Ter.ato. Maldito seja.
Jungkook cresceu em volta de pais amorosos, que sempre fizeram questão de dar-lhe o melhor. Desde muito pequeno, ele se sentiu envolvido por um lar repleto de carinho e segurança. Seus pais, sempre atenciosos, demonstravam amor de maneira constante, seja nos pequenos gestos diários ou nas grandes celebrações familiares.
Ele teve uma infância típica, se divertindo com os amigos, indo à escola, participando de atividades extracurriculares e, por vezes, se metendo em pequenas travessuras. Era um menino como qualquer outro, com os mesmos sonhos e esperanças que muitos de sua idade. Seus pais o incentivaram em tudo o que fazia, garantindo que ele se sentisse apoiado em seus interesses e projetos, independentemente de como os outros ao seu redor o olhassem.
Na escola, Jungkook era um bom aluno, mas não o mais brilhante. Ele se destacava no esporte, especialmente no futebol, e adorava praticar novas habilidades, seja tocando guitarra ou tentando aprender algo novo no campo da fotografia. Ele era curioso, sempre ávido para explorar o mundo ao seu redor. Seus amigos o viam como alguém divertido, com um sorriso fácil e um jeito de fazer com que todos ao seu redor se sentissem bem.
No entanto, enquanto sua vida parecia seguir de maneira normal e feliz, algo dentro dele começou a mudar quando atingiu a adolescência. O apoio dos pais e a tranquilidade do lar ainda eram as bases de sua vida, mas Jungkook se viu cada vez mais em busca de algo diferente, algo que ele não conseguia explicar. Ele começou a sentir um vazio, uma sensação de desconexão que o fazia questionar o propósito das coisas e até mesmo de sua própria identidade.
Mas isso não foi algo que seus pais perceberam de imediato. Eles o viam como o mesmo garoto amoroso e brincalhão, aquele que sempre tinha um sorriso no rosto, que parecia não se importar com as dificuldades. Mas, na realidade, Jungkook estava passando por algo mais profundo, algo que ele mal sabia descrever. A pressão de agradar aos outros, de manter as expectativas altas, de ser sempre o "perfeito" filho e estudante, estava se tornando cada vez mais sufocante.
Com o tempo, ele se afastou de algumas atividades que antes adorava e começou a buscar algo mais excitante, mais imprevisível. E foi assim, em uma busca por esse "algo mais", que ele começou a explorar seu próprio lado mais sombrio. Enquanto ainda se sentia amado por seus pais, o vazio dentro dele o impulsionava a procurar algo diferente, algo que ele ainda não entendia completamente.
Jungkook não era mais o mesmo garoto simples e feliz, mas alguém à procura de uma nova identidade, uma que, ele acreditava, finalmente o faria se sentir completo.
Na frente do espelho de seu quarto, Jungkook encarava seu reflexo com atenção. Ele segurava duas jaquetas, uma de couro preta e outra jeans azul. Seus olhos vagavam entre as opções enquanto ele ajeitava o coturno escuro e a calça. A indecisão era breve, mas o detalhe que realmente prendia sua atenção não era a escolha da roupa.
Bem no canto do espelho, presa com uma fita, estava uma foto. Não qualquer foto, mas a imagem que ele havia tirado com Taehyung na cafeteria. Era um registro que, para muitos, seria apenas um momento casual. Para Jungkook, era um símbolo, um marco de algo que ele acreditava ser maior do que o destino.
Ele tocou a foto com cuidado, o polegar deslizando pelo rosto do loiro na imagem.
— Lindo, meu amor. — murmurou, com um sorriso que era ao mesmo tempo carinhoso e inquietante.
Inclinando-se, Jungkook pressionou um beijo nos lábios impressos de Taehyung, deixando seus olhos se fecharem por um breve instante. Quando se afastou, uma expressão de contentamento tomou conta de seu rosto. Decidido, vestiu a jaqueta jeans sobre a camisa branca. Foi até a gaveta, onde um boné preto o esperava, e, ao abri-la, revelou um pequeno tesouro escondido.
Dentro, havia mais fotos. Algumas eram impressas de capturas feitas com o celular, outras reveladas de imagens que ele havia encontrado online. Livros de Taehyung, organizados de forma quase obsessiva, ocupavam grande parte de sua estante, ao lado de pequenas lembranças que ele acreditava conectá-lo ao escritor.
Jungkook pegou uma das fotos, uma das muitas que ele tinha revelado em segredo. Ele a segurou com cuidado, os olhos brilhando enquanto encarava o rosto de Taehyung na imagem.
