Non.ato. Me ame intensamente.
Olá meus anjinhos! Como estão? Voltando com mais um capítulo quentinho dessa obra maravilhosa...
Esse capítulo contém: agressão infantil, recaídas, manipulação emocional.
Perdão por qualquer erro. Boa leituraaa ❤️
(...)
Taehyung estava encolhido no canto da sala de estar, seus braços envolvendo os joelhos enquanto as vozes ao redor ecoavam, altas e tensas. Ele podia ouvir claramente os gritos de sua mãe vindo da cozinha, onde ela discutia com os coordenadores da escola.
— Psiquiatra? — A voz dela era ríspida e cheia de indignação. — O que meu filho precisa é de disciplina! Vocês acham que encher a cabeça dele com essas besteiras vai resolver alguma coisa? Ele está assim porque não sabe o que é respeito!
— Senhora Kim, isso não é uma questão de disciplina! — um dos coordenadores respondeu, tentando manter a calma. — Ele se machucou, se bateu até sangrar! Isso não é normal para uma criança da idade dele. Ele precisa de ajuda profissional.
Taehyung apertou os olhos com força, tentando bloquear os sons. As palavras deles eram como lâminas, reabrindo as feridas invisíveis que ele carregava. Ele não sabia como explicar o que sentia, nem mesmo para si mesmo. Tudo o que sabia era que, naquele momento, machucar-se parecia a única forma de aliviar a dor que o consumia.
— Ele está assim porque é mimado! — a mãe rebateu, sua voz ainda mais alta. — Criança faz birra, e o que ele precisa é de uma boa surra, não de um psiquiatra ou psicólogo!
Os coordenadores trocaram olhares tensos, claramente desconfortáveis com a situação. Um deles deu um passo à frente, tentando mais uma vez.
— Senhora Kim, com todo respeito, esse comportamento não é birra. Ele está demonstrando sinais claros de sofrimento emocional. Ignorar isso pode piorar as coisas.
— Piorar? — Ela riu, mas era uma risada amarga, cheia de escárnio. — Ele já é um problema! E agora vocês querem que eu trate ele como se fosse... como se fosse um doente?
Taehyung engoliu em seco, o nó na garganta tornando impossível respirar direito. As palavras dela doíam mais do que qualquer coisa que ele pudesse fazer a si mesmo. Ele não queria ser um problema, mas era exatamente como se sentia: um peso, uma vergonha, algo errado que não podia ser consertado.
— Nós só queremos o bem dele, senhora Kim. — O coordenador mais velho disse, o tom de voz calmo, mas firme. — Se você não puder ajudá-lo, talvez devêssemos acionar o conselho tutelar.
Houve um silêncio tenso antes que a mãe de Taehyung explodisse.
— Vocês não têm esse direito! — Ela gritou, apontando para a porta. — Saiam da minha casa agora!
Os coordenadores hesitaram, mas acabaram acatando, lançando um último olhar a Taehyung antes de saírem.
Quando a porta se fechou, sua mãe se virou para ele, os olhos brilhando de raiva.
— Levanta daí. — A voz dela veio cortante como uma lâmina afiada, carregada de raiva e desprezo.
Taehyung permaneceu imóvel no chão frio, o corpo tremendo levemente. Ele queria responder, queria dizer algo que aliviasse a tensão no ar, mas sua garganta parecia travada.
— Eu... eu sinto muito... — Ele sussurrou, a voz fraca.
Isso só fez a fúria nos olhos dela se intensificar.
— Sente muito? — Ela repetiu, a incredulidade misturada ao desgosto. — Você acha que um pedido de desculpas vai apagar a vergonha que me fez passar hoje?
Antes que ele pudesse reagir, os dedos dela se fecharam ao redor de seu braço com brutalidade. Ela o puxou para cima com força, os pequenos arranhões em sua pele ardendo ao contato brusco.
— Nunca mais ouse fazer algo assim de novo! — Ela rosnou, e antes que ele pudesse balbuciar qualquer resposta, o tapa veio.
O impacto foi forte o suficiente para virar seu rosto para o lado, deixando uma ardência quente em sua bochecha. Os olhos de Taehyung se arregalaram.
— Você me envergonha! — O segundo tapa veio ainda mais forte.
O gosto metálico do sangue preencheu sua boca quando seus dentes cortaram o interior de sua bochecha.
— Eu não criei um filho para ser uma aberração fraca!
A próxima agressão não foi apenas um tapa. Ela o empurrou contra a parede, e seu corpo magro bateu contra a superfície dura com um baque seco. O ar escapou de seus pulmões, e ele caiu de joelhos no chão, tonto.
— Olha pra mim quando eu falo com você! — Ela segurou seus cabelos, puxando sua cabeça para cima com brutalidade. Os olhos dela queimavam de ódio. — Você é uma decepção. Uma vergonha para essa família.
