Capítulo 29
O domingo inicia com uma espécie de delicioso café da manhã em família; comigo, Jackie, mamãe e Jameson comendo à mesma mesa, e encerra com um magnífico jantar a dois, à luz de velas. Muito romântico. Mas não mais que o banho sensacional no lago à luz do luar e, claro, o pequeno batismo que o local sofreu, pois não conseguimos refrear a paixão a tempo de chegar em casa.
Eu vou trabalhar no dia seguinte. A novidade é que ultimamente tenho estado tão inspirada por esse recomeço em minha vida que sinceramente não lembro quando foi a última vez que empreguei tantos esforços para ser muito boa em alguma coisa. "Ellie, a corretora falida" agora é "Ellie, a corretora em ascensão".
Tchau tchau, coisas velhas. Olá, nova máquina de lavar.
Aos poucos estou cuidando da reforma de algumas partes da casa e planejando grandes mudanças. Para a minha vida também. Mas sei que ainda tenho tempo para pensar e decidir para onde devo ir antes de dar o próximo passo às cegas.
Engraçado como a antiga Ellie não hesitaria em ser tão impulsiva para tomar decisões. Ela provavelmente já estaria casada de novo... Essa Ellie madura, porém, é a irmã mais velha estraga-prazeres. A verdade é que eu gosto das duas. Quando não estão brigando e rosnando ameaçadoramente uma para a outra, até que sabem conviver pacificamente. Mas, no momento, é a nova Ellie que preciso ouvir.
Jameson Carver não me dá descanso ao longo dos dias seguintes. E por "não me dar descanso", quero dizer que ele parece estar muito empenhado em me tirar do atraso de seis anos sem sexo.
E quem sou eu para julgar o desejo do pobre homem?
Ninguém. Um grande monte de nada.
Aceito sua oferta sem reclamar, exceto de estar frequentemente e deliciosamente dolorida das atividades noturnas. Das atividades no chão. Das atividades contra a parede. Dos extras na bancada da cozinha. Das rapidinhas entre um intervalo e outro do almoço. Não sei se isso pode ser chamado de rotina, porque, com Jameson, nunca me sinto entediada ou acomodada. Ele é aquela força enérgica que vive me jogando de um lado a outro, como as roupas no varal no meio de um vendaval.
Pensando bem, tem sido assim desde que o conheci. É uma emoção estar apenas sentada ao lado dele.
É inegável que tivemos nossos altos e baixos enquanto ainda éramos dois estranhos, mas mesmo agora, a vida com ele é uma verdadeira montanha-russa de emoções e excitação elevada. Meu único medo é atingir a parte baixa, porque sei que vamos chegar lá em algum momento. Eu não deixo que nada nos separe. Quero dizer, tento me manter aberta da mesma forma que ele se mantém para mim. Ele tem sido paciente e compreensivo, mas obviamente quer saber o que não estou contando.
Há coisas que ele ainda não sabe sobre a morte de seu irmão e sei que não tornou a me perguntar por uma questão de respeito. E não sei se agradeço por estarmos evitando o assunto doloroso ou se fico preocupada com a possibilidade de que as coisas entre nós mudem drasticamente assim que souber a verdade.
De qualquer forma, sigo aproveitando sua companhia, jantamos juntos e conversamos sobre o nosso dia. É confortável e agradável, e nunca me senti mais feliz. Confesso que ele morar a cerca de uma hora ou mais da cidade é um dos fatores que me fazem sentir mais saudades e esperar ansiosamente para encontrar com ele no fim do dia, porque não é como se eu pudesse pegar o carro para ir vê-lo a qualquer momento e chegar em sua casa em poucos minutos. Não somos exatamente vizinhos, mas, pelo menos nos resolvemos nesse quesito.
Na sexta à noite vamos ao cinema assistir a um filme de animação com Jackie e depois procuramos algum lugar para comer. Quando nos deixa na frente de casa, Jameson me lança um olhar de contragosto. Abro a porta, revirando os olhos com um sorriso e o coração derretido, porque sei que ele quer que fiquemos na casa dele essa noite.
— Não me olhe assim. Eu tenho uma mãe, esqueceu? — digo, mas isso só o faz reforçar o olhar pedinte. — Estamos dormindo na minha casa essa noite. — São minhas últimas palavras.
Desço do carro e Jackie também. Jameson vem logo após até a calçada, caminhando em nossa direção com um comportamento agitado e frenético. Jackie se despede dele com um abraço e vai para dentro de casa. Faço o mesmo ao me deixar ser rodeada pela cintura, e dou um beijo de despedida em sua boca.