— Eu vou acabar com todos os seus pesadelos, querido. — sussurrou. — Mas... há uma consequência. Você vai precisar de mim para sempre.
Guardando a foto de volta na gaveta, Jungkook ajeitou o boné na cabeça e deu uma última olhada no espelho. A imagem dele e de Taehyung refletida ao lado da foto no vidro o fez sorrir novamente. Ele estava pronto para sair.
Lá fora, a luz do dia parecia brilhar mais para ele. Jungkook caminhava pelas ruas movimentadas com passos firmes, um plano formado em sua mente. A cafeteria onde eles se encontraram pela primeira vez era seu destino. Ele não sabia ao certo se Taehyung apareceria por lá novamente, mas a ideia de estar no mesmo lugar que o escritor o fazia sentir uma estranha sensação de proximidade.
Enquanto esperava, sentado em uma mesa no canto, Jungkook pediu um café. Ele mal tocou na xícara, distraído demais observando a porta com olhos atentos. Cada pessoa que entrava fazia seu coração acelerar, mas nenhuma era Taehyung.
Ainda assim, ele sorriu para si mesmo, ajeitando a foto dentro de sua carteira. Ele tinha paciência, afinal. Porque para ele, Taehyung não era apenas um escritor talentoso ou uma figura admirável. Ele era a razão pela qual Jungkook acordava todas as manhãs. E isso era tudo o que importava.
Após passar um tempo na cafeteria, sem nenhum sinal de Taehyung, Jungkook decidiu seguir para a faculdade. Ele ajustou o boné, colocou os fones de ouvido, e deixou o local com passos tranquilos. Apesar de estar aparentemente calmo, seu coração ainda batia rápido ao pensar no escritor.
O campus estava movimentado como de costume. Estudantes caminhavam de um lado para o outro, alguns carregando livros, outros rindo entre amigos. Jungkook se dirigiu ao prédio principal, onde teria uma aula de fotografia. Antes de entrar, porém, parou para pegar algo em sua mochila. Ao abrir o zíper, não resistiu em olhar novamente para uma das cópias da foto dele com Taehyung. Um sorriso involuntário surgiu em seu rosto.
— Ei, Jungkook! — uma voz familiar chamou sua atenção.
Ele levantou a cabeça e viu Yoongi, um colega de curso, se aproximando com um copo de café na mão. Yoongi, com sua personalidade calma e observadora, sempre fazia comentários diretos que pareciam acertar onde doía. Jungkook, ao notar o mais velho se aproximar, esboçou um sorriso superficial, carregado de falsidade. Era quase automático para ele vestir aquela máscara.
— O que tá aprontando aí, Jungkook? — Yoongi perguntou, desconfiado, ao notar a expressão distraída do garoto enquanto ele encarava algo nas mãos.
Jungkook levantou a cabeça devagar, fechando a mão ao redor da foto como se guardasse um segredo precioso. Ele forçou um sorriso casual, aquele que usava quando precisava se livrar de perguntas inconvenientes.
— Nada demais, hyung. Só lembrando de um momento especial.
Yoongi arqueou a sobrancelha, curioso com a resposta vaga. Ele conhecia Jungkook o suficiente para saber que, quando agia assim, era porque escondia alguma coisa.
— Deixa eu ver isso. — disse, estendendo a mão antes que Jungkook tivesse a chance de se esquivar.
O moreno hesitou por um momento, seus olhos escurecendo por uma fração de segundo. Mas logo, soltou um suspiro forçado e entregou a foto, como se não fosse grande coisa. Por dentro, contudo, a irritação começava a borbulhar.
Yoongi analisou a imagem com atenção.
— É do Taehyung, o escritor que você sempre fala? — ele perguntou, sem tirar os olhos da foto.
— Ele mesmo. — Jungkook respondeu, cruzando os braços. Seu tom era calmo, quase indiferente, mas por dentro, ele queria arrancar a foto das mãos de Yoongi. — Tive a sorte de encontrar com ele na cafeteria outro dia.
Yoongi devolveu a foto, um sorriso pequeno brincando em seus lábios.
— E você já tá carregando a foto no bolso? Parece até um fã obcecado, cara.
Jungkook riu, mas foi um riso seco, desprovido de qualquer humor verdadeiro.
— Só admiro o trabalho dele, hyung. Não tem nada de obsessão nisso. — Ele inclinou a cabeça ligeiramente, mantendo o sorriso plástico no rosto.
Enquanto Yoongi dava de ombros e tomava um gole do café, Jungkook desviou o olhar, apertando a foto com força entre os dedos. O comentário do outro ecoava em sua mente como um espinho incômodo. “Fã obcecado?” Quem ele pensava que era para julgar algo que não entendia?
