Bônus. Quebra-me, querido.

Primeiramente, quero expressar minha imensa gratidão a todos que deram uma chance a essa história. Cada comentário, seja no Wattpad ou no TikTok, significou muito para mim. Saber que vocês gostaram da fanfic, e isso só reforçou minha vontade de continuar escrevendo nesse estilo.

Sempre fui apaixonada por filmes, séries e fanfics com essa pegada mais intensa e psicológica, mas sei que encontrar histórias assim pode ser um pouco difícil. (Pelo menos para mim) Por isso, foi gratificante poder trazer algo que ressoasse com vocês e ver o quanto se envolveram com a trama e os personagens.

Essa experiência me motivou ainda mais a explorar novas ideias e narrativas que tragam esse mesmo impacto emocional. Então, de coração, obrigada por cada leitura, cada comentário e cada demonstração de carinho. Vocês fazem tudo valer a pena.

Bom, agora fiquem com o bônus! ❤️

AVISO: ESSE CAPÍTULO CONTÉM INTENÇÃO DE ESTRUPO, AGRESSÃO FÍSICA, ASSASSINATO!!

Ele está com mais de 11k de palavras, é o maior capítulo que já escrevi 😭 por favor! Não deixem de comentar 💕

PS: se houver algum erro, palavras trocadas me avisem, o Wattpad as vezes dar uns bugs doidos.

(...)

O frio o envolvia como uma neblina cortante, penetrando em sua pele, fazendo seus músculos se contraírem em busca de calor. Taehyung estremeceu, tentando se mover, mas a pressão no pulso o fez parar imediatamente. Ele gemeu baixo, o peso do metal das algemas apertando contra sua pele sensível, queimando com a dor.

Com um esforço, ele piscou algumas vezes, forçando seus olhos a se ajustarem à penumbra ao seu redor. O quarto parecia se fechar sobre ele, as sombras dançando nas paredes escuras como se quisessem engoli-lo. O teto de madeira era baixo, parecendo pesar sobre seus ombros, e Taehyung sentiu a solidão em cada brecha de luz que escapava entre as tábuas.

Foi então que percebeu o metal frio que o prendia. Algemas.

Elas estavam tão apertadas que quase podiam cortar sua carne. O sangue não fluía corretamente, e a pele ao redor estava inflamada, vermelha e dolorida. A sensação de impotência era esmagadora, cada movimento só piorava o sofrimento. Ele engoliu em seco, tentando respirar fundo, mas a dor era persistente.

Com o coração batendo forte no peito, Taehyung virou lentamente o rosto, procurando algo que o tirasse daquela sensação de aperto. Seu olhar caiu sobre o colchão ao lado. Vazio. Não havia mais calor ali, não havia mais toque. O espaço ao seu lado estava gelado, como o vazio dentro de si.

E então ele viu.

Jungkook estava deitado no chão, sobre um colchão fino, seu corpo grande encolhido, como se tentasse se proteger do frio que os rodeava. Ele estava imóvel, mas Taehyung sabia que não dormia de verdade. Seus olhos estavam fechados, mas algo no ritmo da sua respiração, lento e profundo, denunciava que ele estava, na verdade, apenas à espreita. Observando.

Taehyung não sabia o que pensar sobre isso. O ódio, a raiva, estavam ali, mas algo mais também surgia, algo mais insidioso. Ele observou Jungkook por um longo tempo, a mente em confusão. Jungkook sempre fora um monstro para ele — obsessivo, controlador, implacável. Mas ali, naquele momento, com o corpo encolhido de uma maneira quase vulnerável, ele parecia... humano.

Frágil.

E Taehyung odiava essa constatação com toda a sua alma.

Odiava ainda mais o jeito que seu coração, sem querer, fraquejou.

Ele respirou fundo, tentando afastar qualquer pensamento impertinente. A dor no pulso não parava de latejar, e o frio fazia seu corpo tremer. Ele precisava de calor. Precisava de comida. Mas estava preso. Preso nas algemas, preso nessa situação insustentável. E Jungkook, ele sabia, ainda era seu carcereiro.

Seu estômago roncou com força, como um lembrete impiedoso da sua fome. A sensação de vazio dentro dele parecia mais forte a cada segundo. Ele não sabia quando havia comido pela última vez, mas sua pele gelada e o estômago vazio deixavam claro que já fazia tempo.

Taehyung engoliu em seco e, mesmo sabendo que poderia ser em vão, tentou chamar novamente, sua voz suave, quase tímida:

— Jungkook...

Nenhuma resposta.

Jungkook permanecia imóvel, o peito subindo e descendo de maneira lenta, controlada. A respiração tranquila dele parecia mais um aviso do que um consolo. Ele não estava dormindo, não realmente. Estava esperando.

Taehyung apertou os dentes, a paciência se esgotando. Ele sabia que não podia mais esperar. Ele precisava de algo. De qualquer coisa.

Ele tentou de novo, sua voz mais firme, mais exigente agora, quase um comando, mas ainda carregada de um cansaço desesperado:

— Jungkook... eu estou com fome e frio.

Um ruído baixo, um resmungo abafado, escapou de Jungkook. Ele não se mexeu imediatamente, mas a leve mudança na postura dele indicou que estava ciente da presença de Taehyung. O corpo dele se contorceu levemente, como se estivesse se preparando para se levantar.

Depois de alguns segundos, Jungkook finalmente se moveu, os músculos tensionando ao se erguer. Ele não olhou para Taehyung, mas os passos dele foram firmes, quase pesados, enquanto se dirigia até o guarda-roupa.

Com um suspiro audível, Jungkook abriu a porta do armário e puxou uma coberta grossa, seu corpo curvando-se para pegar o tecido. A luz fraca que entrava pela janela iluminava parcialmente seu rosto, e Taehyung pôde ver o olhar distante e enigmático em seus olhos.

Ele não disse nada, apenas jogou a coberta sobre o corpo de Taehyung, cobrindo-o até os ombros.

— Vou pegar seu jantar. — A voz de Jungkook soou fria, mas Taehyung percebeu que havia algo de diferente nela, como se a tensão de antes tivesse se dissipado um pouco.

O calor da coberta o envolveu, mas não foi suficiente para aquecer a frieza que ele sentia dentro de si.

Minutos depois, a porta se abriu novamente, e o cheiro quente de comida preencheu o ambiente. O estômago de Taehyung se revirou em resposta. Ele abriu os olhos e viu Jungkook se aproximando com um prato nas mãos.

O garoto  não disse nada enquanto se sentava na beira da cama, com os olhos escuros fixos nele. Taehyung se mexeu desconfortavelmente, sentindo o peso do olhar sobre si.

— Aqui. — A voz de Jungkook era baixa, controlada.

Ele ergueu uma colher com um pouco da sopa fumegante, soprando levemente antes de aproximá-la dos lábios de Taehyung. O escritor desviou o olhar, apertando os lábios.

— Eu posso comer sozinho.

A resposta veio no mesmo instante.

— Eu vou cuidar de você.

A afirmação de Jungkook fez algo no peito de Taehyung se contrair de forma estranha. Ele voltou os olhos para o garoto , encontrando aquele olhar firme, decidido.

O escritor respirou fundo. Ele não queria isso. Não queria precisar de Jungkook para nada. Mas as algemas ainda estavam ali, a fome ainda queimava.

Taehyung tremeu, sentindo os músculos doloridos de tanto se encolher. Ele tentou mexer os braços, mas o puxão seco no pulso o lembrou cruelmente de sua situação. O metal frio das algemas mordia sua pele sensível, às marcas arroxeadas já evidentes.

Engoliu em seco, respirando fundo

O vapor subia em espirais suaves, levando consigo o aroma reconfortante. O garoto manteve a colher suspensa por um momento, observando-o em silêncio antes de aproximá-la de seus lábios.

— Coma, Tae.

Taehyung hesitou novamente, mas a fome falava mais alto. Ele abriu levemente os lábios, permitindo que Jungkook lhe desse a primeira colherada. O líquido quente deslizou por sua garganta, aquecendo-o de dentro para fora.

Era reconfortante. O silêncio se alongou entre eles, quebrado apenas pelo som suave da respiração de ambos. Taehyung mordeu o lábio, sentindo o incômodo das algemas pulsando contra sua pele irritada. O desconforto já beirava o insuportável.

— Jungkook… — sua voz saiu baixa, trêmula. — Essas algemas… estão me machucando. Por favor, tira.

O fotógrafo parou. Seus olhos escuros pousaram sobre Taehyung, analisando-o com atenção, mas sua expressão permaneceu fria, impassível.

— Eu não posso. — Sua voz veio seca, sem qualquer hesitação. — Você acha que eu sou idiota? Que vai me enganar com esse tom de vítima?

Taehyung piscou rapidamente, as lágrimas ardendo em seus olhos, mas manteve o olhar nele.

— Eu não vou fugir. Eu prometo… — sua voz embargou, carregada de súplica.

Jungkook riu. Um som baixo, sem humor.

— Você promete? — Ele se aproximou em passos lentos, ameaçadores. — Acha que sua palavra vale alguma coisa para mim, Taehyung?

O loiro se encolheu quando Jungkook agarrou seu queixo com força, forçando-o a encará-lo.

— Você mente. Você sempre mente. — A voz dele era um rosnado, os dedos apertando sua pele. — Então pare de fingir.