Então, afasto-me. Mas em seguida ele está me segurando pelos ombros, me puxando e querendo me beijar de novo, prolongar o nosso maravilhoso contato o quanto puder enquanto está explorando meu corpo com as mãos...
— Não! — exclamo às risadas e dou tapinhas em suas mãos pervertidas. — Pare com isso. Sabe que não vou com você.
— Por que não passa a noite comigo?
— Por que você não passa a noite comigo? — Cruzo os braços, sorrindo para ele com a sobrancelha erguida. Não foi para parecer desafiante, mas confesso que adoraria tê-lo comigo hoje. E pelo resto dos dias.
Jameson deixa o ar escapar com frustração e passa a mão pelos cabelos.
— Ellie... — Sinto um toque de agonia e desespero erótico em sua voz.
— Por que eu posso passar a noite na sua casa e você não pode na minha?
Ele fecha as pálpebras brevemente e balança a cabeça.
— Odeio quando você coloca as coisas nessa perspectiva.
Dou de ombros como quem diz "Má sorte, amigo", e me viro para a porta de entrada da casa, um sorrisinho travesso pairando no canto de meus lábios. Oh, eu o conheço bem demais para saber que mal está se aguentando nas calças para passar um segundinho com a Ellie apaixonada.
Ouço rosnados atrás de mim. Ou são grunhidos? Não sei diferenciar, porém sei que ele deve estar pensando que estou fazendo tudo para provocá-lo, o que não deixa de ser em parte verdade. Uma mulher tem suas próprias armas e pode ter certeza de que sabe usá-las.
— Está bem! — brada atrás de mim, fazendo-me girar nos calcanhares. — Mas preciso das minhas coisas. Não posso dormir com essas roupas. — Olha para baixo, apontando para si mesmo.
Aí está o Jameson cuidadoso, perfeccionista e detalhista que conheço. Acho que ele vai ter um treco quando deparar com a bagunça do meu quarto, mas as surpresas ficam para depois.
— Ok. — Assinto com um sorriso completo. Antes de ele entrar no carro e dirigir para longe, eu digo com satisfação: — Ah, e Jameson — espero até ele me olhar —, faça uma mochila para passar a noite fora, querido. E lembre-se: quanto mais rápido for, mais rápido chegará aqui e consequentemente mais rápido poderá testar a maciez da minha cama.
Ele solta uma gargalhada.
— Vou fazer muito mais do que isso. Se eu causar um acidente na estrada por causa de minha pressa, a culpa será sua.
Dou uma risada provocante que faz seus olhos negros brilharem na escuridão noturna.
— Oh, não, não vai querer fazer algo desse tipo. — Dou alguns passos até ficar perto dele e gesticulo para meu próprio corpo, lançando a Jameson meu olhar sensual. — Afinal, você não vai querer perder tudo isso, vai?
Consigo arrancar um pequeno sorriso dele. Jameson olha para o lado por alguns instantes, parece subitamente tímido, como se estivesse tentando esconder de mim sua reação sem jeito, mas depois está olhando de volta para o corpo que ainda estou colocando em exibição como se fosse a manequim de uma vitrine.
— É uma boa causa — diz, abrindo a porta do carro para entrar. Ouço-o falar pela janela do carro: — Anote minhas palavras, Ás de Copas, hoje baterei um recorde!
Com isso, ele desaparece da minha vista num piscar de olhos. Estou sorrindo e balançando a cabeça enquanto entro pela porta. Encontro mamãe dormindo no sofá com a TV ligada. Silenciosamente vou até ela, estalo um beijo suave em sua bochecha e puxo a manta para cobri-la melhor. Acho o controle remoto e desligo a televisão, deixando a sala imersa em um silêncio profundo.
Subo a escada contendo um bocejo com a mão e vou me preparar para dormir, mas não sem antes verificar se está tudo bem com Jackie. Como sempre, ela sorri e me diz que adorou passear com Jameson.
Uma vez no banheiro, tiro toda a maquiagem e lavo o rosto ao final. Dispo-me de minhas roupas de sair e já estou de camisola quando espio pela janela Jameson estacionar seu carro junto ao meio-fio.
Desço os degraus, abro a porta para ele e peço por silêncio, apontando para mamãe confortavelmente adormecida no sofá. Ele acena com a cabeça ao entender e me segue através do corredor até meu quarto, onde confirmo que ele quase tem um treco com minhas coisas tão espalhadas e desorganizadas. O engraçado é que para mim minha bagunça é uma organização, porque eu me acho nela. Não que logo ele vá entender, claro. Não importa o que pensa, não diz uma palavra e fico feliz que me aceite desta forma que sou.
Aponto para a poltrona em meu quarto, onde ele coloca sua bolsa sobre as dezenas de livros que havia esquecido ali.
