Capítulo 37
Sinto a bile subir pela minha garganta. Não estava planejando ter essa conversa com Jackie tão cedo. Ainda estou machucada pelo que aconteceu, tenho medo de soar tendenciosa se contar agora, mas é tarde demais. Ela ouviu minha conversa com Jerome.
— Querida — chamo em um sussurro, porque isto é tudo o que eu posso fazer.
Há uma sombra descendo por seu rostinho, distorcendo sua expressão e seus olhos estão apagados, lentamente se enchendo de lágrimas.
— Meu papai está vivo? — repete, com a vozinha afetada. Sei que ela consegue sua resposta no meu olhar martirizado. — Por que, mamãe? Por que ele não quis viver conosco? Por que não quis me conhecer?
Meu coração se contrai dolorosamente no peito. Caminho até ela e me ajoelho na sua frente, com um nó de angústia preso em minha garganta. É triplamente doloroso ver uma filha triste, perdida em suas dúvidas incômodas e dolorosas que a fazem retorcer ante tudo o que acreditou durante quase seis anos de sua vida.
Respiro profundamente e coloco seu cabelo atrás das orelhas para ver melhor seu rosto. Tento reunir as palavras certas.
— Lembra quando disse que eu e o papai não funcionávamos muito bem juntos no passado? — pergunto com cautela.
Ela assente com um pequeno movimento de cabeça.
— Isso não significou que não gostássemos um do outro, pelo contrário. E nós vimos isso, essa necessidade de procurarmos um modo melhor de lidar com as coisas — prossigo cuidadosamente, pensando em cada palavra que escolho. — Só que eu e o papai pensamos de formas diferentes. Ele queria voltar para Londres para terminar sua formação, porque achava que muita coisa entre nós poderia ser resolvida desta maneira. E eu queria que ele se afastasse definitivamente de mim, pois queria devolver o futuro brilhante que eu sabia que ele poderia ter tido, se não fosse eu ter entrado em sua vida e tomado isso dele.
— Não, mamãe. Você significou muito mais do que isso. — Ela me abraça, chorando com o nariz enfiado em meu pescoço. — Amo você. Tenho certeza de que o papai também amou.
— Adultos fazem besteiras, Jackie — digo com um suspiro.
— Crianças também — devolve e me arranca um sorriso fraco.
— E pais também... — murmuro, pensativa. — No dia em que descobri que estava grávida de você, eu e o papai tivemos uma briga feia. Contei mentiras dolorosas e consegui o que queria: Jerome foi para longe de mim. Furioso e destruído pelo que eu disse, ele saiu para dirigir e teve aquele acidente de carro, querida. — Jackie agora está soluçando sem parar. Levanto a mão e esfrego a palma em suas costas para acalmá-la. — Só que não foi o papai que morreu no acidente. Foi Jameson, o irmão gêmeo dele.
— O tio Jameson morreu, e não o papai — diz ela com a voz rouca ao entender, retrocedendo o rostinho vermelho e inchado para me olhar no fundo dos olhos. — Então o tio Jameson de agora na verdade é o papai.
Faço o meu melhor para sorrir.
— Isso, querida.
Ela fica parada, seus olhos castanhos lentamente adquirindo um fraco brilho de esperança.
— Por que o papai não contou a verdade?
— Porque ele achava que a mamãe tinha feito algo muito ruim a ele — falo baixinho, envergonhada. — E depois, quando nos conhecemos melhor, ele ficou com muito medo de contar a verdade e nos perder.w
Ela funga algumas vezes e esfrega os olhos. Há um pequeno vinco em sua testa.
— Mas eu amo o meu papai... — ela diz, sua voz se suavizando.
Abro um pequeno sorriso.
— Eu também.
Limpo suas lágrimas com os polegares e Jackie limpas as minhas. Tudo isto é tão doloroso para mim quanto sei que está sendo para ela. Mas somos sortudas por sempre termos tido uma à outra, consolado uma à outra quando precisávamos, ao passo que Jerome não teve ninguém. Um homem perdido, se esgueirando na escuridão, até mesmo triste em seu mundo de perdas, e dolorosamente solitário. Vivendo uma vida tão cheia de angústia e tristeza pungente. Isso é de partir o coração. Se ele pudesse voltar atrás e aconselhar aquele rapaz magoado e confuso, ajudaria-o a tomar uma decisão diferente. Sei disso, porque é o que eu teria feito com a antiga Ellie.