Os dedos dela finalmente o soltaram, empurrando sua cabeça para trás. Taehyung caiu contra o chão, arfando, o corpo dolorido e tenso.
Ela se afastou, olhando para ele como se sua simples existência fosse repulsiva.
— Nunca mais me faça passar por isso. Ou da próxima vez, você vai aprender de um jeito ainda pior.
E então, como se nada tivesse acontecido, ela saiu do quarto, deixando Taehyung sozinho com suas dores e marcas, tanto as visíveis quanto as invisíveis.
O silêncio no quarto era pesado, quebrado apenas pela respiração ofegante de Taehyung. Seu rosto ardia, os olhos estavam úmidos, mas ele se recusava a derramar uma única lágrima. Seu peito subia e descia rapidamente, o sangue fervendo em suas veias.
Ele ficou ali, sentado no chão por alguns segundos, sentindo o gosto do sangue na boca. Então, algo dentro dele se rompeu.
Com um movimento brusco, ele se levantou e avançou até a porta. Seu coração batia forte contra as costelas, e sua visão estava turva de pura raiva. Sem pensar, ele escancarou a porta com força, fazendo o som ecoar pela casa.
— SUA CADELA FILHA DA PUTA! — Ele gritou, a voz carregada de ódio.
A mulher, que já estava descendo as escadas, parou no meio do caminho. Lentamente, ela se virou para encará-lo, surpresa pela ousadia.
— O que você disse? — A voz dela saiu baixa, ameaçadora.
— VOCÊ ME OUVIU! — Taehyung cuspiu, os olhos faiscando. — Você me bate, me humilha, me trata como se eu fosse um lixo e acha que eu vou continuar quieto?! EU QUERIA VOCÊ MORTA!
A mulher estreitou os olhos, e Taehyung viu o momento exato em que a fúria tomou conta dela.
— SEU MOLEQUE INSOLENTE! — Ela avançou para subir as escadas novamente, pronta para castigá-lo ainda mais.
Mas Taehyung foi mais rápido. Ele bateu a porta com força, trancando-a antes que ela pudesse alcançá-lo.
O barulho de suas unhas arranhando a madeira veio logo em seguida.
— ABRE ESSA PORTA, TAEHYUNG! — Ela gritou do outro lado, socando a superfície com violência.
Taehyung recuou, o coração martelando em seu peito, mas não cedeu.
— VAI PRO INFERNO! — Ele berrou de volta.
O silêncio que se seguiu foi tão intenso que ele quase duvidou que ela ainda estivesse ali.
Então, um riso baixo e amargo ecoou do outro lado da porta.
— Você vai sair daí uma hora, Taehyung. E quando sair, eu estarei esperando.
Os passos dela se afastaram lentamente, e Taehyung deslizou de volta para o chão, sentindo seu corpo inteiro tremer.
🪶
Taehyung preparava seu café da manhã, despejando os sucrilhos na tigela e cobrindo-os com leite. Era uma rotina simples. Ele precisava de algo prático para começar o dia. Afinal, hoje era o prazo final para entregar o último capítulo, e a pressão já estava pesando em sua mente.
Sentado à mesa, ele mexia os flocos no leite com a colher, sem realmente se concentrar no que fazia. Sua mente estava inquieta, os pensamentos divididos entre o trabalho e algo que o incomodava há dias: o silêncio de Jungkook.
Sem resistir à inquietação, pegou o celular que estava ao lado da tigela e abriu a conversa com Jungkook. Ele hesitou por um momento, mordendo o lábio inferior, antes de digitar uma mensagem.
Taehyung: "Oi, Jungkook. Só queria saber como você está. Espero que esteja bem."
Ele enviou e ficou encarando a tela, esperando por aqueles três pontinhos que indicavam que Jungkook estava digitando. Mas nada aconteceu.
Tomou um gole do leite, tentando ignorar o aperto no peito. "Talvez ele esteja ocupado", pensou, tentando se convencer. Alguns minutos depois, a notificação de "visualizada" apareceu. Mas nenhuma resposta veio.
O silêncio de Jungkook parecia mais alto do que qualquer coisa naquele momento. Taehyung soltou um suspiro frustrado e largou o celular na mesa, tentando se focar em terminar seu café da manhã.
"Ele disse que ia se afastar… eu deveria respeitar isso", murmurou para si mesmo, mas as palavras soaram vazias.
Taehyung limpou a tigela e foi para o escritório improvisado no quarto, onde seus manuscritos estavam espalhados pela mesa. Ele precisava se concentrar.
Mas, enquanto tentava organizar as ideias, sua mente teimava em voltar para aquela mensagem visualizada e ignorada. Por mais que soubesse que Jungkook tinha motivos para isso, não deixava de se perguntar se ele ainda estava magoado.
