Verde esperança, laranja ação e uma doce ilusão
ㅡ Não faça isso, ele é uma péssima ideia.
Foi o que Emma me disse quando me flagrou encarando o garoto sorridente de madeixas descoloridas. A seguir, minha colega listou uma série de motivos pelos quais eu não deveria me envolver com o rapaz em questão, motivos esses que eu já estava ciente, mas que ignorava pois era impossível ouvi-la quando ele estava ali, a apenas sete passos de distância, sorrindo radiante. Emma até insistiu mais, chegou estralar os dedos cheios de anéis na frente do meu rosto, enquanto me pedia para acordar para a vida, mas desistiu quando percebeu que eu não a ouviria. Era tarde demais, eu já estava completamente rendida.
ㅡ Depois não diga que eu não avisei. ㅡ a garota de pele achocolatada e cabelos cacheados resmungou, cruzando os braços e me lançando um olhar de decepção que dizia: "até você?"
Mas, o que eu podia fazer? Ele era... simplesmente... irresistível. Hoseok Jung tinha uma aura indescritível em torno de si, algo que o divergia do restante dos garotos do campus. Aalgo que nem mesmo seus amigos descolados tinham. Ele... brilhava. Seu sorriso... seu sorriso era como o próprio sol, e eu adorava encarar a luz até ficar cega, zonza.
O sinal tocou, mas eu não me movi. Continuei estática, encarando o rapaz risonho que saiu pendurado no pescoço de um dos seus amigos barulhentos. Ouvi quando Emma se afastou, resmungando alguma coisa incompreensível, mas não desgrudei meus olhos da figura colorida, que cada vez se afastava mais, com todo seu brilho. Quando ele se foi, notei que não era a única fissurada nele, havia pelo menos umas dez garotas naquele refeitório com os olhos brilhantes na direção em que ele havia partido. Suspirei cansada, encarando todos se dispersarem. O que eu estava fazendo? Todos ali sabiam da fama que aqueles garotos tinham. Os inabaláveis Garotos a Prova de Balas, os destruidores de corações, os reis das festas clandestinas. Aqueles sete seres eram os mais desejados de toda a faculdade e isso nem era um exagero meu. Todos algum dia já sentiram vontade de prová-los. E eu nem preciso dizer o quanto era perigoso se quer pensar em se envolver com algum deles, pois é óbvio que isso seria uma má idéia. Uma péssima idéia, como disse Emma.
Foi por isso que me arrastei para fora do refeitório, segurando os três livros de cálculo avançado como se fossem um escudo contra o mundo. Eu deveria começar a bloquear pensamentos sobre garotos, em especial um famoso por colecionar corações, e focar no meu curso. Que, por sinal, estava atrasada para minha última aula. Tudo porque fiquei ocupada demais admirando o garoto de sorriso fácil e olhos singulares.
O corredor estava silencioso e vazio quando parei na frente do meu armário, mas minha cabeça estava parecendo um festival de música eletrônica. Tanto que, nem senti quando meus dedos digitaram a senha do cadeado, muito menos quando depositei os livros espessos dentro do cubículo. Suspirei, encarando os marcadores coloridos que usava para demarcar partes importantes dos livros. Toda essa algazarra, toda essa falta de oxigênio, tudo isso era por causa dele. Tudo por causa de um maldito garoto estupidamente lindo.
Por que ele tinha que ser tão bonito?
Bufei, fechando a porta com uma força exagerada, e continuei encarando o metal frio, sentindo uma imensa vontade de esmurrá-lo fingindo ser o protagonista dos meus pensamentos. Talvez se eu o espancasse, ele seria menos bonito e facilitaria meu objetivo de parar de encará-lo cada vez que surgisse no mesmo ambiente que eu.
ㅡ Você me assustou. ㅡ uma voz manhosa soou, fazendo eu dar um sobressalto instintivo. encarei a figura excêntrica que estava com as costas apoiadas no armário ao lado do meu. ㅡ Acho que não precisa de tanta força assim para fechar esses armários.
Hoseok Jung tinha uma expressão despreocupada, mãos no bolso da calça que era tão alaranjada quanto o seu cabelo, o rosto encarando o nada a sua frente e um sorriso lateral que me fazia sentir uma coisa no estômago. A camiseta branca tinha uma estampa engraçada, algo que lembrava uma arte abstrata, mas ainda mais colorida e estranha. Tudo nele tinha que ser assim, desde a estampa da sua camiseta, aos seus fios descoloridos, ou a coloração exótica dos seus olhos. Ele suspirou lentamente, como se tivesse todo tempo do mundo, e não estivesse atrasado para a aula como eu. Virou a cabeça, sem desgrudar da porta do armário e mirou seus olhos oblíquos em mim. Engoli em seco.