Os olhos de Taehyung marejaram, mas ele se recusou a chorar na frente dele.

Jungkook o soltou com um empurrão brusco, fazendo seu corpo balançar sobre a cama.

— Jungkook...

— Eu já disse que não. E não me peça de novo.

O silêncio pesado se instalou no quarto, apenas a respiração irregular de Taehyung preenchendo o espaço. Seu coração batia forte, rápido, o medo e a raiva se misturando dentro dele.

Jungkook pegou a tigela com a sopa já morna e sentou-se na beira da cama, o olhar duro.

— Coma. Agora.

Taehyung fechou os olhos, sentindo o gosto amargo da humilhação subir por sua garganta.

Ele não queria comer.

Não queria nada que viesse de Jungkook.

Mas quando o outro segurou sua nuca e encostou a colher em seus lábios, seu corpo cansado cedeu.

Ele abriu a boca.

E deixou-se ser alimentado.

⌞ ⌝

Jungkook estava no banho, preparando-se para ir à faculdade. Mas, por mais que tentasse se concentrar nisso, seu pensamento estava em Taehyung. Ele não queria deixá-lo sozinho. A ideia de sair e não saber o que poderia acontecer em sua ausência o inquietava, mas ele também não podia simplesmente desaparecer do mundo exterior.

No quarto, Taehyung estava em pé diante da janela, observando a rua quase deserta. O movimento era mínimo, o silêncio do ambiente só acentuava a sensação de confinamento. Mas sua atenção logo foi desviada pelo som da porta do banheiro se abrindo.

Jungkook saiu, o corpo ainda úmido, uma toalha enrolada preguiçosamente em sua cintura. O vapor do banho quente ainda pairava ao redor dele, e algumas gotas de água deslizavam lentamente por sua pele. O escritor engoliu seco.

Ele mentiria se dissesse que não gostou da visão.

Seus olhos percorreram o peitoral desenhado, as tatuagens que contrastavam com a pele clara, o cabelo escuro desgrenhado. Tudo aquilo o fez lembrar da primeira noite que passaram juntos—o calor, os toques, os sussurros carregados de desejo.

Mas, percebendo a direção de seus próprios pensamentos, Taehyung desviou o olhar rapidamente.

No entanto, Jungkook percebeu.

O sorriso de canto surgiu nos lábios do mais novo enquanto ele se aproximava com passos lentos, determinados. Ele se inclinou sobre a cama, apoiando as mãos no colchão, reduzindo ainda mais a distância entre eles. Seu olhar afiado fixou-se no rosto de Taehyung, que tentava não transparecer sua inquietação.

— Taehyung… beija-me. — ordenou, a voz baixa, rouca, carregada de intenção.

O loiro comprimiu os lábios, fechando os olhos, tentando ignorar o arrepio que percorreu sua espinha.

Mas Jungkook não estava disposto a aceitar hesitação.

— Você quer — sussurrou contra sua pele. — Eu sei que quer.

Taehyung prendeu a respiração, sentindo a presença dele cada vez mais próxima. Seu corpo reagia antes mesmo que sua mente pudesse encontrar uma desculpa para se afastar.

Jungkook esperou. Ele não precisava forçar nada — Taehyung cederia.

E quando o escritor abriu os olhos novamente, a luta interna ainda era visível em seu olhar. Mas havia algo mais. Algo que Jungkook reconhecia bem.

Ele sorriu.

— Não fuja de mim.

E então, sem dar tempo para mais dúvidas, ele reduziu o espaço entre eles, suas bocas se encontrando em um beijo intenso, carregado de tudo o que as palavras não conseguiam expressar.

Quando Taehyung se afastou e encarou os olhos negros a sua frente, ele sussurrou:

— Eu vou matar você.

A voz de Taehyung saiu baixa, quase um sussurro, mas carregada de uma ameaça que ele queria que fosse real. No entanto, sua respiração ainda estava acelerada, os lábios umedecidos pelo beijo que mal havia terminado.

Jungkook sorriu. Um sorriso preguiçoso, divertido, como se as palavras do loiro não tivessem peso algum.

— Não, você não vai — murmurou, os olhos escuros brilhando com diversão. — Você nunca conseguiria. Porque quando finalmente percebeu, vai me amar intensamente.

Taehyung sentiu o peito arder de frustração. O jeito como Jungkook o lia, como se enxergasse todas as suas fraquezas, o irritava profundamente. Ele queria afastá-lo, queria odiá-lo, mas seu corpo ainda estava quente pelo toque dele.

Jungkook se moveu mais perto, a toalha ao redor da cintura ameaçando se desfazer a qualquer momento.

— Você já tentou antes — continuou, provocativo. — Mas sempre acaba voltando para mim.

O escritor crispou os dedos no lençol, como se precisasse de algo para se agarrar, algo para mantê-lo ancorado na realidade.

— Vai se atrasar para a faculdade. — Ele desviou o olhar, tentando recuperar algum controle.

— Eu deveria mesmo ir. — Jungkook assentiu, mas não se afastou. Em vez disso, inclinou-se, deixando um beijo provocante no maxilar do mais velho, sentindo-o prender a respiração. — Mas… talvez eu prefira ficar.

Taehyung apertou os olhos fechados, odiando o que aquele simples toque fazia com ele.

Jungkook riu baixo, satisfeito com a reação.

— Fique à vontade para me matar depois. Mas primeiro… pense no quanto você me quer agora.

E então, ele se afastou. Como se nada tivesse acontecido, foi até o guarda-roupa, pegou uma roupa qualquer e começou a se vestir.

Taehyung permaneceu imóvel, sentindo o coração bater contra as costelas.

Odiava Jungkook.

Odiava o poder que ele tinha sobre si.

Jungkook, agora com a calça já vestida, passou a toalha pelos cabelos úmidos antes de encará-lo com seriedade. Seu olhar percorreu o pulso algemado do mais velho, onde a pele estava vermelha e irritada pelo atrito constante do metal.

— Eu vou tirar as algemas — disse, a voz baixa, mas firme. — Mas você vai ficar no quarto. A porta estará trancada, a janela também.

Ele caminhou até a cômoda e pegou uma chave pequena, girando-a entre os dedos antes de se aproximar novamente da cama.

— Além disso, ninguém pode te ver por ela. — Acrescentou, lançando um olhar para a janela. — O vidro é escuro e à prova de som.

Taehyung o observou em silêncio, o maxilar travado. Aquelas palavras deixavam claro que, mesmo sem as algemas, ele continuava sendo um prisioneiro.

Jungkook ajoelhou-se na cama, pegando seu pulso com delicadeza inesperada. O toque quente contrastava com o frio do metal ao redor da pele de Taehyung. Ele sentiu os dedos do fotógrafo deslizarem sobre seu pulso, um toque leve antes de a fechadura ser destrancada com um clique suave.

Assim que as algemas se soltaram, Taehyung puxou a mão para si, massageando o local dolorido.

— Você acha mesmo que eu tentaria fugir? — perguntou, sem esconder o tom irônico.

Jungkook inclinou a cabeça, um meio sorriso brincando em seus lábios.

— Acho.

— E você ainda insiste em agir como se estivesse me protegendo. — Taehyung soltou uma risada seca. — Você realmente acredita nisso?

Jungkook não respondeu de imediato. Em vez disso, se inclinou um pouco mais, os olhos escuros mergulhando nos de Taehyung.

— Eu não acredito, eu sei. — sussurrou.

O silêncio entre eles se tornou denso, carregado de coisas não ditas.

Então, Jungkook se afastou, pegando a camisa que estava dobrada sobre a cadeira.

— Vou buscar algo para você comer.

Ele disse isso de forma casual, como se não estivesse deixando Taehyung sozinho e trancado em um quarto. Como se aquilo fosse normal.

O loiro não respondeu. Apenas o observou caminhar até a porta, destrancá-la e sair sem olhar para trás.

A fechadura girou com um estalo seco.

Taehyung permaneceu sentado, sentindo o peso invisível da situação sobre seus ombros.

Ele finalmente estava sem as algemas. Mas ainda não estava livre.

A sensação de liberdade parcial era quase irônica. Taehyung passou os dedos pelo pulso, ainda sentindo o latejar da pele marcada.

Ele caminhou pelo quarto, explorando o espaço limitado ao qual estava confinado. Seus olhos pousaram sobre o guarda-roupa, e, movido por uma mistura de curiosidade e irritação, ele abriu a porta.

No meio das roupas bem organizadas, seu olhar encontrou algo que fez seu estômago revirar: fotos.

Suas fotos.

Algumas impressas e outras presas por ímãs na parte interna da porta do guarda-roupa. Imagens suas caminhando na rua, lendo em um café, até mesmo uma de costas, olhando o horizonte. Cada uma delas era um lembrete de que Jungkook o observava há muito tempo.

Taehyung revirou os olhos, sentindo o incômodo crescer dentro de si. Pegou um short preto de moletom e uma regata simples. Precisava urgentemente de um banho, precisava se sentir limpo, menos sufocado.

Antes que pudesse fazer qualquer outra coisa, a porta do quarto se abriu.

Jungkook entrou segurando uma bandeja com comida, os olhos imediatamente recaindo sobre a figura de Taehyung. O loiro estava de costas, parado diante do guarda-roupa.

