Sex.ato. Perdoe-me.

AVISO DE CONTEÚDO: Contém temas sensíveis como violência, obsessão, instabilidade emocional e pensamentos destrutivos. Se você for sensível a esses temas, leia com cautela.

Quero votos e comentários, ein...

Perdão qualquer erro! E tenham uma boa leitura🎃

Eu te vi primeiro, então és só meu,
Ninguém mais pode tocar, ninguém além eu.
Segure minha mão, não tente escapar,
Se disserem seu nome, não vá, não vá.


Brinquedos espalhados, risos no ar,
Mas se brinca com outros, começo a chorar.
Promete que fica, que nunca me deixa,
Ou faço um segredo virar uma queixa.

Se rirem de mim, se disserem que é errado,
Eu faço um desenho, risco o seu lado.
Vermelho na página, forte e bonito,
Assim me garanto que fics comigo.

Dorme tranquilo, não precisa temer,
Se alguém tentar roubar você,
Eu sei esconder, sei até prender...
Porque você é meu. Só meu. Para sempre ser.

Taehyung tinha apenas 11 anos quando começou a perceber que algo nele era diferente. Ele nunca deu muita atenção às coisas que os outros meninos da sua idade comentavam sobre as garotas da escola, mas achava que isso era normal. Tudo mudou quando um novo aluno foi transferido para a sua turma.

O garoto, chamado Minho, era um pouco mais alto, tinha os cabelos desgrenhados e um sorriso fácil que fazia todos ao seu redor se sentirem bem. Taehyung, no início, pensou que o que sentia era apenas curiosidade. Ele queria ser amigo de Minho, queria conhecer suas histórias e entender por que ele parecia tão confiante.

Nas primeiras semanas, Taehyung fez questão de se aproximar, oferecendo ajuda com os materiais e tentando incluí-lo nos grupos de estudo. Minho, por sua vez, parecia genuinamente feliz com a atenção e rapidamente os dois se tornaram inseparáveis.

- Você gosta de desenhar? - Minho perguntou um dia, observando Taehyung rabiscar algo no canto do caderno.

Taehyung corou, cobrindo os rabiscos com a mão.

- Um pouco... nada demais.

- Deixa eu ver! - Minho insistiu, puxando o caderno. - Uau, isso tá incrível!

Era a primeira vez que alguém elogiava algo que Taehyung fazia de coração. Aquele pequeno momento fez algo se acender dentro dele. Ele começou a perceber que gostava da forma como Minho falava, de como ele o fazia rir, de como seu coração acelerava toda vez que Minho o elogiava ou tocava em seu ombro.

Taehyung ainda não tinha um nome para aquilo. Ele só sabia que era diferente.

Certa tarde, enquanto jogavam futebol no intervalo, Minho parou ao lado de Taehyung e, sorrindo, bagunçou seus cabelos.

- Você é o único que sempre me faz sentir em casa, sabia?

Taehyung ficou sem palavras, sentindo as bochechas esquentarem. Ele riu, tentando esconder o nervosismo, mas naquele momento percebeu. Não era só amizade. Não era só admiração.

Ele estava apaixonado por Minho.

Os meses seguintes foram uma mistura de descoberta e confusão. Taehyung começou a evitar falar sobre garotas com os colegas, porque sabia que seus pensamentos estavam em outra direção. Ele passava horas se perguntando se era normal se sentir assim, se era errado, e por que aquilo parecia tão complicado.

Mas, aos poucos, ele começou a aceitar. Gostar de Minho não era algo que ele pudesse controlar. Era parte de quem ele era.

Mesmo que nunca tivesse coragem de confessar, Minho se tornou seu primeiro amor. E foi a partir dali que Taehyung começou a entender quem ele era de verdade.

(...)

Taehyung não sabia exatamente o que era aquele sentimento incômodo que crescia em seu peito toda vez que via Minho conversando com outras pessoas, especialmente com as meninas da sala. Ele sabia que era irracional, mas não conseguia evitar. Cada sorriso que Minho dava para elas parecia um golpe direto em seu coração.

