Capítulo 46 - Ataque ao Monte Burlmugaron (Parte 3)
-Porquê você está todo ferido? Você nunca foi tão descuidado assim – disse Amirah, enquanto encarava o olhar cansado de Folgo.
-Eu... eu... – sua emoção era grande. Ele ainda não acreditavam no que seus olhos estavam vendo.
-Está tudo bem, depois você me fala. Precisamos sair daqui o mais rápido possível. Porque vocês estão aqui?
-É um prazer conhece-la – curvou-se Seal, sendo cordialmente. – estamos procurando por alguém importante para nosso companheiro Dymas e estamos esperando nosso capitão.
-Capitão? Você se aliou a piratas do céu?
-É uma longa história – disse Folgo.
Atrás deles, uma bola de fogo explodiu fortemente, fazendo o grifo voar para longe.
Eles avançaram para a rua, apenas para encontrar mais monstros no portão. Três ciclopes resmungaram e balançaram as prodigiosas maças de guerra; qualquer pancada teria espalhado seu cérebro pela rua, mas não era isso que preocupava eles. Mesmo quando desviava deles, as maças criavam enormes buracos nas paredes. As estruturas já frágeis estremeciam com cada golpe. Nos telhados acima do pátio, esqueletos arqueiros se reuniram no mesmo lugar, começando uma chuva de flechas em chamas que acabaram com qualquer esperança de recuar.
Um breve olhar sobre o ombro foi o suficiente para aumentar o seu senso de perigo: agora, chegando para apoiar os ciclopes, havia seis minotauros, espalhando-se para preencher todas as lacunas.
Eles os atacaram. Todos de uma vez.
Preso entre os arqueiros e a combinação das forças dos minotauros e ciclopes, eles não viam saída.
Mas eles não estavam prontos para morrer. Não ainda. Não quando ele acabou de reencontrar a pessoa mais importante na sua vida.
-Venham, então! – Dymas rugiu – Venham e morram!
Dymas bloqueou uma machadada de um minotauro e avançou, cortando o tendão de um ciclope. A ferida deixou o monstro coxo, mas, enquanto ele mancava de volta, os outros dois se aproximavam para se juntar a batalha.
Folgo e Amirah saíram do alcance de outro golpe do ciclope, capaz de tremer a terra, e começou uma constante evasão. Os minotauros haviam desistido de usar seus machados em favor de lanças, com as quais eles poderiam atacar sem ficar no caminho dos ciclopes; um deslize iria deixá-los tão cheio de buracos quanto um ralador de queijo. Eles coordenaram seus ataques como uma unidade bem treinada e experiente.
Eles eram apenas mortais contra miríades de criaturas oriundas do Inframundo, mas foram eles que partiram para o ataque.
-Saiam do meu caminho ou morram onde estão! – gritou Folgo, e em seguida, assumiu o compromisso de tornar real sua ameaça presunçosa. Atrás dele, Dymas, Amirah, Seal e Beat o seguiram, fazendo uma nova chacina.
Beat deslizou entre os ciclopes e desferiu um poderoso golpe de sua lâmina gelada no peito do minotauro mais próximo. Numa nova força e novo poder fluíram da lâmina gelada, quando sua lâmina congelou o sangue do homem-touro. Ele rodopiou para imobilizar outro ciclope, mas o enorme monstro era mais rápido do que parecia. A criatura de um olho só aparou o ataque com sua maça, protegendo-se da lâmina entre eles; em seguida, deixou cair sua maça e envolveu o tórax de Beat com seus braços. O ciclope espremeu até que as costelas do pirata começasse a rachar e nuvens de trevas cobriram sua visão.
O ciclope rugiu em triunfo, até que seu olho solitário focou no rosto do pequeno pirata.
Beat estava sorrindo.
As lâminas desceram na junção do pescoço e dos ombros do ciclope, Folgo e Amirah esculpiram um “V” sangrento até encontrarem o coração da criatura monstruosa. Beat liberou sua espada para atingir a cabeça do ciclope, que ainda piscou o olho em espanto, depois atirou-a, juntamente com grande parte da coluna da criatura, na direção das lanças pontudas dos minotauros.
Quando o resto do corpo do ciclope estremeceu e desmoronou, Beat chutou-o para um pequeno espaço entre o cadáver e a parede de pedra.
Sua vitória teve curta duração. Sua batalha com o ciclope, ainda que tivesse sido rápida, havia permitido que os minotauros o cercassem. Beat deu uma volta completa e viu uma dúzia de monstro com cabeça de touro avançando. Mesmo sua lâmina gelada não mataria tantos assim. Se ele se ocupasse com um ou dois, muitos outros atacariam por trás. Ele agachou-se atrás do corpo maciço do ciclope, usando-o como uma muralha, enquanto estendia suas mãos sobre o seu ombro, e suas mãos se encheram com pelos de seu casaco. Os minotauros avançaram de todas as direções. Ele fincou a espada no chão e uma muralha de gelo surgiu diante deles.
