Capítulo 7 - Infiltração
Montados no touro mecânico, eles voltaram para cidade Imperio. Uma nuvem de poeria alaranjada e seca se levantava a cada galopada. No meio daquelas planícies, famílias inteiras de selvagens caçava para sobreviver. Mikka vinha na garupa, se segurando nas costas de Sírius. Ela tinha chegado ao acampamento dos nômades através de uma carroça de alguns comerciantes ambulantes e visitavam o acampamento de vez em quando.
Senhor Angelo liberava ela para fazer algumas visitas nos seus tempos livres para brincar com as crianças. Algum tempo atrás, Mikka se arriscou para salvar algumas delas de ataques de um bando de hienas do deserto. Esses animais carniceiros costumam invadir aldeias nômades e atacar as crianças, uma vez que são os membros mais fracas. Mikka tinha até uma certa experiência com animais selvagens, uma vez que seu pai foi um caçador de recompensas e ele lidou com essas criaturas por muito tempo.
Os nômades são um povo não muito amigáveis com os habitantes dos outros reinos. Mas por causa desse episódio, eles receberam e acolheram Mikka como uma deles, até mesmo a ajudando com informações ou o que ela deseja.
No caminho para cidade Imperio, eles pararam perto de um enorme monólito irregular e torto de cor amarelada, pulsando alguns feixes de energia para todos os lados. Eles tiraram uma pequena pedra do tamanho de do pulso e a guardaram no bolso, e voltaram para a estrada.
Rochas solares
Eles devolveram o touro mecânico, o estacionaram do lado dos outros veículos. Eles seguiram pela calçada de pedras e dobraram para a esquerda, para um portão velho e enferrujado meio escondido nas sombras. O mesmo lugar de onde Sirius saíra da cidade baixa. Eles desceram aquelas escuras escadas para o subterrâneo.
Na cidade-baixa, eles caminhavam entre as pessoas que faziam compras nas barracas. Eles se aproximaram de dois restaurantes iluminados com fortes luzes de neon. Mikka o chamou.
-Ei, Sirius? Faz muito tempo desde que fizemos alguma coisa juntos, muito tempo mesmo – Mikka piscou para ele – Eu achei muito bom. Bem, eu deveria voltar para a loja.
Sirius cruzou os braços e franziu as sombrancelhas. Ela deu alguns passos para o lado.
-Na verdade, eu meio que deveria estar vigiando o lugar para o senhor Angelo. Tente ficar longe de problemas, tudo bem? Sabe que eu... nós precisamos de você. Não saberíamos o que fazer se você não estivesse aqui... A Zaya... – Ela baixou a visão. Sirius também.
-Eu não vou a lugar algum, Ok? –Disse Sirius.
-É isso o que eu queria ouvir – Ela deu um sorriso de orelha a orelha –Bem, eu te vejo mais tarde então –Mikka se despediu e desapareceu entre a multidão.
-Sinto muito, Mikka... –Sirius se virou para o portão de Darlon e adentrou.
Sírius não conseguia se acostumar com aquele odor forte do narguilé de Darlon. Orquidea com gordura enchia seus pulmões. Darlon soltava enormes rajadas de fumaça para o alto.
Sirius lhe mostrou a magnerite e a solrite.
-Ah! Jovem Sirius! Vejo que o senhor foi bem sucessido na sua tareja!
-Certo Darlon, o que preciso fazer agora?
-Agora você vai querer saber como adentrar no palácio, hein? –Darlon baforou seu narguilé. Sirius revirou os olhos – Em primeiro lugar, você vai até o armazém oito. Suponho que você sabe qual é, não é? Aquele de portão duplo vermelho, enferrujado. Do lado direito, por baixo daquelas caixas velhas, há um alçapão fechado por um cadeado velho, é só força-lo. Destranque-o. Entre e desça até o canal de Gramsyth.
"A hidrovia leva uma escada, a escada leva para os porões do palácio. Aproveite enquanto o canal está seco. Esse é o seu caminho, sua rota para o palácio."