Naquela semana, o incômodo atingiu o ápice. Minho começou a passar os intervalos conversando com Hyejin, uma das garotas mais populares da turma. Ela era extrovertida, bonita e parecia ter um encanto natural que fazia todos quererem estar ao seu redor. Taehyung observava de longe, apertando o punho, sentindo a raiva borbulhar.

- Você vai comer com a gente, Minho? - Hyejin perguntou, jogando o cabelo para trás.

- Claro, por que não? - Minho respondeu, com aquele sorriso que Taehyung tanto adorava, mas que agora parecia dirigido à pessoa errada.

Sem pensar, Taehyung se levantou abruptamente e marchou em direção aos dois.

- Minho, preciso falar com você. Agora. - Ele nem esperou por uma resposta, apenas segurou o pulso de Minho e o puxou para longe de Hyejin.

- Ei, Taehyung! O que tá acontecendo? - Minho perguntou, claramente confuso.

Taehyung o levou até um canto vazio do pátio, longe de olhares curiosos. Seu coração estava acelerado, e ele não sabia ao certo como colocar o que sentia em palavras.

- Por que você tá sempre com ela agora? - ele disparou, cruzando os braços e olhando diretamente para Minho.

- Com quem? Com a Hyejin? - Minho parecia ainda mais confuso.

- Sim, com ela! - Taehyung praticamente gritou. - Você não passa mais tempo comigo como antes. É como se eu nem existisse.

Minho piscou, surpreso. Ele nunca tinha visto Taehyung tão irritado.

- Hyung... eu nem sabia que você se sentia assim. Você sabe que somos amigos, certo? Hyejin só... gosta de conversar comigo. Não significa nada.

- Não significa nada pra você, talvez - Taehyung retrucou, a voz carregada de emoção. - Mas eu odeio isso. Odeio ver vocês juntos.

Minho ficou em silêncio por um momento, tentando entender o que estava acontecendo.

- Por que você tá tão bravo, Taehyung? É só Hyejin. Você tá com ciúmes?

A pergunta pegou Taehyung de surpresa. Ele sentiu as bochechas queimarem, e as palavras pareciam presas em sua garganta.

- Eu... não sei. Talvez eu esteja.

Minho deu um passo à frente, olhando diretamente nos olhos de Taehyung.

- Se você tá com ciúmes, por que não me fala o motivo de verdade?

Taehyung desviou o olhar, as emoções transbordando.

- Porque... porque você é importante pra mim, tá bom? Mais do que qualquer outra pessoa. E eu não sei lidar com isso.

Minho ficou em silêncio novamente, mas dessa vez havia um pequeno sorriso em seus lábios.

- Hyung... você é importante pra mim também. Não precisa ficar com ciúmes. Eu sempre vou ser seu amigo, não importa o que aconteça.

Taehyung queria acreditar nas palavras de Minho, mas a dor e a confusão dentro de si ainda estavam ali. Ele sabia que o que sentia era mais do que amizade, mas naquele momento, isso era tudo que podia dizer.

(...)

Taehyung estava sentado sozinho no canto do pátio, com os joelhos dobrados contra o peito. Ele observava à distância Minho e o grupo de amigos que parecia crescer a cada dia. Era como se o garoto que antes passava o tempo todo com ele agora fosse uma estrela no centro de uma constelação que não incluía Taehyung.

Ele desviou o olhar quando viu Hyejin se aproximar de Minho novamente. Eles riam de algo, suas cabeças próximas, como se compartilhassem um segredo que ninguém mais podia ouvir. A visão já era suficiente para deixar Taehyung desconfortável, mas ele não estava preparado para o que aconteceu em seguida.

Com um sorriso ousado, Hyejin se inclinou e deu um beijo rápido nos lábios de Minho. Foi breve, desajeitado, algo típico de crianças de 11 anos que mal entendiam o significado real daquele gesto, mas para Taehyung, aquilo foi como um soco no estômago.

