Oit.ato. Pequeno Taehyung.

Avisos de gatilho: Automutilação e crise de ansiedade/pânico.

Contém temas sensíveis que podem ser perturbadores para algumas pessoas.

Perdão qualquer erro! Votem e cometem
Tenham uma ótima leitura, anjinhos ❤️

(...)

- Não, não... não foi minha culpa...

Taehyung murmurava em um tom quase inaudível, mas cheio de angústia. Seu corpo se contorcia levemente sobre a cama, e seus dedos estavam tão apertados nos lençóis que os nós dos dedos ficaram brancos. Sua testa estava coberta de suor, e ele parecia lutar contra algo invisível, preso em um pesadelo que não dava trégua.

Seus murmúrios eram intercalados por pequenas respirações ofegantes, como se cada palavra fosse arrancada de dentro dele.

- Por favor... eu tentei... - Ele sussurrou, virando a cabeça para o lado, os olhos fechados com força como se quisesse escapar de algo que o perseguia.

O quarto estava mergulhado em uma penumbra tranquila, contrastando com a inquietação de Taehyung. As sombras dançavam suavemente nas paredes, projetadas pela luz fraca que vinha da rua. O ambiente ao redor parecia indiferente ao sofrimento dele, como se não pudesse alcançar o que estava acontecendo em sua mente.

Taehyung soltou um suspiro entrecortado, sua mão esquerda esticando-se como se tentasse alcançar algo - ou alguém. Seus dedos tremiam, hesitantes, antes de recuarem e voltarem a apertar os lençóis.

- Eu... eu não queria fazer aquilo... - Sua voz soou mais fraca dessa vez, quase como se estivesse se quebrando.

Lá fora, o som distante de um carro passando quebrou o silêncio absoluto. Ainda assim, Taehyung parecia preso, perdido naquele espaço entre o sono e a vigília, onde os sonhos mais profundos pareciam reais demais para serem ignorados.

Seu corpo finalmente relaxou um pouco, mas um soluço baixo escapou de seus lábios, carregado de uma dor que ele não conseguia expressar acordado. O quarto voltou ao silêncio, mas o peso da inquietação ainda pairava no ar.

O quarto mergulhou em um silêncio profundo, mas o peso do pesadelo ainda pairava no ar. Taehyung despertou com um sobressalto, os olhos arregalados e o peito subindo e descendo rapidamente, como se tivesse acabado de emergir de um oceano turbulento. Ele passou as mãos pelo rosto, tentando afastar as imagens que ainda dançavam em sua mente, mas elas se recusavam a desaparecer.

Com um suspiro cansado, ele se sentou na beira da cama, esfregando as têmporas enquanto tentava recuperar o fôlego. A casa estava mergulhada na penumbra, e o único som era o tique-taque baixo de um relógio distante. Ele não sabia exatamente o que fazer com o vazio que sentia, mas sabia que ficar ali não ajudaria.

Sem fazer barulho, Taehyung deslizou para fora da cama, vestindo apenas uma calça de moletom cinza e uma camiseta branca amarrotada. Ele desceu as escadas com passos lentos e cuidadosos, os pés descalços quase não fazendo som contra o chão de madeira. Seus ombros estavam ligeiramente caídos, como se carregassem o peso de algo invisível, mas imenso.

Jungkook do outro lado, estava sentado em frente a vários monitores, com os olhos escuros fixos na tela que mostrava o interior da casa de Taehyung. Ele não piscava, não movia um músculo além dos dedos que ajustavam o ângulo da câmera para acompanhá-lo.

A obsessão que ele sentia por aquele homem era intensa, quase visceral, e para ele, aquilo erq apenas um ato de amor e proteção. Ele precisava ter certeza de que Taehyung estava seguro, mesmo que isso significasse assistir cada segundo de sua vida sem que ele soubesse.

