‹⟨ 14: Uma boa amizade é remédio para muitas dores ⟩›
Os dois seguem pela estrada, Castiel em sua égua e Yen com um cavalo roubado de um fazendeiro azarado. Em silêncio e sem papo algum. Yen acha tedioso, os boatos diziam que caçadores eram seres interessantes, crianças levadas ou deixadas muito jovens que eram submetidas a diversas experiências e treinamentos mortais. Mas pelo jeito, só um cara que finge ser mudo.
—nunca tinha visto um caçador. Pensava que eles tivessem chifres—fala.
—hm, até onde sei não sou corno.
—ah, sim, mas o fedor é real.
Recebe o olhar do outro.
—a noite já está caindo. Devemos achar um lugar pra ficar, alguma árvore ou...
—que tal uma taberna?
Ele para, olhando na direção de onde Yen apontou, encontrando um casebre, uma taberna? Tanto faz, que de para dormir já está bom.
—ah—suspira—ok.
Os dois partem para lá, com Yen cada vez mais curiosa sobre o caçador e o início disso teve de como ela o encontrou: ajoelhado, perante um túmulo improvisado, segurando uma pá com marcas de uma recente batalha... Algo ocorreu, e foi uma grande adaga cravada no coração daquele meta, isso ela sabe notar, sabe muito bem, ela viu nos olhos, naqueles olhos que tentam por tudo na terra demonstrar somente frieza que sua raça tem fama, mas lá no fundo, este homem, este caçador, está machucado.
O volume da música dentro do local está alto, com canções e bebedeiras, beirando à perversão. Castiel e Yen trocam olhares, com ele suspirando. Abre a porta e toda a festança para, com as orbes de todos paralisando na direção da dupla. Com o silêncio absurdo, ninguém fala nada e não se movem... Mas ao fundo, um homem vira uma cerveja, com um barulho de sopa muito alto.
—que vibe você passa—diz Yen. Castiel olha para a mulher menor. Ela sorri.
—huh—resmunga.
Os dois passam, com um homem calvo levantando um grande copo de cerveja para o alto em um grito arranhado pedindo por mais festa. Todos se animam e a festa retorna.
—adorei a animação—Yen comenta.
—que vibe você passa.
Os dois chegam ao balcão.
—queremos dois quartos.
—só tem um.
O caçador revira os olhos, acompanhado por Yen.
—tem pelo menos banho?—ela pergunta.
—sim, uma por quarto somente usado uma vez—a mulher chata diz.
Yen deseja transformá-la em uma formiga para pisar, somente pelo jeito que a outra a encara, sem interesse.
—aff, ok.
Os dois pegam a chave e sobem as escadas, trocando farpas, principalmente vindo de Yen, que daria tudo para não dividir o mesmo local de descanso com o fedido caçador.
Em uma mesa isolada, num canto do local, um garoto ruivo com ombreiras de cores douradas e prateadas, observa a dupla subir em uma discussão sem fim. O garoto baixa o menu, revelando o rosto, com um sorriso grande surgindo nos lábios. Uma enorme animação preenche seu coração.
—finalmente...!
—e aí, já escolheu?—a mulher do balcão surge ao seu lado, com o mesmo semblante baixado e tedioso.
—ahn, eu hmmmm—afina os olhos, lendo as piores letras que já viu na vida—eu vou querer um copo de cerveja, por favor.
Sorri, mostrando os dentes e fechando os olhos. Quer parecer amigável. A outra somente revira os olhos, pensando o quanto de gente estranha surge ali.
—tá, pode deixa—leva o menu consigo.
O outro suspira, voltando a encarar as escadas por onde o caçador e a feiticeira subiram.
Castiel deixa sua bolsa em um canto do quarto. Retira sua armadura, ficando com as roupas de tecido. Yen retira igualmente o excesso, deixando-a mais confortável. Ele se senta na ponta da cama.
—vamos tomar banho, descansar e amanhã prosseguimos.
—ok, sem problemas—ela olha ao redor, encontrando a banheira—eu vou tomar banho.
—eu vou primeiro.
—não vai não.
—ah, vou sim.