Nos movemos em direção ao sofá, onde sentamos e conversamos um pouco quando mamãe chega em casa. Aproveito a deixa e também conto tudo a ela. Mamãe tem a mesma reação que Tracy. Isso nos rende um momento de humor. Jackie brinca dizendo que foi por pouco que não perdeu a avó. Estamos rindo no sofá quando mamãe desaparece na cozinha e volta trazendo três canecas de chocolate quente.
Eu e Jackie pegamos as nossas e mamãe se serve com a outra. Passamos a noite conversando, assistindo televisão e nos empenhando em fazer todas rirem para espantar a tristeza. Quando penso que Jerome não está partilhando desse tipo de alegria em família, meu coração se aperta. Não é um grande mistério saber o que alguém sozinho está fazendo em uma noite fria como essa.
Jackie percebe minha melancolia e como isso está relacionado a Jerome. Não sei, talvez seja coisa de filha.
— Não quero que briguem mais, mamãe — diz Jackie.
— O que vai fazer, filha? — Mamãe pergunta, e eu fico feliz em poder dizer que não me sinto pressionada para tomar uma escolha. Entendo sua curiosidade. Eu também gostaria de saber o que vou fazer.
Olho para frente por um longo minuto.
— Não sei. É difícil para mim, porque já perdemos tanto tempo... — Procuro os olhos de Jackie para analisá-los, e me dizem o mesmo que sempre me disseram: se eu estou feliz, ela também está feliz. No entanto, há algo mais, algo que não pode esconder nem mesmo de mim. Seu desejo de conhecer melhor o pai, de conviver com ele. Está visivelmente claro que nada poderá destruir seu amor, assim como nada foi capaz de destruir o meu por Jerome.
Nesta noite eu a coloco para dormir e ela me pergunta se verá Jerome de novo.
— Provavelmente, sim — informo, pois devo isso a ela. É um direito seu.
— Vai voltar com o papai, mamãe? — Todas as suas esperanças estão correndo soltas por sua voz.
— Ele me fez voltar seis anos da minha vida... uma vida que foi muito difícil para nós dois. Eu apenas preciso de algum tempo para pensar.
Sua mão toca a minha.
— Tudo bem, mamãe. Amo você.
Sorrio, grata por ter uma filha de coração tão grande e sensível.
— Também amo você, linda.
A♥
Meu telefone toca violentamente no balcão da cozinha.
É quinta-feira, três dias pós-descoberta, e estou pensando que me sinto pronta para tomar minha decisão em apenas alguns minutos antes do jantar. Eu me sinto calma e segura, como se todas as peças houvessem se encaixado. Sim, perdemos anos separados, mas, ao protelarmos mais as coisas, estamos perdendo um tempo que podíamos nos dedicar ao amor ao invés da guerra.
Sinto-me incrivelmente bem. Eu e Jerome nos enganamos e nos machucamos com isso de forma inesperada. O tempo realmente é um bálsamo para as feridas. É como se sempre tivesse sido o meu caminho e agora estou de volta a ele. Não podemos recuperar o tempo perdido, mas podemos construir novas e boas memórias de hoje em diante.
Afinal, o que é a vida se não damos um sentido a ela?
Estou limpando a sujeira que fiz no balcão com a fatia de presunto caída e, ao ver o nome de Tracy na tela, abro um sorriso e atendo, ansiosa para lhe contar sobre minha decisão.
Abro a boca para falar e sou interrompida.
— Jerome está indo embora — ela dispara a bomba em mim, sem levar em consideração meu pobre emocional tão ultimamente colocado à prova.
Engasgo.
