‹⟨ 15: No caminho para o Destino ⟩›
A noite já caiu e a fogueira está alta. O grupo se senta ao redor. Castiel é fechado, somente em sua mente e sem falar com ninguém. Ele meche com uma folha, rasgando pedaço por pedaço, preso em seu próprio mundo. Yen o encara, curiosa e ao mesmo tempo... Encantada? Encantada com o ser na sua frente, com o coração ferido que ela sente, a expressão triste e sem felicidade. A filha adotada... Quem foi que tirou a vida dela para deixar um caçador sem sentimentos capaz de ser mais frio do que já era? Um amigo? Alguém próximo?
Yen é pega desprevenida, quando o caçador sobe os olhos, penetrando o castanho das orbes da mulher. Ela desvia rapidamente, encarando a fogueira. Castiel volta a encarar o chão.
—por que você enterrou o corpo daquela criatura?—Aquíla pergunta.
Os olhos amarelos do caçador dão atenção ao líder dos anões.
—deixe que a terra leve de volta o quê é dela. Um corpo exposto a céu aberto, perto da vegetação, a podridão iria destruir tudo. Irresponsabilidade não tem justificativa.
—hm. Ótima política, caçador—aponta com a adaga—eu não tenho ela, porquê não ligo hahahahahah!—ele ri acompanhado de seu grupo—mas sem julgamentos, viu? Mas agora eu quero entender, porquê cavaleiros tão honrados como são, vieram na caça de um monstro das montanhas como vocês três aí—aponta para o que parece ser o líder—qual seu nome, cavaleiro?
—Alexander, prazer. Não estamos aqui para uma recompensa, estamos aqui para receber a honraria do rei e isso se dará caso o monstro seja morto. Vocês quatro querem dinheiro, anões só querem isso, mas e vocês três?—olha para Yen, Castiel e Dylan—o que querem com esse monstro?
—isso não é da sua conta—Castiel responde. Alexander ri.
—estamos em uma fogueira conversando, é um momento sagrado.
—ele está me acompanhando—Yen responde pelo caçador, tomando a frente—e eu tenho meus motivos particulares. O garoto,—olha para Dylan—caiu no barco andando—eles riem, com Dylan não entendendo a piada.
—ah, olha só o quê eu encontrei—Aquíla tira de trás de seu corpo um grande ovo branco, capaz de ser maior que o de um avestruz—omelete, homens!—os anões comemoram.
Aquíla racha a casca branca e abre a "tampa", coloca em cima do fogo depois de dar uma boa mexida e adicionar temperos de uma bolsinha presa em sua cintura. Ele bate as mãos as esfregando, ansioso pela refeição.
—o Sparkling wine estava defendendo um ninho—diz Castiel.
—é, bom, não deu certo.
Após a preparação do omelete, todos se servem menos Castiel, que dispensou a comida. Aquíla ficou com a sua parte.
—hmm—um dos anões termina sua parte—souberam das fofocas?
—fofocas?—Yen se interessa.
—é, isso.
—hm, não liga pra ele. Esse é mais fofoqueiro que mulher com vizinha.
—ah, vá se foder!—bate no ombro do outro, que ri antes de comer mais uma colherada—enfim, depois da subida de uma nova soberana para o reino de Darkvin, estão com medo pelo avanço que essa demonstrou ter. A nova soberana é ambiciosa, poderosa e tem o apoio do povo. Com a ajuda da feiticeira deles ela conseguiu tirar o reino da lama em que estava durante o reinado do antecessor.
—hah—Yen ri debochada—Rita não teve mais do que sorte.
—seja sorte ou não, ninguém consegue negar que ela ajudou a reerguer aquele reino.
—Darkvin vai avançar, provavelmente vão começar pelo leste e se chegarem nos reinos do norte, aí toda Halla será Darkvin.
—seja o que for,—Castiel finalmente se manifesta pelo assunto—será só mais uma elite comandando tudo.
—ah, não será não, meu caro caçador—Aquíla responde—conquistar e tomar, é o que essa nova soberana quer. Só deus sabe o que virá depois, esses malucos estão se aproximando a cada dia de Tamarã, Montór, Elden... Podem muito bem querer a terra abandonada mais adiante do norte.
—o rei dourado iria preferir a morte à entregar Elden—diz Dylan.
—talvez se alguém estivesse lá com um punho mais forte para controlar essa ambição—diz Alexander, com os olhos correndo para Yen.
Ela suspira. Se levanta limpando sua calça da poeira da terra.
—me dêem licença, eu preciso do meu sono da beleza—ela se retira finalmente, subindo a inclinação do terreno, para as barracas.
—eu ouvi as histórias, de uma feiticeira que enfrentou o Pilar e se negou a ir para Darkvin—o cavaleiro continua após a saída da mulher.
—acha que é ela?—Aquíla questiona.
—talvez.
—bom, não sei se irei ficar mais bonito mas já deu a minha hora também.
Aquíla se vai para seu sono, acompanhado pelos seus companheiros.
—então, quer dizer que todos nós estamos prestes a ter novos senhores, ou melhor, senhoras do mal sobre nossas cabeças e Oráculos... Isso sim foi um bom dia—a fala de Dylan provoca a rizada dos acompanhantes de Alexander—vocês já viram algum Oráculo antes, não viram? Castiel, conte para nós.
O caçador troca olhares com o garoto, antes de falar o que ele pede, muito pela falta de paciência de Castiel.
