alcançadas através de sua escrita naqueles papéis amarelados. A forma como se sentia, a liberdade de criar personagens, mundos inimagináveis dava a ele a sensação de que ele podia fazer qualquer coisa, de criar qualquer coisa.
E no final, todo o poder dado a ele foi deixado na tinta nunca gasta de suas canetas, no grafite intacto dos lápis guardados no fundo do baú.
ㅡ Mas como nem tudo é como planejamos, aconteceram tantas adversidades que as folhas começam a ficar em branco, não é Jungkook?
ㅡ Para quem eu iria escrever? Não havia mais sentido ㅡ diz ao se virar e olhar nos olhos do outro.
ㅡ Não julgo, afinal todo escritor quer leitores. Mas no seu caso, a escrita havia se tornado algo mais... Você amava fazer aquilo, era o seu sonho! Tinha tudo planejado dentro de você, os estudos, a faculdade e como um balde de água fria jogado sobre seus om-
ㅡ Por favor ㅡ interrompe ㅡ, eu sei muito bem o que acontece depois, não precisa me lembrar.
ㅡ Certo, me perdoe... ㅡ o tempo tenta contornar a situação ㅡ Bem, sobre essa lembrança que está em sua frente, foi você que a escolheu... ㅡ os olhos de Jeon se arregalam minimamente com o anúncio ㅡ Ao soprar a flor, algo em suas memórias foi acessado e essa foi a lembrança escolhida. Sei que você tem arrependimentos guardados e é sobre isso que estamos falando. Porém, não entendo porque essa é uma lembrança de arrependimentos... Por acaso você sabe, Jungkook?
O Sr. Tempo insiste em camuflar a sua onisciência e Jeon continua caindo em seus questionamentos.
ㅡ Não, sobre isso eu não tenho arrependimentos.
ㅡ Então precisaremos fazer uma viagem, só preciso que toque na imagem e descobriremos o motivo.
ㅡ Como assim? Viajar para onde?
O tempo envolve a sua mão com a direita de Jungkook e seu indicador é sustentado na frente da imagem.
ㅡ Para o seu arrependimento.
E como num passe de mágica, assim que os dedos de Jungkook tocam na projeção feita pela dança das flores, tudo ao seu redor muda. Um puro breu é o que está à sua volta. Ele olha para os lados, para baixo e pensa estar sendo sustentado pelo ar já que não existe nada ao seu entorno. Porém, sua constatação não se demora... Logo uma luz vai surgindo, clareando e dando algum aspecto de vida ao local.
Nos flashes de luzes, a madeira escura do chão é a primeira coisa que ele enxerga. Logo à frente, a cama completa e minuciosamente arrumada é a segunda coisa que enxerga. Seus olhos se adaptam ao ambiente e ele vê com mais clareza onde está.
A mesinha com o abajur de luz amarelada ao lado da cama, ilumina uma parte do quarto pintado em tons claros. Jungkook nunca foi muito fã de cores. A janela com uma cortina branca ficava em cima da escrivaninha que continha inúmeros documentos, papéis amassados e um jovem Jeon de vinte e três anos.
O rapaz estava sentado, parado em frente a mesa fazendo giros com a caneta entre os dedos. Indeciso demais para fazer o que devia ter feito.
Uma angústia percorre um caminho sorrateiro entre as emoções do rapaz que acabara de ver o seu eu mais jovem. Naquele momento, para Jungkook, qualquer coisa que acontecesse ele não se espantaria. Sua estadia nesse plano depois de sua partida junto com a visita do próprio tempo, mostrou que qualquer coisa pode acontecer.
Mas nada se comparava a ele enxergar aquele Jungkook. Visualizar a sua própria imagem de seis anos atrás poderia parecer a primeiro olhar algo fantástico, afinal, quem não gostaria de viajar ao passado?
Mas para Jeon essa lembrança e imagem se tornou um dos muitos motivos de seus arrependimentos, mesmo ele não lembrando, o tempo estaria aqui para lembrá-lo.
ㅡ Porque viemos para cá? ㅡ Pergunta receoso.
ㅡ Foi você que nos trouxe aqui, você quem deve me dizer. Realmente não se lembra dessa parte da sua vida?
Decidido a encontrar uma resposta, Jungkook caminha lentamente pelo quarto e chega perto da sua imagem na escrivaninha. Olha para os papéis em cima da mesa e lê as palavras escritas numa folha de papel branco. Seus olhos percorrem as linhas e parágrafos, quando vê a movimentação de seu eu, ele se afasta e anda de volta para perto de Seokjin.
ㅡ Lembrou?
Confirmando com a cabeça ele responde. Em seguida, vê as folhas escritas serem amassadas em bolinhas e jogadas no cesto de lixo, por fim escuta suas próprias palavras: "Isso não é importante, ninguém vai se importar ou ler mesmo... Esquece isso Jungkook, volta aos relatórios se não vai perder o emprego."
ㅡ Me lembro que o gerente havia pedido para que quem quisesse escrever um artigo importante para a empresa, o melhor seria publicado no jornal em algumas semanas.
ㅡ E o que você fez? ㅡ O mais velho pergunta.
ㅡ Você acabou de ver.
Enquanto o Jeon de vinte e três anos continua parado pensativo sobre a mesa, o de agora permanece calado observando toda a cena.