ㅡ Você fala? ㅡ perguntou, meio que risonho, mas havia uma ruga de preocupação em sua testa. Talvez temesse que eu de fato tivesse algum grau de afonia. Seus olhos de esmeraldas, brilhantes e hipnotizantes, analisavam cada parte do meu rosto e isso me fez prender o ar.
ㅡ Infelizmente. ㅡ respondi sem pensar, fazendo-o soltar um rinho nasal. Que fez seus olhos diminuírem ainda mais por meros segundos. ㅡ Posso ajudá-lo em algo?
Jung virou o corpo na minha direção, dessa vez ficando com apenas o braço encostado no armário. Ele sorriu como se esperasse aquela pergunta durante séculos e umedeceu os lábios corados com a ponta da língua antes de responder:
ㅡ Na verdade, sim. ㅡ cruzei os braços na frente do corpo, apenas porque não sabia o que fazer com eles e fiz minha melhor expressão de desinteresse, mas estava gritando por dentro. ㅡ Saia comigo.
Pisquei desacreditada, prendi a respiração e continuei encarando aqueles olhos exóticos a procura de respostas. Ele estava brincando comigo? Se esse fosse o caso, confesso que ficaria decepcionada. Muito decepcionada, na verdade.
ㅡ Perdão? ㅡ não sei de onde tirei voz, e até minha postura de indiferença era algo surpreendente. Hoseok fez uma expressão beirando a desespero, coçou o queixo e sorriu sem humor.
ㅡ Isso soou como uma ordem, não foi? Desculpe, vou reformular minha frase. ㅡ abri minha boca para dizer algo, pois pouco me importava com a entonação de sua fala. Estava mais preocupada com o fato dele estar ali na minha frente, me encarando com aqueles olhos verdes perigosos, mas Jung não me deixou falar nada, sugou minha capacidade da fala com apenas uma frase simples: ㅡ Você quer sair comigo?
Um, dois, três, quatro, cinco... Quantos segundos alguém consegue ficar sem respirar? Quantos segundos um coração pode parar de bater e voltar ao normal novamente? Quanto tempo dura um ataque cardíaco, até que o coração pare de vez? Quantas estrelas há no universo? Não sabia nada disso, desaprendi até a contar, qual numero mesmo vinha após o cinco? Nada sabia, mas de uma coisa tinha certeza; era real. O garoto perigoso, protagonista dos meus pensamentos, estava ali na minha frente, me convidando para sair. E bem... eu não sabia o que fazer com isso. Deveria aceitar? E se ele estivesse brincando comigo e risse da minha cara com seus amigos? Eu viraria a grande piada da vez da faculdade, o novo assunto mais comentado do momento.
ㅡ Por quê? ㅡ perguntei sem pensar.
ㅡ Por que o que? ㅡ Jung devolveu a pergunta, com uma expressão confusa engraçada.
ㅡ Por que está me chamando para sair? ㅡ ele piscou repetidas vezes, me lançando um olhar de descrença, como se eu tivesse dito algo absurdo.
ㅡ Porque eu... quero?
ㅡ E por quê? ㅡ Hoseok suspirou, desencostou-se do armário e virou o corpo na minha direção sem tirar as mãos dos bolsos de sua calça larga demais para um corpo tão esguio.
ㅡ Pare de perguntar a razão do meu convite e diga se quer ou não. ㅡ exigiu, com uma gentileza inesperada em uma fala tão impaciente. ㅡ E então? Quer sair comigo, Amberly?
Algo aconteceu dentro de mim quando o ouvi proferir meu nome daquela maneira tão única. Talvez fosse pela sua voz rouca, ou seus olhos de esmeraldas hipnotizantes. Ou até mesmo seu sotaque distinto; a forma como se embaralhou na fonia das letras, mas nada disso estragou a pronúncia. Talvez fosse porque estava surpresa dele saber meu nome, ou só o fato de ele estar diante de mim, tagarelando sem parar como sempre o vejo fazer com seus amigos. Por isso senti algo acontecendo em meu cerne, um rebuliço, um carnaval de emoções, uma erupção de sensações desconhecidas.
ㅡ Talvez. ㅡ minha voz falha soou naquele corredor vazio e frio, mas que de repente começou ficar tão quente. Hoseok soltou uma risadinha divertida, que fez seus olhos se tornarem duas fendinhas em seu rosto.