Ele não precisou ver seu rosto para perceber a tensão em seu corpo.

— Eu posso tomar um banho? — Taehyung perguntou, sem se virar. Sua voz era carregada de desafio. — Ou isso também está proibido?

Jungkook pousou a bandeja sobre a mesa ao lado da cama e sorriu, divertido.

— Fique à vontade, meu amor.

Taehyung finalmente virou-se, estreitando os olhos para o mais novo.

— Não me chame assim.

Jungkook apenas inclinou a cabeça, como se achasse engraçado o modo como Taehyung tentava manter o controle, mesmo preso ali.

— Como quiser, Taehyungie.

O loiro cerrou os punhos, mas não disse mais nada. Pegou as roupas e caminhou até o banheiro sem olhar para trás, trancando a porta atrás de si.

O som da água correndo preencheu o silêncio do quarto.

Jungkook suspirou, passando os dedos pelos cabelos ainda úmidos.

Ele sabia que Taehyung o odiava.

Mas ele também sabia que o ódio e o desejo, às vezes, andavam lado a lado.

⌞ ⌝

Taehyung suava frio.

Seu corpo tremia, a respiração entrecortada, o peito subindo e descendo de forma descompassada. Ele se mexia sobre a cama, o rosto crispado em agonia, os dedos se fechando e abrindo sobre o lençol como se tentasse agarrar algo que não estava lá.

Dentro de sua mente, tudo era caos.

Ele corria. Corria por um corredor escuro e sem fim, os pés descalços arranhando o chão áspero. Atrás dele, passos pesados ecoavam, se aproximando rápido demais. O medo pulsava em seu peito, queimava sua garganta, mas ele não conseguia gritar.

A mão fria e cruel agarrou seu tornozelo, puxando-o com força. Taehyung caiu, o impacto ressoando por todo o seu corpo. O chão abaixo dele parecia ganhar vida, mãos saindo das sombras para prendê-lo, puxá-lo para dentro da escuridão sufocante.

— Não…! — Sua voz era um sussurro desesperado, engolido pelo vazio.

O toque gelado deslizou por seu rosto, descendo até sua garganta, apertando, apertando…

Ele não conseguia respirar.

Os olhos selvagens o encaravam, brilhando como duas fendas de puro ódio no meio da escuridão. Vozes sussurravam seu nome em tom de deboche, zombando de seu desespero.

— Você nunca será livre, Taehyung.

Ele tentou lutar, tentou empurrar o peso sobre ele, mas era inútil. O cheiro de sangue encheu suas narinas quando uma lâmina afiada pressionou contra sua pele.

Então veio a dor.

Profunda. Cega.

Ele sentiu cada corte, cada pedaço de si sendo dilacerado, mas não conseguia acordar.

Não conseguia fugir.

— Acorda.

A voz era distante, mas furiosa.

— Taehyung, porra, acorda!

As sombras se despedaçaram de repente, e ele engasgou, puxando o ar com um soluço desesperado.

Seus olhos se abriram, arregalados, e a primeira coisa que viu foi Jungkook segurando seus ombros, o olhar tempestuoso.

— Que merda foi essa?

O corpo de Taehyung ainda tremia. O suor escorria por sua pele, seus pulmões queimavam, a mente atordoada pelo horror do pesadelo.

Seus olhos foram até suas mãos e, por um momento, ele esperou ver sangue nelas.

Mas não havia nada.

Nada além do eco do medo em seu peito.

Taehyung piscou, tentando afastar a névoa do pesadelo, mas seu corpo ainda tremia. O ar parecia denso, pesado em seus pulmões, e o suor frio colava seus cabelos à testa.

— Taehyung. — A voz de Jungkook era mais baixa agora, mas ainda carregava impaciência.

O loiro engoliu em seco, os olhos vacilantes enquanto encarava o homem à sua frente. A raiva costumeira ainda estava ali, nos traços rígidos de Jungkook, mas havia algo mais profundo em seu olhar. Algo que Taehyung não conseguia decifrar.

Antes que percebesse, seu corpo se moveu sozinho.

Ele se lançou para frente, agarrando Jungkook pelo tronco, enterrando o rosto em seu peito. Seu coração ainda martelava forte, e ele não conseguiu impedir o soluço que escapou de seus lábios.

Jungkook ficou tenso por um momento, o corpo rígido sob o toque súbito. Mas então, lentamente, ele relaxou.

Seus braços se moveram ao redor de Taehyung, apertando-o contra si.

— Foi só um pesadelo. — murmurou, sua voz soando mais grave, arrastada. — Não aconteceu nada.

Mas Taehyung não conseguia responder.

Seu corpo ainda sentia a dor, ainda lembrava o peso esmagador, o frio cortante.

— Eu… — Ele engasgou na própria voz, o aperto ao redor do tecido da camisa de Jungkook se intensificando. — Eu vi… sangue…

Jungkook suspirou, passando uma mão firme por suas costas, em um gesto quase inconsciente.

— Foi só um sonho, Taehyung.

Mas não parecia apenas um sonho.

Parecia real. Real o suficiente para fazer seu corpo se dobrar em desespero, para fazer suas pernas perderem a força, para fazer seu coração querer sair de seu peito.

Jungkook o segurou com mais firmeza, sustentando seu peso como se Taehyung não fosse nada além de algo frágil demais para ser deixado cair.

— Você está comigo agora. — Jungkook murmurou contra seus cabelos.

E, por mais que odiasse admitir, Taehyung se agarrou a isso.

⌞ ⌝

Semanas haviam se passado.

Aos poucos, Jungkook foi concedendo a Taehyung mais "liberdade". Não significava que ele estava livre, mas pelo menos já não havia algemas, e ele podia circular pela casa sem ser vigiado o tempo todo.

Agora, Taehyung estava no banheiro, deixando a água quente deslizar por seu corpo. O vapor preenchia o pequeno espaço, enevoando o espelho e aquecendo seus músculos cansados. Ele se preparava para uma noite de filmes, algo que Jungkook havia sugerido — uma tentativa estranha de normalidade dentro daquela relação distorcida.

Enquanto isso, na cozinha, Jungkook preparava pipoca. O cheiro amanteigado se espalhava pelo ar, misturando-se ao estalar das pequenas explosões dentro da panela. Mas Taehyung sabia que, por trás dessa imagem quase doméstica, Jungkook ainda era Jungkook. Ainda havia momentos em que sua agressividade aflorava, especialmente quando se irritava.

A diferença era que agora Jungkook não o machucava.

Ele machucava a si mesmo.

Taehyung viu tudo. Os olhos arregalados, o peito apertado sempre que presenciava o fotógrafo arranhando a própria pele, mordendo os próprios lábios até sangrar ou socando as paredes com tanta força que os nós de seus dedos ficavam vermelhos e inchados.

Uma vez, ele quebrou um copo na pia e cravou um dos cacos na própria palma da mão.

Taehyung nunca perguntou o motivo. Nunca teve coragem.

Um arrepio percorreu sua espinha ao ouvir a voz grave chamá-lo do outro lado da porta.

— Hyung, já terminou?

A água ainda caía, abafando o som de sua resposta. Mas Jungkook não esperou.

O box de vidro foi deslizado, e Taehyung estremeceu quando o ar frio encontrou sua pele molhada. Seu olhar subiu devagar, encontrando Jungkook parado ali, encarando-o.

Era sempre assim. Jungkook o observava como se ele fosse algo precioso, algo que ele jamais deixaria escapar. Taehyung sentiu o peso daquele olhar, intenso e possessivo.

Jungkook não deveria estar ali, mas não parecia se importar.

Ele inclinou a cabeça, os olhos percorrendo cada detalhe do corpo molhado à sua frente.

— Você é lindo. — murmurou, quase sem perceber que havia falado em voz alta.

Taehyung comprimiu os lábios, desviando o olhar, mas Jungkook sorriu de lado.

— Você se lembra do dia em que nos conhecemos?

A pergunta foi inesperada.

Taehyung franziu o cenho, voltando a encará-lo.

— Quando nos conhecemos…?

— No trem. Eu nunca tinha sentido nada por ninguém antes de você. — Sua voz era baixa, quase contemplativa. — Eu achava estranho. Via outras pessoas falando sobre desejo, sobre atração... mas nada nunca me afetava.

Taehyung permaneceu em silêncio.

— Mas quando te vi naquele dia, pela primeira vez, eu senti.

Os olhos de Jungkook escureceram.

— E naquela mesmo dia, quando cheguei em casa, eu me masturbei pela primeira vez pensando em você.

O coração de Taehyung disparou.

Jungkook deu um passo à frente.

— Desde então, você tem sido tudo pra mim.

Taehyung sentiu a garganta secar.

Ele não sabia se deveria sentir medo ou algo pior. Porque, no fundo, uma parte dele já não sabia mais como odiá-lo. Jungkook o fazia se sentir especial, de uma maneira estranha, mas fazia.

Jungkook fazia tudo para ele. Se ele quisesse comer alguma coisa, Jungkook comprava sem hesitar. Alguns dias atrás, ele tinha pedido para Jungkook buscar o notebook em sua casa, para que pudesse voltar a escrever, então, Jungkook o buscou sem nenhum problema, porém, com algumas manutenções.

Jungkook se aproximou, seus olhos escuros fixos em Taehyung, intensos e devoradores.