Ele viu quando Taehyung desceu as escadas, a expressão no rosto dele o fez apertar o maxilar. Havia algo nos olhos de Taehyung - algo quebrado, cansado. Jungkook quase podia sentir o peso daquela dor, mas sabia que não podia intervir. Ainda não.

Na cozinha, Taehyung abriu o armário e pegou um copo de vidro. Ele encheu-o com água da torneira, os dedos tremendo levemente. Bebeu a água em goles rápidos, como se tentasse lavar o gosto amargo de algo que nem ele conseguia nomear. Mas não foi suficiente. Ele colocou o copo vazio na pia, os olhos escuros pousando na prateleira mais alta do armário ao lado.

Taehyung ficou parado ali por um momento, o olhar fixo na garrafa de whisky que sabia estar ali. Ele hesitou, mas, eventualmente, estendeu a mão e a pegou. O líquido âmbar brilhou sob a luz suave da cozinha enquanto ele enchia o copo até a metade. Ele girou o copo devagar, observando as ondas suaves no líquido antes de dar o primeiro gole.

O álcool queimou na garganta, mas trouxe uma sensação estranhamente reconfortante. Ele se encostou na bancada, o olhar perdido na escuridão da sala ao lado. As memórias do pesadelo ainda estavam frescas, e cada gole parecia afogá-las um pouco mais.

Jungkook não tirava os olhos da tela. Ele observou Taehyung levar o copo aos lábios novamente, notando como os dedos dele ainda tremiam. Havia algo fascinante na vulnerabilidade que Taehyung demonstrava quando estava sozinho, algo que Jungkook não conseguia parar de analisar.

No monitor, ele viu Taehyung fechar os olhos por um momento, apoiando o copo na bancada e respirando fundo. Jungkook inclinou-se para frente, como se pudesse quebrar a distância entre eles e alcançar o homem que tanto o fascinava. Mesmo à distância, ele sentia uma conexão que não conseguia explicar, uma necessidade de estar perto, de proteger, de... possuir.

Enquanto Taehyung terminava o copo de whisky e colocava a garrafa de volta no lugar, Jungkook ajustou o ângulo da câmera, acompanhando-o quando ele saiu da cozinha. Ele o observou subir as escadas novamente e desaparecer no corredor até que a luz do quarto de Taehyung se apagou.

Jungkook suspirou, recostando-se na cadeira de couro com um movimento preguiçoso, os olhos ainda presos no monitor. A luz azulada da tela iluminava seu rosto, destacando o olhar escuro e profundo, quase predatório, que ele mantinha sobre Taehyung. Cada movimento do homem, mesmo os mais insignificantes, era absorvido como se carregassem algum significado oculto.

- Se eu estivesse aí... - Ele murmurou, a voz rouca cortando o silêncio de seu apartamento escuro. Um leve sorriso curvou seus lábios, algo entre desejo e obsessão. - Eu poderia tirar todo o seu tormento, ursinho...

Ele deslizou os dedos pelo contorno do monitor, como se pudesse tocar a imagem que exibia Taehyung, agora deitado na cama novamente. Jungkook inclinou-se para frente, os cotovelos apoiados sobre os joelhos, analisando cada detalhe do homem adormecido.

- Você não precisa mais carregar isso sozinho, Tae. - Sua voz era quase um sussurro, mas carregava uma intensidade que preenchia o quarto vazio. - Eu posso fazer isso por você...

Ele se recostou novamente, passando uma mão pelos cabelos bagunçados. Para Jungkook, vigiar Taehyung era uma necessidade - uma forma de protegê-lo, mesmo que o outro nunca soubesse disso.

Seus dedos tamborilam sobre a mesa ao lado, onde descansava um copo com restos de café. Ele estreitou os olhos, observando Taehyung se mover inquieto na cama, provavelmente ainda atormentado pelos fantasmas que o perseguiam.

- Eu não me importo com o seu passado, apenas me deixe tê-lo para mim...

