Reality shows gastronômicos

Os reality shows gastronômicos estão na moda: basta ligar a TV e diversos canais (abertos ou à cabo) exibem uma grade com uma longa lista de opção de programas para você se deliciar (ou não).

Na minha casa sempre aprendi que a comida é algo que deve ser feito com amor, e cheguei até a ouvir histórias de que a comida podia até ficar ruim se fosse feita com raiva. Isso minha mãe já dizia há uns 15 anos atrás, mas claro, esse conhecimento popular já vem de muito tempo... Sabe lá quantas vezes a minha mãe já não tinha ouvido isso de minha avó.

Comida não é só comida: é sabor, é sensação, é prazer. Mas não é o que eu tenho visto em alguns programas de TV. Em especial um, o qual me incomoda muito cada vez que eu estou zapeando por entre os canais, programa que já ganhou versões e mais versões em diversos países. Não vou ser hipócrita: um aspirante à chef que se inscreve em um reality show intitulado de "Cozinha Infernal" já deveria saber no que está se metendo, mas muitos, por imaturidade ou pelos seus 15 minutos de fama, se sujeitam a tal prática.

No programa, o chef responsável grita, fala palavras de baixo calão e humilha constantemente os participantes, colocando-os sob pressão e num estado emocional crítico de se lidar. Os pobres subordinados acabam cozinhando muitas vezes com pressa, raiva, mas principalmente, angústia. Você gostaria de comer um alimento que foi feito num estado de amargura? Bom, eu sou sincera em dizer que eu não.

E é aí que eu me pergunto onde ficam os limites da amabilidade e também da TV, onde tudo é possível para atrair uma audiência, que muitas vezes, quer ver mesmo é o seu semelhante ser humilhado, sem problema nenhum. Onde está o bom senso disso tudo? Com certeza perdido numa dessas panelas de pressão. Fica pra pensar.

Por Fabi Lange Brandes

Crônica publicada em 25 de novembro de 2015.

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