— Certo, mas tome cuidado. Às vezes, é fácil passar do limite, principalmente com pessoas que admiramos. — Yoongi acrescentou, em um tom quase paternal.
Jungkook apenas assentiu, o sorriso falso ainda no rosto.
— Obrigado pelo conselho, hyung. — disse, um toque de sarcasmo escondido na voz.
Assim que Yoongi virou as costas e começou a se afastar, Jungkook revirou os olhos, bufando baixinho.
— Sempre tão sábio, Yoongi… — murmurou para si mesmo, o tom carregado de ironia. Ele guardou a foto com cuidado no bolso e estreitou os olhos, observando o amigo se distanciar. — Um dia você vai entender que há coisas que só eu sei fazer.
Seu sorriso voltou, mas dessa vez era mais sombrio, carregado de segundas intenções. Enquanto caminhava para sua próxima aula, sua mente já estava cheia de novos planos envolvendo Taehyung. E dessa vez, ele tinha certeza de que ninguém, nem mesmo Yoongi, seria capaz de atrapalhá-lo.
🪶
Taehyung sentia-se frustrado. Ele olhava para a tela em branco do computador, onde deveria estar fluindo uma narrativa envolvente, mas nada parecia fazer sentido. Era uma cena de sexo explícito, e ele se perguntava se a falta de experiência em sua própria vida estava afetando sua criatividade. Podia contar nos dedos as vezes que foi para cama com alguém, e, mesmo assim, nenhuma delas parecia digna de ser retratada.
— Droga. — murmurou, afundando as mãos no cabelo.
Após mais alguns minutos encarando a tela em silêncio, decidiu que precisava espairecer. Talvez um pouco de ar fresco o ajudasse. Ele vestiu um casaco leve, calçou os sapatos e saiu para caminhar.
O bairro estava tranquilo, com poucas pessoas nas ruas. O sol da tarde trazia uma leve brisa, e Taehyung sentiu os ombros relaxarem enquanto caminhava sem rumo. Ao virar a esquina, algo chamou sua atenção.
A alguns metros de distância, havia alguém ajoelhado no chão, aparentemente tirando fotos de algo. O equipamento fotográfico não era profissional, mas a forma como a pessoa segurava a câmera demonstrava habilidade. Taehyung franziu o cenho, curioso, e continuou a observar de longe. Não demorou muito para reconhecer a figura: Jungkook.
Jungkook parecia completamente imerso no que fazia. Ele focava uma grande árvore, que parecia ser muito antiga, com o tronco rugoso e galhos que se espalhavam amplamente, criando um espetáculo natural. O jovem ajustava a câmera, tirando algumas fotos de diferentes ângulos, inclinando-se para capturar a textura da casca ou o brilho das folhas iluminadas pelo sol.
Taehyung parou, indeciso sobre se deveria se aproximar ou não. Ele não queria parecer intrusivo, mas também sentia uma estranha curiosidade sobre o que Jungkook fazia ali.
Enquanto ponderava, Jungkook levantou a cabeça, provavelmente sentindo que estava sendo observado. Seus olhos se encontraram com os de Taehyung, e um sorriso pequeno, mas genuíno, surgiu em seus lábios.
— Hyung? — ele chamou, surpreso, mas com um tom caloroso.
Taehyung se aproximou devagar, tentando parecer casual.
— Jungkook? O que você tá fazendo por aqui? — perguntou, apontando para a câmera.
— Essa árvore me chamou atenção outro dia, achei que valia algumas fotos. — levantando-se e mostrando a câmera.
Taehyung olhou para a árvore, admirando a beleza imponente dela, mas sem entender exatamente o fascínio de Jungkook.
— É só uma árvore. O que tem de tão especial nela?
Jungkook riu, balançando a cabeça.
— É mais do que isso. Olha bem pra ela. Os detalhes, as marcas no tronco, a forma como a luz passa pelas folhas. — Ele ergueu a câmera, mostrando a Taehyung uma das fotos que havia tirado. — Ela tem história, hyung. E eu gosto de capturar isso.
Taehyung analisou a foto. Apesar de não entender tanto de fotografia, percebeu como Jungkook havia capturado algo único. Era como se a árvore estivesse viva de um jeito que ele nunca tinha notado antes.
— Impressionante. — admitiu, devolvendo a câmera.
— Obrigado. — Jungkook sorriu, ajeitando o boné. — E você? Saiu para buscar inspiração?
Taehyung suspirou, cruzando os braços.