No quarto de Taehyung, o silêncio era quebrado apenas pela respiração pesada e ocasionalmente entrecortada do homem. Ele ainda se mexia de forma desconfortável, a testa franzida como se estivesse revivendo algo em seus sonhos que não deveria ser lembrado.

Do lado de fora, a noite seguia tranquila, indiferente ao peso que Taehyung carregava em sua mente.

Jungkook observava tudo, os olhos brilhando com uma intensidade que beirava o perigoso. Ele se levantou da cadeira, a silhueta alta e imponente destacando-se contra a luz da tela.

Seus lábios curvaram-se novamente em um sorriso contido, quase como se tivesse acabado de tomar uma decisão.

- Em breve, você não vai precisar enfrentar isso sozinho. - Ele murmurou para si mesmo, pegando o celular e digitando rapidamente algo na tela.

Seus dedos se moviam com precisão, como se cada gesto já tivesse sido planejado há muito tempo. Ele se afastou, desligando as luzes do monitor, mas não sem antes lançar um último olhar para a imagem de Taehyung, agora estática.

- Eu vou cuidar de você, Taehyung... quer você queira ou não.

💭

Quando Taehyung chegou à escola naquela manhã, o nervosismo fazia seu peito apertar. Suas mãos estavam frias, apesar do sol tímido que iluminava o pátio. Ele sabia que aquele encontro seria inevitável. Seus olhos rapidamente encontraram a figura de Minho, encostado na parede próxima ao prédio principal. O garoto parecia absorto, lendo um livro, mas Taehyung sabia que ele tinha notado sua chegada. Isso ficou evidente quando Minho virou-se de lado, evitando o olhar do mais novo como se ele sequer estivesse ali.

O gesto fez algo no peito de Taehyung apertar ainda mais. Era como se o peso do mundo caísse sobre seus ombros, mas ele não podia simplesmente deixar aquilo continuar. Não mais. Ele respirou fundo, tentando ignorar o nó que se formava em sua garganta, e reuniu a coragem que restava.

Os passos de Taehyung ecoaram no pátio quase vazio enquanto ele se aproximava de Minho. Seus olhos focaram no chão por um momento, mas ele rapidamente os ergueu, obrigando-se a encará-lo.

- Oi-oi... Mi-minho... - A voz de Taehyung saiu trêmula, quase um sussurro. Ele odiava o jeito como parecia tão frágil, mas não conseguia evitar.

Minho levantou os olhos do livro, sua expressão carregada de uma indiferença que cortava mais do que qualquer palavra. Ele arqueou uma sobrancelha, mas não disse nada. Apenas ficou ali, encarando Taehyung como se esperasse que ele fosse embora por conta própria.

O silêncio entre eles era sufocante, e Taehyung sentiu o suor frio escorrer pela nuca. Mas ele não tinha atravessado o pátio inteiro para desistir agora. Ele se mexeu nervosamente, apertando as alças da mochila enquanto tentava organizar as palavras em sua mente.

- Eu... - Ele começou, hesitando. - Eu só... só queria falar com você. Sobre... aquilo.

Minho bufou baixinho, desviando o olhar para o lado, como se ouvir Taehyung fosse uma obrigação irritante.

- Aquilo? - Ele repetiu, a voz carregada de sarcasmo. - Não tem nada pra falar, Taehyung.

Taehyung sentiu o peso das palavras de Minho como um soco no estômago, mas ele se forçou a continuar, mesmo com o tremor que ameaçava sua voz.

- Mas tem! - Ele insistiu, dando um passo à frente. - Eu... eu preciso me desculpar, Minho. Eu não queria que as coisas acabassem assim.

Minho finalmente o encarou novamente, seus olhos estreitados em um misto de irritação e algo que Taehyung não conseguia identificar. A tensão no ar era palpável, e Taehyung sentiu um frio percorrer sua espinha.

- Acha que eu ainda quero ser seu amigo de novo depois de tentar me matar!? - Minho disparou, sua voz carregada de raiva e incredulidade.