— E agora que eu sei como é, não posso perder você. Nunca.

Taehyung prendeu a respiração quando Jungkook ergueu a mão, os dedos roçando suavemente sua bochecha. O toque era quente, quase delicado, contrastando com a firmeza em sua voz.

— Você nasceu pra ser meu, Taehyung.

O loiro sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Algo dentro de si gritava para correr, para resistir. Mas outra parte, aquela que estava exausta de lutar, apenas ficou ali, imóvel, permitindo-se ser consumido por aquele olhar.

Taehyung, envergonhado, virou-se de costas, mas logo percebeu que não sabia o que era pior: encarar Jungkook ou se expor ainda mais. O olhar do mais velho deslizou lentamente para a bunda marcada pela sunga, e seu peito subiu e desceu em um ritmo controlado ao perceber a excitação crescente do mais novo.

Sem pressa, Jungkook tirou a camisa, deixando-a cair no chão molhado do box. Taehyung estremeceu ao ver a regata preta abandonada, sentindo a tensão aumentar entre eles. A respiração do loiro vacilou quando uma mão firme deslizou por sua cintura, puxando-o para trás. Seu corpo enrijeceu ao sentir a ereção de Jungkook pressionar-se contra ele, o calor se espalhando perigosamente entre as bandas de sua bunda.

— Só você consegue me deixar assim… — Jungkook sussurrou contra sua pele úmida, a respiração quente fazendo Taehyung estremecer.

O loiro sentiu o coração disparar, as palavras soando estranhamente doces, mesmo envoltas naquele tom sombrio que sempre acompanhava Jungkook.

— Jungkook… — sua voz saiu mais como um sussurro hesitante.

O fotógrafo deslizou a ponta do nariz por sua nuca, inspirando fundo, como se gravasse o cheiro do outro em sua memória.

— Eu nunca vou te obrigar a fazer sexo. — murmurou, os dedos apertando suavemente a cintura do mais velho. — Você, apenas estando ao meu lado, já é mais do que suficiente.

Taehyung abriu os olhos, os lábios se entreabrindo em um suspiro silencioso. A confusão dentro de si só crescia. Ele sabia que deveria temê-lo, odiá-lo… mas por que seu corpo não reagia assim?

Jungkook afastou-se um pouco, os olhos escuros escaneando o loiro, como se procurasse por algo ali. Taehyung sentiu o olhar pesado, mas não recuou. Em vez disso, sua língua passou involuntariamente pelos próprios lábios, sentindo-os secos, e Jungkook seguiu o movimento, fixando-se neles por um instante.

O silêncio entre os dois era cortante, preenchido apenas pelo som da água caindo ao redor.

Então, Jungkook quebrou a distância mais uma vez, os dedos subindo da cintura para a nuca de Taehyung, prendendo-o ali.

— Você sabe que eu faria qualquer coisa por você… não sabe? — a voz dele era baixa, rouca, carregada de algo que Taehyung não conseguia decifrar.

O loiro sentiu um nó apertar na garganta.

Sabia.

Sabia bem demais.

O silêncio entre os dois era cortante, preenchido apenas pelo som da água caindo ao redor.

Taehyung sentia seu coração martelando contra o peito, a respiração presa na garganta. Ele não conseguia ignorar o calor que emanava de Jungkook, o jeito como os dedos fortes seguravam sua nuca, como se o impedissem de escapar.

Mas ele não queria fugir.

Engolindo em seco, virou-se lentamente, ficando de frente para o fotógrafo. Seus olhos se encontraram, e por um instante, parecia que o tempo tinha parado.

Jungkook ainda o observava com aquela intensidade sufocante, os lábios entreabertos, o peito subindo e descendo em um ritmo pesado.

E então, sem pensar, sem hesitar, Taehyung agarrou o rosto dele e o puxou para um beijo.

Foi desesperado. Quente. Selvagem.

Jungkook soltou um grunhido baixo contra seus lábios antes de retribuir, e em um movimento rápido, o empurrou contra a parede fria do box. O impacto fez Taehyung soltar um arfar surpreso, mas antes que pudesse reagir, Jungkook já estava sobre ele, o corpo pressionando-o contra os azulejos gelados.

As mãos grandes deslizaram pela lateral de seu corpo, apertando sua cintura com força, enquanto seus lábios o devoravam sem controle. O beijo era afoito, quase brutal, a língua invadindo sua boca, exigente, faminta.

Taehyung gemeu contra os lábios do outro, sentindo a cabeça girar. As unhas cravaram-se nos ombros largos de Jungkook, tentando se segurar, tentando acompanhar a intensidade daquele momento.

O fotógrafo afastou-se por um breve segundo, apenas para encarar o loiro com olhos escuros, dilatados de desejo.

— Você não faz ideia do que está fazendo comigo… — a voz dele saiu rouca, quase um rosnado.

Mas Taehyung sabia.

Jungkook não esperou resposta. Voltou a capturar os lábios de Taehyung em um beijo urgente, cheio de desejo reprimido. As línguas se encontravam de forma faminta, explorando, reivindicando. O toque de Jungkook era feroz, possessivo, como se ele quisesse marcar cada centímetro do loiro apenas com os lábios e as mãos.

A água quente escorria pelos corpos colados, intensificando o calor que queimava entre eles. Taehyung arfava contra os lábios do mais novo, sentindo as mãos grandes deslizarem por suas costas molhadas até segurarem firme sua cintura, puxando-o ainda mais para si.

Os dedos de Jungkook apertavam sua pele com força, deixando claro o quanto ele se segurava para não ir além. Seus beijos eram ofegantes, desesperados, os dentes raspando contra os lábios do mais velho antes de mordiscá-los, arrancando pequenos suspiros e gemidos de Taehyung.

Taehyung sentia a respiração falhar, o corpo ceder ao toque firme, às carícias intensas. As mãos trêmulas deslizaram pelos braços fortes do mais novo até se agarrarem em sua nuca, puxando os fios molhados e aprofundando ainda mais o beijo, como se quisesse se perder completamente naquele momento.

Jungkook grunhiu, as unhas cravando-se na pele alva do loiro antes de afastar os lábios apenas o suficiente para encará-lo. O olhar que lançou a Taehyung era de puro desejo, mas também de algo mais… algo perigoso, algo viciante.

— Você me deixa louco… — ele murmurou, a voz rouca e carregada de necessidade.

Taehyung apenas mordeu o lábio inferior, sem forças para responder.

Estava entregue.

Jungkook deslizou as mãos pela cintura de Taehyung, os dedos pressionando sua pele úmida antes de virá-lo contra o azulejo frio. O choque térmico arrancou-lhe um suspiro trêmulo, e ele sentiu a respiração quente de Jungkook contra sua nuca, uma promessa silenciosa do que estava por vir.

— Afaste as pernas. — A ordem veio baixa e rouca, carregada de posse.

Taehyung obedeceu, os músculos da coxa se contraindo em um reflexo involuntário. Seu peito subia e descia em um ritmo acelerado, o corpo inteiro atento ao toque firme e paciente de Jungkook, que deslizava as mãos por sua pele molhada, traçando caminhos de fogo em meio à umidade morna.

Quando os dedos do mais novo exploraram sua entrada, pressionando sem pressa, Taehyung arfou, a cabeça tombando contra o ombro. O toque era provocativo, apenas o suficiente para deixá-lo ansiando por mais, mas sem lhe dar o alívio que tanto precisava.

— Jungkook… — A voz saiu arrastada, quase um lamento.

Ajoelhado atrás dele, Jungkook segurou seu quadril, mantendo-o exatamente onde queria. A língua quente traçou um caminho lento, acompanhada pelo deslizar dos dedos cada vez mais ousados. Taehyung tremeu sob a combinação de estímulos, os gemidos se tornando impossíveis de conter.

— Vou te deixar bem molhado.

A voz de Jungkook soou baixa e promissora contra a pele sensível de Taehyung, cada palavra vibrando em sua espinha como um juramento. Ele sentiu os dedos firmes se aprofundarem um pouco mais, trabalhando-o com paciência e precisão, arrancando dele um gemido abafado.

Seus dedos se curvaram contra os azulejos frios, buscando apoio enquanto o outro aumentava a intensidade de seus movimentos, sentindo-o penetrar com a língua e os dedos. Um arrepio percorreu seu corpo quando sentiu os lábios quentes pressionarem a curva de sua lombar, seguido por mordidas suaves que o fizeram estremecer.

— Você é tão obediente… — Jungkook murmurou contra sua pele, o tom rouco carregado de aprovação. — Mas eu quero ouvir mais de você.

Ele deslizou as mãos pelos quadris de Taehyung, puxando-o levemente para trás, obrigando-o a se inclinar mais. O novo ângulo fez o prazer se intensificar, e um gemido escapou de seus lábios sem que ele pudesse evitar.

Jungkook sorriu contra sua pele antes de continuar. Seus toques eram hábeis, explorando cada ponto sensível com maestria, sabendo exatamente como arrancar cada reação.

— Isso… — Ele sussurrou, os olhos escuros fixos em cada detalhe do corpo submisso à sua frente. — Quero que se entregue completamente para mim.

Jungkook segurou os quadris de Taehyung com firmeza, os dedos apertando sua pele molhada enquanto ele se inclinava ainda mais, deixando claro que não pretendia aliviar a tensão que havia construído.