— Algo assim. Bloqueio criativo. Achei que sair um pouco poderia me ajudar.
— E ajudou? — Jungkook perguntou, inclinando a cabeça levemente.
— Ainda não. — Taehyung deu um sorriso fraco.
Jungkook olhou para a árvore novamente e, depois, para Taehyung.
— Talvez você só precise mudar o ângulo, hyung. Olhar para sua ideia de outra forma, como faço com as fotos.
Taehyung levantou uma sobrancelha, surpreso com a profundidade da resposta.
— Talvez você tenha razão.
— Claro que tenho. — Jungkook respondeu, piscando de leve. — Vamos caminhar? Às vezes, duas perspectivas ajudam mais do que uma.
Taehyung hesitou, mas acabou concordando. Os dois seguiram lado a lado, conversando sobre tudo e nada, enquanto o sol descia no horizonte, trazendo um conforto inesperado para ambos.
Os passos de Jungkook e Taehyung ecoavam pela calçada, acompanhados pelo som suave das folhas balançando com o vento. A conversa fluía naturalmente, mas Jungkook, em um momento de hesitação, desviou o olhar para o chão e depois voltou a encarar Taehyung.
— Sabe... é meio estranho. — Jungkook começou, ajustando o boné e tentando soar casual. — Estar perto de alguém como você. Digo, uma pessoa famosa.
Taehyung riu, mas o som estava mais para um suspiro resignado.
— Famoso? Eu não sou famoso, Jungkook. — respondeu, balançando a cabeça com um pequeno sorriso. — Famosos são os atores de cinema, cantores de K-pop... Eu só escrevo histórias.
Antes que Jungkook pudesse responder, algo interrompeu a conversa. Uma jovem, aparentando ter a mesma idade dele, se aproximou com um sorriso radiante e olhos brilhando de admiração.
— Você é Kim Taehyung, certo? — perguntou, com um toque de nervosismo na voz.
Taehyung piscou, surpreso, mas logo abriu um sorriso educado.
— Ah, sim, sou eu.
— Meu Deus, eu adoro seus livros! Você poderia me dar um autógrafo? E... será que posso tirar uma foto com você?
Jungkook observava tudo em silêncio, seus olhos estreitando levemente. Sua expressão, que inicialmente era de surpresa, começou a mudar. Ele sentiu o coração acelerar de forma desconfortável enquanto a garota tirava um caderninho da bolsa e entregava a Taehyung, que prontamente assinou.
— Claro, vamos tirar a foto. — Taehyung disse, mantendo a simpatia.
A garota pegou o celular e se posicionou ao lado dele, segurando o sorriso mais largo que conseguia. Taehyung, gentil como sempre, sorriu para a câmera enquanto ela tirava a selfie.
— Muito obrigada! Você é incrível. — disse a jovem, quase dando pulinhos de felicidade antes de se despedir.
Enquanto ela se afastava, Jungkook permanecia imóvel, seu olhar preso na direção em que a garota havia desaparecido. Seus lábios estavam cerrados, e havia uma intensidade estranha em seu semblante.
— Isso acontece com frequência? — perguntou, sua voz baixa e carregada de algo que Taehyung não conseguiu identificar de imediato.
— Não tanto quanto você imagina. — Taehyung respondeu, dando de ombros. — Às vezes, algumas pessoas me reconhecem, mas é raro.
Jungkook soltou um riso curto, mas seu tom era difícil de decifrar.
— Parece que você é mais famoso do que diz, hyung.
Taehyung parou e olhou para ele, notando a mudança no tom.
— Não é nada de mais.
Mas Jungkook parecia preso em seus próprios pensamentos. Ele esfregou a nuca, tentando parecer despreocupado, mas a imagem de Taehyung sorrindo para outra pessoa, dando atenção para alguém que não era ele, o corroía por dentro. O desconforto crescia como uma sombra, obscurecendo qualquer tentativa de raciocínio lógico.
— Vamos? — Taehyung perguntou, quebrando o silêncio.
Jungkook assentiu, forçando um sorriso enquanto acompanhava o mais velho.
🪶
Horas depois, Jungkook estava em casa, sentado na beira da cama, olhando fixamente para o chão. As mãos estavam fechadas em punhos tão firmes que as unhas ameaçavam marcar a pele. Sua respiração era irregular, e o peito subia e descia com rapidez.
Ele não conseguia tirar a cena da cabeça: Taehyung rindo, conversando, inclinando a cabeça de forma sutil enquanto ouvia a garota que havia se aproximado. Como ela ousava? Quem ela achava que era para tomar o tempo de Taehyung? Para roubar algo que, em sua mente, só pertencia a ele?