- Mi... Minho, por favor... - Taehyung tentou, mas sua voz parecia pequena e frágil diante da acusação. - N-não... me abandona...

- Eu não quero mais ter nenhum tipo de relação com você! Você tem sorte de eu não ter contado a ninguém, mas fique longe de mim, seu maluco! - Minho cuspiu as palavras com desdém, sua expressão fechada em desgosto antes de dar as costas e se afastar rapidamente.

Taehyung ficou imóvel, a respiração pesada e irregular enquanto as palavras de Minho ecoavam em sua mente. Seu primeiro amigo, seu primeiro amor, o tinha deixado. E era tudo culpa dele. Tudo.

Ele caminhou lentamente até o lugar onde Minho estava sentado antes, o mesmo lugar onde tinham compartilhado tantas conversas e risadas. Agora, aquele espaço parecia um vazio cruel, um lembrete de tudo o que ele havia perdido.

Taehyung se sentou, abraçando o próprio corpo como se tentasse impedir que ele se desfizesse em pedaços. Mas a dor não cessava. Ela pulsava, forte e implacável, dentro dele. Ele não conseguia lidar com aquilo. O desespero começou a transbordar.

Sem pensar, ele começou a descontar a raiva e a culpa em si mesmo. Suas unhas curtas cravaram-se em seus braços, deixando marcas vermelhas e ardentes. Ele mordeu o próprio pulso, tentando abafar os soluços que escapavam. Seus dedos apertavam a pele até machucá-la, enquanto sua mente gritava que ele merecia aquela dor. Que ele tinha estragado tudo.

O tempo parecia se arrastar. Os arranhões em sua pele transformaram-se em marcas profundas, e as lágrimas escorriam sem parar pelo seu rosto. Taehyung não conseguia parar. A dor física era a única coisa que fazia sentido no meio do caos que consumia sua mente.

Foi só quando os coordenadores apareceram, atraídos pelo tumulto, que a cena tomou um rumo ainda mais caótico. Eles se aproximaram rapidamente, mas ao invés de se acalmar, Taehyung reagiu com pânico e agressividade. Ele gritou e tentou afastá-los, suas unhas arranhando os braços que tentavam segurá-lo.

- Me deixem! - Ele berrava, os olhos arregalados e cheios de lágrimas. - Saiam de perto de mim!

O desespero em sua voz fez com que alguns recuassem, mas outros tentaram controlá-lo, temendo que ele se machucasse ainda mais. Taehyung lutava como se estivesse sendo atacado, os movimentos desesperados e descoordenados.

- Minho! Minho! Por favor! Me ajude!! Minho!!

De longe, Minho observava, o rosto pálido de choque. Ele estava imóvel, incapaz de desviar o olhar enquanto Taehyung se debatia e os coordenadores tentavam contê-lo. As outras crianças, assustadas, sussurravam entre si, algumas se afastando e outras observando a cena com olhos arregalados.

Minho queria dizer algo, fazer algo, mas não conseguia. Ele simplesmente ficou ali, vendo o garoto que um dia fora seu melhor amigo afundar ainda mais. E, por mais que quisesse negar, uma parte de si sabia que não seria capaz de esquecer aquela cena.

🪶

Taehyung estava encarando seu corpo no espelho do quarto. As marcas ainda eram vivas, um lembrete doloroso de algo que ele preferia esquecer. Ele sentiu seus olhos se encherem de lágrimas, mas antes que pudesse sucumbir à emoção, seu celular vibrou sobre a mesinha de cabeceira.

Com um suspiro, ele o pegou, notando que era uma mensagem de Jungkook. O garoto havia mencionado mais cedo que teriam uma noite de pizza juntos, algo simples, mas que parecia especial para Taehyung. Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios enquanto ele lia a mensagem:

"Estou aqui embaixo."

Taehyung respondeu rapidamente: "OK."

