Lua e o Amor
15 de maio de 2018 - Lua Nova
— É big, é big, é hora, é hora, ra tim bum Lana, Lana, Lana.
Lua batia palmas animada, Alanna acabara de completar seus dezesseis anos, e Lua estava mais que feliz por ainda ter a garota como melhor amiga, o tempo só fez as duas ficarem cada vez mais unidas.
Alanna como uma boa fã de Harry Potter, pediu para sua mãe uma festa com o tema "Hogwarts", a sala estava lotada de adolescente vestindo capas respectivas de suas casas.
Alanna vestida como uma aluna da Grifnória partiu o primeiro pedaço de bolo e deu para Lua que usava o uniforme da Corvinal, as duas se abraçaram e Lua andou alegremente até a sua mesa para devorar a fatia.
Lá pro meio da festa todos os adultos ja tinham ido embora e alguém tirou da bolsa um litro de vodka que serviu para embebedar metade dos jovens ali presentes.
Lua viu uma Alanna eufórica andar até ela, as bochechas de Lanna estavam vermelhas graças ao álcool e também ao fato da garota ter dançado três músicas seguidas sem parar.
— Lua, eu amo você.— ela disse abraçando a amiga.
— Eu também te amo Lana.— Lua falou rindo da amiga.
— HOJE É O DIA MAIS FELIZ DA MINHA VIDA.- a garota gritou fazendo seus convidados soltarem um grito de animação.
— Ok, eu acho que chega de vodka pra você.— Lua falou tirando o copo da mão da amiga.
— Lua.
— Oi Lana.
— Eu te amo maluquinha.
— Eu também te amo Lana.
Nessa hora a última batida de uma música eletrônica soou e uma canção lenta começou a tocar, alguns jovens animados reclamaram mas Lanna puxou Lua pela mão.
— Dança comigo.— Alanna falou colocando a mão de Lua na sua cintura.
— Lana, quanto de vodka você bebeu?- Lua perguntou preocupada.
— O suficiente.— Alanna falou puxando Lua mais pra perto.
— Amanhã você vai estar morrendo.— Lua disse e Lana sorriu.
— E você vai ter que segurar meu cabelo.
— Amigas são pra isso.— Lua disse e Lana fez uma careta engraçada.
— Maluquinha.
— Oi Lana.
— Você ja beijou uma menina?- Lanna perguntou mesmo sabendo a resposta da amiga.
— Não.— Lua disse confusa com a mudança repentina de assunto.
— Nunca sentiu vontade de beijar uma garota?— Lana continuou.
— Não sei, porque essa conversa Lana?— Lua perguntou confusa, os olhos da amiga estavam mais escuros que o normal, o brilho labial de Lana estava borrado e ela cheirava a menta com chocolate.
As duas continuaram dançando caladas enquanto Lua ainda esperava uma resposta, quando a batida da música acabou e foi substituída por outra animada os lábios de Lana formaram uma frase que Lua não gostaria de escutar.
"Lua, eu acho que gosto de você."
Lua ficou confusa, queria que aquela frase não significasse o que estava pensando.
— Claro que você gosta de mim, somos amigas, melhores amigas.— Lua disse tentando se convencer.
— Lua, eu gosto de você mais do que como amiga.— Lana falou.
Lana sabia que Lua não supria esse tipo de sentimento por ela, mas o lance é que depois de anos vendo a amiga se envolver com várias pessoas, achou que se ela falasse a verdade, contasse seus sentimentos, talvez ela tivesse uma chance e ela apostaria tudo, ela daria o mundo inteiro, só para ter Lua.
— Lua eu gosto de você, eu não sei quando aconteceu, nem como, eu só sei que não consigo viver sendo só sua amiga, eu não aguento ver você se relacionar com outras pessoas, eu não quero ver você se machucar com pessoas que não te merecem, eu tô aqui e eu quero você, se você não me quiser eu entendo, mas me dar uma chance, é só isso que eu te peço, uma chance.