Ele ficou imóvel por um momento, os olhos fixos na cena, incapaz de acreditar no que acabara de acontecer. Seu coração parecia pesar uma tonelada, e uma onda de emoção começou a crescer dentro dele - raiva, tristeza, ciúmes, tudo ao mesmo tempo.

Minho, por outro lado, parecia surpreso. Ele tocou os lábios, como se processasse o que acabara de acontecer, e riu nervosamente enquanto Hyejin saía correndo, envergonhada, para junto de suas amigas.

Taehyung não aguentou mais olhar. Ele se levantou de repente, as pernas quase trêmulas, e se afastou rapidamente do pátio. As lágrimas começaram a se formar em seus olhos, mas ele se recusava a deixá-las cair. Não ali, onde todos poderiam ver.

Ele encontrou refúgio atrás do prédio da escola, em um canto onde ninguém costumava ir. Sentado no chão frio, ele apertou os joelhos contra o peito novamente, tentando conter o choro.

- Por que dói tanto? - ele sussurrou para si mesmo, a voz embargada.

Ele sabia que Minho provavelmente não entendia o que aquele beijo significava, mas isso não tornava as coisas mais fáceis. O garoto que ele achava que era só dele, o único que fazia seus dias melhores, agora parecia mais distante do que nunca.

A raiva começou a tomar conta.

Taehyung limpou as lágrimas apressadamente ao ouvir passos se aproximando. Quando levantou o rosto, viu Minho parado ali, com uma expressão confusa e preocupada.

- Hyung? Por que você saiu correndo? Tá tudo bem? - Minho perguntou, inclinando-se um pouco para enxergar melhor o rosto dele.

Aquela preocupação só alimentou a raiva de Taehyung. Ele cerrou os punhos, o peito subindo e descendo rapidamente enquanto lutava contra as emoções que transbordavam.

- Tá tudo bem? - Taehyung repetiu, com uma risada amarga. - Você acha mesmo que tá tudo bem, seu garoto estúpido!?

Antes que o outro garoto pudesse responder, Taehyung o empurrou com força, fazendo Minho cair de costas no chão. O impacto arrancou um gemido surpreso de Minho, que olhou para Taehyung com os olhos arregalados.

- O que foi isso?! Você tá maluco?! - Minho exclamou, tentando se levantar, mas Taehyung o empurrou de volta ao chão com força, seus olhos escurecendo de raiva.

- Você é um egoísta filho da puta! - Ele cuspiu as palavras, a voz tremendo de fúria. - Está me abandonando por aquela vadia?! Depois de tudo?!

Minho arfou, tentando recuperar o fôlego, mas Taehyung não lhe deu tempo. Seu peito subia e descia rapidamente, o sangue pulsando em seus ouvidos enquanto seus olhos vasculhavam o chão. Então, ele viu.

Uma pedra. Grande, com bordas afiadas.

Seus dedos a envolveram lentamente, sentindo a textura áspera contra a pele. Seu coração batia de forma irregular, mas não por hesitação. Ele estava furioso. Ele queria que Minho sentisse o que era ser deixado para trás, esmagado pela indiferença de alguém que deveria se importar.

- Hyung... - Minho murmurou, a voz tomada pelo medo.

Mas Taehyung sorriu. Um sorriso frio, vazio.

- Você não vai a lugar nenhum. - E então, com as duas mãos, ergueu a pedra no ar, mirando a cabeça do mais novo, pronto para acabar com tudo.

Taehyung inclinou a cabeça para o lado, os olhos escuros brilhando com uma loucura febril. A pedra tremia em suas mãos, mas não de hesitação — e sim de pura adrenalina.

- Quando eu soltar essa pedra, Minho… seu sangue vai jorrar. - A voz dele saiu baixa, quase um sussurro, mas carregada de uma ameaça inegável. - Vai escorrer quente pelos meus dedos, vai manchar o chão, e eu não vou me arrepender...