—vamos juntos então—sorri.
—que?—arqueia o cenho.
—o que foi? Está com medo?—ri.
—não enche.
—bom—tira suas luvas—eu vou de qualquer jeito. Se quiser tomar banho, me acompanhe.
Em minutos, os dois estão juntos na banheira, de costas um para o outro, com Castiel de cara fechada e Yen rindo da situação enquanto se banha.
—você é sempre assim?—a outra ri mais uma vez.
—sim. E você? É sempre chato assim?
—hum—resmunga.
—ahhh—suspira—vamos nos conhecer... Eu vou contar a minha triste história e você conta a sua, tá?—nenhuma resposta—ok. Eu cresci em um Vilarejo humilde, esquecido e de nome Wester...
—não gostava da sua vida?—olha por cima de seu ombro.
—não—sorri, desmanchando o ato logo em seguida, encarando um ponto fixo—eu odiava na verdade. Odiava tudo e todos naquela vida... Você não tem ideia. Cresci humilhada, vivi humilhada... Machucada... Mas não mais, não mais hoje. Hoje eu não sou mais aquela garotinha... E eu quero descobrir meu propósito, porque tudo pelo que eu passei, tudo que eu enfrentei e enfrento hoje, não pode ser para nada...—os olhos castanhos dela brilham com a luz laranja refletida—eu quero saber qual o meu destino, eu acho...—uma lágrima escapa de seus olhos, descendo pela sua bochecha. Ela limpa impulsivamente—e você, caçador?—abraça os próprios joelhos—o que quer nessa vida?
—huh—olha pro nada, aparentemente pensando—eu não quero nada... Nunca quis. Eu apenas vivi, com o que me foi dado e tirado. Não sei quem é meu pai, mal me lembro do rosto de minha mãe... Só sei o que me contaram.
—e... O que te contaram?
—com 7 anos fui entregado aos caçadores... Me treinaram mortalmente. De 10 crianças só sobrou 3 vivas... Fui uma delas. A dor dos experimentos, a tortura... Me moldaram para o que sou hoje. Um monstro, um assassino, um caçador... Achei por muito tempo que não merecia nada, mas encontrei alguém... Uma garota... Que foi abandonada durante um ataque de uma alcatéia de lobisomens, sozinha igual a mim... Eu a adotei, criei, longe de Yosoda... Mas digamos, que durante toda a minha vida, não fiz muitos amigos e esses, quiseram me machucar... Era o corpo dela que você viu enterrado e quem a matou, já considerei um pai, um único amigo... Hoje—os olhos da mulher encaram os do caçador, por cima dos ombros—considero um inimigo.
Ele se levanta bruscamente, sem se importar em molhar o que está ao seu redor. Agarra uma toalha e uma garrafa de alguma bebida alcoólica que estava no balcão, deixado para os hóspedes. Bate a porta assim que saí, deixando Yen sozinha. Ela encara suas pernas, ainda pensando nas palavras do recém conhecido.
Os dois possuem cicatrizes, os dois foram machucados... Ela agora sabe que Castiel não é somente um ser sem sentimentos, talvez ele ainda tenha algum lá no fundo, bem lá no fundo. Sobe o olhar, encarando a luz da lâmpada laranja ao lado da cama. Uma certa admiração para aquele homem brotou em seu interior. Eles não são muito diferentes, afinal...
No dia seguinte, a dupla prepara seus cavalos para partir. Yen dá uma tigela de água para seu animal e Castiel termina de escovar os pêlos de Destiny. Uma movimentação chama a atenção dos dois, dois grupos de homens altamente diferentes. O primeiro grupo, formado por homens de armaduras de cavaleiros e o segundo, por ladrões. Eles adentram o local, lançando olhares estranhos uns para os outros. A dupla troca olhares.
—o que cavaleiros estão fazendo aqui?
—não faço ideia—responde Yen—vamos descobrir.
Deixam seus cavalos, voltando para dentro da taberna. Em um canto, perto dali, de baixo de um capuz, o garoto ruivo ergue o olhar para eles, em seguida os segue de volta para dentro também.