— O banheiro fica no corredor. Primeira porta à direita — digo, gesticulando para além da porta aberta do quarto.
Jameson olha rapidamente e assente, então fecho a porta com o coração pulando do peito. É a primeira vez que vai passar a noite em minha casa e é impossível conter toda essa excitação dentro de mim ao reparar na largura de seus ombros, no abdômen e nos bíceps bem definidos que flexionam quando ele começa a se despir na minha frente.
Não perco nenhum detalhe da obra. Subitamente me tornei a pessoa mais detalhista do mundo.
Ele fica só de cueca na minha frente. Está confortável em sua seminudez e eu, bastante entretida com a visão dos deuses, ou melhor, do deus. Então, para meu horror, Jameson cobre o corpo incrível com uma camiseta branca e não consigo ver mais nada. Ainda é uma surpresa para mim que este magnífico exemplar pareça ser um pouco modesto.
Caio na cama, cansada do longo e laborioso dia que tive. As luzes são apagadas por ele, que sinto se deitar ao meu lado quando o colchão afunda com o peso de seu corpo.
Com um suspiro, fecho os olhos e me aconchego a Jameson automaticamente. Sou atraída por seu calor sem perceber. Tenho suas mãos sobre minhas costas, os dedos traçando a parte exposta de minha cicatriz que a camisola não pôde esconder. Percebo nesse momento que nunca vi as costas dele, e nem toquei. É uma conclusão espantosa e estranha, já que fizemos amor tantas vezes. Um casal supostamente deveria conhecer o corpo um do outro melhor do que ninguém.
— Você possui cicatrizes, não possui? — medito cuidadosamente.
— O que a faz pensar isso?
— Porque não é tão bom em esconder esse segredo de mim. Ou será que é normal um acidente de carro terrível não deixar sequelas à vista na vítima?
Ele passa alguns segundos calado, e quase acho que não tem intenção alguma de me responder.
— Mesmo com as cirurgias, fiquei com algumas deformidades visíveis. Não gosto de falar sobre elas. — Há uma dor visceral em suas palavras que me faz dar o assunto por encerrado.
— Está tudo bem. Não precisamos conversar sobre isso agora.
O momento angustioso passa e ouço quando Jameson deixa escapar o ar ao apalpar minha bunda sobre a camisola e descobrir que não estou usando nada por baixo.
— Não está usando calcinha — murmura roucamente demais.
— Não.
— Quer me deixar louco?
— Sim.
Faço um grande esforço para não rir alto a fim de não acordar ninguém quando sou presa pelos pulsos. Sinto a ereção em sua cueca querendo abrir caminho pelas minhas coxas.
— Hora do troco — ele diz, rangendo os dentes com um desejo que sinto através de seu olhar que brilha no escuro do quarto, um desejo que queima cada célula do meu corpo.
— Não podemos fazer muito barulho — sussurro.
— Eu sei ser silencioso.
Sorrio, pensando em uma adequada combinação.
— Jameson, meu amante silencioso...
Ainda com meus pulsos presos acima da cabeça, ele baixa o rosto para recolher meus lábios enquanto uma mão sua está acariciando o interior de minhas coxas. Não posso evitar e faço um pequeno movimento, só para abrir as minhas pernas um pouco mais. O primeiro gemido que me assalta é abafado pelos beijos de Jameson. Mas há algo em seu toque, certa urgência para me ter que não posso acreditar que meu perseguidor sexual ainda esteja nesse estado de necessidade depois da quantidade de vezes que fizemos sexo na semana.
De repente estou recebendo milhões de beijos no rosto. Pequenos, rápidos e castos beijos que me provocam cócegas enquanto ele está imitando o ritual da penetração. Isso me rende uma pequena risada quando ele enfia o rosto no meu pescoço e faz o mesmo com minha pele sensível, seus movimentos provocantes com os quadris me deixando ofegante e descontrolada.
— Jameson — chamo baixinho e ele beija minha covinha com frenesi. — Parece até que nunca fez sexo antes.
— Já tem algum tempo desde a última vez que encontrei alguém tão especial como você.
Abro os olhos, o resquício do sorriso em meu rosto. Então ele me acha especial... e, claro, logicamente já existiram outras pessoas especiais em sua vida. Não gosto de pensar na quantidade de mulheres que já conheceu, mas o ciúme se encarrega pessoalmente de aprumar minha imaginação para que isso aconteça.
— E depois? — pergunto, interessada. — Não me diga que as mulheres não davam em cima de você! Nessa eu não posso acreditar.
— Não, não é isso. — Pode estar escuro, mas sinto-o elevando os cantos de seus lábios para mim. Me percebeu ciumenta?