Os dedos de Taehyung pairaram sobre o teclado, mas nenhuma palavra vinha. Ele jogou a cabeça para trás e suspirou fundo, encarando o teto, como se esperasse alguma resposta surgir do nada.
Taehyung esfregou o rosto com as mãos, tentando afastar a frustração que parecia crescer a cada segundo. Ele precisava se concentrar. Mas ainda assim, a falta de resposta de Jungkook pesava em sua mente mais do que gostaria de admitir.
Ele se levantou, caminhando até a janela do quarto. O dia lá fora parecia tranquilo, mas dentro dele, uma tempestade se formava. "Por que isso me afeta tanto?", ele se perguntou, observando o movimento das pessoas na rua.
Taehyung sabia que Jungkook tinha dito que precisava de espaço, mas não conseguia evitar a sensação de vazio que o afastamento deixava.
Seu celular vibrou em cima da mesa, e ele rapidamente se virou, o coração batendo mais forte. Mas, ao pegar o aparelho, percebeu que era apenas uma notificação do aplicativo de entregas confirmando um pedido que ele tinha feito dias atrás. Soltando um suspiro pesado, ele largou o celular novamente e voltou para a cadeira.
Taehyung forçou-se a focar no trabalho. Abriu o arquivo do capítulo que precisava terminar e releu as últimas linhas que tinha escrito. Ele tentou se imergir na história, se desconectar do mundo real, mas mesmo assim, as palavras pareciam não fluir. Cada frase que digitava parecia sem vida, como se algo estivesse faltando.
"Talvez um café me ajude", ele pensou, levantando-se mais uma vez. Indo até a cozinha, começou a preparar uma xícara, tentando afastar o peso que sentia no peito. Enquanto o aroma do café tomava conta do ambiente, ele se encostou no balcão, encarando o vazio.
Ao voltar para o quarto com a xícara de café em mãos, Taehyung se sentou novamente na frente do computador. Ele olhou para a tela em branco e respirou fundo, decidido a tentar outra vez. Mas antes que pudesse começar a digitar, seu celular vibrou novamente.
Ele olhou para a tela e viu que era uma notificação de Jungkook. Não era uma mensagem, mas sim uma atualização de status em uma rede social. Curioso, ele abriu a publicação. Era uma foto de Jungkook, sorrindo ao lado de alguns amigos, com a legenda: "Às vezes, se afastar é a melhor escolha."
Taehyung sentiu o estômago se revirar. Não sabia se a mensagem era para ele, mas não conseguiu evitar que isso o afetasse. Fechando o aplicativo, ele colocou o celular de lado e focou no computador.
— Idiota. — murmurou.
Dessa vez, as palavras finalmente começaram a fluir. Não porque ele tinha superado o que sentia, mas porque percebeu que precisava transformar aquela confusão em algo produtivo. Talvez, ao terminar o capítulo, conseguisse entender melhor o que estava sentindo. E quem sabe, um dia, conseguisse resolver as coisas com Jungkook.
Jungkook sorriu ao ler a mensagem de Taehyung, os olhos fixos na tela enquanto sua mente trabalhava em diferentes formas de interpretar aquelas palavras. Era divertido, de certo modo, ver como o mais velho tentava puxar assunto, talvez em buscar uma reaproximação.
Ele soltou uma risada baixa, balançando a cabeça.
"Se fazer de coitado... é sempre a melhor jogada," pensou consigo mesmo, um misto de diversão e uma ponta de dúvida passando por sua expressão.
Ele digitou algo como resposta, mas logo apagou, deixando a conversa sem resposta. Era melhor assim — deixar Taehyung pensando, sentindo sua ausência. Guardou o celular no bolso e, com um suspiro, voltou sua atenção para o professor.
🪶
Dias haviam se passado desde a última mensagem de Taehyung para Jungkook. O escritor estava começando a sentir o peso do silêncio. Ele estava jogado no sofá, a TV ligada em algum programa que ele mal registrava. O que realmente ocupava sua mente era a ausência de Jungkook. Ele havia falado sério sobre se afastar.
Pegando o celular ao lado, ele abriu a conversa com Jungkook e encarou a tela. As últimas mensagens que ele havia mandado ainda estavam lá, um lembrete constante da tensão que pairava entre eles. Depois de hesitar por alguns segundos, Taehyung começou a digitar.
Taehyung: "Oi, você tá bem? Faz tempo que não nos falamos..."
Ele apertou "enviar" e ficou encarando a tela, esperando que os dois traços de visualização aparecessem. Nada aconteceu. Suspirando, ele decidiu insistir.
Taehyung: "Eu queria falar com você... A gente podia se encontrar. Que tal?"
Mais uma vez, ele esperou. Alguns minutos depois, o tão esperado "visualizado" apareceu na tela. O coração de Taehyung deu um salto, mas, para sua frustração, nenhuma resposta veio. Ele jogou o celular no sofá e cruzou os braços, sentindo-se ignorado.