Quando a dupla se senta em uma das mesas, um dos atendentes vem oferecer o menu.
—vamos querer dois copos de cerveja, certo?—ele olha para feiticeira que concorda.
—ok, mais alguma coisa?
—ahn—Yen chama a atenção da mulher com a mão—o que aqueles homens vieram fazer aqui? Sabe de algo?
A funcionária da casa olha na direção dos cavaleiros e ladrões, que são brutalmente diferentes um dos outros. Os ladrões, loucos bêbados, os cavaleiros, sérios e chatos.
—estão falando de irem em busca de alguma criatura que assombra um reino aqui perto, acima das montanhas. O rei prometeu uma grande recompensa.
—que criatura seria essa?—Castiel aperta os olhos.
—estão falando de um oráculo—ela da de ombros—hm, sei lá.
Ela se vai, com Yen e Castiel trocando olhares.
—se eles estão indo até o oráculo... Só precisamos segui-los—a outra levanta uma sombrancelha.
—mas você não sabia onde a criatura estava?
—não, mas eu chutei que era nas montanhas, então eu sabia indiretamente—responde sério e frio.
Yen balança a cabeça mordendo o lábio inferior, com os olhos mortais.
—que cretino.
As cervejas chegam e eles agarram as canecas, bebendo goles com grande volúpia. Castiel fica observando o grupo de homens, analítico e concentrado, Yen já procura algo em que possa assistir e se entreter, e acaba encontrando algo. Um garoto ruivo que parece estar encantado com algo, quase babando. Ela percorre com o olhar a linha para onde os olhos daquele rapaz estão vidrados, e encontra Castiel, no final dessa linha. Pensa com seus sinos da cabeça e ri consigo. Isso acaba por chamar a atenção do outro.
—tá rindo do que?
—do seu admirador secreto—ela bebe mais um gole.
—o que?
—olha discretamente um pouco para a direita—ele vira o olho descaradamente na direção do rapaz—eu disse discretamente!—pisa com força no pé do outro.
—ah, pra que isso?
—você ainda pergunta?
Ela balança a cabeça bufando. Castiel continua bebendo a cerveja, enquanto Yen analisa os dois grupos e o garoto estranho. A porta abre, revelando mais um grupo de homens, anões de narizes empinados e mal encarados. Todos muito unidos e implicantes uns com os outros.
—todos vão na mesma direção, então seguiremos todos juntos—diz Yen, Castiel não fala nada.
—vamos rápido, pra acabarmos com isso de uma vez—termina sua cerveja.
Os grupos fizeram o que Yen disse, se juntaram e chegaram num acordo, seguirem juntos pelo caminho, pelo menos até onde concordam em seguir. Um dos ladrões implicou com um dos anões e recebeu um chute nas canelas, o que deixou o clima tenso entre esses.
Começaram a subir a colina, no pé dela eles param para fazer uma pausa e organizar suas bolsas com o que irão levar e não.
Castiel amarra Destiny numa cerca presa a uma árvore, onde ela será cuidada pelo organizador enviado pelo rei do reino próximo, que emitiu a caçada de recompensas ao oráculo.
—se alguma coisa acontecer com ela—encara o homem, um garoto com tremores nas pernas—te quebro e faço ver lugares do seu corpo que você nem sabia que existiam.
—p-p-pode d-deixar...—diz em extremo suor.
Yen termina de dar o nó na corda de seu cavalo. Passa por eles, Danda tapinhas no ombro de Castiel.
—cuidado, garoto, ele gosta dos novinhos—ela ri ao se afastar, enquanto o caçador bufa revirando os olhos.
Ele se junta a ela distante, perto dos outros que organizam suas coisas, com a luz do sol banhando suas peles. O caçador verifica sua espada, antes de guarda-la em sua bainha nas costas. Yen apenas espera, olhando para o horizonte. Um dos anões, um homem cabeludo ruivo, barba grande trançada e áspera, de capacete de sua cultura e luvas de mineiro. Se aproxima de Castiel.
—você é um caçador, certo?—Castiel baixa o olhar.
—sou.