Ele deu um passo à frente, vendo o desespero nos olhos do mais novo.

- As pessoas vão gritar. Vão correr. Vão chamar por ajuda como se alguém pudesse impedir o inevitável. Mas sabe o que não vai acontecer? - Ele riu baixo, cruel. - Você não vai ficar com aquela vadia estúpida!

Os dedos de Taehyung se contraíram em torno da pedra, como se saboreassem o momento antes do impacto.

- Porque você será meu. Nem que seja apenas um corpo frio no chão.

- Hyung, para! O que você tá fazendo?! - Minho gritou, a voz tremendo. Ele começou a se arrastar para trás, o medo evidente em seu rosto.

Taehyung ficou parado, a pedra ainda levantada, voltada para a cabeça do garoto, o corpo tremendo de raiva. Mas quando seus olhos encontraram os de Minho, algo dentro dele se quebrou. Ele viu não apenas o garoto que o havia magoado, mas alguém assustado, vulnerável - tão vulnerável quanto ele se sentia naquele momento.

A pedra escorregou de suas mãos e caiu no chão com um estrondo. Taehyung olhou para Minho novamente, agora com os olhos cheios de lágrimas.

- Eu... eu não... - ele balbuciou, sem conseguir formar uma frase coerente.

Minho continuava no chão, paralisado, sem saber o que dizer ou fazer.

Taehyung deu um passo para trás, depois outro. Então, virou-se e saiu correndo, as lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto o som de sua respiração ofegante preenchia o ar.

Ele não sabia para onde estava indo, mas precisava se afastar. Precisava fugir não apenas de Minho, mas também da dor, da vergonha e do tumulto dentro de si. O coração de onze anos batia freneticamente, carregando uma dor que parecia grande demais para sua idade.

🪶

Taehyung havia adormecido em algum momento durante o filme, a cabeça encostada no braço do sofá, o corpo relaxado de um jeito quase infantil. Jungkook, no entanto, não prestava atenção nenhuma na tela. Seus olhos estavam completamente fixos em Taehyung.

A cabeleira loira estava bagunçada, mechas caindo sobre a testa e escondendo parcialmente os olhos fechados. O loiro parecia tão despreocupado, tão calmo, que Jungkook não conseguiu evitar o sorriso que se formou em seus lábios.

Ele observou o pequeno bico que Taehyung fazia enquanto dormia, como se estivesse prestes a reclamar de algo até mesmo em seus sonhos. Jungkook achou adorável. Ele estendeu a mão, hesitante, e afastou delicadamente uma mecha de cabelo do rosto de Taehyung.

- Você não faz ideia de como é lindo, não é? - Jungkook sussurrou para si mesmo, sem tirar os olhos do rosto sereno à sua frente.

O silêncio da sala era cortado apenas pelo som baixo do filme que continuava a passar, mas Jungkook já tinha esquecido completamente do enredo. Ele inclinou-se um pouco mais perto, apenas para observar os detalhes de perto: a curva suave do nariz, os lábios rosados que agora pareciam ainda mais tentadores à luz fraca da televisão.

- Você vai me amar intensamente... assim como eu amo você. - murmurou.

Ele deu um passo para trás mentalmente, lembrando-se de manter o controle, mas não conseguia negar: havia algo em Taehyung que o atraía de uma forma que ele nunca havia sentido antes.

O Jeon pegou a manta que estava no braço do sofá e cuidadosamente cobriu o corpo de Taehyung, aproveitando o momento para acariciar de leve o ombro dele antes de se recostar novamente, os olhos ainda presos ao loiro adormecido.

- Boa noite, hyung, - ele murmurou baixinho, sabendo que não teria coragem de dizer aquelas palavras em voz alta se Taehyung estivesse acordado.

((...))

