02 › Feliz aniversário... eu acho
OIE, MINHAS ESTRELINHAS!!
Aqui estamos nós de volta para a continuação de Park Jimin se fodendo e passando vergonha bêbado. Estão preparades?
Queria agradecer a todos vocês que comentaram no capítulo passado e fizeram atingir a meta tão rápido. Vocês são incríveis demais 💙
Não consigo prometer uma data de atualização ainda, mas eu ficaria muito feliz se conseguissem fazer esse capítulo chegar a 2k de comentários e 300 votos de novo em 24 horas!! 🥺
Eu amo demais ler cada comentário que vocês deixam, anima demais meu dia, sério
Um beijo para a @laymagal por ter betado esse capítulo e me ouvido surtar sobre a fanfic. Tu arrasa!! ✨
Boa leitura, nenéns! Vejo vocês nas notas finais depois do Jimin ***** *** ***** ** ********* *** ***
#SuasEstrelas ✨
JIMIN
Os maconheiros querem me bater.
Talvez seja porque acabei de vomitar em cima de um deles. Não sei. É só uma possibilidade.
A última coisa que eu queria nesse mundo era me envolver em problemas com roqueiros. Veja bem, não é que todos sejam assim, mas a grande maioria é muito mais extrema do que os ouvintes de qualquer outro gênero musical. Já ouvi até histórias de pessoas que jogam roupas íntimas no palco durante concertos de artistas de rock.
E, agora que estou bêbado e cercado em um canto escuro por uma gangue de trombadinhas vestidos de preto. Tenho a sensação de que eles podem fazer bem pior comigo. Parece que acabei de insultar o legado de Elvis Presley na frente deles.
O líder do grupinho transborda fúria em cada movimento ao esmagar o cigarro no chão para ter as mãos livres. Antes que eu tenha tempo de me ajoelhar e pedir perdão por sujar sua camiseta do Pink Floyd de vômito, ele agarra meu colarinho e me empurra com brutalidade contra um dos banheiros químicos. O impacto me deixa ainda mais tonto.
Mal tenho tempo de reagir quando o primeiro soco chega na minha barriga. Solto um grito enquanto me encolho no lugar, a dor infernal se espalhando pelo corpo todo. A próxima agressão é redirecionada à minha boca, ainda mais forte, e me faz desabar no chão feito uma gelatina.
Com o sangue pulsando de raiva, junto a pouca força que me resta para, por um milagre, ficar de pé. Sem muito equilíbrio, é claro. Minha mão se transforma em um punho cerrado e pronto para quebrar os dentes de alguém, mas antes, recuo para pegar um pouco de impulso. Finalmente me atiro em cima dele.
Só esqueci que a raiva não é a única coisa em meu corpo neste exato momento. O infeliz do álcool também me dominou e tornou meus movimentos muito mais lentos e incertos do que eu gostaria. Como resultado, o moleque se desvia do soco com a maior facilidade do mundo, fazendo com que eu caia diretamente no chão.
Que patético. A humilhação machuca mais que a queda.
— Vou te ensinar a pensar duas vezes na próxima vez que quiser comprar briga com a gente — ele diz, enquanto se aproxima de meu corpo caído e o empurra com o pé, até me deixar de barriga para cima.
Sinto o sabor metálico do sangue florescendo em meus lábios. Não perdi um dente, tampouco quebrei o nariz, mas não me consideraria sortudo quando sei o que me espera depois. É azar. Muito, muito azar. Já aceitei, então apenas me encolho na terra batida, preparado para a dor seguinte.
Não vai fazer muita diferença. É só mais uma coisa para a lista de desgraças do fatídico dia do meu aniversário. Em vez de um bolo e uma noite feliz na companhia de quem mais amo, recebi péssimas notícias e uma dose de porrada de um grupo de roqueiros adolescentes.
Perfeito, não é? Parabéns para mim!
Se eu ficar quieto e não tentar revidar, pode ser que eles logo fiquem entediados de me bater e me deixem em paz.