ㅡ Isso não pode ser considerado uma resposta, noona. ㅡ o garoto finalmente tirou uma das mãos do bolso da calça colorida e estendeu na minha direção. Busquei seus olhos à procura de respostas para o ato, e encontrei brilho bastante sugestivo neles. ㅡ E então? Vamos?
Pisquei surpresa, alternando o olhar de seus olhos à sua mão estendida no ar.
ㅡ Agora? ㅡ Hoseok sorriu de modo adorável, assentiu ainda sem deixar de sorrir.
ㅡ Sim, Amby. Agora. ㅡ ele fez um som baixo com a garganta, como se perguntasse novamente um "e então?". Suspirei, limpei a garganta e afastei os fios que estavam em meu rosto enquanto erguia o queixo. Dois passos, ele guardou a mão de volta no bolso. Parei, o encarei, ele ainda sorria.
ㅡ Para onde? ㅡ ele deu dois passos, ficando ao meu lado, sem deixar de sorrir. Deu de ombros.
ㅡ Sei lá, para qualquer lugar. ㅡ engoli em seco, eu iria me arrepender daquilo, tive certeza disso quando encarei suas íris esverdeadas, que não se desgrudavam do meu rosto.
Ele estava perto, muito perto para o meu padrão de proximidade dos estrangeiros asiáticos que exalavam perigo pelo campus. O que me fez pensar: será que ele poderia ler meus pensamentos? Será que aquela distância mínima que havia entre nós era capaz de fazê-lo ouvir o que minha mente insana gritava quando o encarava? Poderia ele, ouvir meus desejos de tê-lo para mim?
ㅡ Então vamos logo, Jung.
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Hoseok gostava de falar. Ele falava muito, o tempo inteiro, sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Como naquele momento, em que estávamos dentro do seu Porsche, a quilômetros de distância da cidade, o garoto não parava de tagalerar sobre alguma coisa que seu cachorro fez. Jamais imaginaria que alguém como ele teria um cachorro, tão pouco que pudesse falar tanto em um intervalo tão curto de tempo. As embalagens de fastfoods estavam espalhadas pelo carpete e painel do carro, as janelas estavam abertas e uma brisa agitava os fios alaranjados do ser sorridente e tagarela. Jung segurava uma lata de coca cola pela metade, que a essa altura já deveria estar quente. Fiquei calada, apenas observando-o. Analisei seus traços e me perdi em seu sorriso. Até que, em um dado momento, as faíscas que sempre via ao vê-lo sorrir diminuíram e ele se calou, observando o horizonte a sua frente com um olhar que não consegui decifrar.
Estávamos em frente a um lago gigantesco que nem sabia que existia, era um terreno gramado, limpo, com inúmeras espécies de pequenas flores espalhadas por ali, que davam um colorido aquela paisagem tão verde. Pela altura do sol, já deveria ser umas três ou quatro da tarde. E eu estava ali, no meio do nada, com alguém que mal conhecia. Uma completa maluca, mas quem poderia me culpar? Era só olhar para ele, para aqueles olhos verdes, o sorriso brilhante e todas as suas cores que fazia questão de exibir. Me perguntava o que poderia ser o motivo daquele brilho ter sido ofuscado por alguns minutos. O que seria capaz de fazê-lo encarar o nada como se visse tudo e até seu sorriso esmorecer?
ㅡ Você está bem? ㅡ perguntei, sem conseguir conter minha curiosidade. Hoseok sorriu torto, sem desviar os olhos do mundo a sua frente e apenas assentiu. Entretanto, não vi certeza em sua resposta. Ele suspirou, com um brilho apaixonado e até triste nos olhos.
ㅡ É tão bonito. ㅡ comentou distraído.
ㅡ O lago? ㅡ olhei na direção que Jung tanto admirava, mas definitivamente ele não poderia estar falando daquele monte de água suja e fedida.
ㅡ O mundo. ㅡ desviei meus olhos para o garoto novamente, vendo-o sorrir tristemente. ㅡ O planeta é tão bonito, então por que tem que ser tão cruel?
ㅡ O planeta não é cruel, Jung. ㅡ minha fala finalmente roubou a atenção do ruivo, que me encarou curioso. ㅡ As pessoas são. Até o próprio sofre as consequências da crueldade humana. Então, não culpe o planeta por as pessoas serem tão ruins.
Hoseok sorriu sincero dessa vez, me fazendo ter o vislumbre das faíscas voadoras do seu sorriso. Olhos de meia lua, dentes alinhados, cabelo esvoaçado e um brilho sem igual.