—é um prazer—ergue sua mão—eu sou Aquíla, o líder do meu grupo, seria um prazer acompanha-lo na caçada à essa criatura.
—Castiel de Yosoda—aperta a mão do outro—o prazer é meu—Aquíla cena e volta para seu grupo.
—vamos, homens!—um dos ladrões grita—temos um oráculo para matar! Hahaha!
O resto de seu grupo o acompanha em gritos, antes de começarem a subir a colina, floresta adentro. Castiel revira os olhos e seguem no caminho também. Os cavaleiros são os mais isolados, interagindo entre os seus e silenciosos. A nossa querida dupla são os últimos do grupo, e logo atrás, o garoto ruivo usa as árvores e os arbustos para segui-los.
No meio do caminho, os ladrões e assassinos se separam do resto, decidindo seguir por caminhos próprios. Após alguns quilômetros de caminhadas, o grande grupo se ajeita e se prepara montando uma fogueira para o início da noite. Os anões, fervorosos pela caça, acabam por matar um cervo, ação desaprovada por Yen e aceita por Castiel. Limpam a carne com alegria e colocam acima do fogo. Finalmente, um refeição.
Em um momento, Castiel se afasta, indo para arbustos, procurando frutas vermelhas ou roxas, que há perto de árvores grandes como as dessas floresta. Recolhe algumas, pondo em uma bolsinha presa à seu cinto.
Apenas os barulhos dos insetos são ouvidos, mas, um cheiro, um cheiro que chama a atenção de Castiel. O cheiro de alguém, alguém jovem. Anda em passos lentos e silenciosos para o ouvido humano, sem baixar o peito e com a espada nas costas de cara fechada. Serra os olhos. Para, olhando para os arbustos a sua esquerda.
Em um grande reflexo, finca sua mão nos arbustos da direita, segurando algo. Puxa para a fora, lentamente, revelando ser o pescoço de alguém.
—ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai! Calma aí!
Castiel puxa o rapaz ruivo, encarando a face desesperada do outro. Os olhos amarelos serram enquanto as pernas do outro ficam bambas.
—por que está nos seguindo?—pergunta ameaçador e arranhado, apertando o pescoço.
—ah, calma! Eu não queria passar mal impressão!—levanta as mãos abertas.
—falhou miseravelmente.
—ah, pode ser, pode ser! Mas por favor! Eu não consigo falar com você me enforcando!
Castiel solta o pescoço do ruivo, que se abaixa apoiando as mãos nos joelhos, recuperando o ar para seus pulmões.
—agora você fala.
—ai, hah! Tá, tá! Ah, meu deus!—ele tosse algumas vezes, como um cachorro com asma. Se ergue, levantando as mãos abertas no nível do peito—eu sou um GRANDE fã dos caçadores—Castiel arqueia o cenho—eu ouço histórias sobre vocês desde o momento em que eu nasci, e quando eu soube que você tava aqui perto, eu precisava ver com os meus olhos e até te conhecer.
—por que ficou agindo como um perseguidor filha da puta?
—ah, isso, é, eu sei que a abordagem foi errada.
—hm—um resmungo.
—totalmente errado, você tá certo, mas eu não sabia como chegar em você e fiquei criando coragem pra isso enquanto eu corria atrás de ti.
—você é muito esquisito.
—au, machucou!—põe a mão no peito—mas agora que você sabe de mim, eu sou Dylan. Prazer—estende a mão com um sorriso, mostrando os dentes.
Castiel olha para a sua mão e depois para o rosto daquele jovem. Como ele queria qualquer desculpa pra socar ele até os dentes brancos caírem, mas vai evitar dor de cabeça.
—vai pra casa, garoto, a noite já tá começando—passa pelo menor, batendo no ombro dele.
—ah, mas eu só queria...
—shi!—põe o dedo na boca dele—tem alguma coisa aqui—diz em tom baixo.
—o que?
Os olhos amarelos procuram o grupo, mas vê que estão distantes para correr até a fogueira, onde não há arbustos que possam esconder alguma coisa.
Uns sons estranhos são destectados, parecidos com uma cobra, uma cascavel, mas mais fino e mais agudo...
—que bicho é esse?