—seus números estão diminuindo, culpa pelos amantes de prêmios—olha para o garoto—mas eles existem. O quê as pessoas chamam de "Oráculos das montanhas" são os azuis, como o que estamos caçando são os mais comuns, Oráculos vermelhos são menos e os brancos são os mais raros.
—Oráculos negros são os mais raros—Castiel encara Alexander.
—Oráculos negros são um mito. Para um Oráculo negro existir, teria que ser o resultado de uma mutação única de uma em uma milhão. E em minha experiência, não acredito em mutações não intencionais. Toda mutação que vi foi intencional. Se Oráculos negros existiram ou não, não importa, lhes aconteceu o mesmo que aconteceu quando uma coisa é muito diferente:—ele faz uma pausa, antes de prosseguir, com o olhar para o fogo ardente—eles morreram.
—há outras formas de resistir. Se você está em busca de um legado, talvez deva se tornar um cavaleiro como nós—ri—sir caçador—os outros cavaleiros riem junto—ah, ou, talvez seguir em frente.
Os olhos amarelos e penetrantes encaram Alexander, que não se deixa abater e mantém contato visual com o caçador por um tempo.
—bom, eu já irei—Dylan se levanta—até amanhã, Castiel. Boa noite—sorri, dando um tapinha no ombro do outro.
—já deu nossa hora também. Até amanhã, caçador.
Todos se vão, deixando Castiel que mergulha em seus pensamentos profundamente. Pensa na garota que criou como uma filha, uma relação bonita e paterna, mas ela foi tirada de si. Não vai ficar se corroendo para sempre. Caçadores não devem sentir nada. Ele apaga o fogo ardente da fogueira.
A manhã cinza já despertou e o acampamento improvisado é erguido. Começam a preparar suas coisas para seguir em frente. Com todas as bagagens em mãos e todos os pertences, o grupo segue o caminho. Após meia hora de caminhada, Alexander se prontifica a falar.
—estamos no meio do caminho para a caverna, e estamos ficando próximo dos ladrões. Vai ficar mais perigoso.
—ele tem razão—Aquíla fala—nosso povo já trabalhou em minas nessas montanhas, conhecemos um atalho que reduzirá meio dia de jornada—aponta com seu machado na direção do lado direito do caminho que seguiam—deixe os ladrões seguirem pelo caminho mais longo. Pegaremos a criatura antes que eles possam se quer pisar na toca. Vamos nos proteger até o próximo pico—encara Alexander—mas depois é cada um por si—o cavaleiro sorri.
—por mim está ótimo!
—ok. Vamos.
Eles seguem o anão. Castiel percebe Yen se distanciando, sem falar nada apenas seguindo na direção do horizonte.
—vá com eles, eu alcanço vocês—diz a Dylan que fica sem entender.
Apesar do jeito que se conheceram, Castiel tem um pouco de empatia com o garoto, só um pouco.
Ele segue a mulher, colina acima, enquanto leva sua bolsa de couro. Consegue alcança-la.
—ei—ela para, mas não o olha, apenas o horizonte onde procura algo—qual o problema?
—eu não sei...—diz em receio—eu tô sentindo algo, algo fora do normal—Castiel levanta uma sombrancelha.
—o Oráculo?
—parece...—direciona o olhar para a terra arenosa—... Parece antigo—levanta o cenho, encarando Castiel—não é o Oráculo, mas parece o estar na mesma direção.
O outro pensa por alguns segundos.
—vamos, vem com a gente. Vamos pelo caminho dos anões, se é na mesma direção com certeza vamos encontrar—os olhos da mulher o observam. Castiel estende sua mão—vem?—a outra suspira.
Seus passos tem os sons ampliados pelo corredor com tonalidade dourada provocado pelas tochas no subterrâneo. Edward e Aredhel voltam de seu passeio juntos, lado a lado. O garoto ainda absorve as informações que recebeu e Aredhel está mais plena e calma do que nunca. Anna e Calen implicam uma com a outra, enquanto Glory observa curioso as duas irmãs. Loren mantém os cotovelos sobre seus joelhos, com o queixo apoiado sobre suas mãos. A filha do alto concelheiro tenta de tudo para buscar sua atenção, mas nada o tira de seus pensamentos exceto quando suas orelhas aguçadas escutam os passos familiares se aproximando. Logo se levanta levando o olhar para o garoto que surge junto da anciã. Todos se aproximam, as irmãs ansiosas são atropeladas por Loren que fica em frente ao garoto de cabelos prateados que da um pulinho pra trás surpreso.
—ah, oi—sorri para o mais alto.
—oi—sorri de volta—como foi?
—ele enxergou seus sonhos—Aredhel fala com sua voz majestosa—agora a decisão do próximo passo a ser dado, é totalmente dele—a anciã se afasta, deixando Edward com o trio de irmãos.
—meus sonhos me mostraram, me mostraram alguém... Alguém que eu preciso achar—seus olhos azuis passam pelos irmãos—Castiel de Yosoda... Acho que ele é o meu destino... Talvez ele me ajude a entender—encara os olhos cinzas de Loren—o quê está acontecendo comigo.
—então, Edward do vilarejo caído—todos levantam seus cenho para Aredhel—o que fará a seguir?
Os olhos azuis do garoto desviam para baixo, em seguida se levantam com um brilho no fundo. Estes mesmos olhos, iluminam a visão das cinzentas orbes de Loren.
—vou atrás deste Castiel—diz firme.
[...]
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