O moleque se afasta para pegar impulso para o próximo chute, balançando seu tênis de marca no ar, o que me oferece a visão meio embaçada do sorriso arrogante dele.
Sou uma pessoa pacífica. Juro. Mas, se eu pudesse pedir um desejo de aniversário agora mesmo, seria que ele tropeçasse no próprio cadarço desamarrado e quebrasse esse nariz empinado no chão.
Estou prestes a perder as esperanças, a aceitar meu destino como mártir dos odiadores de rock. Sou capaz de pendurar uma placa de "proibido roqueiros" na entrada da minha cafeteria assim que chegar em casa. Se eu chegar em casa.
É aí que uma nova voz, firme e autoritária, aparece como uma luz no final do túnel ao gritar em plenos pulmões:
— Que porra é essa, Jack?!
Para minha alegria, o próximo chute não chega, e, enfim, tenho um momento para respirar sem a extasiante antecipação da dor. Abro um pouco as pálpebras que fechei por impulso. Pelo canto do olho, enxergo uma mancha azul escura, que eles encaram e recuam como se a polícia tivesse chegado no local.
Estou salvo. Estou salvo. Estou salvo.
Obrigado, universo!
— Merda — O tal do Jack pragueja para a roda de amigos.
— A Cora não te mandou ficar bem longe daqui, moleque?
Embora a voz do estranho seja tão familiar, não sou capaz de identificar de onde a reconheço. Sequer tento. Apenas continuo caído, entregue à dor e aos gemidos atordoados que escapam da minha boca por acidente.
— Não enche, Azura. Não vê que estamos ocupados?
Azura? Esse não é o...?
— Quatro contra um? Essa não me parece uma luta muito justa. Sempre soube que vocês eram um bando de covardes. — Azura, em toda a sua aura corajosa e intimidante que pode ser sentida a um quilômetro de distância, se coloca entre mim e os trombadinhas. Eles dão um passo para trás. — Me deixe lutar ao lado dele. Quem sabe, eu não termine de quebrar seus dentes como não fiz da última vez? — Estala os dedos.
Ainda tonto, junto a pouca força que me resta para sentar no chão, somente para ver a linda paisagem de Jack e seus amigos se remoendo de raiva, de receio. Agora que presto atenção, os restos de vômito na roupa dele combinam com seu cabelo verde horroroso. Bem feito. É isso que você merece por ter me chamado de velhote. Créditos a mim pela belíssima obra de arte.
Serei muito ruim por desejar que Azura caia na porrada com eles? Uma luta entre roqueiros em um canto de banheiros fedidos me parece uma ideia muito divertida para animar esta noite arruinada.
Infelizmente, o trombadinha tem senso e grita:
— Isso não fica por aqui!
É a última coisa que ele diz antes de pegar sua mochila e dar no pé como uma criancinha assustada, acompanhado pelos outros três covardes. Em uma questão de segundos, eles desaparecem no breu do caminho que leva de volta à área principal do festival. Tudo o que resta deles são as pegadas na terra batida e os danos que fizeram na minha face.
O alívio toma conta de mim quando o silêncio finalmente me permite respirar fundo. Uma. Duas. Três vezes.
Estou salvo.
Ao confirmar que estamos sozinhos, Azura corre até mim, se ajoelhando no chão. Não parece se importar nem um pouco em sujar suas calças pretas de poeira. Apesar da pouca luz, a preocupação dele transparece em seus olhos e na forma como suas mãos afloram minhas costas com um cuidado que eu nunca senti antes.
— Tá tudo bem? Eles te machucaram muito? — Azura pergunta, me estudando de cima a baixo, em busca de mais hematomas além do corte ensanguentado em meus lábios. Sua voz continua tão doce e serena. É como um curativo para a minha alma maltratada. — Quantos dedos tem aqui?
Ele posiciona a mão na frente do meu rosto, mas continuo atordoado demais para perceber quantos dedos ergueu.
— É melhor eu chamar uma ambulância — conclui.