ㅡ Você tem razão, irei me lembrar disso. ㅡ ele voltou a encarar o mundo a sua frente, enquanto eu analisava suas expressões tentando decifrá-lo. O quão cruel a vida estava sendo com aquele rapaz tão reluzente? O que as pessoas maldosas estavam fazendo com aquela alma? Ao ponto de fazê-lo pensar que o mundo é cruel, ao ponto de fazê-lo parar de sorrir e se perder em devaneios. O que Hoseok Jung escondia por trás daqueles olhos tão bonitos?
Imaginava que não deveria ser fácil para ele e seus amigos, estrangeiros em um país totalmente diferente do seu. Ninguém sabia o que os trouxe para cá, somente os sete, sozinhos, em um país desconhecido e muito menos o que faziam da vida além de estudar. Eles não deixavam ninguém se aproximar, criaram uma bolha ao redor deles, que ninguém entendia e nem tentava atravessar. Tudo o que sabemos, é que são sete garotos muito bonitos. Perigosamente bonitos, que têm como hobby colecionar corações. Então, provavelmente a maioria dos mistérios que aqueles olhos verdes escondiam deveriam ser ruins, sombrios.
ㅡ Ouvi dizer que você e seus amigos cantam. ㅡ puxei assunto, tentando não ser invasiva, mas não escondendo o fato de que estava curiosa sobre ele. Jung bebeu um gole da sua coca quente antes de responder com um sorriso orgulhoso no rosto.
ㅡ É só um hobby, mas a gente canta na noite as vezes para descolar uma grana. ㅡ respondeu, apenas assenti assimilando a informação. Era uma curiosidade nova e interessante sobre ele, ele... cantava. Gostaria de vê-lo cantando algum dia.
ㅡ E por que você faz isso? ㅡ Hoseok me encarou, confuso e até surpreso. ㅡ Digo, por que canta?
Ele precisou de exatos cinco segundos para responder, mas sorriu. Novamente, desviando os olhos para o horizonte à sua frente.
ㅡ Ninguém nunca me perguntou isso. ㅡ Jung suspirou, encarou a latinha avermelhada na sua mão e sorriu. ㅡ Porque faz parte de mim. A música, não sei viver sem ela.
ㅡ Você dança? ㅡ perguntei um pouco rápido demais, me sentindo hipnotizada. Hoseok me encarou e soltou um risinho divertido.
ㅡ Você faz perguntas demais, Amby. ㅡ desconversou antes de beber o restante do líquido da lata que segurava. Franzi o nariz.
ㅡ Por que me chama assim?
ㅡ Porque seu nome é muito difícil de pronunciar. ㅡ ele se virou novamente para mim, com um riso lateral. ㅡ Mais alguma pergunta?
ㅡ Você não me respondeu se dança. ㅡ Hoseok soltou um riso descrente, que me incomodou um pouco.
ㅡ Você é muito insistente, já te disseram isso? ㅡ voltou a encarar a latinha avermelhada em sua mão, e sorriu orgulhoso. O sorriso sol de Hosek Jung era algo fantástico, mas aquele sorriso, o sorriso que dava sempre que falava de algo com amor era... lindo. Na verdade era bem mais que só lindo, mas me faltavam palavras para descrevê-lo.
ㅡ Eu danço sim, Amby. ㅡ sussurrou baixinho, com uma voz rouca, que me fez ter calafrios.
ㅡ E você dançaria para mim? ㅡ perguntei, voz falha em um sussurro quase inaudível. Duvidava que o rapaz tinha entendido o que disse, mas ele entendeu. Me encarou com um brilho intenso naqueles olhos exóticos, sorriu como se tivesse o mundo nas mãos, fazendo meu coração dar cambalhotas dentro do peito.
ㅡ Sim. ㅡ soprou no ar, com uma delicadeza invejável. ㅡ Você quer me ver dançando, Amby?
Não respondi, e nem precisava. Meus olhos, minhas mãos trêmulas, minha boca seca e meu coração acelerado já respondiam por si só. E talvez, Hoseok pudesse mesmo ler pensamentos. Talvez pudesse mesmo ouvir os meus desejos com relação a ele. Se assim fosse, ele veria que não apenas queria vê-lo dançar, mas queria um clichê para chamar de nosso, queria um beijo no meio da tempestade, um sorvete de desculpas, um olhar discreto em uma sala lotada, queria mãos dadas embaixo da mesa, queria ouvi-lo tagarelar todos os dias, queria saber como seus olhos de esmeraldas ficariam após as luzes serem apagadas, queria assisti-los em chamas. Então, se Jung poderia ouvir todos aqueles meus desejos, por que ainda continuava tão distante? Por que ainda me olhava como se já soubesse de tudo, mas queria ouvir assim mesmo?