— Porra, Jungkook... — murmurou, irritado, mas também com uma pontada de tristeza.
Enquanto isso, Jungkook estava em seu quarto escuro, sentado na cama com o celular na mão. Ele olhava para a mensagem de Taehyung, um sorriso pequeno e sinistro curvando seus lábios.
— Sentiu minha falta, hyung? — ele sussurrou para si mesmo.
Jungkook sabia que deveria se manter no jogo, deixar Taehyung ansioso, vulnerável. Era assim que ele conseguia o que queria: alimentando a insegurança e a carência de Taehyung. Ele olhou para a foto de perfil do mais velho, os dedos deslizando pela tela.
— Você está tão bonito... Não faz ideia de como eu sinto sua falta.
Mas ele não respondeu. Não ainda. Ele queria que Taehyung se mexesse, que se afundasse mais na dúvida e na necessidade. Jungkook tinha paciência, afinal. E, enquanto esperava, ele continuava a observá-lo nas redes sociais, rastreando cada movimento, cada pequena interação que Taehyung tinha com o mundo.
De volta a casa de Taehyung, o silêncio era ensurdecedor. Ele pegou o celular novamente, decidido a tentar mais uma vez.
Taehyung: "Jungkook, por favor. Eu só quero conversar. Não precisa ser nada demais... só quero te ver."
O celular vibrou imediatamente após a mensagem ser enviada. Taehyung olhou para a tela, ansioso, mas, novamente, viu o "visualizado". Nenhuma resposta veio.
Taehyung suspirou, largando o celular novamente. Ele não entendia por que Jungkook estava agindo assim. Ele sabia que o mais novo gostava dele, que havia confessado isso. Mas agora ele parecia tão distante, e isso o deixava inquieto.
— Que porra está acontecendo com você, Jungkook? — perguntou ao vazio, sentindo uma mistura de culpa, frustração e algo mais profundo que ele não queria reconhecer.
Do outro lado, Jungkook riu baixo, observando a nova mensagem que acabara de chegar.
— Continue assim, Taehyung. Continue vindo até mim. Quando estiver completamente perdido... eu estarei lá para te ajudar".
Ele colocou o celular de lado, satisfeito, enquanto formulava mentalmente o próximo passo do seu plano.
Taehyung não aguentava mais o silêncio de Jungkook. Ele estava cansado de enviar mensagens e ser ignorado, mesmo sabendo que Jungkook as lia. Pegando o celular com firmeza, decidiu que era hora de ligar.
Ele hesitou por um segundo, encarando o nome de Jungkook na tela. Seu dedo pairou sobre o botão "ligar", mas antes que pudesse desistir, apertou de uma vez. Levou o celular ao ouvido, ouvindo os toques enquanto seu coração batia mais rápido.
Depois de três toques, Jungkook atendeu.
— Alô? — a voz de Jungkook soou do outro lado, calma e controlada.
— Jungkook! — Taehyung respondeu imediatamente, sentindo um misto de alívio e frustração. — Por que você está me ignorando?
Jungkook ficou em silêncio por alguns segundos antes de suspirar.
— Hyung, a gente conversou sobre isso, lembra? Eu disse que precisava de um tempo.
— Sim, eu lembro — Taehyung respondeu, apertando o celular contra a orelha. — Mas já faz dias, Jungkook. Você falou que precisava de espaço, mas isso não significa me ignorar completamente.
— Significa sim, hyung. — Jungkook rebateu, a voz firme, mas sem perder a calma. — Eu pedi esse tempo porque precisava colocar minha cabeça no lugar, porque estar perto de você me dar total certeza de que eu quero estar con você. E você prometeu que entenderia.
— Eu tô tentando entender! — Taehyung retrucou, a voz saindo mais alta do que ele pretendia. — Mas, Jungkook, a gente precisa conversar. Não dá pra resolver isso com você me evitando.
— Resolver o quê, hyung? — Jungkook perguntou, a voz ficando um pouco mais fria. — Você ainda não sabe o que quer, e isso não mudou. E eu não quero ficar no meio desse jogo onde só eu acabo me machucando.
Taehyung sentiu o peito apertar. Ele sabia que Jungkook tinha razão, mas não queria admitir.
— Eu só... eu só queria que a gente pudesse conversar, de verdade. — Taehyung disse, a voz agora mais baixa. — Podemos nos encontrar? Só pra... esclarecer as coisas.
Do outro lado, Jungkook ficou em silêncio. Ele segurou o celular, ponderando as palavras de Taehyung, antes de responder:
— Amanhã à tarde. Na minha casa, você sabe onde é, certo?
— Sei sim. Obrigado, Jungkook. — Taehyung respondeu, tentando esconder o alívio em sua voz.