Quando Azura tira o celular do bolso para discar o número de emergência, toco sua mão para o impedir. Depois, balanço a cabeça em negação, pois abrir a boca para dizer "não" me parece uma ideia muito dolorosa. Sou questionado mediante um olhar confuso.
— Não precisa — me forço a falar, para provar que estou tão bem quanto um floco de neve em um sol de verão poderia estar. Ele me parece menos convencido do que eu gostaria, talvez por minha voz estar tão fraca que custa a ser escutada.
— Tem certeza? Você não me parece muito bem. — Analisa e, então, tira um lenço de papel do bolso para limpar o sangue que ainda escorre em meus lábios. — Deveria ir ao hospital mesmo assim. Se quiser, eu te levo lá. É aqui perto.
— Eu sei o caminho para o hospital. Obrigado. — Afasto sua mão.
Na verdade, no estado de embriaguez em que me encontro, não me recordo do caminho até lá. Tampouco sei dizer onde estamos com exatidão. Mas não é como se eu tivesse qualquer pretensão de me enfiar na fila do hospital a essa hora da noite — isso seria pedir por mais uma dose de tortura. Não preciso de problemas extras hoje.
Estou tão tonto e sem rumo que, quando tento levantar do lugar para onde me jogaram como se eu fosse lixo humano, minhas pernas falham.
Azura, por sorte, reage rápido e consegue impedir o impacto da queda antes que eu me machuque mais. Mesmo assim, a sensação de humilhação ainda dói como o inferno. Me faz querer rastejar na terra batida até ao buraco mais próximo. A ardência da derrota só não é pior que as queimaduras que um dia transformaram meu braço em uma enorme cicatriz.
— Não vou te deixar caindo de bêbado aqui — diz, convicto, com as mãos firmes em minha cintura e os olhos escuros fixos nos meus.
Movimento os lábios para contestar. Quero provar que não preciso da ajuda de um roqueiro metido a gótico e que posso lidar com as consequências das minhas ações sozinho, mas o pior acontece: minha voz se recusa a sair. Forço as cordas vocais e, apesar de tudo, também sou humilhado por elas. Sinto o início de um choro se formando no fundo da minha garganta, prestes a vir à tona.
Eu não entendo.
Não chorei quando estava apanhando. Não chorei quando recebi a notícia sobre o estado da minha irmã. Muito menos chorei quando a última chama de felicidade do meu aniversário foi apagada no momento em que decidi ceder ao álcool. Por algum motivo, no entanto, as lágrimas decidem cair. Justo agora, na frente de um completo desconhecido, elas deslizam pelas minhas bochechas sem cessar. É como se o peso que suportei o dia inteiro me esmagasse de uma vez por todas.
Tento me recompor assim que percebo o choro. Uso a manga para limpar o rastro de lágrimas e, mais do que nunca, me sinto patético. Humilhado por mim mesmo. Por todos ao meu redor.
Não é justo.
— Só quero ir para casa — sussurro, tão fraco que não tenho certeza se ele me ouviu —, por favor...
— Eu te levo. — Azura não hesita. — Segura minha mão.
Sem outra escolha, aceito sua ajuda para ficar de pé, apesar de quase perder o equilíbrio ao fixar os sapatos no chão. Isso me lembra dos velhos tempos. A época em que eu costumava ficar embriagado de madrugada e meus amigos da cidade antiga me carregavam até casa, ao contrário de muitas outras memórias, continua nítida em minha mente. Eles sempre me esgueiravam pela janela do meu quarto, para que meus pais não descobrissem as artimanhas do filho em sua fase rebelde. Agora, na vida adulta, esse cenário não me parece mais tão divertido.
Para a minha felicidade, a porrada que levei já fez com que o álcool se dispersasse um pouco, então não precisarei de muito auxílio. O único problema é o Hoseok. Ele, com certeza, estará esperando na porta de casa para me repreender, e não tem jeito nenhum de eu subir pela janela até ao segundo andar.
Portanto, estou fodido.
Guardo esse fato só para mim e espero que Hoseok poupe o sermão para mais tarde se me vir chegando em casa cheio de hematomas.