— Então o que é?
Há um silêncio que se arrasta por longos segundos, até ele dizer com um suspiro cansado:
— Trabalho. Ele nunca me deixava em paz.
Relaxo contra a cama e toco seu rosto, sentindo a familiar irregularidade da pele em alguns lugares, e logo deixo a imperfeição para lá quando me recordo da série de cirurgias às quais Jameson teve de se submeter após o acidente de carro. Certamente ele deve ter trabalhado muito duro para chegar onde chegou. Não sou nenhuma perita em mensurar a quantidade de dedicação de alguém para alguma coisa, mas consigo resumir em apenas uma frase: Jameson deve ter sacrificado uma parte significativa de sua vida pessoal em prol de algo maior e merecedor de tal sacrifício. A prova disso é seu esforço notável para trazer uma Carver Enterprises Incorporated para Atlanta, que está prevista para funcionar a todo vapor daqui a alguns meses.
Eu estive com ele e várias vezes o vi trabalhando em seu laptop, atendendo ligações, noites intermináveis de negociações pelo telefone e reuniões por meio de videoconferência com a equipe de Londres. Ter se afastado da empresa matriz não deve ter sido uma decisão fácil. E o fuso horário de um lugar para o outro é excruciante. Segundo ele, existem pessoas de sua confiança executando tarefas importantes que ele tinha de executar, mas isso não significa que problemas não ocorram de vez em quando, ou que Jameson não tenha de acompanhar transações em andamento. Trabalhar de casa pode ser tão estressante quanto no próprio local de trabalho. Saber que ele optou ter esse estilo de vida por mim, para me conhecer e para ficar comigo, me deixa zonza de felicidade e admiração.
A primeira coisa que faço é passar os braços ao redor dele, com carinho, como tudo o que ele faz comigo. Corro as palmas das mãos por suas costas, sentindo-as contra a camisa. Eu o sinto ficar ligeiramente tenso sob meu toque. Mas depois, quando o puxo para mais perto e faço com que troquemos de posições na cama, sinto seu corpo relaxar.
Em cima dele, apoio-me em meus joelhos, puxo para baixo a cueca que ele está usando e o belo pênis salta livre, libidinosamente duro. Dois olhos brilham cheios de desejo para mim. Não é a primeira vez que fazemos isso, mas cada vez com ele é como se fosse.
Ao me inclinar para a ereção poderosa, passo a língua pela lateral de sua rigidez masculina e sou eu quem acabo gemendo. Inspiro seu cheiro limpo, fresco e natural. Amo tudo o que ele exala. É intoxicante.
Abocanho a ponta larga com meus lábios macios e sugo delicadamente, depois corro a língua pela parte de baixo e faço uma massagem suave com minha língua envolvente. Jameson me presenteia com um gemido baixo e arremete os quadris de leve.
Numa atitude ousada, seguro a base do pênis na mão e o enfio mais fundo na boca, até senti-lo na minha garganta. Então retrocedo e o meto de novo, começando a chupá-lo de forma ritmada.
— Ellie — ele arqueja e agarra os cabelos da parte de trás da minha cabeça. — Desse jeito eu vou gozar fácil.
Suas palavras me deixam ainda mais disposta a fazê-lo chegar ao orgasmo. Continuo chupando, acariciando-o com a mão em movimentos vaivém que sei que o excitam e o coloca na beira do clímax a um fio de perder o controle.
Sinto seu pênis inchar na minha boca, intumescido de desejo, e deixo escapar outro gemido enquanto ele começa a empurrar os quadris em direção à minha boca, com o tão afiado controle agora completamente perdido. Adoro o fato de ser a causadora disso.
— Agora — ele diz.
E me coloco a sugá-lo com mais fervor, trabalhando com a boca e com a língua habilidosamente, gulosa e ansiosa para vê-lo gozar. Os primeiros jatos do sêmen grosso e salgado preenchem minha boca e engulo tudo, sugando-o até o último segundo de seus espasmos.
— Ah, merda. Essa boca... — diz com a voz rouca de paixão. Ele me traz para si até estarmos esfregando nossos narizes. — Não consigo resistir a ela.
— E nem ela a você — murmuro sorrindo.
Nós rimos baixinho e dou um beijo rápido em seus lábios, antes de me esticar sobre ele e lentamente começar a excitá-lo de novo. Não demora muito até Jameson ficar duro.
Com as palmas das mãos sobre seu peito e a cabeça arqueada para trás, eu monto nele e me encaixo devagar sentindo a sensação maravilhosa de seu pênis deslizando dentro de mim para preencher minha extensão íntima.
Nossos suspiros apaixonados se perdem no silêncio da noite.
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