Castiel fica com os sentidos em alerta, olhando e escudando cada estalar de galho ao redor, com a mão em frente ao garoto, que se esconde atrás do caçador.
—eu posso ajudar!
—sim, ficando quieto—olha para o garoto, mordendo os dentes. De repente, um vulto branco bate nas pernas de Castiel, o derrubando do chão—AHRG!
A calda branca se prende na canela de Dylan, e o puxa, o arrastando pelas galhos.
—AAAAAAAHHHHH!!! CASTIEL!!
O caçador se ergue.
—merda!—começa a correr atrás do coitado.
O grito do garoto chama a atenção dos cavaleiros, anões e Yen, que se erguem e correm na direção do grito.
Castiel corre batendo contra galhos e pedras. Pula por uma cratera, se apoiando num galho e girando no ar, antes de cair apoiado num joelho. Logo atrás, seu grupo aparece, observando a grande divisão entre eles. Castiel continua sua corrida. Yen, por outro lado, lança uma rajada púrpura para baixo, lançando seu corpo por cima da grande cratera. Ela cai, se equilibrando do outro lado. Segue o caçador pelo seu caminho. Ao contrário da dupla, os outros trocam olhares assustados e concordam juntos em dar a volta, mesmo que o caminho seja demorado.
Dylan é arrastado para muito longe, sem nem conseguir avistar o que o capturou. Seu corpo é solto, rolando pela terra e para ao bater contra o tronco de uma árvore. Percebe estar em um campo pequeno aberto, cercado por arbustos e terroso, com somente uma árvore antiga ali.
Dos arbustos saltam Castiel e logo atrás Yen, assustando o garoto. Os olhos mortais de Castiel atingem o garoto que se põe de pé.
—ah, o seu admirador secreto—Yen põe uma mão na cintura depois de sua fala.
—olha só, desculpa!—abre as mãos, com o semblante de um cachorro que fez merda.
—depois daqui, eu vou te dar um soco no estômago!—aponta o dedo para o garoto.
Um vulto branco se rasteja em grande velocidade pelos galhos dos arbustos ao redor.
—se conseguirmos matar essa coisa, seja o que for, eu com certeza vou adorar incentivar vocês dois—Yen retira sua espada da cintura, assumindo uma posição de defesa—mas agora, temos preocupações maiores!
—ela tem razão—Castiel puxa Dylan pelo braço. Ele geme com a dor.
—ai, ai, ai, ai, tá doendo!—Castiel rosna em resposta.
O caçador tira de suas costas sua espada longa, segurando o cabo com as duas mãos.
—sabe lutar?—pergunta ao garoto.
—claro que sei!—estufa o peito.
O revirar de olhos dos outros dois é a resposta.
—aqui—Yen usa seu poder para formar uma longa espada e comum para o garoto—não morra—lhe entrega a espada.
Os três ficam de costas, olhando um em cada direção segurando suas armas. O vulto continua, em vários rastros pelos galhos. A criatura albina sobe na única árvore do terreno, escondida entre as folhas. Em seguida, salta, caindo bem onde o trio estava. Eles rolam fugindo do impacto do corpo do monstro contra o chão. A poeira levanta com o peso sobre a terra seca. Sua sombra em meio ao pó contra o sol parece deixá-lo muito maior do que realmente é.
A poeira baixa, o trio de guerreiros se põe de pé. Sua grande calda, parecida com a de um crocodilo, com algumas placas dorsais descendo pelas suas costas até a ponta da calda. Nada de escamas, no lugar, pelugem branca que sobe cobrindo todo seu corpo e também, há pelos finos e pequenos espalhados pela sua face, até o focinho alongado de um crânio largo. Uma enorme boca com uma fileira de dentes afiados, dois enormes se destacam na parte de cima e dois um pouco menos (mas maiores que os comuns) na parte de baixo, parecidas com a de algum roedor ou cachorro, grandes olhos redondos parecendo cegos e rosados, com o que parece ser um espiral no meio deles. Entre as duas orbes, carrega uma marca de três x um sobre o outro, e um nariz desenhado que lembra a forma de um útero de uma mulher. Suas garras superiores são afiadas, com pele rosada parecendo com as patas de algum peru ou ave semelhante.