Azura coloca meu braço ao redor do seu pescoço, por mais que eu insista em não precisar de nenhuma ajuda para andar — o que é uma completa mentira. Acabei de descobrir que torci o tornozelo durante a queda, e ele, observador como parece ser, deve ter percebido pela minha cara de sofrimento. Agradeço em silêncio. Acho que esse anjo foi a única coisa boa que o universo decidiu me dar hoje. Tentarei me contentar com isso.
Em vez de retornar à área principal do festival e procurar a saída, ele me leva mais afundo no breu de terra batida. Não faço ideia de onde esse caminho dará. Também não consigo ver muito além. Rezo apenas para que ele não seja um assassino em série que vai me matar quando ninguém estiver vendo, porque isso seria o jeito mais humilhante de terminar esta noite.
Sou ajudado a pular uma pequena cerca. Depois, nós atravessamos um lugar escuro e cheio de contentores de lixo, e eu estou mais convencido do que nunca: é aqui. É aqui que serei assassinado por um roqueiro e terei meu corpo desovado no mar por insultar o maldito rock & roll na frente dele. Sabia que não deveria ter saído de casa sem uma faca.
E então, como se estivesse lendo meus pensamentos, a afirmação súbita de Azura me faz arregalar os olhos:
— Estamos quase chegando na avenida principal, não se preocupe. Juro que isso é um atalho.
Isso soa como algo que um assassino diria...
Por sorte, toda a minha preocupação internalizada se dissipa assim que vejo o pedonal da beira da praia. A rua costuma ser bem vazia a essa hora da noite, mas está mais movimentada do que o normal por conta do festival. Obrigado, universo, pela misericórdia de decidir não acabar com a minha vida hoje.
Quando Azura me faz parar na calçada, tudo o que consigo enxergar são borrões de silhuetas andando de um lado para o outro e uma mistura de luzes estonteantes. Se seu braço não continuasse envolvendo minha cintura com tanto cuidado, eu já estaria esparramado no chão; nunca pensei que um cara com a aparência cafajeste dele pudesse ser tão gentil e atencioso. É... estranho. Estranho em um nível bizarro, mas bom.
Vejo-o tirar o celular do bolso da jaqueta e, ao espreitar pelo canto do olho, percebo que está tentando chamar um motorista pelo aplicativo.
— Minha casa é aqui perto... não precisa de táxi. — Toco no braço dele antes que possa clicar para chamar o carro, porque uma corrida sairia cara demais para o meu bolso.
Já tive prejuízos demais hoje.
— Você tem cara de quem vai desmaiar se andar mais três passos. — Ele me julga de cima a baixo. Vejo que o tom passivo-agressivo do nosso encontro na barraca ainda se mantém.
— Desmaiar? — Dou uma risada bêbada, tentando me fazer de forte. — Não se preocupe. Não vou... não vou desmaiar por causa de uma porrada...
Um suspiro derrotado escapa dos lábios de Azura. Embora não pareça muito convencido, ele ajeita meu braço ao redor do seu pescoço e o aperto em minha cintura ganha mais firmeza. O medo de me deixar cair parece ter aumentado.
— Tudo bem, príncipe. Onde fica sua casa?
— Por ali. — Aponto para a direita, em direção aos caminhos mais estreitos que levam até a minha casa.
Eu acho...
Ele me ajuda a subir a rua, para longe da avenida principal, enquanto vou apontando os lugares por onde me lembro de ter vindo. Descobrimos que não podemos confiar em meu senso de orientação quando, cinco minutos depois, estamos diante um beco sem saída com as paredes todas pichadas e uma luz instável que não para de piscar.
— Essa definitivamente não é minha casa. — Constato o óbvio.
Veja bem, Costa Azurine não é exatamente uma cidade onde as pessoas costumam se perder com frequência. Existem alguns becos duvidosos e ruas sem saída? Sim. Mas é quase impossível se desorientar com a quantidade irritante de placas indicativas e ruas lineares a cada esquina. Talvez ser a primeira pessoa em uma década a conseguir esse feito não seja uma coisa da qual deva me orgulhar.