A sucção firme arrancou um gemido alto de Taehyung, que arqueou as costas involuntariamente, os dedos escorregando contra o azulejo úmido. Jungkook não deu espaço para que ele se acostumasse à sensação; explorava-o sem pressa, saboreando cada reação, cada tremor que percorria seu corpo.

— J-Jungkook… — O nome dele escapou em um sussurro entrecortado, a voz trêmula de puro prazer.

Mas Jungkook não estava satisfeito. Ele segurou Taehyung ainda mais firme, controlando seus movimentos, decidindo exatamente quanto ele deveria sentir e quando.

— Você gosta quando eu te tomo assim, não é? — Jungkook murmurou contra sua pele, a voz carregada de satisfação. — Gosta de se perder em mim.

Taehyung apenas assentiu, incapaz de formar palavras coerentes enquanto seu corpo respondia avidamente a cada nova investida.

Jungkook sorriu contra ele antes de aprofundar ainda mais seu toque, sua boca explorando com mais intensidade, sem hesitar na entrada que pulsava.

Ele queria Taehyung entregue, completamente submisso sob seu controle, e não pararia até que ele estivesse exatamente onde queria: implorando, tremendo, perdido no prazer que apenas ele poderia lhe dar.

— A-acho que… que vou gozar… — Taehyung arfou, a voz entrecortada pelo prazer avassalador que fazia seu corpo inteiro estremecer.

Os olhos reviraram quando os estímulos se tornaram quase insuportáveis.

Jungkook não respondeu. Apenas deslizou a língua uma última vez sobre a entrada sensível e pulsante antes de se afastar, observando com satisfação a forma como Taehyung tremia sob seu toque.

Ele se levantou, os olhos escuros brilhando com desejo enquanto se livrava do próprio short. Seu membro estava duro, pulsante, a ponta já úmida pelo pré-gozo.

Ele passou dois dedos sobre a entrada de Taehyung, massageando lentamente, provocando, sentindo-o se inclinar para trás, ansioso por mais. Um sorriso satisfeito surgiu em seus lábios enquanto ele usava a outra mão para agarrar a cintura de Taehyung, aproximando seus corpos.

O escritor sobressaltou ao sentir o membro rígido deslizar entre suas nádegas quentes, o contraste do toque forte e do deslizar suave arrancando-lhe um gemido trêmulo.

— Taehyung… — Jungkook murmurou contra sua pele, traçando uma trilha de beijos molhados pelo pescoço, os dedos ainda trabalhando-o lentamente. — Você é o meu único… assim como eu sou o seu único. Apenas eu vou te amar verdadeiramente, apenas eu vou te fazer sentir especial.

As palavras se infiltraram fundo em Taehyung, muito além da luxúria. Ele já tivera relacionamentos antes, todos breves, todos terminando da mesma forma: abandono. Nenhum de seus antigos parceiros suportou suas recaídas, seus pesadelos constantes, suas sombras. Muitos o chamaram de louco, de instável… mas nenhum soube a verdade. Nenhum conhecia o que ele via, o que ele sentia, os horrores que assombravam suas noites.

Mas Jungkook… ele parecia enxergar através dele.

— Jungkook… — Taehyung sussurrou, os olhos marejados, sua voz carregada de algo além do desejo — uma necessidade crua, quase desesperada. — Você promete? Promete que nunca vai me deixar… nunca vai me abandonar, nunca vai me trair?

Jungkook afastou-se apenas o suficiente para encará-lo, os olhos intensos como brasas ardentes.

— Nunca, meu amor. — Sua voz era firme, definitiva.

E Taehyung quis acreditar.

Jungkook segurou Taehyung pela cintura, puxando-o para longe do azulejo frio. Seus movimentos eram firmes, sem hesitação, guiando-o até a privada mais próxima. Taehyung seguiu sem questionar, o coração martelando no peito, os sentidos aguçados pelo desejo e pela expectativa.

Quando chegaram ao destino, Jungkook pressionou levemente seus ombros, indicando que queria que ele se inclinasse. Taehyung obedeceu, apoiando as mãos sobre a tampa fechada, sentindo o outro se aproximar logo atrás.

O ar quente do banheiro era cortado apenas pelo som da respiração pesada de ambos, misturando-se ao barulho distante da água ainda escorrendo pelo chuveiro.

Jungkook deslizou as mãos pelas costas de Taehyung, descendo devagar até suas nádegas expostas e molhadas. Ele mordeu o próprio lábio ao admirar a visão à sua frente, os olhos brilhando com pura posse antes de erguer a mão e estalá-la contra a pele macia.

O som ecoou pelo banheiro, arrancando um gemido ofegante de Taehyung, que se segurou mais firme na borda da privada, o rosto corado pelo calor que percorreu seu corpo.

— Você gosta, não é? — Jungkook provocou, deslizando os dedos pela marca avermelhada que acabara de deixar, antes de dar outro tapa, dessa vez um pouco mais forte.

Taehyung mordeu os lábios, tentando conter a resposta que ameaçava escapar, mas Jungkook não queria silêncio. Ele segurou seu quadril e inclinou-se sobre ele, sua respiração quente roçando a nuca do mais novo.

— Fala pra mim — exigiu, a voz rouca e baixa. — Quero ouvir da sua boca.

Taehyung respirou fundo, os olhos fechando-se por um instante antes de finalmente admitir, num sussurro trêmulo:

— Eu gosto… gosto quando você me toca assim.

Jungkook sorriu contra sua pele, satisfeito com a resposta. Então, sem aviso, deslizou a mão entre as pernas de Taehyung, pronto para reivindicar cada pedaço dele da maneira que desejava.

Taehyung abaixou a cabeça, os cabelos úmidos caindo sobre seu rosto enquanto tentava recuperar o fôlego. Seu corpo tremia, tomado pelo calor e pelo desejo avassalador que Jungkook despertava nele sem esforço.

Mas Jungkook não estava satisfeito.

Sem aviso, ele segurou a nuca de Taehyung e puxou-o para trás, fazendo-o arquear a coluna. Taehyung soltou um suspiro surpreso, os lábios entreabertos quando Jungkook se inclinou contra ele, sua respiração quente roçando sua orelha antes de deslizar para seu pescoço.

— Não esconda seu rosto de mim — Jungkook murmurou, sua voz baixa e carregada de posse.

Taehyung estremeceu ao sentir os lábios quentes pressionando sua pele, uma trilha de beijos molhados subindo até sua mandíbula. Quando Jungkook chegou aos seus lábios, ele não hesitou. O beijo foi intenso, faminto, dominador. Sua língua invadiu a boca do mais velho sem pedir permissão, tomando tudo para si enquanto sua mão ainda segurava firme sua garganta, controlando seus movimentos.

O corpo de Taehyung cedeu, a coluna se curvando ainda mais, a entrega sendo absoluta. Sua bunda, empinando-se ainda mais.

O calor de Jungkook o envolvia por completo, seu corpo forte pressionando-se contra suas costas, cada centímetro de contato acendendo ainda mais o fogo dentro dele.

— Você é só meu, Taehyung — Jungkook sussurrou contra seus lábios, os olhos escuros e famintos.

Taehyung arfou os braços trêmulos enquanto se segurava na borda do vaso. Seus joelhos quase cederam quando Jungkook se moveu novamente, enterrando-se fundo e arrancando-lhe um gemido entrecortado.

— Hyung… — Jungkook riu baixo contra sua nuca suada, satisfeito com a visão do mais velho arqueando-se sob seu toque.

Ele deslizou as mãos possessivamente pela cintura fina de Taehyung, puxando-o para si, assegurando-se de que cada estocada fosse sentida no mais profundo de seu ser.

Taehyung mordeu o lábio com força, tentando conter os sons que ameaçavam escapar, mas falhou miseravelmente quando Jungkook segurou seu cabelo, puxando-o levemente para trás para que seu pescoço ficasse exposto.

— Está tentando se segurar? — A voz rouca do mais novo soou provocativa contra sua orelha. — Não precisa, hyung… quero ouvir cada som que você fizer para mim.

Ele ajustou o ritmo, mais fundo, mais intenso, arrancando um soluço arrastado de Taehyung, que apertou ainda mais os dedos ao redor do vaso, sua única âncora no meio daquela tempestade avassaladora de sensações.

— J-Jungkook… — O nome do fotógrafo escapou num fio de voz, a cabeça tombando para frente enquanto seu corpo se rendia completamente.

Jungkook passou a língua pelo lóbulo da orelha do mais velho, sua respiração quente fazendo Taehyung se arrepiar. Ele deslizou uma das mãos pelo abdômen do loiro, descendo perigosamente até envolver sua mão no pênis ereto do escritor, com os dedos firmes, sincronizando os movimentos com suas investidas.

— Quero que goze para mim, hyung… agora — ordenou, sua voz densa de desejo.

Taehyung não conseguiu resistir. Sua mente ficou em branco quando o prazer o atingiu como uma onda devastadora, seu corpo inteiro se contraindo ao redor de Jungkook, arrancando um grunhido baixo do mais novo antes que ele também cedesse ao próprio ápice, enterrando-se fundo uma última vez.

O banheiro ficou em silêncio por um momento, exceto pelas respirações ofegantes de ambos.

— Vem para mim, Taehyung — Jungkook rosnou baixo em seu ouvido, a respiração quente contra sua pele.