Sirius cruzou os braços.
-Apenas isso? Soubesse que era fácil assim, eu mesmo teria feito meu caminho.
-Calma, meu jovem... Entrar no palácio era a parte fácil. –Darlon deu outra puxada em seu narguilé. Seus olhos começavam a ficar levemente vermelhados. – É aí que você deverá usar a magnerite. A magia que ela carrega pode abrir a porta escondida para o tesouro, você entende, não é?
-Sei, sei. Só isso?
-Ouça Sirius, as palavras que direi são mais importantes, e não podem ser esquecidas. Preste atenção: "O selo pede por força da pedra do sol, para iluminar o caminho nublado." Uma vez no palácio, você vai encontrar a tela com o selo. Muito importante! Dê a ele o poder do sol, e ele vai iluminar seu caminho.
Sirius olhou para a solrite que coletou no deserto com Mikka. A pedra brilhava em amarelo. Darlon encarava o brilho. Ele continuou:
-Muito bem. Ah, um aviso antes que eu me esqueça! Esteja ciente de que se você for pego, você vai passar o resto de sua vida apodrecendo nas masmorras de Yanilad. Está ciente disso, meu jovem?
Sirius sentiu um frio na espinha. A probabilidade disso vai tudo contra o que ele prometeu para Mikka. Ela era tão dependente assim dele? Claro que não, ela só queria o seu bem, acho que ninguém quer ver um amigo preso. Ela o mataria se ele acabasse nas mãos do Imperio Thieldiano. Realmente não seria nada bom ser pegos por soldados que invadiram e profanaram sua nação.
Sirius concordou.
-Ótimo! E não saia correndo antes de estar pronto. Criaturas recém-nascidas tem o hábito de cair no ninho... você sabe né? Vai direto para a panela do caçador. –Darlon deu uma risada.
Sírius tinha passado em casa antes, ali na cidade-baixo. Ele morava num pequeno comodo no quadrante H prédio 1, poucas quadras da residência de onde se encontrou com Darlon. Mikka morava no quarto H4. O comodo tinha dois quartos pequenos e apertados. Um banheiro e uma sala que era dividida com uma cozinha. A casa em si até que era arrumada, um pouco de poeira aqui e ali mas nada grave. Havia pouca louça na pia. Num canto da sala, um sofá velho e afundado de um lado descansava. O ambiente tinha uma fraca iluminação, sendo a única fonte de luz era um pequeno cristal alaranjado que rodopiava no teto. Seu quarto tinha apenas uma cama desarrumada e um baú de madeira mofado do lado. Nele, havia algumas armas e bugigangas que Sirius roubava dos soldados. Dali de dentro ele pegou uma pochete tática escura e a prendeu na sua coxa direita, uma pochete militar de cor verde escura e a prendeu na sua cintura e dois enormes socos ingleses com laminas escuras e as guardou na pochete da sua coxa.
Seu equipamento era velho e empoeirado, mas ele se sentiu feliz naquele momento por te-los ali com ele. Essa noite, ele iria devolver o maior tesouro para o povo da cidade Imperio. Ele ouviu um barulho no quarto ao lado, suas orelhas ficaram em pé. Sirius fechou o baú e o guardou e saiu do seu quarto. Poucos passos ele parou em frente ao outro quarto, ele abriu e não encontrou nada além de uma cama quebrada e um monte feito de lençol. Uma cauda enrolada como a sua se projetava para fora.
-Você está bem? – Perguntou.
Sem resposta. Ele olhou para baixo e suas orelhas caíram.
-A senhora Carmélia vem às oito horas Ela cuidará de você essa noite. Então se comporte, tá bem?
Sem resposta.
-Pode ficar com o meu jantar, eu dou um jeito de comer mais tarde. Eu volto amanhã.
A cauda se encolheu para dentro do lençol. Ele fechou a porta bem devagar até fazer CLECK.