Quando Taehyung abriu os olhos, a luz da manhã já preenchia a sala. Ele piscou algumas vezes, ainda um pouco desorientado, mas sentindo uma estranha leveza no corpo. Havia algo diferente naquela manhã. Fazia tempo que ele não acordava se sentindo tão descansado.

Ao se espreguiçar, a manta sobre ele escorregou, e ele franziu a testa. Não se lembrava de tê-la colocado. Foi então que ouviu um som vindo da cozinha. Ele virou a cabeça na direção do barulho e viu Jungkook, de costas, mexendo algo no fogão. O cheiro de café fresco e ovos tomou conta do ambiente, fazendo Taehyung sorrir involuntariamente.

Ele se levantou lentamente, ainda observando Jungkook, que parecia à vontade na cozinha, vestindo uma camiseta preta simples e shorts que deixavam suas pernas definidas à mostra. O Jeon estava cantarolando baixinho, sem perceber que estava sendo observado.

- Fazia tempo que não dormia tão bem... - disse Taehyung, a voz ainda rouca pelo sono.

Jungkook se virou imediatamente, um sorriso surgindo em seu rosto ao ver Taehyung parado na entrada da cozinha, com os cabelos bagunçados e uma expressão sonolenta que ele achava adorável.

- Bom dia, hyung. Dormiu bem, então? - perguntou ele, colocando uma panela no balcão e caminhando em direção à mesa para ajeitar os pratos.

Taehyung assentiu, se aproximando.

- Sim. Fazia muito tempo que eu não me sentia assim. Normalmente, acordo com o corpo pesado, sabe? Mas hoje foi... diferente. - Ele esfregou a nuca, meio constrangido por estar se abrindo. - Você foi embora tarde ontem?

Jungkook deu uma risada leve e balançou a cabeça.

- Eu dormi aqui, no sofá. Achei que seria melhor caso você precisasse de algo. - Ele apontou para a comida que estava servindo. - E já que estou aqui, pensei em fazer o café da manhã. Espero que goste.

Taehyung o encarou, surpreso.

- Você não precisava... - começou, mas foi interrompido por Jungkook.

- Eu sei, mas eu quis. - O Jeon deu de ombros, casualmente, enquanto voltava para o fogão para buscar o café. - Além disso, é bom fazer algo para você de vez em quando, hyung.

Taehyung se sentou à mesa, ainda processando o cuidado de Jungkook. Ele não estava acostumado a receber aquele tipo de atenção, e isso o deixou desconcertado.

- Obrigado, Jungkook. De verdade. - Taehyung disse, olhando para o prato à sua frente. - Eu não sei o que fiz para merecer isso, mas... obrigado.

Jungkook sorriu enquanto colocava a xícara de café na frente de Taehyung.

- Você não precisa fazer nada, hyung. Só seja você mesmo. Isso já é o suficiente.

O loiro desviou o olhar, sentindo o coração acelerar com a simplicidade das palavras de Jungkook. Era estranho, mas ao mesmo tempo reconfortante.

Jungkook ajeitou os talheres na mesa com cuidado antes de se virar para a cozinha. Ele voltou com duas xícaras fumegantes de café, equilibrando-as com destreza.

- Aqui está. - Ele colocou uma xícara diante de Taehyung, seu olhar repousando no mais velho por alguns segundos antes de pegar seu próprio assento.

Taehyung envolveu a xícara com as mãos, sentindo o calor contra a pele. Ele tomou um gole, fechando os olhos por um breve momento enquanto o aroma e o sabor o reconfortavam. Quando os abriu, encontrou Jungkook o encarando, um sorriso calmo e quase tímido no rosto.

- Você sabe como começar o dia, Jeon. - Ele comentou, deixando a xícara de lado e cortando um pedaço da torrada. - Nunca imaginei que fosse tão... caseiro assim.

Jungkook riu baixinho, apoiando o queixo na mão enquanto observava Taehyung.

- Tem muita coisa que você não sabe sobre mim, hyung. - Ele respondeu, a voz carregada de suavidade. - Por exemplo, eu sou ótimo em cuidar das pessoas.