— O quê? — grito, fazendo Jackie pular da cadeira da cozinha. Olho para ela e faço um gesto para que continue comendo seu sanduíche. Vou em direção à sala, em busca de privacidade. — Como sabe disso? — Estou decididamente pronta para interrogá-la até saber de tudo.
— Ele está partindo para a Inglaterra. Veio aqui hoje de manhã e me contou isso pessoalmente. Ia se despedir de você, mas, ao perceber que não era bem-vindo, preferiu se manter calado sobre sua decisão — diz a uma só vez, toda afobada.
Oh, merda. Isso soa como Jerome. E depois da grande recepção nada calorosa de ontem, devo tê-lo feito se sentir pior do que já estava. Está indo embora por minha causa? Não, não quero que vá. A não ser... que seja temporário. Vibro em expectativa. Sim! Ele viaja a negócios de vez em quando, para Londres. Não será isso?
Engulo a saliva com dificuldade.
— Que decisão? — Eu não posso esconder o medo em minha voz.
— Ele voltará para a Europa, para morar permanentemente lá.
Minha mandíbula despenca para o chão.
O quê!
Sou tomada por uma sensação forte de indignação. E então eu estou destruída, arruinada, frustrada e todo o meu autocontrole evapora. A vontade de socar objetos retorna. Como ele pôde fazer isso comigo? Tudo bem que as coisas entre nós não estão muito boas... Mas ir embora? Em definitivo?
Não percebo que estou esganando meu celular com a mão trêmula até que ouço:
— Ellie, tenho que ir agora. Você sabe, ele já deve estar no aeroporto a essa hora. Terá de ser rápida se ainda quiser falar com Jerome.
Olho para o relógio da cozinha e confiro que já são quase seis da noite. Conseguirei chegar a tempo? Agradeço pela informação, me despeço de Tracy e saio em disparada para meu quarto como uma louca, esbarrando em mamãe ocasionalmente.
— O que houve? — Ouço atrás de mim.
— Sem tempo para contar! — largo as palavras no ar.
Sou um furacão no meio de roupas que voam pelo meu quarto de um lado a outro. Demoro para encontrar uma calça jeans decente. Visto-a com pressa, pulando de um pé só enquanto estou passando minha bata vermelha pela cabeça com a outra mão. Eventualmente tropeço na minha bagunça e me ergo toda estabanada, à procura de algo. Minhas botas! Onde estão minhas botas!
Sem saber quanto tempo ainda tenho, pego minha bolsa e corro mais uma vez pelo corredor, descalça, em direção à escada, que desço de dois em dois degraus.
— Logo estarei de volta! — falo em voz alta, já acenando de costas para Jackie e mamãe.
Saio pela porta de casa, apressada, e, para economizar tempo tentando abrir o porta-malas à procura de um sapato, resolvo dirigir descalça. Faço o caminho que me leva para o aeroporto.
Para meu horror, o trajeto está ocupado com carros e mais carros trafegando pela rua principal. Cantando pneus, faço um retorno proibido na rua e sigo através de uma pequena e mais estreita, com menos trânsito. Naturalmente recebo uma chuva de buzinas por isso.
Estou tão agitada, com o coração querendo sair pela boca, as lágrimas ameaçando em meus olhos, que, a cada troca de marchas, ouço o ruído que faço por não pisar até o fim na embreagem. Ultrapasso um automóvel e outro, e engulo as emoções.
Entro e paro no estacionamento do aeroporto com um solavanco horrível. Quando saio do carro, percebo que ele está todo torto na vaga.
— Dane-se. Não tenho tempo para isso.
Dirijo-me ao porta-malas, descalça, e escolho minhas botas pretas. Calço-as e, em seguida, mergulho na jornada pessoal que é tentar fechar o bagageiro deste carro. Bato uma, duas, três vezes e faço uma quarta tentativa. Numa atitude irritada, eu bato uma quinta vez e dou um pulo para sentar sobre a lataria, que faz um barulho de estalo indicando que foi fechada.
Não há uma única pessoa que não se virou para me olhar atravessando como um raio pelo saguão do aeroporto. Esbaforida, começo a abrir caminho entre as pessoas, meus olhos freneticamente olhando para todos os lugares à procura de Jerome.