Saindo da sua casa, ele pensou o que ele poderia fazer para melhorar a saúde dela, havia algum jeito? Se ele a perdesse, estaria sozinho no mundo. Mais um órfão de guerra. Ele seguiu pelo corredor e dobrou a direita. Desceu as escadas e se viu na principal rua da cdade-baixa. Comerciantes por todos os lados. Ele seguiu para o lado oeste, em direção ao armazém oito.
O enorme armazém oito ficava numa ala da cidade-baixa onde era recebido mercadorias vindos da Capital Imperio acima. As entregas eram feitas em velhos caixotes de madeira e eram negociadas com os donos daqueles armazém. Ao redor dele, vários deliquentes costumavam frequentar. Um local podre, onde os piores meliantes andavam livremente. Eram ladrões que praticavam o furto na cidade acima deles e trazia para a população esquecida dali debaixo. Os guardas costumam chama-los de ladrões, mas há quem prefira chama-los de Robin Hood. Sirius cresceu vendo eles roubarem dos mais ricos acima deles e trazer para ajudar ali embaixo, e por mais que seus pais e até mesmo o senhor Angelo e até Mikka, não queriam que ele se misturasse com esse tipo de gente, no fundo ele se sentia influenciado. Querendo ou não, achando errado ou não, Sirius furtava na cidade Imperio, mas não de habitantes, mas sim dos guardas de Thiel. O povo nada tinha haver.
Ele abriu um dos portões vermelhos e enferrujados que fez um enorme barulho de ferro velho se arrastando no chão. Tilintares no alto do portão fizeram soltar faíscas.
Um cheiro de mofo com comida estragada invadira com força seus pulmões. Vários vultos gorduchos e velozes se moviam na escuridão, fugindo da luz que adentrava aquele enorme armazém escuro e úmido. Ratos! Uma legião deles. Sirius se perguntou quantas vezes deve ter comido alimentos ali na cidade embaixo que tinham saído diretamente do armazém oito e ainda não tinha morrido, uma vez que aquele armazém era o maior fornecedor de alimentos da cidade-baixo.
Ele andou e mais a frente, enormes caixotes velhos coberto por uma velha manta branca e rasgada lhe chamou atenção. Ele empurrou os caixotes do lugar e abaixo dela havia um alçapão de ferro. Ele forçou o cadeado velho e abriu. Ele encarou a escuridão e desceu.
Uma hidrovia subterrânea que corre nas profundezas da Cidade Império. Construído e reconstruído ao longo dos séculos, provavelmente ninguém vivo conhece todos os seus caminhos labirínticos. Diz-se que alguns levam até ao palácio real. Há escadas que levam a canais da cidade-baixo, mas normalmente são bloqueadas para manter visitantes indesejados nos esgotos a que pertencem.
A hidrovia é um labirinto de água e passagens com vagando pelos caminhos. O nível da água pode ser ajustado para revelar caminhos inferiores através da abertura e fechamento das comportas.
Em um das enormes rampas da hidrovia que levava para andares ainda mais fundos, grupo de cinco soldados discutiam enquanto esperavam alguém. Até que um desses soldados, coberto de uma lã branca e chifres curtos na cabeça se aproximou do que parecia ser o líder: Um soldado com feições de lobo de pelagem marrom e alguns pelos brancos. Trajava uma armadura completa com um pequeno escudo circular feito de prata preso ao seu braço direito e uma gigantesca espada presa nas suas costas.
-Esquadrões três e seis estão no lugar. Eles estão prontos. – Disse o soldado ovelha.
-Enquanto os imperiais? –Perguntou o lobo.
-Até agora, os imperiais não sabem de nada.
-Então vá agora e apresse os outros. Já sabe oque fazer. Ao cair da noite, temos que garantir que todos os nossos homens estarão no lugar.
-Sim senhor! – E saiu correndo. Atrás dele, um soldado-bode e um soldado-raposa seguiram o soldado ovelha.
Ferecks sentiu alguém se aproximando. Suas orelhas ficaram em pé. O seu perfume era de rosas. Ao se virar para trás, se deparou com ela. E ela o seguiu, para dar procedimento aos seus planos.
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