Com um corpo todo esguio e alto, ele fica nas suas patas, rosnando e mostrando os dentes para os três presentes ali. Sua calda balança, como a de um felino.
—que merda de bicho é esse?!—Yen pergunta assutada.
—merda, é um Sparkling wine!—Castiel responde.
—é o que?!
Pegando-os de surpresa, a criatura abre sua boca, jorrando uma espuma branca e viscosa.
—VÃO!!
O trio se separa, pulando um para cada lado e se distanciando.
—que merda foi essa?!—Yen grita para Castiel que está do outro lado, com o monstro entre eles.
—não deixa a espuma te atingir! Além de venenosa, é ácida! Vai te derreter até os ossos!
—que legal isso é AAHH!!
De surpresa, ela é atingida pelo rabo do monstro, como um chicote forte e veloz, que a lança para longe.
—jesus!—exclama Dylan.
—hora de provar seu valor, garoto. Não é fã dos caçadores?—o outro acena—então me mostre sua força!
Castiel avança na direção do Sparkling wine. Desvia do golpe quase certeiro de sua garra, desliza pela terra e atinge um golpe na lateral do monstro albino, que grita com a ardência.
O monstro leva a atenção para Castiel do seu outro lado. Por trás, Dylan crava sua espada na calda do Sparkling wine, o assustando. Ele o encara. Começa a chacoalhar sua cauda, com o garoto pendurado.
—AAAAAAAHHHHH!!! MEU.... DEUUUSSS!!!
Castiel salta, pulando em cima da cabeça do mostro. A movimentação da criatura é tão bruta e constante, que a espada do caçador acaba por escapar de suas mãos. Começa a socar o crânio do monstro, fazendo seu rosto ser arremessado para os lados.
Sua cauda consegue jogar Dylan para cima, em seguida, gira seu corpo esguio atingindo o garoto como um chicote, estralando e o arremessando para longe.
Sua garra pelada segura a canela de Castiel, o puxa batendo suas costas no chão. Grita no rosto do caçador, babando espuma que cai no chão, o corroendo. Joga Castiel na direção da árvore solitária. O impacto de seu corpo amassa o tronco da árvore. Com a dor do impacto, ele abre os olhos se deparando o Sparkling wine que corre nas quatro com vigor patas em sua direção. Castiel salta pro lado, com o monstro afundando seu rosto na árvore. Puxa seu corpo pro lado, destruindo o tronco. Castiel se arrasta de costas, fugindo dos ataques da criatura. Suas garras o prendem pelo peito, o pressionando no chão.
—ugh!
Seu papo começa a inchar, como uma bolha grande, igualmente ao papo de um sapo. Castiel segura a boca do monstro, bringando pelo controle. Consegue apontar o rosto do monstro para um lugar distante de si mesmo. Soca o papo da criatura, que se engasga e cospe desesperado a espuma. Começa a se afogar, Castiel se levanta ficando distante.
Sparkling wine acaba se recuperando e está pronto para atacar novamente, com muito mais raiva. Os olhos amarelos do caçador avistam o tronco fraco da árvore. O monstro se prepara para o bote, como um felino faz. A criatura salta, Castiel lança sua mão para frente, lançando uma força invisível que abala as estruturas da árvore fraca, que despenca, caindo em cima do monstro.
O caçador se distancia, recuperando o fôlego, pegando sua espada de volta. Yen surge recuperada, do meio dos arbustos com o cabelo todo fodido e cheio de folhas e galhos. Ela segura sua espada, se aproxima do caçador com Dylan se juntando logo em seguida.
—bom trabalho, caçador—ela diz.
—huh.
É o único som que ele faz, caminhando para longe dele. Dylan se apressa em se aproximar.
—olha só, me desculpa! Eu não queria ser a causa dessa confusão! Sério mesmo! Eu posso recompensar! É, isso, recompensar!—Castiel para, o encarando. O garoto fala tudo com as mãos abertas e as usa para ilustrar suas falas—posso lavar suas botas, limpar os cascos da sua égua, afiar sua espada! Qualquer coisa!
