Fazia tempo que ela não se sentia assim: tão ansiosa por uma nova oportunidade. Na noite que antecedia seu primeiro dia de trabalho na nova empresa, ela não dormiu. Virava de um lado pro outro, colocava o pé pra fora da coberta, rezava.... Mas a cabeça dela não parara um só minuto! Todo tipo de pensamento passava por sua mente: que roupa usaria? E os acessórios? E se o trabalho não fosse o que ela imaginasse? E se as pessoas fossem rudes? E se... e se... e se.... Acabou tomando uma dose faixa preta, mas, sem sucesso.... Seria uma noite longa e insone.

Quando o despertador soou, ela suspirou de alívio! Era hora de levantar e iniciar o dia que tanto aguardara. Tomou um banho, fez um desjejum leve, escovou os dentes e começou a se desesperar novamente: com que roupa ela iria? Como ainda não tinha uniforme, queria parecer elegante, mas não do tipo que chama a atenção... A calça jeans era certa, o calçado também já tinha sido escolhido, faltava a blusa... provou uma que caberia na situação, mas pra sua surpresa, a blusa estava enorme... havia emagrecido! (Oba! O dia já começou bem!)... 

Continuou sua busca e foi com uma pretinha básica, caprichou nos acessórios e voilà! Optou por uma maquiagem básica, daquelas que deixam a gente com cara de "saudável" e bem cuidada, e enfim, estava pronta. Tudo parecia perfeito... até pegar o trânsito. Encontrou filas em lugares inimagináveis, ficou atrás de um carro que andava a 30 km/h e ficou tensa.... não queria chegar atrasada logo no primeiro dia! E de fato, chegou na hora exata!

Pra sua surpresa, nada foi como ela imaginara: recebeu mimos de boas-vindas, foi muito bem recebida pela equipe e se encantou com o preparo de todos para recebê-la. Sentiu-se amparada, segura, como quando a gente recebe um abraço forte de um amigo querido.

O dia passou voando, entre uma xícara de café e outra, uma conversa aqui, uma risada acolá e um pouco de trabalho, sua jornada havia terminado. Tanta preocupação pra nada... Mas é assim que ela é! O que se pode fazer? E todas as coisas que ela é a levaram até esse momento, que, se dependesse dela, duraria pra sempre!

Por Fabi Lange Brandes

Crônica publicada em 10 de fevereiro de 2016.