Então aproveitando o álcool no seu sangue e o estado atônita em que Lua estava Lanna puxou a amiga pela cintura e a beijou.
Lua demorou uns dois segundos para entender o que estava acontecendo e mais três segundos para empurrar Lanna e sair correndo.
Algumas pessoas na pista de dança ficaram confusas, todos sabiam que Lana e Lua eram amigas inseparáveis, se conheciam desde a infância, ninguém esperava por aquilo.
— Ela me beijou.— Lua disse assim que entrou no quarto da sua mãe.
Vênus que dormia tranquilamente quase caiu da cama.
— Lua você quer me matar do coração?
— Mãe, Alanna, ela me beijou.— a garota disse atônita, tentando entender o que aconteceu.
— Lua, você me acordou só por isso?— Vênus disse ainda sonolenta.
— Mãe é sério, Alanna me beijou, o que eu faço?— nessa hora Vênus sabia que não adiantava mandar Lua pra cama, ela não dormiria nem se fosse atingida por um tranquilizante.— a gente tava lá dançando e ela me beijou mãe, Alanna me beijou, me diz o que eu faço.
— E eu que sei? Beija ela de volta ué, ela beija bem?— Vênus falou e viu a filha arregalar os olhos.
— Mãe, leva a sério, eu tô falando sério.
— ok, ok, você tem minha atenção. Como aconteceu?
— Ela estava bêbada, disse que gostava de mim mais do que como amiga e me beijou.
— E você?
— Eu saí correndo.
— Você gosta dela dessa forma?
Lua não conseguia lembrar de quando Alanna entrou na sua vida, mas desde que ela se entendia por gente sempre teve sua presença, Alanna era divertida, companheira, fiel, entendia de livros, música, arte, era linda, inteligente, mas Lua só sentia por ela amor de amiga, nada além disso.
— Mãe, se pudesse escolher...
— Mas não pode.— Vênus disse.
— Mas se pudesse, escolheria gostar dela, Alanna é incrível e eu me casaria com ela se eu sentisse que era isso, mas eu não sinto, somos amigas, Alanna é quase como uma irmã pra mim.
— Mas e agora? Você não sente isso mas Alanna sim, vocês duas tem que conversar, não vai adiantar você sair correndo.
No outro dia Lua andava de um lado para o outro em frente a porta da casa de Alanna, ela ainda não havia tido coragem de bater.
— Lua o que você está fazendo aqui fora.— uma voz soou atrás de Lua fazendo a garota soltar um grito e colocar a mão no coração.
— Nossa senhora tia, eu quase morri de susto.
— O que você faz aqui fora, porquê não bateu?
— Hã, eu... O que a senhora faz aqui fora?— Lua perguntou ajudando a mulher com a sacola de compras.
— Bom, eu fui comprar um remedinho para Alanna, ela não estar se sentindo muito bem, acho que comeu algo estragado ontem na festa, eu liguei para alguns pais e seus filhos estão do mesmo jeito, você tá se sentindo bem?
— Hã, sim eu tô me sentindo bem.— Lua não bebia, não gostava de sentir que não tinha controle dos próprios pensamentos e de suas atitudes.
— Hum, entra, Alanna tá no quarto.
Lua subiu as escadas e viu a porta do quarto de Alanna aberta, a porta cheia de adesivos clichês escrito "não entre" que Lua ignorou.
Alanna estava deitada com os olhos fechados enquanto tentava não vomitar.
— Lana.— a voz de Lua soou suave, fazendo Alanna abrir os olhos e logo em seguida se sentar na cama.
— Lua... Eu...
— Alanna a gente precisa conversar.
— Lua, me desculpa por ontem, eu estava bêbada, não queria ter te contado daquele jeito, eu fiz tudo errado, desculpa ter te beijado na frente de todos...
— Alanna tá tudo bem, eu te perdôo, mas tem algo que eu quero te falar.