Sem pensar muito, ele pegou o roupão que estava jogado na cama e o vestiu, deixando-o frouxo no corpo. "É só para abrir a porta," pensou, antes de descer as escadas para receber Jungkook.

Ao abrir a porta, encontrou Jungkook de pé, segurando uma caixa de pizza e uma sacola com refrigerantes. O sorriso descontraído que o garoto exibia desapareceu instantaneamente quando seus olhos pousaram no corpo do escritor e Taehyung demorou um segundo para entender o motivo, até perceber que o roupão frouxo estava revelando boa parte de seu pescoço e peito.

- A-ah, hyung... - Jungkook gaguejou, desviando o olhar para o chão rapidamente, seu rosto corando violentamente.

Taehyung arqueou uma sobrancelha, confuso por um momento, antes de perceber a cena. Ele soltou uma risadinha, ajustando o roupão de maneira casual.

- Ah, desculpe! Eu acabei calculando o tempo errado. Achei que teria mais alguns minutos. - Ele abriu mais a porta, gesticulando para que Jungkook entrasse. - Mas venha, fique à vontade. Eu só vou me trocar e me arrumar decentemente.

Jungkook entrou devagar.

- Sem problemas... - Ele murmurou, deixando a pizza e as bebidas sobre a mesinha de centro da sala.

Taehyung subiu as escadas rindo baixinho consigo mesmo. Havia algo adorável no jeito que Jungkook ficava tão facilmente desconcertado. Enquanto procurava uma roupa confortável, ele refletiu sobre o quanto momentos simples como aquele eram preciosos. Eles traziam uma leveza que contrastava com as sombras de seu passado, um tipo de tranquilidade que ele raramente permitia a si mesmo sentir.

Já na sala, Jungkook se acomodou no sofá, um sorriso travesso surgindo em seus lábios. Fingir timidez assim às vezes era algo que ele fazia com maestria, e, na verdade, ele adorava o efeito que isso parecia ter em Taehyung.

Ele riu baixinho consigo mesmo, a imagem do Kim com o roupão frouxo, expondo o pescoço delicado e parte do peito, voltando à sua mente como uma pintura vívida. Ele podia ouvir o som suave da risada de Taehyung enquanto subia as escadas.

"Ele realmente não tem ideia do quanto é encantador...", pensou, jogando a cabeça para trás no sofá, imaginando o quanto aquele homem poderia ser ainda mais fascinante sem nem ao menos perceber.

Imaginar Taehyung sentando no seu colo... ah! Isso o deixava louco, com puro tesão.

Pouco tempo depois, o som de passos descendo as escadas chamou sua atenção. Jungkook rapidamente limpou o sorriso de seus lábios, adotando uma expressão relaxada, quase indiferente.

Taehyung entrou na sala vestindo uma calça de moletom confortável e uma camiseta branca simples, mas a maneira como ele parecia tão à vontade em si mesmo era o suficiente para fazer Jungkook sentir um calor estranho no peito.

- Pronto, agora estou mais apresentável. - Taehyung sorriu, se aproximando e sentando no sofá ao lado de Jungkook. - Desculpa pela demora.

- Não se preocupe, hyung. - Jungkook deu de ombros, abrindo a caixa de pizza. - Acho que valeu a pena esperar.

- Valeu? - Taehyung arqueou uma sobrancelha, pegando uma fatia.

Jungkook segurou o olhar dele por um segundo mais longo do que o necessário, antes de rir.

- Pela pizza... e por você também, claro.

Taehyung estreitou os olhos, mas acabou rindo junto. Os dois começaram a comer em um silêncio confortável, apenas a música baixa tocando no fundo.

Os olhares trocados entre um pedaço e outro da pizza começaram a carregar um significado diferente. Taehyung sentia o peso do olhar de Jungkook sobre ele - intenso, provocativo, deslizando por cada detalhe de seu rosto com um brilho faminto nos olhos.

- Você tem queijo no canto da boca. - Jungkook murmurou, um sorriso travesso brincando nos lábios.