Não o encontro por ali. Isso só pode significar uma coisa, e é justamente quando penso nisso que uma mulher anuncia ao que parece ser a primeira chamada do voo para Londres.
Meu coração grita de desespero.
Ele está na sala de embarque? Já passou pela segurança?
Aperto os passos através da área de check-in, que oferece uma vista panorâmica da área de pouso e do horizonte da cidade. Eu vasculho e vasculho... e estou pensando em alcançar a área da verificação de segurança, quando encontro um inconfundível corpo alto e atlético, de ombros largos, levantando-se da cadeira de um quiosque.
Ele fecha seu laptop e o guarda com cuidado dentro da mochila executiva, para em seguida colocar as alças sobre seus ombros. Seus músculos flexionam debaixo da camisa a cada movimento, o corpo se movendo com uma força fluida, em uma condução segura, descontraída e assertiva enquanto se vira com um ar solitário, puxando com ele a mala sobre suas rodas.
De repente, ele para no meio do caminho assim que me vê. Parece confuso a princípio, e eu não consigo formar um sorriso em meus lábios, porque o que estou sentindo é forte demais para eu ser capaz de fazer algum movimento. Vê-lo tira todo o meu fôlego. Seu amor me arranca a capacidade de andar.
Meu Jerome... por que quer ir embora? Não quero que vá. Seu lugar é aqui.
Sua confusão dá lugar a uma emoção visceral que domina seu rosto quando eu, enfim, sorrio. Completamente concentrado em mim, ele começa a abrir espaço entre as pessoas ao mesmo tempo em que me ponho a andar apressada, costurando entre a multidão.
Estamos correndo um para o outro, casualmente trombando em alguém, pessoas que vão de uma direção a outra, que cortam pela nossa frente e passam por nossos lados sem aviso. É como um labirinto cujo fim culmina em nosso encontro. Jerome não se importa e segue dedicando toda sua atenção a mim.
Quando estamos perto um do outro, salto para ele e sou girada no ar, seu rosto pressionado contra meus cabelos enquanto eu enterro o nariz em seu pescoço.
— Ás de Copas — ouço meu apelido ao pé do ouvido —, o que está fazendo aqui?
Eu rio e choro assim que sou colocada no chão.
— Eu... eu não posso deixar que vá. Minha nossa, tenho tanta coisa para dizer a você que nem sei por onde começar — disparo com rapidez.
Jerome sorri, seus olhos negros brilhando esfuziantes para mim.
— Acho que pode começar pela razão que a levou a chegar aqui. Como soube que eu estava de partida?
— Tracy. Ela me contou tudo. — Inspiro, tomando fôlego para encontrar coragem. — Não volte para a Inglaterra, Jerome. Por favor, não faça isso se for por minha causa ou pelo modo como o tratei. Eu estava furiosa? — Assinto com a cabeça. — Estava, completamente! Como supostamente uma mulher deveria agir ao saber que o homem que ela ama não está morto, e sim vivo? Aliás, bem vivo. — Dou uma risada humorada. — As descobertas caíram em mim como uma avalanche. Mas eu não quero que vá. Jackie não gostaria que você fosse, também. Ela te ama. E eu ainda te amo... — Uma lágrima traiçoeira está rolando por minha bochecha. — E a primeira coisa que você faz é decidir voltar para a Inglaterra, seu canalha?
Jerome parece todo desorientado.
— Mas, Ellie... — começa ele, com hesitação. — Eu não estou abandonando ninguém. Prometi que jamais faria isso de novo. Minha viagem será temporária, não passarei mais do que alguns dias lá para contar à minha mãe e familiares o que de fato aconteceu e desfazer todo o mal-entendido criado por mim.
Confusa, coloco meu choro para ser adiado.
— Quer dizer que não está partindo para morar em definitivo na Europa? — pergunto, vacilando.
— Não.
— Ah. — Dou uma risadinha sem graça, sentindo o rosto esquentar. — É mesmo?