Jungkook riu baixo, afastando-se minimamente apenas para espalhar beijos pela nuca suada do mais velho. Ele ajustou o ângulo e, dessa vez, as investidas atingiram exatamente o ponto certo, arrancando um gemido entrecortado de Taehyung. As pernas do loiro vacilaram, quase cedendo ao prazer intenso que o dominava.

A virilha de Jungkook se chocava contra sua bunda em um ritmo firme e acelerado, o som ecoando pelo banheiro, se misturando aos gemidos pesados e à respiração ofegante de ambos. Era quase uma melodia perfeita, uma sinfonia de puro desejo.

Taehyung nunca achou o sexo particularmente bom. Sempre sentiu que algo estava errado, que faltava alguma coisa, mas agora, debruçado sobre o vaso, sendo tomado por Jungkook sem nenhuma delicadeza, ele percebeu que o problema nunca foi ele. Foi a escolha errada de parceiros. Nenhum deles sabia tocá-lo como Jungkook fazia. Nenhum deles sabia como despi-lo de toda a sua resistência e fazê-lo se render por completo.

— Tão lindo assim, hyung — Jungkook murmurou contra sua pele, suas mãos apertando firmemente a cintura fina do mais velho, guiando cada movimento. — Se contorcendo todinho para mim…

Taehyung gemeu, a cabeça tombando para trás, entregando-se completamente ao prazer avassalador.

— J-Jungkook… mais, por favor. — Sua voz saiu embargada, as palavras quase sem sentido no meio dos suspiros e gemidos incontroláveis.

Jungkook apenas sorriu satisfeito, mordiscando a nuca do mais velho antes de deslizar uma mão pela sua barriga trêmula, descendo até onde ele mais precisava. Quando seus dedos envolveram-no, Taehyung arqueou as costas, revirando os olhos, o corpo inteiro tremendo.

— Isso… vem para mim, hyung — o garoto sussurrou, sua voz rouca e carregada de desejo.

Taehyung não conseguiu resistir. O ápice o atingiu com força, seu corpo se contraindo violentamente ao redor de Jungkook, fazendo o garoto soltar um grunhido rouco antes de finalmente se derramar dentro dele.

O corpo de Taehyung tremeu dos pés à cabeça enquanto ele atingia o clímax, um gemido longo e entrecortado escapando de sua boca. O prazer explodiu dentro dele como uma onda devastadora, arrancando-lhe o ar dos pulmões. Seu esperma quente sujou sua própria barriga e escorreu até o chão frio do banheiro, formando pequenos rastros brancos sobre o azulejo.

Jungkook assistiu à cena com os olhos escurecidos pelo desejo, fascinado pelo jeito como Taehyung se desmanchava sob seu toque. Seu nome saía repetidamente dos lábios do mais velho, um sussurro quase implorativo, e isso foi suficiente para empurrá-lo ao próprio limite.

Ele enterrou-se fundo uma última vez, sentindo o aperto intenso ao redor de si, e então o prazer o dominou por completo. Um grunhido rouco escapou de sua garganta enquanto ele se derramava dentro de Taehyung, preenchendo-o com tudo o que tinha. Seu corpo inteiro estremeceu, os músculos retesando-se antes de, finalmente, relaxar contra o mais velho.

O banheiro ficou em silêncio por alguns segundos, exceto pelas respirações descompassadas de ambos. O vapor do ambiente tornava tudo ainda mais abafado, seus corpos suados colados um no outro.

Jungkook passou a língua pelos lábios, ainda ofegante, e sorriu satisfeito ao ver Taehyung praticamente desfalecido contra a borda do vaso, as pernas tremendo levemente.

— Você está bem, hyung? — perguntou, a voz arrastada pelo cansaço e pelo prazer recém-saciado.

Taehyung soltou um suspiro pesado, os olhos semicerrados, ainda tentando recuperar os sentidos.

— Você acabou comigo… — murmurou, o tom manhoso e carregado de exaustão.

Jungkook riu baixo, deslizando as mãos pela cintura do mais velho antes de beijar sua nuca suada. E então deslizou os dedos pela barriga suja do mais velho, espalhando parte da sujeira antes de levá-los à boca, lambendo-os lentamente.

— Você tem um gosto incrível… — murmurou, o olhar faminto recaindo sobre Taehyung novamente.

O loiro gemeu baixinho, estremecendo ao sentir o toque do mais novo ainda brincando com seu corpo sensível.

— J-Jungkook… chega — tentou protestar, sua voz quase inaudível.

Jungkook riu, finalmente cedendo.

— Tá bom, tá bom. Mas só porque você vai precisar de um banho depois disso.

Ele então passou os braços ao redor da cintura do mais velho e o ergueu com facilidade, ignorando o protesto fraco de Taehyung.

— Anda, hyung… vamos limpar essa bagunça.

E, sem esperar resposta, carregou Taehyung diretamente para o chuveiro.

⌞ ⌝

— Parabéns pra você, parabéns pra você…

A voz suave e carinhosa de Jungkook foi a primeira coisa que Taehyung ouviu ao despertar. Seus olhos se abriram lentamente, piscando algumas vezes enquanto tentava se acostumar com a claridade suave do quarto.

À sua frente, Jungkook segurava uma bandeja cuidadosamente arrumada com um café da manhã especial. O cheiro de café fresco misturava-se ao aroma adocicado de panquecas, e havia até uma pequena vela acesa sobre um bolinho.

Taehyung sorriu, sentando-se na cama enquanto se espreguiçava preguiçosamente, o corpo ainda envolto pelo calor dos lençóis.

— O que é tudo isso, amor? — perguntou, a voz ainda carregada de sono, enquanto bocejava.

Jungkook inclinou a cabeça de lado, um sorriso brincando em seus lábios antes de responder:

— Feliz aniversário, meu amor. Trinta aninhos.

O mais velho sentiu o coração aquecer com as palavras e, sem hesitar, passou os braços ao redor do pescoço do mais novo, puxando-o para um abraço apertado. Jungkook riu contra sua pele, equilibrando a bandeja com cuidado enquanto sentia o calor do corpo de Taehyung contra o seu.

— Você é o melhor — Taehyung murmurou antes de puxá-lo para um beijo lento e carinhoso, saboreando o momento.

Jungkook sorriu contra os lábios dele, aproveitando o toque antes de se afastar levemente.

— Eu sei — brincou, piscando para o mais velho. — Agora, faz um pedido antes de apagar a vela.

Taehyung olhou para o pequeno bolo na bandeja, o fogo tremulando delicadamente. Ele fechou os olhos por um instante, desejando em silêncio tudo o que seu coração ansiava.

Então, abriu os olhos e apagou a vela com um sopro suave.

— O que você pediu? — Jungkook perguntou, curioso.

Taehyung sorriu, pegando a mão do mais novo e entrelaçando seus dedos nos dele.

— Se eu contar, não vai se realizar, né?

Jungkook bufou, fingindo uma expressão contrariada.

O mais novo revirou os olhos antes de pegar um pedaço do bolo e levá-lo até a boca de Taehyung, que mordeu sem hesitar, soltando um pequeno gemido satisfeito ao saborear o doce.

— Hm… Tá perfeito — murmurou, lambendo os lábios.

Jungkook observou o gesto com os olhos brilhando e um sorriso travesso no rosto.

— É, mas tem outra coisa que eu quero te dar de presente…

Taehyung arqueou uma sobrancelha, desconfiado.

— O quê?

O estudante deixou a bandeja de lado e se inclinou sobre o mais velho, segurando seu queixo suavemente.

— Eu — respondeu, a voz carregada de malícia antes de capturar os lábios do aniversariante em um beijo mais intenso.

Taehyung soltou um pequeno gemido contra a boca do mais novo, as mãos deslizando preguiçosamente pelas costas definidas de Jungkook. Ele se deixou envolver no beijo, sentindo o calor crescente entre os corpos até ser abruptamente esmagado contra o colchão.

— Ah! Jungkook…! — exclamou, rindo entre ofegos. — Você ainda tem que ir pra faculdade!

Jungkook grunhiu em protesto, enterrando o rosto no pescoço de Taehyung como uma criança mimada que não queria obedecer.

— Eu não quero ir… — murmurou contra a pele macia do mais velho, mordiscando-a de leve. — Quero ficar aqui com você.

Taehyung suspirou, sentindo os arrepios que as mordidas deixavam em sua pele. Ele deslizou os dedos pelo cabelo escuro de Jungkook, afastando algumas mechas que caíam sobre seus olhos.

— Podemos deixar para depois, uh? — sussurrou, brincando com os fios entre os dedos.

Jungkook ergueu a cabeça apenas o suficiente para encará-lo, os olhos brilhando com uma mistura de desejo e relutância.

— Você tá me tentando, sabia?

Taehyung sorriu, puxando-o para mais um beijo lento, provocante.

— Eu sei…

O estudante rosnou baixinho, deslizando as mãos pela cintura do aniversariante e pressionando seus corpos juntos novamente.

— Se eu perder a primeira aula, a culpa é sua — murmurou contra seus lábios.

— Eu aceito a culpa — Taehyung riu, arranhando levemente a nuca do mais novo. — Mas agora, levanta antes que eu mesmo te jogue da cama.

Jungkook bufou, rolando para o lado com um suspiro dramático.