Taehyung franziu o cenho, passando a língua pelos lábios em uma tentativa falha de limpar.

- Aqui?

- Não... - Jungkook inclinou-se para mais perto, os olhos fixos na boca do mais velho antes de sussurrar roucamente: - Deixa que eu tiro.

Antes que Taehyung pudesse responder, Jungkook segurou seu queixo com firmeza e o beijou, deslizando os lábios lentamente contra os dele. Começou suave, testando, sentindo o gosto da pizza misturado com algo inebriante que era só dele. Mas em segundos, a provocação deu lugar à necessidade.

Taehyung suspirou contra os lábios do estudante, deixando-se levar pelo calor do momento. Sua mão subiu automaticamente para o pescoço de Jungkook, puxando-o para mais perto, aprofundando o beijo sem hesitação.

O mais novo gemeu baixo, a vibração reverberando entre eles, enquanto suas mãos deslizavam pela cintura de Taehyung, apertando com posse antes de descerem lentamente até sua bunda.

Com um puxão firme, Jungkook o trouxe ainda mais para perto, suas coxas fortes pressionando as do mais velho, seus corpos encaixando-se naturalmente. Ele apertou a carne macia, massageando-a com os dedos ágeis antes de puxá-lo de encontro ao seu próprio corpo, fazendo com que seus quadris se chocassem.

Taehyung arfou no beijo ao sentir a excitação de Jungkook roçando contra si. Sua respiração ficou mais pesada, e ele se agarrou aos ombros largos do garoto, instintivamente rebolando de leve contra ele.

Jungkook sorriu entre o beijo, mordiscando o lábio inferior do mais velho antes de descer para seu pescoço, sugando a pele quente e sensível. Ele mordeu de leve, lambendo logo depois, sentindo o corpo de Taehyung estremecer contra o seu.

- Você tem um gosto melhor que a pizza. - A voz de Jungkook saiu baixa e arrastada, os lábios roçando contra a pele úmida do loiro.

Taehyung entreabriu os lábios, sua mente já nebulosa, mas quando tentou falar algo, sua voz saiu fraca e falha.

- Jungkook...

- Shh... - sussurrou contra sua orelha antes de mordiscar o lóbulo, sua respiração quente fazendo Taehyung arrepiar. - Eu só estou aproveitando você... do jeito que eu quero.

E para provar suas palavras, Jungkook agarrou suas coxas e o puxou para seu colo sem esforço, fazendo com que Taehyung arque-se ao sentir a ereção do garoto roçando ainda mais contra sua bunda. Seus dedos se cravaram nos ombros de Jungkook, enquanto o garoto o segurava firme pela bunda, guiando os movimentos em um ritmo lento e torturante.

A amizade entre eles havia benefícios, e Jungkook se aproveitaria disso.

Taehyung sentiu o corpo estremecer com a sensação do toque firme de Jungkook, o calor subindo rapidamente por sua pele. O roçar lento e provocativo fez com que ele soltasse um suspiro entrecortado, seus dedos se apertando ainda mais contra os ombros do garoto.

Jungkook inclinou-se, arrastando os lábios pelo pescoço do mais velho, depositando beijos quentes enquanto apertava ainda mais sua bunda, incentivando-o a se mover.

- Você está tão sensível hoje... - Jungkook murmurou contra sua pele, a voz carregada de desejo.

Por um instante, Taehyung se deixou levar, fechando os olhos e sentindo o calor envolvente do fotógrafo. No entanto, a realidade o atingiu como um balde de água fria. Ele não podia continuar com aquilo.

Com um movimento hesitante, Taehyung levou as mãos ao peito de Jungkook e o empurrou suavemente, criando um espaço entre os dois.

- Para... - Sua voz saiu baixa, quase trêmula.

Jungkook franziu o cenho, os olhos escuros analisando cada traço de Taehyung.

- O que foi? - Sua voz saiu rouca, um pouco mais controlada, mas ainda carregada de desejo.

