Capítulo II | O DESAPARECIMENTO
A NOTÍCIA DO DESAPARECIMENTO se alastra como fogo na palha: rapidamente.
Os fuxiqueiros espalham as teorias mais mirabolantes; eles cochicham sobre ela ter fugido com um amante depois de uma suposta gravidez ou sobre um romance com um poderoso político que encomendou sua morte.
O desaparecimento da estudante também provocou medo, as pessoas começaram a olhar por cima dos ombros, temendo que alguém saltasse da escuridão.
A paranoia esvaziou as ruas ao escurecer. No fim, sempre pairava a mesma pergunta: Quem será o próximo a sumir misteriosamente?
Uma pequena cidade.
Um desaparecimento.
A polícia local irá trabalhar arduamente no caso atípico, mas tenho a sensação de que não irão muito longe. Um chefe de polícia corrupto iria garantir isso.
Ninguém ousaria suspeitar de Andrea, o dinheiro colocaria um véu sobre os olhos dos policiais.
Ela está a minha espera na floresta que rodeia a escola, uma densa e exótica vegetação habita essa cidade.
A primeira coisa que nota é o seu rosto despido de maquiagem.
Manchas levemente escuras serpenteiam a pele, essas pequenas imperfeições nunca seriam expostas ao mundo sem um objetivo real. As olheiras minuciosamente acentuadas são uma prova disso.
Sua melhor amiga está desaparecida. Ela tem um papel fúnebre a interpretar.
Não dormi essa noite, cada vez que estava à beira da inconsciência, as imagens do corpo de Lilian me assombravam.
— Taylor está destruído. — Andrea rompe o silêncio.
Chuto uma garrafa de bebida enroscada na vegetação.
Taylor.
O namorado de Lilian e irmão de Andrea.
Não penso nele desde o incidente de ontem, o que é algo inédito.
— A namorada dele morreu... Como você esperava que ele estivesse?
Há toques de malícia e maldade em sua íris.
— Não se preocupe, estou cuidando disso. Aliás, foi por isso que te chamei.
Não respondo.
Estou exausta demais, não há uma faísca de curiosidade em mim.
— Você se aproximará dele e o fará se apaixonar de novo. Por você. — Finaliza. Demoro alguns segundos para absorver o que ela disse.
— O que...
— Taylor precisa amar de novo, superar a perda de Lilian. — Ela finca o salto na grama, se afastando. — É simples, junte cada pedaço do coração dele e remende tudo.
Sinto vontade de vomitar. De tirar todas as palavras que acabei de engolir.
— Qual é o seu problema? Ele é seu irmão.
Minhas palavras parecem ter a atingido em algum ponto, a raiva em seus olhos quase me fez recuar.
— Eu o amo... E às vezes uma mentira bem contada é a melhor forma de ajudar uma pessoa.
Ou de levá-la à destruição. Penso.
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