Mas Jungkook não disse nada. Apenas desligou a ligação, deixando Taehyung sozinho com seus pensamentos.
🪶
Taehyung estava parado em frente à porta de Jungkook, o cigarro esquecido entre os dedos. A fumaça subia em espirais preguiçosas enquanto ele encarava a madeira, tentando reunir coragem para bater. O nervosismo era evidente em sua postura. Ele sabia que precisava dessa conversa, mas isso não tornava as coisas menos difíceis.
Antes que pudesse levantar a mão para bater, a porta se abriu de repente, revelando Jungkook. Ele estava encostado no batente, o olhar fixo em Taehyung. Seus olhos eram indecifráveis, uma mistura de calma forçada e algo mais profundo que ele fazia questão de esconder.
— Não combinamos para manhã? — Jungkook perguntou, sua voz baixa e controlada, como se já esperasse por isso.
Taehyung largou o cigarro no chão, apagando-o com a ponta do sapato antes de levantar o olhar para Jungkook.
— Eu precisava. — Ele respondeu, os olhos vacilando entre os de Jungkook e o chão. — Não dava para esperar até amanhã.
Jungkook soltou um suspiro longo, descruzando os braços.
— Entra, hyung. — passo para o lado, deixando a porta aberta.
Taehyung hesitou por um segundo antes de entrar. O ambiente estava silencioso, exceto pelo som abafado de um relógio na parede. Jungkook fechou a porta atrás dele e se encostou nela, cruzando os braços novamente.
— Então, fala. — Jungkook quebrou o silêncio, direto, mas sem parecer apressado.
Taehyung respirou fundo, sentindo o peso da situação. Ele não sabia exatamente como começar, mas precisava ser honesto.
— Eu não consigo ficar assim com você, Jungkook. — Ele começou, as palavras saindo rapidamente. — Eu sei que você pediu um tempo, e eu sei que disse que entenderia, mas... eu não consigo.
Jungkook arqueou uma sobrancelha, mas ficou em silêncio, deixando Taehyung continuar.
— Eu não sei o que quero, eu sei disso. — Taehyung admitiu, a voz quebrando levemente. — Mas isso não significa que eu quero te perder.
— E o que isso significa? — Jungkook perguntou, a voz baixa e cortante.
— Significa que eu quero tentar. — Taehyung respondeu, encarando Jungkook com determinação, apesar do nervosismo em seu olhar. — Quero tentar descobrir o que eu sinto, mas com você aqui, ao meu lado. Porque ficar longe de você, não é uma opção.
Jungkook encarou Taehyung, as palavras ecoando em sua mente como uma melodia perfeita. Ele piscou devagar, o canto dos lábios se curvando em um sorriso quase imperceptível. Era isso. Exatamente isso que ele queria ouvir.
— Você tem ideia de como isso soa pra mim, hyung? — Ele perguntou, dando um passo em direção a Taehyung, a voz baixa, mas carregada de algo quase perigoso.
Taehyung ficou imóvel, o olhar fixo no de Jungkook. Havia algo no jeito como o mais novo o encarava que o fazia sentir-se exposto, mas ele não recuou.
— Eu só estou sendo honesto, Jungkook. — Taehyung respondeu, sua voz mais firme do que ele esperava. — Não quero mais fugir disso.
Jungkook riu baixo, um som rouco que fez Taehyung estremecer. Ele deu mais um passo à frente, reduzindo ainda mais a distância entre eles, até que os dois estavam a poucos centímetros de distância.
— Você realmente não sabe o que está fazendo comigo, hyung. — Jungkook murmurou, inclinando a cabeça para o lado, os olhos escuros analisando cada detalhe do rosto de Taehyung. — Mas eu gosto disso.
Taehyung sentiu o coração acelerar, mas não desviou o olhar. Ele sabia que Jungkook era intenso, sabia que o mais novo tinha um jeito quase obsessivo de se envolver com as coisas, mas ele também sabia que não queria afastá-lo.
— E você vai me deixar descobrir? — Taehyung perguntou, sua voz suave, mas com um toque de desafio.
Jungkook sorriu de forma mais aberta agora, mas havia algo de possessivo naquele sorriso, algo que fez Taehyung prender a respiração.
— Claro, hyung. — Jungkook respondeu, a voz suave, quase hipnotizante. — Eu vou deixar você descobrir tudo. Cada pedaço de mim.
Ele levantou a mão lentamente, como se quisesse testar os limites, e tocou o rosto de Taehyung com delicadeza.
— Mas eu espero o mesmo de você. — Jungkook continuou, o tom mais baixo, mais sombrio. — Quero saber tudo sobre você, cada pensamento, cada dúvida, cada desejo.