Taehyung respirou fundo, deslizando da posição sobre o colo do garoto para sentar-se ao lado, ajeitando a camisa amassada.

- Isso não é certo. - Ele murmurou, evitando olhar diretamente para Jungkook.

O garoto soltou uma risada baixa, descrente.

- Não é certo? Desde quando isso?

Taehyung apertou os lábios, sentindo um peso estranho no peito.

- Eu só... não quero isso agora.

Jungkook suspirou, passando a língua pelos lábios, ainda tentando controlar sua frustração. Ele conhecia Taehyung bem demais para insistir quando o outro recuava assim.

- Tudo bem. - Ele disse por fim, levantando-se do sofá e pegando uma garrafa de água na mesa.

O silêncio se instalou entre os dois. Jungkook molhou os lábios, se ajeitando no sofá e segurando o olhar de Taehyung por alguns segundos antes de falar.

- Hyung... o que exatamente nós somos?

Taehyung franziu o cenho, claramente pego de surpresa.

- Somos amigos, não somos?

- Amigos? - Jungkook repetiu, inclinando a cabeça, como se testasse o som da palavra em seus lábios. Ele soltou uma risada seca, mas não havia humor em seus olhos. - É só isso que você acha que somos?

Taehyung piscou algumas vezes, desconcertado. Ele não sabia exatamente como responder àquilo.

- O que mais seríamos? - Ele finalmente perguntou, a voz um pouco mais baixa, hesitante.

Jungkook desviou o olhar por um momento, parecendo considerar suas palavras. Quando ele voltou a encarar Taehyung, havia uma intensidade no olhar que fez o Kim engolir em seco.

- Eu não sei, hyung. - Jungkook começou, a voz baixa, quase um sussurro. - Mas às vezes... às vezes eu sinto que entre nós tem algo a mais. Algo que vai além de amizade com benefícios.

Taehyung abriu a boca para dizer algo, mas nenhuma palavra conseguiu escapar. Sua garganta parecia fechada, e seu coração batia rápido demais, como se quisesse pular para fora do peito. Uma mistura de confusão, culpa e nervosismo o consumia, deixando-o sem reação.

- Jungkook... eu...

- Taehyung, a gente se beijou - interrompeu Jungkook, sua voz grave e carregada de emoções. - Nós nos beijamos. Eu gostei, e você também gostou. Nós gostamos. Então por que me beijou primeiro se não queria nada comigo?

Taehyung desviou o olhar, incapaz de encarar Jungkook diretamente.

- Jungkook... eu disse que precisava de tempo para pensar.

Jungkook deu um passo à frente, diminuindo a distância entre os dois, seus olhos queimando de intensidade.

- E você pensou? - Ele perguntou, sua voz mais baixa, mas cheia de urgência. - Ou isso foi só por pena?

- Não! - Taehyung exclamou de imediato, sua voz saindo mais alta do que esperava. Ele respirou fundo, tentando acalmar a onda de emoções que o tomava. - Não foi por pena, Jungkook.

Jungkook cruzou os braços, encarando Taehyung com uma expressão que misturava frustração e mágoa.

- Então por que, Taehyung? Por que você me beija se não sabe o que quer? Eu sei exatamente o que eu quero.

Taehyung hesitou, mordendo o lábio inferior, sua mente um caos. Ele não queria magoar Jungkook, mas também não tinha respostas claras nem para si mesmo.

- Eu... eu só queria saber... - Ele finalmente disse, sua voz quase um sussurro.

- Saber o quê? - Jungkook perguntou, inclinando-se ligeiramente para frente, sua voz carregada de incredulidade. - Saber se eu sou algum tipo de teste para você?

- Não, não é isso! - Taehyung balançou a cabeça freneticamente, as palavras escapando de forma desordenada. - Eu só queria saber como seria... como seria estar com você.