Longos minutos em silêncio se passam enquanto Seokjin procura as melhores palavras para dar início a mais um de seus monólogos reflexivos,
ㅡ Lembra que a primeira imagem que viu foi de sua mãe ao piano? ㅡ Jungkook confirma que sim. ㅡ Foi naquele dia que a paixão pela escrita surgiu na sua vida, porém pensei comigo do porquê daquilo estar ligado a um arrependimento, e aqui e agora, vejo o motivo. Era a linha tênue entre o sonho, a tentativa de sua realização e o final dele. Ah, Jungkook, havíamos preparado aquela chance com tanto gosto... Entregamos ela a ti na tentativa de fazer você finalmente mostrar o que amava fazer! Ficamos na esperança quando vimos você começar a escrever as primeiras palavras, parágrafos inteiros, mas no final você jogou tudo fora como um lixo... Como se o seu sonho não tivesse importância alguma.
Uma pausa é feita para que o Tempo observe como Jeon está absorvendo as suas palavras, quando percebe que sua face está atenta ao seu discurso, ele continua.
ㅡ Você tinha medo do que poderia acontecer, mas ao menos nem tentou. Preferiu terminar o relatório, preferiu ficar preso ao estame de sua flor, a segurança de algo mais concreto, porém infeliz, do que se deixar levar por uma jornada que faria suas sementes darem vidas em outros terrenos. Me responde, Jeon, em qual multiverso do universo abriram as portas que você fechou? ♪
De cabeça baixa ele responde:
ㅡ Talvez eu tenha fechado todas elas.
ㅡ Foram muitas portas fechadas por você, Jungkook. Não se queixe do barulho se a felicidade bater à sua porta e seu vizinho a convidar para entrar antes de você ♪. Mesmo com tantas portas fechadas, ainda há algumas abertas, você ainda terá a chance de convidá-las para entrar, não se preocupe. Agora vamos, precisamos voltar.
Num estalar de dedos, literalmente, o céu azul, a brisa suave e as ondas pequenas recebem eles de volta à praia. Agora sentados no banco colorido de madeira eles se dão um momento. Seokjin espera pacientemente Jungkook tentar compreender o dia completamente fora do normal que ele viveu.
Foram tantos sentimentos, medos colocados na mesa, verdades saindo do poço completamente nuas e sem vergonha alguma... Lembranças, passado e o velho e bom amigo arrependimento foram a companhia do dia para o jovem. De fato precisaria de um certo tempo para que todas as informações começassem a surtir efeito dentro dele.
ㅡ Tem algo a dizer, Jungkook?
Mais alguns instantes e ele finalmente revela:
ㅡ Porque fez isso? Porque me mostrou todas essas coisas? Por qual motivo você reviveu tantas coisas dolorosas para mim?
ㅡ Eu não fiz nada, Jeon. Você que fez isso, lembra? Você destravou as portas fechadas em sua mente, eu só te ajudei a procurar a chave certa. De alguma forma, essas lembranças e arrependimentos estão ligadas a sua escolha de querer ficar e a outras que ainda surgirão. Você precisa decidir o melhor para ti, meu jovem, aqui não é o seu lugar.
ㅡ E se eu não quiser partir e nem escolher nada? ㅡ Questiona olhando nos olhos do outro.
ㅡ Se curve ao seu destino, Jungkook. Até o trigo se curva com o vento ♪. Quero que pense no que houve hoje e futuramente de um jeito ou de outro, você terá que escolher. Por enquanto fique com isso ㅡ entrega uma caneta e uma folha ㅡ Não precisa escrever agora, guarde com você, no momento certo saberás quais palavras colocar aí. ㅡ Se levanta e desarma o guarda-chuva. O rapaz o acompanha, se levantando em seguida.
Bem, essa é a minha deixa, foi um prazer conhecer você pessoalmente, Jeon Jungkook.
ㅡ Já está indo?
ㅡ Sim, tenho outras visitas a fazer. E não se preocupe, amanhã outra pessoa virá lhe visitar. Assim como outras também... Como já disse, sobre a escolha, você terá que fazê-la de qualquer forma e será na sua última visita. Você decidirá o seu destino, até lá, pense com muito cuidado e tente viver tudo o que será apresentado a você nos próximos dias. Estarei de olho em você, Jeon. Eu sempre estou, até logo, nos vemos por aí.
E como fumaça ele some na frente do rapaz. Ele tinha que fazer a saída triunfal dele.
Jungkook olha para os lados e vê que realmente o ser havia sumido e quando ele olha para baixo, encontra um dente-de-leão sobre o piso da orla. O pega e coloca em cima da folha que o tempo havia lhe dado e é olhando para o papel em branco que Jeon começa a pensar nas palavras que poderá escrever.
As últimas palavras que ficarão entalhadas dentro de sua alma.
☔⏳
¹ Frase de Ronaldo Pilati.
Olá, meus amores! Como estão?
Eu tô ótima depois de postar esse primeiro capítulo. Eu estava muito ansiosa, espero que tenham gostado.
Não vou mentir, eu amo o Sr.Tempo, e vocês?
Que a essência de A4E tenha chegado até vocês nesse 1º capítulo. Foi bem intenso escrevê-lo e no final eu amei tudo o que tem nele.
Não esqueçam das ⭐ e de indicarem.
Também vou ficar de olho na #GuardaChuvaParaJK🌂.
Até mais, beijos da Tay 😘
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