Taehyung arqueou uma sobrancelha, cortando mais um pedaço da torrada enquanto mantinha um tom descontraído.

- Tá querendo dizer que eu preciso de cuidados? - Ele perguntou, mas a leve provocação na voz era evidente.

Jungkook deu de ombros, inclinando-se ligeiramente para frente.

- Não tô dizendo isso... mas, se precisar, eu tô aqui.

A intensidade no olhar de Jungkook pegou Taehyung de surpresa. Ele desviou os olhos para o prato, sentindo as bochechas aquecerem.

- Você fala como se fosse algum tipo de herói. - Murmurou, tentando parecer despretensioso, mas sua voz carregava um traço de nervosismo.

- Talvez eu seja. - Jungkook respondeu com um sorriso travesso. - Ou talvez só goste de estar perto de você.

Taehyung parou por um instante, levantando o olhar. As palavras de Jungkook ecoaram em sua mente, e ele não sabia como respondê-las. Antes que pudesse falar algo, Jungkook se levantou, recolhendo os pratos da mesa com uma naturalidade que o deixou ainda mais confuso.

- Termina de comer, hyung. Eu arrumo tudo aqui. - Jungkook disse casualmente, se dirigindo à pia.

Taehyung o observou, incapaz de desviar o olhar enquanto ele lavava a louça. Algo no jeito despreocupado, mas protetor de Jungkook o fazia se sentir estranho. Não era uma sensação ruim, mas também não era algo familiar. Era... novo. E novo sempre vinha com aquele misto de curiosidade e hesitação.

Quando Jungkook terminou, ele se virou, secando as mãos no pano de prato. Ao notar o olhar perdido de Taehyung, seu sorriso se suavizou.

- Tudo bem? - Perguntou, a voz baixa e reconfortante.

Taehyung piscou algumas vezes, como se tivesse sido tirado de um devaneio.

- Sim. - Respondeu rapidamente, tentando esconder o embaraço. - Eu só... tava pensando em como você é diferente do que eu imaginava.

Jungkook franziu o cenho levemente, mas ainda sorrindo.

- Diferente como?

Taehyung hesitou antes de responder.

- Eu achava que você era mais... barulhento, confiante demais. - Ele explicou, com um leve sorriso. - Mas você é mais... calmo, cuidadoso.

Jungkook riu, cruzando os braços enquanto encostava no balcão.

- E isso é bom ou ruim?

Taehyung mordeu o lábio, tentando decidir como responder. Após um momento de silêncio, ele deu de ombros.

- Acho que é bom. É... diferente.

Jungkook sorriu novamente, e por um instante o ambiente ficou mais pesado, mas não de forma desconfortável. Era como se algo estivesse pairando entre os dois, algo que nenhum deles conseguia nomear.

🪶

A noite estava fria e silenciosa, mas dentro do quarto de Taehyung, a escuridão parecia respirar. Ele acordou com a boca seca e um incômodo na garganta, precisando desesperadamente de um gole de água.

Virou-se na cama, encarando o teto por alguns segundos antes de finalmente reunir coragem para se levantar. Ele não queria sair do quarto. Não queria andar pelo corredor escuro e muito menos descer as escadas. Mas a sede era insuportável.

Em passos cuidadosos, seguiu para o banheiro, evitando olhar para os cantos escuros onde sua mente costumava enxergar coisas que talvez não estivessem lá.

Ligou a torneira da pia e abaixou-se para beber diretamente dali, sentindo a água gelada aliviar um pouco a secura em sua boca. Mas, no instante em que ergueu o olhar para o espelho, seus músculos travaram.

Havia alguém ali.

Uma figura parada no canto do banheiro, observando-o em completo silêncio.

O coração de Taehyung disparou. Seus dedos se agarraram na borda da pia enquanto sua respiração se tornava errática. Ele apertou os olhos, tentando afastar a visão.