Taehyung sentiu o calor subir em seu rosto, mas não afastou a mão de Jungkook. Ele sabia que estava entrando em território perigoso, mas, de alguma forma, não conseguia recuar.
— Então, acho que estamos no mesmo barco. — Taehyung disse, tentando soar confiante.
Jungkook riu novamente, dessa vez mais alto, e se afastou apenas o suficiente para dar espaço a Taehyung.
— No mesmo barco? — Ele repetiu, divertido. — Hyung, você não faz ideia de como eu já estou afundado nisso.
Havia uma intensidade no olhar de Jungkook que fez Taehyung engolir em seco. Ele sabia que havia algo de errado naquela situação, sabia que o jeito como Jungkook falava era mais do que apenas paixão. Mas, ao mesmo tempo, ele não conseguia se afastar.
— Então... por onde começamos? — Taehyung perguntou, tentando quebrar o momento tenso.
Jungkook deu um passo para trás, cruzando os braços e inclinando a cabeça de forma quase casual, embora seus olhos ainda brilhassem com algo sombrio.
— Por onde você quiser, hyung. — Ele respondeu, um sorriso pequeno e misterioso nos lábios. — Só me diga o que você quer, e eu farei acontecer.
Taehyung sentiu um arrepio intenso tomar conta de seu corpo no instante em que seus lábios se encontraram com os de Jungkook. O beijo começou faminto, carregado de desejo reprimido e emoções conflitantes que haviam se acumulado ao longo de semanas.
As mãos de Taehyung apertaram os ombros largos do mais novo, como se quisesse puxá-lo ainda mais para si, enquanto Jungkook, quase por instinto, desceu as mãos para o quadril do mais velho.
Os dedos firmes de Jungkook se moveram com confiança, descendo em direção à bunda de Taehyung, apertando-a de maneira possessiva, arrancando um arfar surpreendido e, ao mesmo tempo, rendido do loiro.
Jungkook abriu os olhos durante o beijo, observando Taehyung com aquele olhar predatório que parecia devorá-lo por inteiro. Ele interrompeu o beijo por um breve momento, apenas o suficiente para deixar o mais velho sem ar e para sussurrar contra os lábios dele:
— Você não faz ideia do que está me pedindo, hyung.
Taehyung respirava com dificuldade, os olhos semicerrados, encarando o mais novo com uma mistura de desafio e desejo. Ele lambeu os próprios lábios, sentindo ainda o gosto de Jungkook, antes de responder, a voz rouca:
— Talvez eu faça, e talvez eu queira mesmo assim.
O sorriso que se formou no rosto de Jungkook era algo entre encantador e perigoso, uma expressão que só aumentou o arrepio que corria pela espinha de Taehyung. Sem dar chance ao loiro de pensar mais, Jungkook o puxou pela cintura, unindo os corpos novamente, mas dessa vez o beijo foi mais lento, mas profundo, como se ele quisesse gravar cada segundo na memória.
Taehyung sentiu as mãos de Jungkook explorarem sua cintura e costas, o calor do toque invadindo seu corpo. Ele sabia que havia uma linha tênue sendo cruzada ali, mas não conseguia se importar.
— Você veio até aqui pra isso? — Jungkook perguntou em um tom brincalhão, mas o brilho em seus olhos denunciava que ele já sabia a resposta.
Taehyung respirou fundo, tentando recuperar um pouco do controle sobre o mesmo.
— Não. Eu vim aqui pra conversar, mas... — Ele hesitou, olhando para Jungkook. — Você tem esse jeito de me tirar do eixo, e eu não sei lidar com isso.
Jungkook ergueu uma sobrancelha, o sorriso satisfeito permanecendo em seus lábios.
— Então, hyung, talvez seja hora de aprender. Porque eu não vou te deixar fugir disso.
Taehyung sentiu o peito apertar com a intensidade das palavras de Jungkook. Ele sabia que o mais novo era intenso, mas, de alguma forma, isso só o atraía ainda mais.
— E se eu não quiser fugir? — Taehyung murmurou, mais para si mesmo do que para Jungkook.
Jungkook riu baixo, aproximando os rostos novamente.
— Então você está exatamente onde eu quero, hyung.
Ele o beijou de novo, e dessa vez não houve hesitação, nem espaço para dúvidas. Taehyung se entregou completamente.
O som do tecido sendo rasgado ecoou pela sala, e Taehyung arfou, os olhos arregalando-se por um breve momento antes de um sorriso malicioso se formar em seus lábios. Ele jogou a cabeça para trás, expondo o pescoço longo e bronzeado, uma clara provocação para Jungkook.
— Ansioso? — Taehyung provocou, a voz levemente ofegante, mas carregada de ousadia.
Jungkook não respondeu com palavras. Seus lábios, quentes e famintos, encontraram a pele exposta do mais velho, pressionando beijos úmidos e marcantes ao longo do pescoço. Ele sugava a pele com força suficiente para deixar marcas, marcas que deixariam claro para qualquer um que Taehyung era dele, mesmo que o loiro ainda não admitisse isso.