Ele baixa a cabeça e passa a mão pelos cabelos, sorrindo ao me olhar. Meu Deus, não faça isso! Preciso me concentrar no que ele explica:
— Sim. A essa época, todos os meus parentes estão por lá. Nos reunimos para comemoração em família, um brinde aos velhos tempos ou algo do tipo. Fazemos isso nessa temporada do ano, não se lembra? É o que chamamos de férias em família.
Recordo que os Carver realmente fazem isso. Lembro que morri de ciúmes quando eu era mais nova e Jerome pediu esse tempo para se ausentar. Foi então que me pediu em casamento, pois éramos incapazes de ficarmos longe sem uma garantia de que pertencíamos um ao outro de corpo e alma.
— Oh, é verdade. — Instantaneamente caio na real. Tracy armou para mim. E então estou rindo de mim mesma e de como caí como um patinho. — Filha da mãe.
Jerome pisca.
— Perdão?
— Não foi para você. É só que Tracy foi apenas a Tracy mercenária de sempre.
Ele me acompanha em meu sorriso, está tão radiante, o rosto cheio de amor e felicidade quando me abraça de novo e dessa vez me beija apaixonadamente. Enfraqueço em seus braços, meu coração derrete e minhas pernas ficam bambas com seu amor infinito.
Olhamos para cima quando ouvimos o voo para Londres sendo chamado novamente.
— Venha comigo — convida-me com esperança na voz. — Será entediante sem você. Todos ficarão olhando para mim como se eu fosse um fantasma assim que contar tudo.
Sorrio. Imagino o susto que ele vai dar na família Carver. Jerome é uma caixinha de surpresas, capaz de colocar qualquer um à beira da parada cardíaca.
— Não posso — recuso com um muxoxo. — Vim até aqui para falar com você. Preciso lhe fazer uma pergunta antes que vá embora. Não levará mais do que alguns segundos.
Suas sobrancelhas negras se juntam com diversão.
— O que é?
— Você quer casar comigo de novo?
Uau. Jamais vou esquecer sua expressão deste momento. Ao que parece, também sou uma caixinha de surpresas. Abro um sorriso orgulhoso e movo sugestivamente as sobrancelhas para ele. Meu comportamento ativo e enérgico o faz rir.
— Você foi mais rápida do que eu! — Usa comigo um tom fingido de reclamação. Como é bom ver sua descontração de volta. — Mas ainda acho que é o tipo de pergunta que deveria ter partido de mim.
Bufo, estupefata, e reviro os olhos com os braços cruzados.
— Não seja machista. Além do mais, você já pediu minha mão no nosso primeiro casamento. Nada mais justo ser a minha vez de experimentar toda a graça da brincadeira. Imagine só a surpresa do Padre Carmichael ao saber que estou querendo me casar com um homem que, até dias atrás, não passava de um defunto!
Rimos juntos, e ele está praticamente às gargalhadas quando comenta com seus intensos, empolgantes e excitados olhos brilhantes:
— Você pode ter mudado muito, mas com certeza ainda continua espontânea.
Descruzo os braços e faço uma pequena reverência com o corpo que alarga o sorriso em seu rosto. Meu Deus, tinha me esquecido como funcionamos tão bem juntos.
— Não quero uma resposta para agora. Me dê apenas quando retornar, então, sim, estou sendo má por fazer isso com você. — Pisco para ele. — Não quero ouvi-lo, por ora, Jerome, apenas vá. Me procure assim que voltar e me conte o que decidiu.
Dou-lhe um beijo de despedida e sorrio.
— Boa viagem — sussurro.
Sou envolvida em seus braços com delicadeza e Jerome enche meu rosto de vários beijos lentos e carinhosos enquanto corre para cima as palmas das mãos pelas minhas costas, até enterrar seus dedos em meus cabelos. Aguardo o último e tão esperado beijo, ansiosa. Sorrindo, recebo-o na covinha de meu queixo.
— Obrigado — sussurra de volta, bem perto do meu ouvido, e inala meu perfume, seu nariz correndo por meu rosto, antes de pegar o punho da mala e caminharmos de mãos dadas para que eu possa acompanhá-lo ao longo do trajeto até a segurança.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top