— Ele nem percebe... — Jungkook murmurou para si mesmo, os olhos agora fixos em uma foto de Taehyung no celular.
Era uma das que ele havia tirado escondido, um close do escritor sorrindo enquanto mexia no celular na cafeteria.
— Ele não vê o quanto essas pessoas só querem tirar algo dele.
Ele jogou o celular na cama com força, levantando-se bruscamente. Andava de um lado para o outro no quarto, como um animal enjaulado. A raiva queimava em seu interior, misturada a uma sensação de impotência que o irritava ainda mais.
Foi até a estante, pegando um dos livros de Taehyung. Passou os dedos pela capa, quase reverente, antes de abri-lo em uma página aleatória. As palavras escritas ali, tão delicadas e profundas, eram um lembrete de por que ele estava tão obcecado.
— Eu te entendo, Taehyung. Eu entendo você mais do que qualquer outra pessoa jamais entenderá. — Ele sussurrou, a voz carregada de uma mistura perigosa de adoração e frustração.
Sem pensar muito, pegou o celular novamente. Abriu as redes sociais e começou a passar pelas fotos mais recentes de Taehyung, analisando cada comentário, cada curtida. Algumas pessoas eram mais ousadas do que ele gostaria. Palavras como "perfeito", "lindo", e até "quero te conhecer" saltavam da tela, alimentando ainda mais a sua raiva.
— Idiotas. Vocês não sabem nada sobre ele.
Jungkook não conseguiu se conter e digitou um comentário anônimo: "Vocês não têm ideia do que ele realmente precisa. Só eu sei."
Enviou antes que pudesse se arrepender. E, naquele momento, tomou uma decisão que ele considerava lógica, mas que qualquer outra pessoa chamaria de obsessiva:
— Ninguém vai se aproximar mais de você, Taehyung. Ninguém. Nenhum filho da puta.
Naquela noite, o impulso de Jungkook o guiou até a mochila onde guardava sua câmera. Ele a pegou, segurando-a com um misto de ansiedade e determinação. Era como se uma força invisível o empurrasse para agir, um desejo incontrolável de estar perto de Taehyung, de capturá-lo de uma forma que ninguém mais poderia.
Sem pensar duas vezes, ele vestiu uma jaqueta, ajustou o boné e saiu de casa. As ruas estavam tranquilas, iluminadas apenas pelos postes e pela luz fraca da lua. Enquanto caminhava em direção à casa de Taehyung, o som dos próprios passos ecoava em sua mente, acompanhando o turbilhão de pensamentos que o consumiam.
Ao chegar, ele parou do outro lado da rua, observando as luzes acesas da casa de Taehyung, e as cortinas da janela estavam parcialmente abertas. Ele ajustou a câmera, posicionando-se estrategicamente atrás de uma árvore para não ser visto.
Jungkook olhou pelo visor, ajustando o zoom. Sua respiração ficou mais pesada quando viu Taehyung. Ele estava no quarto, completamente nu, com a luz suave de um abajur iluminando sua pele bronzeada. Ele parecia perdido em pensamentos, como se estivesse longe do mundo, passando as mãos pelos cabelos enquanto caminhava lentamente pelo quarto.
— Perfeito... — Jungkook sussurrou para si mesmo, o dedo pressionando o botão da câmera.
O clique suave do obturador era quase inaudível, mas para Jungkook, cada foto capturava algo precioso. Ele não conseguia desviar os olhos, fascinando-se com cada detalhe do corpo de Taehyung. Era como se estivesse testemunhando uma obra de arte viva, algo que ele considerava exclusivamente dele.
Taehyung parecia distraído, sentado agora na beira da cama enquanto mexia no celular. Jungkook continuou tirando fotos, cada clique alimentando sua obsessão. Ele ajustava o foco, alternando entre capturar o ambiente e os pequenos detalhes: a curva do pescoço de Taehyung, o jeito que ele franzia as sobrancelhas enquanto olhava para o celular, a luz refletindo em sua pele.
De repente, Taehyung se levantou, indo até a janela. Jungkook prendeu a respiração, recuando rapidamente para a sombra da árvore. Por um momento, ele temeu que Taehyung o visse, mas o escritor parecia apenas olhar para o céu, suspirando profundamente.
Jungkook aproveitou o momento, capturando mais algumas fotos. Depois, abaixou a câmera, seu coração batendo forte.
— Você é tão meu quanto essas fotos agora, Taehyung. — ele murmurou, guardando a câmera na mochila antes de desaparecer na escuridão da noite.
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