O silêncio que se seguiu era pesado, quase sufocante. Jungkook piscou lentamente, digerindo as palavras de Taehyung. Ele soltou uma risada curta, sem humor, passando a mão pelos cabelos em um gesto nervoso.

- E o que descobriu? - Ele perguntou, sua voz baixa, quase um desafio.

Taehyung respirou fundo, finalmente levantando os olhos para encontrar os de Jungkook. Sua voz saiu hesitante, mas sincera:

- Eu descobri que gostei. Gostei de todas as vezes em que ficamos.

Jungkook ficou imóvel por um momento, como se não soubesse se deveria se sentir aliviado ou ainda mais frustrado. Ele deu um passo para trás, cruzando os braços novamente.

- Então o que te impede de me dar uma chance? - Ele perguntou, sua voz agora mais suave, mas ainda cheia de urgência. - Eu quero ser seu namorado, hyung... você não quer nada sério por que me acha novo demais, é isso?

- Não é isso!

Taehyung abaixou o olhar novamente, sua expressão carregada de vulnerabilidade.

- Eu tenho medo... - Ele admitiu, quase como se estivesse confessando um segredo. - Medo de não ser o suficiente, medo de me machucar... medo de te machucar.

Jungkook o encarou em silêncio por um longo momento antes de suspirar profundamente. Ele deu um passo à frente, estendendo a mão para segurar o pulso de Taehyung com delicadeza, como se quisesse ancorá-lo à realidade.

- Eu também tenho medo, Taehyung. - Ele disse, sua voz baixa, mas firme. - Mas eu tô disposto a arriscar.

Os olhos de Taehyung encheram-se de lágrimas que ele lutou para segurar. Ele sabia que Jungkook estava sendo honesto, mas o peso de suas próprias inseguranças era esmagador.

- Eu só... preciso de tempo... um pouco mais.- Ele sussurrou, sua voz quase falhando.

Jungkook assentiu lentamente, soltando o pulso de Taehyung, mas seus olhos continuavam fixos nos dele, intensos e carregados de sentimentos conflitantes.

- Ok, eu vou te dar um tempo... e vou me afastar. - Sua voz era um murmúrio, baixa, quase quebrada, mas firme o suficiente para deixar claro que ele estava falando sério. - Não quero te pressionar, Taehyung. E, principalmente, não quero que você fique comigo por pena.

Ele se levantou com um movimento suave, mas cheio de resignação. Taehyung sentiu um nó se formar em sua garganta, o peso das palavras de Jungkook o atingiu com força. Ele abriu a boca para dizer algo, qualquer coisa, mas Jungkook ergueu a mão, como se pedisse para ele não continuar.

- Eu preciso de espaço também. - Jungkook disse, os cantos de sua boca tremendo em um sorriso triste. - Talvez... talvez isso seja o melhor para nós dois agora.

Taehyung ficou parado, a mente correndo em círculos enquanto observava Jungkook caminhar em direção à porta. O peito dele parecia pesado, como se cada passo que Jungkook dava fosse uma corda puxando algo dentro de si.

- Jungkook... - Taehyung finalmente chamou, a voz soando quase como um sussurro. - Não vai embora...

Jungkook parou na entrada, mas não se virou.

- Eu sinto muito. - Taehyung continuou, sentindo as lágrimas se acumularem em seus olhos.

Jungkook inclinou a cabeça ligeiramente, como se quisesse dizer algo, mas decidiu não fazê-lo. Ele respirou fundo antes de finalmente responder:

- Eu também, Tae. Eu também sinto muito.

E com isso, ele saiu, fechando a porta suavemente atrás de si.

Taehyung permaneceu parado por alguns segundos, encarando a porta como se esperasse que Jungkook voltasse. Mas, claro, ele não voltou.

Enquanto a noite avançava, Taehyung permaneceu ali, perdido em seus pensamentos, desejando que o tempo fosse gentil o suficiente para ajudá-lo a entender o que realmente sentia por Jungkook.

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