— Isso é injusto…

Taehyung se levantou, pegando a bandeja do café da manhã e colocando-a na mesinha de cabeceira antes de se virar para o estudante, que ainda estava largado na cama, de olhos fechados.

— Se você for um bom menino e for pra faculdade, prometo que te recompenso depois — disse com um sorrisinho sugestivo.

Os olhos de Jungkook se abriram imediatamente, faiscando de interesse.

— É mesmo?

— Uhum — Taehyung confirmou, cruzando os braços. — Mas só se você não matar aula.

O estudante revirou os olhos, mas, no fim, acabou se levantando da cama.

— Você é cruel — resmungou, indo em direção ao banheiro.

— Eu sou justo — Taehyung corrigiu, rindo. — Agora anda logo, ou eu retiro a oferta.

Jungkook não perdeu tempo. Afinal, ele definitivamente queria a recompensa depois.

⌞ ⌝

Três meses haviam se passado, e a vida de Taehyung havia mudado completamente. Ele já saía sozinho sem problemas e, sem hesitação, decidiu alugar sua antiga casa, optando por viver definitivamente com Jungkook. No entanto, aquela ainda não era a casa dos sonhos—eles queriam algo maior, algo que refletisse melhor o futuro que estavam construindo juntos.

Os pais de Jungkook eram donos de grandes empresas, e, apesar de não ter uma formação em administração, Jungkook herdaria os negócios. Inteligente e observador, ele acompanhava os pais trabalhando, absorvendo o máximo de conhecimento possível.

Taehyung decidiu vender sua antiga casa. As lembranças que ela carregava não eram boas, e, nos meses em que esteve ao lado de Jungkook, percebeu o quanto sua vida havia mudado. Até mesmo na faculdade, Jungkook ligava constantemente para ele, e Taehyung, ao contrário do que poderia imaginar, nunca reclamava.

Naquela noite, ele estava relaxado, sentado no sofá da sala enquanto assistia a um filme. Os filmes sempre ajudavam na sua criatividade, e isso era essencial agora que começava a desenvolver um novo livro. O ambiente estava tranquilo, a casa silenciosa, exceto pelo som da televisão.

Mas então, algo quebrou a serenidade da noite.

Um ruído estranho veio da porta dos fundos. Taehyung franziu o cenho, pausando o filme e virando-se na direção do som. Talvez fosse apenas o vento… ou um gato qualquer no quintal. Mas, antes que pudesse se convencer disso, um estalo ecoou pela casa.

A porta foi forçada.

O coração de Taehyung disparou. Ele se levantou lentamente, sentindo a adrenalina começar a correr em suas veias. Um arrepio percorreu sua espinha quando ouviu passos pesados adentrando a casa.

E então, ele o viu.

Um homem alto e de aparência suja estava parado no meio da cozinha, os olhos escuros e famintos cravados nele. Taehyung congelou. Não era um ladrão comum—ele percebeu isso pela forma como o estranho o analisava, os lábios se curvando em um sorriso perverso.

— Você mora aqui, gatinho? — a voz do invasor era baixa e carregada de malícia.

Taehyung sentiu um nó se formar em sua garganta. Seu corpo inteiro gritava para correr, mas suas pernas pareciam travadas.

— S-Se você quiser dinheiro, eu posso… — ele tentou falar, mas foi interrompido quando o homem avançou um passo.

— Não estou aqui pelo dinheiro — o tom do invasor era lascivo, os olhos percorrendo o corpo de Taehyung de forma nojenta.

Um calafrio percorreu sua espinha, e foi como um gatilho. O medo se transformou em raiva.

Taehyung não ia ficar parado esperando para ser uma vítima.

Sem pensar duas vezes, pegou o abajur da mesa ao lado do sofá e o lançou com força contra o homem. O impacto o atingiu no ombro, fazendo-o grunhir de dor e cambalear para trás.

— Seu desgraçado! — Taehyung rosnou, aproveitando o momento para correr na direção oposta, em busca do celular ou de qualquer coisa que pudesse usar para se defender.

Mas o invasor se recuperou rápido.

Com passos pesados, ele avançou, agarrando Taehyung pelo braço e o puxando brutalmente para si. O loiro gritou, se debatendo, tentando chutá-lo, mas o homem era forte.

— Você tem garra… gosto disso. — O invasor segurou seu queixo, forçando-o a encará-lo.

O pânico cresceu dentro de Taehyung, mas ele não estava disposto a desistir. Com toda a força que tinha, cravou as unhas no rosto do homem, arranhando sua pele até que o sangue começasse a escorrer.

O invasor gritou de dor e o empurrou contra o sofá. Taehyung caiu de joelhos, ofegante, os olhos ardendo com lágrimas de raiva e desespero. Ele precisava de uma saída.

Precisava de Jungkook.

Taehyung sabia que não estava sozinho. Jungkook sempre o vigiava—câmeras espalhadas pela casa, cada canto sob sua supervisão. Se demorasse a atender ou deixasse uma mensagem sem resposta, Jungkook notaria. E ele viria.

Ele sempre vinha.

O invasor se recuperou rápido, sua expressão contorcida em fúria e desejo doentio. Ele avançou sobre Taehyung, que ainda estava no chão, tentando se afastar desesperadamente.

— Você me irritou, loirinho — o homem rosnou, a voz carregada de malícia.

Com força bruta, ele agarrou os pulsos de Taehyung e os prendeu acima de sua cabeça, imobilizando-o completamente contra o tapete da sala. O coração de Taehyung martelava no peito, sua respiração irregular enquanto lutava para se soltar, mas o peso do invasor o esmagava.

— Não… me toque…! — Taehyung cuspiu as palavras, a voz tremendo entre raiva e terror.

O homem riu, um som baixo e repugnante. Com uma das mãos, ele começou a puxar o cinto de sua calça, pronto para descer o zíper. A mão, tocando seu pênis, Taehyung se debateu com todas as forças, chutando, tentando virar o rosto, quando o invasor ameaçava beijá-lo.

E então, tudo aconteceu em um instante.

A porta da frente foi escancarada com um estrondo, batendo violentamente contra a parede. O som ecoou pela casa, e antes que o invasor pudesse reagir, um vulto negro atravessou o cômodo em uma velocidade assustadora.

Jungkook.

O rosto dele estava transtornado, os olhos arregalados de fúria. Taehyung nunca o tinha visto assim antes.

— Seu filho da puta! — Jungkook rugiu, sua voz grave reverberando pelo ambiente.

O invasor mal teve tempo de se virar antes de ser atingido por um soco brutal no rosto. O impacto foi tão forte que ele caiu para trás, soltando Taehyung imediatamente.

Taehyung arfou, se arrastando para trás com o corpo trêmulo, os olhos fixos na cena diante dele.

Jungkook subiu sobre o homem caído e desferiu outro soco, depois outro, seus punhos se tingindo de sangue à medida que ele descarregava toda sua fúria.

— Você tocou nele!? — Jungkook rosnou, sua voz sombria e assustadoramente calma agora.

O invasor tentava se proteger, mas não tinha chance contra Jungkook, que continuava golpeando sem piedade.

— Jungkook… — Taehyung sussurrou, a voz falha.

Foi o suficiente para o mais novo parar. Seu peito subia e descia com a respiração pesada, os punhos cerrados e ensanguentados.

— Mata ele… por favor.

Taehyung pediu.

Jungkook não hesitou. O pedido de Taehyung era tudo o que ele precisava para ir até a cozinha e agarrar a primeira faca que viu. Sua mente estava tomada por um instinto primitivo de destruição.

Quando voltou para a sala, o invasor tentava se arrastar para longe, gemendo de dor, o rosto já inchado e coberto de sangue. Mas Jungkook foi mais rápido. Com passos firmes, ele agarrou o homem pelos cabelos e puxou sua cabeça para trás, forçando-o a olhar para ele.

— Você achou que sairia vivo daqui depois do que tentou fazer? — A voz de Jungkook era fria, carregada de fúria contida. — Depois que tentou estuprar o meu namorado!?

O invasor abriu a boca, talvez para implorar por sua vida, mas Jungkook não queria ouvir. Ele levou a lâmina contra a garganta do homem, pressionando apenas o suficiente para que o fio cortasse levemente a pele, um aviso silencioso.

— P-Por favor… — o homem balbuciou, a voz trêmula.

Taehyung, ainda no chão, observava tudo com os olhos arregalados, o peito subindo e descendo rapidamente. Ele não deveria se sentir assim. Não deveria sentir essa satisfação mórbida ao ver Jungkook prestes a acabar com aquele verme. Mas ele sentia. Depois de muitos anos, Taehyung presenciava uma cena de terror.

— Fale, quem mandou você aqui? — Jungkook pressionou mais a faca, a lâmina já se tingindo de vermelho.

O invasor se engasgou com a própria saliva, tremendo.

— N-Ninguém! Eu só… vi vocês e q-quase todo dia esse loirinho está sozinho… eu só queria me divertir um pouco.

Foi o suficiente para Jungkook perder o controle.

— Seu desgraçado.

A lâmina deslizou pela pele do homem, não o suficiente para matá-lo de imediato, mas o bastante para fazê-lo gritar. Jungkook não queria apenas matá-lo. Ele queria fazê-lo sofrer.