— Você fala demais, hyung, mas o seu corpo é honesto. — Jungkook murmurou contra a pele do mais velho, mordendo suavemente a curva de seu ombro, arrancando um gemido rouco de Taehyung.
As mãos de Jungkook desceram pelo corpo de Taehyung, explorando cada curva, cada contorno, como se quisesse memorizar tudo. Os dedos fortes deslizaram pela cintura do mais velho, parando apenas quando seguraram firme em seus quadris.
Taehyung sentiu o corpo todo estremecer com o toque, sua respiração ficando cada vez mais pesada. Ele passou as mãos pelo cabelo escuro de Jungkook, puxando levemente para trazê-lo ainda mais perto.
— Jungkook... — ele sussurrou, o nome saindo como um pedido.
Jungkook ergueu os olhos, encontrando o olhar de Taehyung. Havia algo selvagem ali, algo quase perigoso, mas Taehyung não conseguiu desviar. Ele estava preso naquele olhar intenso que parecia despir sua alma.
— O que você quer, hyung? — Jungkook perguntou, sua voz baixa e grave, quase como um rosnado.
Taehyung sentiu o rosto esquentar, mas ele não desviou o olhar.
— Eu quero você. — As palavras saíram sem hesitação, carregadas de uma sinceridade que surpreendeu até a ele mesmo.
Jungkook sorriu, um sorriso satisfeito e quase possessivo, enquanto suas mãos subiam pelas costas de Taehyung, trazendo-o ainda mais para perto.
— Você já me tem, hyung. — Ele sussurrou antes de beijá-lo novamente, um beijo profundo e cheio de promessas, como se quisesse mostrar a Taehyung que ele nunca teria escapatória.
Jungkook aprofundou o beijo, suas mãos firmes segurando Taehyung pela cintura antes de levantá-lo sem esforço algum. Taehyung arfou contra os lábios dele, o coração disparado, enquanto sentia o mais novo guiá-lo até o sofá. Quando as costas de Taehyung tocaram o estofado macio, Jungkook se afastou, os olhos escurecidos ficaram cravados nele.
Sem desviar o olhar, Jungkook passou a língua pelos lábios, como se apreciasse cada reação de Taehyung. Lentamente, ele deslizou as mãos pelas coxas do mais velho, subindo até a cintura, onde seus dedos firmes seguraram o cós da calça de Taehyung.
— Relaxa, hyung. — A voz de Jungkook era baixa, quase um sussurro, mas cheia de uma autoridade que fazia Taehyung obedecer sem questionar.
Taehyung fechou os olhos por um segundo, respirando fundo enquanto sentia Jungkook puxar a peça de roupa com precisão. Quando abriu os olhos novamente, viu Jungkook jogando a calça em algum canto da sala, deixando-o vulnerável, com apenas a cueca cobrindo parte de sua pele.
O sorriso satisfeito no rosto de Jungkook fez Taehyung corar, mas antes que ele pudesse dizer algo, Jungkook já estava sobre ele novamente, seus lábios encontrando o pescoço exposto, enquanto suas mãos exploravam sem pressa o corpo à sua frente. Taehyung arqueou as costas, incapaz de segurar o gemido que escapou.
— Você é tão... perfeito. — Jungkook murmurou contra a pele de Taehyung, suas mãos agora descendo pela cintura até alcançarem a última barreira que o separava do corpo do mais velho.
Ele puxou a peça de roupa devagar, quase como uma provocação, os olhos atentos a cada reação de Taehyung.
Taehyung estava prestes a dizer algo, mas as palavras morreram em sua garganta quando viu Jungkook começar a se desfazer de suas próprias roupas. A camisa caiu ao chão primeiro, revelando o corpo definido e coberto por tatuagens. Em seguida, Jungkook desabotoou a calça, deslizando-a junto com a cueca em um movimento único.
Jungkook voltou a se inclinar sobre Taehyung, que agora o encarava com os olhos brilhando em um misto de nervosismo e excitação. Ele colocou uma mão ao lado da cabeça de Taehyung, enquanto a outra acariciava seu rosto. As intimidades se esfregando.
— Hyung... você é meu. — As palavras de Jungkook eram firmes, como uma promessa ou até mesmo um aviso.
Antes que Taehyung pudesse responder, Jungkook o beijou novamente, com ainda mais urgência. Dessa vez, o mundo ao redor deles desapareceu completamente, deixando apenas o calor dos corpos colados, a respiração entrecortada. Os dedos de Jungkook apertaram a cintura do loiro com posse, puxando-o para mais perto, como se quisesse gravar aquele momento na pele.
— Jungkook… me come — a voz de Taehyung saiu baixa, carregada de desejo e expectativa.