Apesar de tudo, Azura parece lutar para manter uma expressão tranquila em seu rosto sardento.
— Sabe o número de algum conhecido? — ele pergunta, com toda a paciência do mundo, me guiando para uma rua mais iluminada.
Sei...
Só não me lembro.
— 9... 1... 1... — verbalizo a primeira combinação de algarismos que surge na minha cabeça.
Azura massageia a área entre os olhos e, por algum motivo, sinto que toda a sua tranquilidade de antes acabou de ir para a puta que pariu.
— Isso é o número da polícia!
— Ah...
— Me empresta seu celular, pelo amor de Deus.
Tateio os bolsos em desespero, buscando pelo telefone. Procuro em todos os lugares onde o maldito deveria estar, mas não o encontro em canto nenhum. Minha carteira também desapareceu e não consigo lembrar da última vez que tive algum desses objetos em mãos. Percebo, então: estou muito mais fodido do que pensava. Meu melhor amigo, sem dúvida, vai cortar minha cabeça fora e dar meus miolos de comer para o nosso papagaio de estimação.
— Eu perdi. — O álcool que resta em meu corpo me faz abrir um sorriso culpado.
O suspiro que Azura dá é tão longo, que temo que ele fique sem ar.
— Puta que pariu. Só não perde a cabeça porque ela tá colada no corpo, não é? — Por incrível que pareça, o pirralho ainda não me largou bêbado no meio da calçada. Confesso que, no lugar dele, eu já o teria feito. — Sabe, pelo menos, o nome da rua onde sua casa fica?
— Não... — Me esforço ao máximo para lembrar de alguma placa, de um mísero detalhe que indique o lugar. Só depois reparo no quão burro fui esse tempo todo. — Na verdade... você encontra ela, se procurar a cafeteria Golden Express na internet.
Eu deveria ter dito isso desde o momento em que chegamos na avenida.
Embora haja um vislumbre de dúvida preenchendo sua face, ele retira o celular do bolso e começa a digitar. Em vez de seguir o movimento de seu dedo, meu olhar sobe até o rosto concentrado. Tiro alguns segundos para estudar cada pintinha em suas bochechas e me sinto mapeando as constelações no céu noturno. O cheiro adocicado dele me deixa ainda mais embriagado. A maquiagem preta parece ter sido feita com o mesmo cuidado que ele usa para segurar meu corpo contra o seu.
Não existem razões para que Azura esteja me ajudando agora. É tão desconhecido para mim quanto sou para ele, mas ele continua aqui. Paciente. Com uma gentileza incompreensível e quase incondicional. Em que etapa da minha vida tudo virou do avesso para que eu esteja dependente de um desconhecido que encontrei em um show de rock para voltar para casa, só porque bebi como um tolo?
Muitos diriam que hoje deveria ser um dia especial. Que, quando esse evento ocorre na vida de outras pessoas, pessoas sem preocupações, é um dia de felicitações, amor e presentes. Já no meu caso, eu só sinto a amargura se espalhando pela garganta e subindo cada vez mais até minha face. Assim como a lua cheia agita as marés, sinto que um tsunami de lágrimas está prestes a inundar meus olhos e não me restam mais forças para controlar a força das ondas.
Merda. Meu nariz queima como o inferno quando tento segurar o choro. Não consigo evitar que uma expressão dolorosa possua meu rosto com o mísero pensamento dos problemas que terei que enfrentar amanhã ao acordar. O álcool, hoje, não apagou minhas infelicidades. Só serviu para me fazer apanhar em uma briga e trazer à tona minha versão mais nua e crua na frente de um estranho.
Azura desvia o olhar para mim e percebe a situação desesperadora em que meu rosto se encontra. Ouço um suspiro.
— O que foi agora?
Confesso, com uma leve falta de ar e a voz embargada:
— Hoje... hoje é meu aniversário.
Observo-o enquanto ele pisca várias vezes, sem saber direito como reagir. Essa nova informação parece ter deixado Azura muito mais desconcertado do que esperava.