- Para de me perseguir! - sussurrou, a voz embargada pelo pavor.

Nenhuma resposta veio. Apenas a presença imóvel, sufocante.

Com os dedos trêmulos, ele abriu o armário do banheiro e pegou seu frasco de calmantes. Suas mãos estavam tão instáveis que ele quase o deixou cair ao abrir a tampa. Engoliu dois comprimidos secos, torcendo para que sua mente parasse de brincar com ele.

Mas o medo não passou.

Ele saiu do banheiro apressado e foi direto até o guarda-roupa, onde guardava uma garrafa de uísque escondida. Precisava de algo mais forte do que remédios para sufocar a paranoia que crescia dentro dele.

Sentou-se na beira da cama e tomou um longo gole, o líquido queimando sua garganta enquanto tentava ignorar a sensação de estar sendo observado.

Mas então, outro som.

Um rangido.

Seu corpo ficou rígido. Ele se virou devagar e viu a porta do quarto se abrir sozinha, revelando o corredor escuro.

Algo dentro dele rompeu.

Com um movimento rápido, Taehyung enfiou a mão debaixo do travesseiro, sentindo o cabo frio da faca que sempre mantinha ali.

Levantou-se, os olhos arregalados, o peito subindo e descendo com força.

- Eu vou matar você… - ele murmurou, a voz baixa, mas carregada de uma certeza perturbadora.

Seus dedos apertaram a lâmina com força. Ele sabia que não podia continuar assim. Não podia deixar aquela presença sufocá-lo, controlá-lo. Mas antes que pudesse dar um passo, um estrondo ecoou pela casa.

A porta da frente se fechou com força.

O desespero subiu por sua garganta como bile. Suas mãos suavam. Ele não podia ficar ali. Com dedos trêmulos, pegou o celular e discou o único número que poderia atendê-lo naquela hora da madrugada.

O telefone tocou. Uma, duas, três vezes.

Na quarta, a chamada foi atendida.

- Hyung? - A voz de Jungkook veio rouca, carregada de sono e confusão. - O que foi?

Taehyung engoliu em seco, os olhos fixos na porta aberta de seu quarto, esperando... esperando o pior.

- Ele está aqui. - sussurrou. - Eu vi ele.

Do outro lado da linha, um silêncio estranho se prolongou. A respiração de Taehyung estava irregular, a mão apertando o celular com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos.

- Hyung… - Jungkook chamou, a voz mais firme. - Quem está aí?

Taehyung olhou para o corredor escuro à sua frente, os pelos da nuca eriçados. Ele sabia que tinha visto alguém. Ele sentiu.

- Eu não sei. - Sua voz era um sussurro rouco. - Mas ele está aqui, Jungkook. Ele sempre está.

Mais silêncio do outro lado.

Então, Jungkook suspirou.

- Você tomou os remédios?

Taehyung sentiu um arrepio de raiva percorrer sua espinha.

- Você acha que eu estou imaginando isso? Eu não estou louco!

- Não foi o que eu disse. - Jungkook tentou soar calmo, mas Taehyung conhecia aquele tom.

O tom que usavam quando queriam convencê-lo de que tudo era coisa da sua cabeça. Ele apertou ainda mais a faca em sua outra mão.

- Eu vou matar ele. - Taehyung sussurrou, a ameaça saindo de seus lábios sem esforço.

Do outro lado, Jungkook ficou em silêncio por um momento.

- Eu estou indo até aí.

A ligação foi encerrada antes que Taehyung pudesse dizer qualquer coisa. Ele permaneceu imóvel por alguns segundos, o peito subindo e descendo de maneira errática. Depois, olhou para a lâmina em sua mão, os olhos ardendo.

Se aquela coisa voltasse, se se aproximasse dele mais uma vez... ele não hesitaria.

A casa estava em silêncio absoluto, o único som era sua respiração ofegante. Mas ele sabia que não estava sozinho.

Nunca estava.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top