O Jeon se afastou apenas o suficiente para encarar o rosto corado do outro, seus olhos escuros refletindo luxúria e domínio. Um sorriso enviesado curvou seus lábios antes que ele descesse a boca pelo maxilar de Taehyung, traçando um caminho quente e molhado até seu pescoço exposto.
— Farei isso com muito prazer — murmurou contra a pele sensível, sentindo o arrepio percorrer o corpo do mais novo.
Jungkook deslizou as mãos pela cintura esguia, descendo devagar até agarrar a bunda do loiro com firmeza, pressionando seus corpos ainda mais. Beijou a linha do maxilar, mordiscando suavemente antes de sugar um ponto específico na lateral do pescoço, onde sabia que o faria gemer.
Taehyung suspirou, inclinando a cabeça para o lado, dando-lhe mais espaço, seus dedos agarrando os ombros fortes de Jungkook.
— Você é tão impaciente, bebê — Jungkook provocou, deslizando a língua pelo ponto que acabara de marcar. — Mas eu gosto disso.
((...))
Taehyung acordou no dia seguinte, sentindo o corpo ainda relaxado, mas com a mente agitada. A noite anterior tinha sido... inesperada. Jungkook o surpreendeu de todas as formas possíveis. Ele achava que o garoto, com apenas 19 anos, não teria tanta confiança, tanto domínio sobre si mesmo e sobre os outros. Mas estava errado. Muito errado. A idade não definia Jungkook.
Levantando-se do sofá, Taehyung puxou o lençol que o cobria, envolvendo-o em torno de seu corpo. Seus olhos varreram o cômodo ao redor, notando a organização e os pequenos detalhes que revelavam mais sobre Jungkook: prateleiras de livros bem arrumadas, uma mochila largada em um canto.
Curioso, seus olhos encontraram a escada que levava ao andar de cima. Ele hesitou por um momento, mordendo o lábio inferior enquanto pensava. Talvez Jungkook estivesse no quarto. Sem pensar muito, começou a subir os degraus, cada passo fazendo o coração acelerar um pouco mais.
Ao chegar ao topo, encontrou uma porta fechada. Taehyung bateu de leve.
— Jungkook? — chamou em um tom hesitante.
Nenhuma resposta. Esperou alguns segundos, mas o silêncio permaneceu.
Com a curiosidade agora vencendo qualquer hesitação, ele girou a maçaneta e empurrou a porta, encontrando o quarto vazio.
Era um espaço simples, mas muito bem arrumado, quase meticuloso. A cama estava feita, com lençóis cinzas perfeitamente alinhados, e um pequeno abajur descansava na mesa de cabeceira. O que realmente chamou a atenção de Taehyung, no entanto, foi o espelho.
Bem ali, no canto do espelho, havia uma foto dele com Jungkook. Taehyung sorriu automaticamente ao ver a imagem. Lembrava-se daquele dia: de quando eles se encontraram pela primeira vez. Ele balançou a cabeça, rindo de leve.
"Claro que ele teria essa foto pendurada", pensou.
Sua atenção foi desviada para a estante ao lado. Ao se aproximar, seus olhos se arregalaram. Todos os livros que ele já havia escrito estavam ali. Alguns em edições antigas, outros novíssimos, ainda com o brilho das capas recém-publicadas. Taehyung passou os dedos pelos lombos dos livros, surpreso com o cuidado com que eram mantidos.
— Ele tem todos... — murmurou, incrédulo.
Seus olhos se voltaram para uma cômoda ao lado da cama. Ele lembrou-se da camisa que Jungkook havia rasgado na noite anterior e soltou uma risada baixa.
— Ele rasgou minha camisa... Acho que não vai se importar se eu pegar uma emprestada, né? — murmurou Taehyung para si mesmo enquanto puxava a gaveta.
Assim que seus dedos a abriram, ele congelou. Fotos, dezenas delas, estavam espalhadas dentro da gaveta. Seu rosto estampava todas. Ele pegou uma com mãos trêmulas, sentindo um calafrio percorrer sua espinha. O cenário na foto era claramente sua casa, mas o ângulo... o ângulo só fazia sentido se tivesse sido tirada do lado de fora, pela janela.
Taehyung engoliu em seco, virando a foto para ver a data escrita atrás. Não batia. Ele não conhecia Jungkook na época indicada. Seu peito apertou com uma mistura de confusão e pânico. Era como se o chão sob seus pés estivesse desaparecendo.
Seu olhar voltou para a gaveta, onde viu algo ainda mais perturbador: uma pasta com seu nome escrito à mão. Tremendo, ele a pegou, hesitante. Antes que pudesse abri-la, uma voz grave e controlada quebrou o silêncio, gelando-o por completo:
— Procurando algo, hyung?
(...)
😬
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