Os olhos de Taehyung brilhavam. Ele se levantou devagar, ainda sentindo as pernas bambas, e caminhou até Jungkook. Suas mãos tremiam, mas não de medo.

— Deixa que eu faço — ele murmurou, baixo, tão baixo que apenas Jungkook ouviu.

Jungkook virou o rosto para encará-lo, seus olhos escuros encontrando os de Taehyung, que pareciam diferentes agora. O loiro estendeu a mão, pedindo a faca.

Jungkook girou a faca nos dedos antes de entregá-la a Taehyung, observando com fascínio o jeito como o loiro a segurou — firme, decidido, sem hesitação.

O invasor arfou, sentindo o pânico tomar conta de seu corpo ao perceber que algo estava muito errado. Ele esperava súplicas, gritos de desespero, talvez até um chamado à polícia. Mas o que viu nos olhos de Taehyung foi algo diferente… algo que o fez tremer ainda mais.

— N-Não… por favor… — tentou falar, mas sua voz saiu fraca, quase inaudível.

Taehyung se ajoelhou ao lado do homem, passando o fio da lâmina devagar contra a pele dele, apenas o suficiente para fazer pequenos cortes.

— Você achou que eu era indefeso, não é? — Taehyung murmurou, sua voz suave contrastando com a crueldade de suas ações.

Com movimentos rápidos e precisos, Jungkook pegou um rolo de fita adesiva que mantinha guardado em uma gaveta próxima. Amarrando os pulsos do homem com brutalidade, puxou os braços para trás até que a pele ficasse esticada, a dor evidente no rosto contorcido do agressor.

Taehyung observava tudo em silêncio, o peito subindo e descendo, seu olhar preso ao de Jungkook.

O mais novo, satisfeito com o trabalho, arrancou um pedaço grande de fita e, sem qualquer delicadeza, colou-a sobre a boca do invasor. O homem grunhiu, debatendo-se inutilmente.

Jungkook, se ajoelhou ao lado, voltando apenas observava, um sorriso discreto se formando em seus lábios.

— Aposto que pensou que eu iria chorar e implorar para você parar. — Taehyung riu baixinho, pressionando um pouco mais a faca contra a clavícula do homem, fazendo-o gritar.

O som do desespero era música para os ouvidos de Jungkook.

— Taehyung… — Jungkook chamou, baixinho, aproximando-se do loiro e sussurrando contra seu ouvido. — Vamos nos divertir com ele antes de acabar com isso.

Taehyung parou, os olhos brilhando com algo sombrio.

Ele virou-se para Jungkook, um pequeno sorriso se formando em seus lábios. Jungkook não resistiu.

A maneira como Taehyung segurava a faca, o brilho predatório em seus olhos e o sorriso discreto no canto dos lábios o deixavam completamente fascinado. Ele deslizou a mão pela cintura do loiro, puxando-o para mais perto antes de capturar sua boca em um beijo intenso.

Taehyung suspirou contra os lábios do mais novo, os dedos ainda apertando o cabo da faca. Ele se entregou ao beijo, os corpos colados, o calor entre eles crescendo. Jungkook deslizou a língua para dentro da boca do mais velho, explorando-o com fervor, enquanto sua mão livre se fechava em um aperto possessivo em sua nuca.

O invasor gemeu de dor no chão, chamando a atenção de Taehyung, que abriu os olhos lentamente, quebrando o beijo com um suspiro frustrado.

— Ele ainda está aqui… — Taehyung murmurou, lambendo os próprios lábios enquanto encarava o homem caído.

Jungkook riu baixo, deslizando os dedos pelo maxilar do loiro antes de morder levemente seu lábio inferior.

— Não se preocupe, amor. Ele não vai a lugar nenhum.

Taehyung sorriu, girando a faca entre os dedos.

Jungkook olhou para Taehyung, seus olhos escuros brilhando com uma intensidade perigosa. O invasor se debatia inutilmente no chão, os grunhidos abafados pela fita adesiva.

— Você quer reviver suas raízes? — Jungkook perguntou, deslizando os dedos pelo rosto de Taehyung, sujando-o com o sangue que ainda manchava suas mãos.

Taehyung lambeu os próprios lábios, sua respiração acelerada. Seu olhar vagou até o invasor, os olhos arregalados de puro terror. Ele reconhecia aquele olhar — já o havia visto antes, refletido nos rostos daqueles que estiveram à sua mercê no passado. O invasor se debateu, grunhidos abafados pela fita adesiva que cobria sua boca. Taehyung apenas sorriu.

— Não adianta lutar… — murmurou. — Você já está morto.

O brilho da lâmina refletiu na luz fraca do cômodo antes de descer com precisão. Taehyung rasgou a carne do homem em um movimento calculado, abrindo um talho profundo em sua coxa. O grito abafado foi ensurdecedor, um som engasgado de puro desespero. O sangue jorrou, quente e pulsante, encharcando o chão.

Taehyung riu baixo, os olhos brilhando de excitação.

— Está sentindo? — Ele inclinou a cabeça, observando o invasor se contorcer. — A dor tomando conta do seu corpo, o desespero te consumindo?

Jungkook assistia em silêncio, fascinado. Taehyung não era um novato nisso. A forma como segurava a faca, a precisão dos cortes, o jeito como estudava cada reação do homem — tudo indicava experiência.

O loiro deslizou a lâmina pela pele suada do invasor, fazendo cortes rasos e lentos, como se estivesse desenhando em sua carne. Cada novo corte arrancava um gemido abafado de dor.

— Você não devia ter vindo até aqui — Taehyung continuou, a voz quase doce. — Não devia ter tocado em mim.

E então, sem hesitação, ele cravou a faca bem no meio do peito do homem.

O corpo dele se arqueou violentamente antes de cair para trás, os olhos fixos no teto, o peito subindo e descendo de forma errática até parar de vez. O cheiro forte de sangue dominou o ambiente.

Taehyung soltou um suspiro pesado, sentindo a adrenalina correr por suas veias. Seus dedos estavam sujos de sangue, assim como suas roupas e rosto. Ele olhou para Jungkook, que o observava com um sorriso satisfeito.

— Você fica lindo assim — Jungkook murmurou, puxando Taehyung para si, seus lábios colidindo em um beijo voraz.

O gosto metálico do sangue se misturou entre suas bocas, mas nenhum dos dois se importou. O prazer da violência ainda pulsava neles, tornando tudo ainda mais intenso.

Quando se separaram, Taehyung arfava, os olhos escuros e cheios de algo sombrio.

— Eu sabia que você ia gostar — Jungkook sussurrou, passando a língua pelo pescoço do loiro, saboreando a pele misturada ao sangue.

Taehyung apenas sorriu, seus dedos ainda apertando a faca com força.

Jungkook segurou o rosto de Taehyung com firmeza, seus dedos sujos de sangue traçando os contornos da pele macia. Seus olhos estavam carregados de algo primitivo, insaciável.

— Qualquer homem… qualquer pessoa que te tocar ou te olhar com malícia, ser maldoso com você… será morto — ele prometeu, sua voz um sussurro carregado de pura obsessão.

Taehyung sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Não era medo. Era excitação. Era pertencimento. Ele nunca havia sido desejado daquela forma, nunca tinha sentido alguém tão disposto a protegê-lo ao ponto de destruir tudo e todos em seu caminho.

Jungkook segurou sua mão ainda ensanguentada e a levou até os próprios lábios, beijando cada um de seus dedos sujos de vermelho.

— Você é meu, Taehyung — ele murmurou contra a pele do loiro. — E eu sou seu.

Taehyung engoliu em seco, o peito subindo e descendo rapidamente. Seus olhos fixaram nos de Jungkook, e ali, naquele instante, ele soube.

Eles estavam além da redenção.

Lentamente, Jungkook o puxou para um beijo, intenso e faminto. O gosto do sangue ainda estava em suas bocas, misturando-se com a necessidade crua de sentirem um ao outro.

A lâmina que Taehyung segurava caiu no chão com um som abafado. Não precisava mais dela.

Jungkook era sua arma agora.

E ele sabia exatamente como usá-lo.


Fim.



😭😭😭😭

Chegamos oficialmente ao fim desta obra. E que jornada incrível foi essa! Uma história que me envolveu profundamente, desafiando-me a explorar os limites de Jungkook e Taehyung, levando-os a extremos que talvez nem mesmo eles imaginassem alcançar. Foi uma experiência única, onde pude mergulhar em um universo mais denso, intenso e, de certa forma, libertador ❤️‍🩹

Fugir um pouco do convencional e explorar um mundo mais dark me permitiu contar essa história de uma maneira que nunca fiz antes. A cada capítulo, senti que estava construindo algo especial, algo que, espero, tenha feito vocês sentirem a mesma intensidade que eu senti ao escrevê-la.

Mas nada disso teria sido tão significativo sem vocês, leitores. Cada comentário, cada teoria, cada emoção compartilhada ao longo dessa trajetória tornou tudo ainda mais especial. Obrigado por embarcarem comigo nessa jornada, por acreditarem nos personagens, por sentirem suas dores e celebrarem suas vitórias.

Embora essa história tenha chegado ao fim, Taehyung e Jungkook sempre viverão nas palavras que deixamos aqui. E quem sabe o que o futuro reserva?

Até lá, obrigada por tudo. Vocês tornaram essa jornada inesquecível.

Com carinho,
Ester ❤️

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top