Bem, porque ele era cruel. Ele era uma má idéia.
No entanto, minha mente boba se esquecia disso, se esquecia de me lembrar que ele era ruim para mim. Eu só queria assisti-lo dançar, só queria saber como era a textura de sua pele, só queria sentir seu gosto, só queria me perder em Hoseok Jung.
Despertando-me de meus devaneios longínquos, o protagonista dos meus pensamentos se moveu, abriu a porta, e desceu do carro de forma graciosa, como um príncipe de filmes de época. De pé, segurando a porta, ele me olhou com as sobrancelhas arqueadas e aquele sorriso de quem sabe de tudo do mundo.
ㅡ Você não vem? ㅡ perguntou.
ㅡ Para onde?
ㅡ Não disse que queria me ver dançar? ㅡ ele sorriu ainda mais, meu coração acelerou, e meus dedos trêmulos foram de encontro com a trava da porta. Ele iria dançar para mim? Não sabia se aguentaria tanto, não sabia se aguentaria mais um minuto ao seu lado sem querer tocá-lo.
ㅡ Você vai... ㅡ tentei perguntar, mas ele não deixou. Colocou uma música em seu celular, uma melodia que me lembrava uma discoteca, e então aconteceu.
Sem me perguntar, ou me avisar para me preparar para o baque que seria vê-lo se mover daquela forma, Jung se deixou levar pelas batidas da música. Entre sorrisos, saltos e movimentos de quadril que me fizeram perder o ar. Minha boca estava entreaberta, o ar; arenoso, e o meu coração batia na velocidade da música baixinha, que ressoava pelo aparelho em cima do capô azul do carro. Ele se aproximou lentamente, sorrindo maliciosamente. Segurei a respiração sem nem notar. Fui abraçada por seu perfume cítrico ao tê-lo extremamente perto, perto o suficiente para que só um levantar de mãos seria o suficiente para tocá-lo. O garoto parou, se inclinou mais na minha direção e senti seu hálito quente no meu ouvido.
ㅡ Dança comigo. ㅡ sussurrou em um sopro, talvez fosse um convite, mas soou como uma ordem, ordem essa que me sentia incapaz de desacatar. Queria dizer que não sabia dançar, que não chegava nem aos seus pés, mas não consegui dizer nada. Não com ele tão perto assim. Fechei os olhos ao sentir sua mão na minha cintura, me obrigando a me mover junto com ele. Senti seu rosto se afastando do pé do meu ouvido e abri os olhos.
Hoseok me encarava de modo intenso, como se quisesse me devorar com aquelas esmeraldas cintilantes. E eu poderia esperar pacientemente o próximo passo, poderia aguardar que ele tomasse alguma atitude além de me despir com os olhos, mas não consegui. Em um ato de desespero, desejo e luxúria, o agarrei pela camisa, colando seus lábios macios nos meus. Ele não se assustou como pensei que faria, pelo contrário, sua mão livre foi para o meu rosto, e ele me beijou como se o mundo estivesse prestes a desmoronar sobre nossas cabeças. Língua apressada, que explorava cada canto da minha boca, que se entrelaçava com a minha. Ele tinha gosto de bala de hortelã e coca-cola, coloquei minha mão em seu rosto e percebi que a textura de sua pele era tão macia quanto tocar pétalas de rosas. Poderia beijá-lo até o amanhecer, pois era viciante, mas os nossos pulmões pediram por oxigênio, e isso nos obrigou a nos afastar a procura de ar.
Os olhos de esmeraldas estavam presos em mim, me impedindo de respirar corretamente. Ele sorriu e eu vi um sol, juntamente com todas as faíscas saindo dele. Levei minhas mãos até suas madeixas alaranjadas, penteando-as para trás. Movimento que serviu apenas para fazê-las escorrer de volta para frente, lentamente. Me hipnotizei com cada fio sedoso que caía de volta para sua testa, enquanto seus olhos inspecionavam meu rosto. Ele era tão bonito, isso tudo era tão errado ao ponto de parecer certo. Eu deveria parar de tocá-lo, deveria obrigá-lo a me levar de volta para casa, mas eu simplesmente não conseguia.
E quem poderia me culpar?
ㅡ O que acha de não voltar para casa hoje? ㅡ sugeriu malicioso, suspirei, enlaçando seu pescoço com os braços. Eu simplesmente não conseguia dizer não para Hoseok Jung.
ㅡ Acho uma péssima idéia, mas é exatamente o que vou fazer.
Ele sorriu, e me beijou novamente.
3515 palavras
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