Na verdade, eu descreveria sua expressão como a de quem está ficando sem paciência para lidar com um bêbado choroso depois da cansativa performance que fez no festival. É o mais próximo da realidade. Mas pode ser apenas coisa da minha cabeça, quem sabe? Não estou lúcido o suficiente para perceber o que significa sua reação.
Ele começa a observar a rua vazia ao seu redor, em busca de algo, e seus olhos retornam a mim com um vislumbre de dúvida.
— É hoje mesmo? Tem certeza? Isso não é mais uma das suas baboseiras de bêbado?
— Eu não tô tão bêbado assim! — As oscilações em minha voz provam exatamente o contrário. — Por que ninguém me leva a sério hoje?
Meus soluços se intensificam, e Azura respira fundo, talvez ponderando se é tarde demais para sair correndo. Eu acho que não o julgaria por isso. Com certeza, faria o mesmo se tivesse que lidar com um bêbado choroso e incapaz de ficar em pé sem ajuda.
— Tá. É o seguinte, príncipe. Eu vou a um lugar por cinco minutos e já volto, tá? — Ele faz uns gestos apressados com a mão e, com cuidado, me ajuda a sentar no chão. — Não saia daqui de jeito nenhum.
Concordo com a cabeça, apesar da tempestade de pensamentos nem sequer me deixar raciocinar direito o que está acontecendo. Agora sentado na calçada, apenas abraço meus próprios joelhos enquanto ele corre para algum lugar, escapando da minha vista.
Espero, espero e continuo esperando.
Tenho a certeza que já se passaram mais do que cinco minutos.
Eu sabia. Aquele pirralho gótico me abandonou aqui, no meio da rua, não é?
Só posso ter matado um rei na minha vida passada para ter tanto azar assim, não tem outra explicação. Quando eu acho que alguém será gentil comigo, que as coisas vão finalmente melhorar, recebo uma facada dolorosa nas costas.
Mas o que esperar de um cara de cabelos azuis e cheio de piercings que gosta de rock? O caráter duvidoso deve ser uma característica fundamental para os fãs desse estilo musical.
Tento me levantar para ir embora por conta própria, porém, me desequilibro mais uma vez e caio direto na calçada. Nem perco meu tempo em outra tentativa, porque já sei que será inútil, então, me entrego à desgraça.
Esparramado no chão, sinto lágrimas quentes escorrendo pelas minhas bochechas, sem qualquer previsão para parar. Não são apenas meus hematomas que doem por conta da queda e dos socos que levei. Agora, a dor se espalhou por todo o meu peito, estômago e garganta; parece determinada a me possuir por completo, até não sobrar mais nada senão um corpo vazio e sem alma.
Quero gritar para aliviar a sensação de sufoco, para desfazer o nó na minha garganta, mas minha voz não sai de jeito nenhum.
E enfim, quando estou prestes a fechar os olhos e desistir de tudo, um rosto borrado surge diante de mim.
— O que você está fazendo deitado no chão, porra?! Eu mandei ficar quieto! — Alguém grita.
Demoro longos segundos para raciocinar. Não consigo enxergar direito por conta das lágrimas, mas a predominância da cor azul e a voz angelical não me deixam dúvidas nenhumas. O pirralho voltou. Ele não me abandonou aqui para morrer de tristeza e solidão até que as minhocas comessem meu corpo de dentro para fora. Limpo os rastros de choro com as mangas para limpar minha visão e percebo que Azura, agora, carrega uma sacola de plástico em uma das mãos.
Novamente, me pergunto como cheguei ao ponto de ficar tão feliz por ver um cara que conheci há menos de duas horas.
Choro e soluço alto, desta vez, de emoção. De alívio. Azura me observa com uma careta de confusão — e talvez um pouco de pena — antes de me puxar para sentar de novo, se agachando na minha frente.
— Por que está chorando? A queda doeu tanto assim?