— Pode falar.
— Nós somos amigas, quer dizer você sabe disso é claro.— Lua falou nervosa apertando as mãos e sentindo elas suarem.— somos amigas desde sempre, eu nunca te olhei de outra forma, mesmo depois do beijo, não consigo te olhar de outra forma, não sinto isso e seria injusto com você se eu te deixasse nutrir esse tipo de sentimentos só para preencher alguma coisa dentro de mim, você é incrível, você sabe que é incrível e merece alguém que te ame de todo o coração, alguém que queira tudo com você, que esteja lá somente por você e não vou ser egoísta, te dar falsas esperanças, fazendo você acreditar que essa pessoa seja eu quando nós duas sabemos que não sou eu, eu não sou a sua pessoa.
O silêncio soou entre as duas, o único som era da mãe de Alanna que cantarolava uma música antiga no andar de baixo.
Alanna olhava o piso de madeira como se fosse encontrar alguma coisa ali, alguma coisa que concertasse tudo, que fizesse ela voltar no tempo e não beijasse e nem dissesse o que ela disse para Lua, alguma coisa que fizesse o embrulho no estômago diminuir, o nó na garganta se desfazer e a dor no coração parar, alguma coisa que esquentasse o seu sangue, que fizesse com que ela não sentisse esse banho de água fria.
— Alanna, fala alguma coisa.— Lua disse depois de cinco minutos esperando a amiga dizer algo.
— Eu te amo Lua, eu amo você, mesmo agora, mesmo sentindo que eu vou morrer, eu amo você e eu não consigo, eu não consigo te odiar, nem deixar de te amar, eu odeio não conseguir te odiar...
Lua viu as lágrimas da amiga cair no chão, Lua se odiou por fazer Alanna passar por isso, Lua era a última pessoa no mundo que queria ver Alanna mal.
— Alanna...eu...
— Não podemos ser amigas.— Alanna disse e lua sentiu seu sangue esfriar.
— Alanna...
— Eu não consigo ser só sua amiga Lua, eu não quero e nem posso passar por isso assim, Lua eu tô te pedindo... pra ir embora.
Agora era Lua que chorava, as lágrimas escorriam pelo rosto pálido da garota.
— Alanna...por favor.
— Lua, vai embora...eu...
— Lanna, somos amigas, sempre fomos amigas, eu amo você como amiga, eu sei que pode demorar mas você vai deixar de gostar de mim, é só uma fase.
— Lua, vai embora, eu não quero mais ser sua amiga, na verdade, a muito tempo eu já não sou sua amiga, a muito tempo eu te observo, fico do seu lado, cuido de você, mas porque eu te amo como mulher e eu estou destruída, a culpa não é sua, nenhuma de nós duas tem culpa, mas se você continuar aqui, você vai me machucar, eu vou me machucar, eu não quero me machucar ainda mais. Por favor Lua, essa é última vez que eu te peço, eu te imploro, vai embora.
E Lua foi, Lua saiu tão rápido do quarto como um furacão, deixando uma Alanna despedaçada para trás, só que Lua também não estava inteira, ela perdeu a pessoa que ela mais confiava no mundo depois de sua mãe. Ela perdeu a pessoa que sempre ajudou, cuidou e confiou nela, Lua nunca tinha se sentido assim, ela queria gritar, queria bater em Alanna até ela dizer que estava tudo bem e que elas duas podiam ser amigas.
— Mãe, eu não entendo.— Lua disse chorando deitada no colo de sua mãe.— Por que essas coisas acontecem?
Vênus não tinha as respostas, ela só sabia que assim como todo mundo a filha iria passar por coisas que a destruiria emocionalmente, Vênus sentiu vontade de chorar, mas alguém tinha que estar lá pra juntar os caquinhos, e era ela, porque ela era a mãe.
— Eu não sei filha, mas vai passar, a dor, ela vai passar, ou pelo menos você vai se acostumar com ela.
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