Pânico

Deixa eu falar sobre um assunto que vem tomando a minha vida faz muito tempo: o pânico. Melhor dizendo, o Transtorno do Pânico.

Ele chega de mansinho e não pede licença pra entrar na sua vida, dominar o seu corpo, e acima de tudo, a sua mente. E o pior: o portador desse transtorno é um coitado, uma pessoa que perde amigos e que é eternamente incompreendido. Não estou me vitimizando, longe disso, mas explico para que as coisas fiquem bem claras, e talvez, alguém vá se identificar.

Começa com um nó na garganta, uma angústia sem explicação. Depois, um leve tremor em uma das mãos, não é nada demais, não é mesmo? "Ah, não há de ser nada!", " Isso é frescura!", " Coisa de quem não tem a mente ocupada". Mas não.

As coisas vão evoluindo, até que um dia, seus pés e mãos adormecem, seu coração bate mais rápido do que as asas de um beija-flor, e o ar falta.... ah, a clássica e típica falta de ar. Em mim, é o que mais me incomoda.

E falta o ar, e vem o desespero, até que um dia você procura ajuda médica e terapêutica. São horas de terapia, milhares de reais gastos em medicações e parece que nada dá conta dessa angústia que te visita, às vezes, todos os dias, e pior: mais de uma vez por dia! Começa a peregrinação pelos psiquiatras, pelos cardiologistas, curandeiros e todo tipo de ajuda que possa te tirar dessa bad..... sim meus queridos, por que eu não desejo essa sensação pra ninguém, nem se eu tivesse algum inimigo.

Você sabia que numa hora de crise, um portador do transtorno acende todas as luzes da casa? (Sim, por que só a luz do cômodo que está não basta)... peregrina por hospitais, abre janelas, busca o ar que não tem, toma remédios fortes, chama mãe, chama o pai, chama Jesus, pede por Buda e abraça o Diabo. Sim, porque a sensação de morte não é qualquer um que consegue superar, meu caro, ainda mais se ela acontecer mais de uma vez no dia.... quiçá mais de 50 vezes na semana.

E você tem que escutar que isso é uma fase, que vai passar, que tem que andar de cabeça erguida, que você só pensa em coisa ruim. Desculpa, mas não é isso. É físico, é químico, é real e não é coisa de doido. Ao contrário do que muitos pensam, o problema atinge a muitos no mundo todo e, repito, é real.

Então, caro leitor, um pouco de compaixão ou no mínimo compreensão cai bem, não faz mal e pode ajudar. Segure a mão do seu amigo, diga que tudo vai ficar bem e que a ajuda está vindo, mesmo que a ajuda demore.

E pare de nos chamar de loucos e desocupados. Muito obrigada, por nada, tchau.

Por Fabi Lange Brandes

Crônica publicada em 13 de julho de 2016.

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