Eu me limito a balançar a cabeça em concordância, porque é mais fácil do que explicar o verdadeiro motivo de tantas lágrimas. Com que cara eu diria em voz alta que quero dar um abraço nele e nunca mais soltar? Que quero chorar em seu ombro e agradecer mil vezes por ele não ter me abandonado bêbado e desorientado em uma rua escura? Sei que sou patético, mas isso soa mais patético ainda.
— Por favor, pare de chorar. Eu não sei o que fazer quando as pessoas choram na minha frente — resmunga, sem jeito, se sentando de pernas cruzadas na minha frente. Em seguida, retira uma caixinha transparente de dentro da sacola e a abre diante dos meus olhos. — Se anima, loirinho. Olha só, eu comprei um bolo para você!
Mais uma vez, seus gestos de gentileza incondicional arrancam completamente as palavras da minha boca. Não consigo fazer nada além de abrir os lábios várias e várias vezes para não dizer uma única palavra, soluçar e olhar para ele como um doido.
Nunca ninguém se importou tanto comigo.
— Está falando sério? — Minha voz sai rouca, quase inaudível, mas desperta nele o maior sorriso que já vi na vida.
— Todo mundo merece um bolo no seu aniversário — explica, animado, enquanto tira a tampa de plástico da caixa. É um bolinho de chocolate com chantilly e um morango no topo, tão pequeno que cabe na palma da sua mão. — Não sei se gosta desse sabor, mas é o meu preferido, então tomei a liberdade de escolher esperando que você também gostasse. Acertei?
— Eu amo bolo de chocolate. — Abro um sorriso por entre as lágrimas e, depois, limpo-as com a manga da minha jaqueta.
— Perfeito.
Azura tira um isqueiro do bolso e acende a vela espetada no centro, começando a cantar:
— Parabéns pra você!
E ele canta a música dos parabéns para mim, um completo estranho, que só lhe deu trabalho desde o primeiro momento em que nos cruzamos. Sua voz soa doce, é tão angelical como quando estava cantando rock naquele palco e quase faz meu peito explodir com a euforia momentânea. Se eu morresse agora, acho que morreria feliz. Não tenho dúvidas.
Quanto mais a cantoria se aproxima do final, mais fico confuso com toda essa gentileza.
Por quê?
Por que ele se importou?
Por quê?
Será que morri de tanto beber e estou no céu?
— Feliz aniversário! — O pirralho abre um sorriso enorme enquanto posiciona o bolo na frente do meu rosto. Estou tonto, e a única coisa em que meus olhos e pensamentos conseguem focar, entre todas as coisas, é o brilho na expressão dele. Somente ele. Nada mais. — Vai, príncipe. Sopre a vela e faça um pedido.
Eu desejo uma vida melhor. Felicidade. Que o estado mental da minha irmã melhore, porque ela é tudo o que me resta. Qualquer pessoa desejaria isso, no meu lugar.
Mas, neste instante, ainda estou tão embriagado e sem autocontrole, que sou incapaz de proferir algo coerente. Em vez disso, só consigo pensar na única coisa que qualquer um teria em mente ao ver esse rosto angelical na sua frente.
— Eu desejo que você se apaixone por mim — digo, meio soluçando, e sopro a vela.
Quando levanto a cabeça para encontrar meu olhar com o de Azura, percebo que uma leve expressão de surpresa tomou conta de sua face sardenta. A confusão em minha mente ainda me faz demorar longos segundos a raciocinar o porquê, e meu pedido, de súbito, se transforma em um desejo de morte imediata e indolor.
Puta merda...
Falei em voz alta de novo.
Continua...
Oii de novo, estrelinhas!! O que acharam do capítulo? Me contem aqui nos comentários 💙
O Jimin passou tanta vergonha nesse final que daqui a pouco não vai mais sobrar vergonha pra ele passar no resto da fanfic kkkkk mas vamos dar um desconto dessa vez porque a gente sabe o quanto o álcool humilha!!
E o Azura, gente?? Ele é um neném querido, quero um desses na minha vida
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É isso! Espero demais que tenham gostado desse capítulo. Amo vocês, beijinhos e até à próxima atualização <3
Com amor,
Jude.
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