Um amigo de longa data

No meio da minha atribulada semana, tive um grato momento: um amigo de longa data decidiu comemorar seus 50 anos dedicados à educação. Trazendo um bolo delicioso, ele falou com propriedade sobre a doçura que é exercer esse ofício. Ouvi-lo contar sobre o seu começo, nos tempos áureos em que os alunos tinham o professor como um exemplo a ser seguido. Não esqueço também do brilho nos olhos desse mestre ao relatar suas idas às escolas em uma lambreta. Ele falava com tamanha felicidade que era impossível não se encantar a cada palavra que ele proferia.

Fiquei remoendo as minhas andanças na educação: sala de aula, crianças pequenas, crianças grandes, adolescentes, adultos... se pelas minhas salas se passaram mais de 5.000 alunos (estou chutando baixo), imagine quantos não se passaram pelas salas dele ao longo desses anos todos? O mais divino de tudo isso é essa paixão que ele continua cultivando como se fosse uma chama que nunca se apagasse.

Comigo foi tão diferente: andei procurando em outros lugares me encontrar, mas sempre acabo trabalhando com educação, seja direta ou indiretamente. Já tive essa paixão a que ele se refere, mas hoje tenho de trabalhar tanto para manter essa chama acesa... tem horas que magicamente um sopro invade meu coração e a reaviva... em outros momentos, uma leve garoa a deixa em brasas.

Impossível não ficar se questionando sobre as profissões e a carreira diante de um marco destes. Será que um dia eu vou encontrar o meu lugar no mundo e ter a certeza de que fiz a melhor escolha de minha vida? E quem dirá passar 50 anos com esta certeza.

Sei que durante o caminho desse professor, ele foi ladeado por dúvidas, e por que não dizer, desânimo... mas ele persistiu e comemora suas bodas de ouro com a educação, por que sim, quando se ama uma profissão dessa maneira, só é possível dizer que isto é um casamento.
Comi cada pedacinho daquele bolo refletindo e sentindo o gosto daquele momento.
Se eu descobrir o que me encanta e viver por 50 anos fazendo aquilo com toda felicidade, já me dou por satisfeita.

Por Fabi Lange Brandes

Crônica publicada em 21 de fevereiro de 2016.

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