O caçador troca olhares com Yen, que apenas suspira dando de ombros.
—vem cá—o garoto chega mais perto interessado no que o caçador vai dizer.
De repente, ele recebe um soco na boca do estômago, que afunda seu abdômen e o faz cair de joelhos.
—uffg! Ah... Ah!—fica vermelho com a falta de ar.
—fica fora do meu caminho.
À passos pesados, o caçador começa a se distanciar dos outros dois. Ele não quer mais ninguém, não quer mais uma criança que vai ter que cuidar e, inevitavelmente, se apegar... Já bastou o que lhe aconteceu.
De repente, o tronco de árvore explode, com o Sparkling wine se libertando.
—CASTIEL!—Yen grita.
—ah merda!
Ele corre de volta. Dylan e o caçador vão lado a lado em uma linha, mas são pegos pego chicote que é a cauda da criatura albina. O monstro se vira para Yen, dando um grito arranhado e fino, parecido com um velociraptor.
O monstro ataca, Yen desvia fazendo um corte na lateral do corpo do monstro. A cauda tira a espada de suas mãos, a criatura ataca com suas garras. Yen ergue um escudo de energia púrpura. Ela segura os golpes, aguentando o máximo que consegue.
Os braços da criatura se apoiam sobre o escudo, gritando e rosnando. Yen aproveita e desfaz o feitiço, corre deslizando por baixo das pernas monstro. Gira o corpo, cortando a coxa do Sparkling wine, com uma espada projetada de seu poder.
O monstro fica por um tempo de joelhos, depois encara a feiticeira, babando sua espuma tóxica. Os olhos de aparência espiral são mortais. Castiel de repente surge correndo, com sua espada em mãos.
—EI!
Pula acertando uma joelhada na lateral do rosto do monstro, o que o deixa desnorteado. Yen aproveita a chance e faz rochas se levantarem da terra e lança os destroços acertando bem em cheio. O caçador aproveita e é rápido em usar as rochas flutuantes como apoio, pulando de uma em uma, dando um grande mortal e girando, caindo em cima do monstro. Prende suas pernas ao redor do pescoço do Sparkling wine. Gira sua espada acima da cabeça antes de cravar a lâmina, atravessando totalmente a cabeça do monstro. O rosnar dele para e seu corpo amolece, despencando para o chão. A dupla se encara, ambos cansados e recuperando o fôlego perdido.
—uhhull!! Conseguimos!!—Dylan surge de braços erguidos, comemorando com um sorriso. O caçador e a feiticeira trocam olhares.
—AAAAAAAAAAAHHHHHHHH!!!!!
Surge o grupo de Cavaleiros e anões, com suas armas erguidas, em gritos ferozes de verdadeiros guerreiros. Eles param assim que vêem o corpo do Sparkling wine. Baixam suas espadas e machados.
—ué... Já acabaram com a diversão?—Aquíla fala, desanimado—aaarr!—bate seu machado contra o ar—vamos! Temos que voltar.
Em meio aos resmungos e desânimos pela perda da ação, o grupo volta caminhando. Castiel sai de cima do monstro. Corta galhos da árvore solitária, retira suas cascas, em seguida amarra entrelaçando umas nas outras até ter uma corda improvisada. Verifica se está firme e então amarra no animal, logo começa a pucha-lo.
—eu, eu posso ir com vocês?—Dylan pergunta com espectativa.
O caçador olha os olhos de Yen, que incentiva a permissão para o garoto.
—tá...—permite, finalmente, com um grande resmungo misturado—... Mas se morrer, a culpa é sua—aponta pro garoto.
—ok!—diz animado.
Agarra sua espada e corre na frente, animado e dando pulos de felicidades.
—será culpa sua também—diz a Yen. Ela ri divertida.
—posso viver com isso... Esse garoto é bom—ela olha para ele—uma boa amizade é remédio pra muitas dores—sorri.
Ela segue o caminho, na frente, deixando o caçador com uma última admiração para a mulher. Ele ri consigo, antes de seguir de volta ao acampamento improvisado.
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