Estalactites emergiram do chão e espetou os inimigos. Uma energia cor índigo crepitou nos olhos dos monstros. Um minotauro, capturado em meio a um golpe, tombou de lado, batendo em outro, que caiu no chão, Folgo e Amirah o finalizaram rapidamente.
As lâminas faiscaram, e onde elas golpearam, os corpos dos monstros fora congelados e endurecidos como calcário. Beat os empurrou e eles caíram no chão e se quebraram como peças de vidros. Seal e sua cimitarra saltou para os ombros do ciclope remanescente e impulsionou a si mesmo para cima novamente, derrubando a criatura congelada, cujo peso esmagou seu irmão de tendões cortados e os dois últimos minotauros.
E quando o poder de gelo enfraqueceu, pedaços e fragmentos de monstros petrificados se tornaram carne e osso e sangue, e uma propagação de carnificina encheu a rua.
Os piratas e Amirah se reagruparam e correram como se todas as criaturas do Inframundo estivessem em seu encalço.
E elas estavam.
Esquivando-se, eles subiram a colina, embora não encontrasse um caminho fácil em direção ao Templo de Burlmugaron. Parecia que toda a montanha queimava. A área no topo da Acrópole inflamou-se com a fúria de um novo sol. Outra bola de fogo era disparada.
Eles começaram a subir uma rua estreita que parecia promissora, mas então uma névoa surgiu do nada na frente deles. Eles golperaram com suas lâminas, mas a névoa formava uma espessa nuvem além de seu alcance. Folgo e Amirah empunhou suas espadas em posição de combate. O que quer que fosse essa nova ameaça, eles iriam destruí-la, como fizera com todas as outras. Quando a névoa dispersou e tomou a forma de uma coluna fina, eles giraram tão rápido quanto podia.
As lâminas passaram através da névoa, sem deixar nada além de um redemoinho para marcar sua passagem.
Beat estava ponderando se deveria usar o poder mágico de sua espada, ou se continuar atacando poderia dar a essa névoa forma suficiente para que eles pudessem atacar. Antes que eles pudessem decidir, a névoa se solidificou em uma alta mulher, com feições felinas, usando pouco mais do que flâmulas finas de nuvem como saia e uma blusa embrulhada em torno de seu corpete. O material era tão transparente como a névoa, mas, enquanto ele observava, ela se tornou mais substancial.
Algum tipo de súcubo? Uma sereia? Não importava, ela parecia sólida o suficiente agora. Eles cortaram a mulher com um ataque que dividiria um mortal ao meio.
Ela não pareceu notar.
-Não temam. Eu sou a Oráculo de Burlmugaron, estou aqui para ajuda-los. Reveladas minhas adivinhações estão segredos desconhecidos até mesmo dos deuses. Encontrem meu templo a leste e eu vou mostrar-lhe como destruir nossos invasores.
-Oráculo! Espere! – Dymas deixou cair suas duas laminas e firou atráves do espaço mais uma vez vazio. Ele olhou acima da colina de onde o Oráculo havia apontado. Um gesto nebuloso, correntes de ar errantes. Como ele poderia saber?
O caminho se estreitou rapidamente, mas ele continuou a subir. Quando chegou na metade da subida, eles olharam para trás, para a cidade abaixo, e balançou a cabeça com desânimo. Procurou ao longo do rio, se avistava a Bichano , mas não a encontrou. Procurou Wiz e os outros nos vilarejos abaixo mas não encontrou, nem mesmo vestígios das poderosas magias de Wiz. A luta estava quase no fim. O motor da Kartacos roncou no ar. Sons de chamas como vulcão aqueceu toda a atmosfera abaixo dela, enquanto o exército do Inframundo se derramava como o mar, pelas vilas de Burlmugaron.
Um terremoto abalou o centro da cidade. Dymas e os outros tiveram que parar e ampliar a sua postura, a fim de se manter em pé. A fumaça dos edifícios em chamas clareou por um momento para dar-lhe uma visão direta da Kartacos.
A enorme fortaleza aérea passou por cima das Longas Muralhas montanhosas e voou até a calçada, explodindo vilarejos inteiros em seu avanço. As enormes bolas de fogo fazia os céus e a terra tremer. Os gritos ecoaram, agudos e altos, e morreram com o homem caindo no telhado de um templo. Em seguida, começou a destruir as montanhas ao redor; sua fúria e seu poder eram palpáveis.
Aeronaves menores invadiu a cidade, e com seu poder, esmagaram construções e pessoas na praça. A cidade ficou inteiramente a mercê da grande fortaleza voadora que era Kartacos, e misericórdia estava em falta. O Império não tinha clemência do que compaixão ou autocontrole. Essa era um dia ruim para morar em Burlmugaron.
Eles viraram as costas para Kartacos e seguiram a estrada a caminho da Acrópole. Outro terremoto fez com que eles levantassem os pés do chão, forçando-os a rolar, quando uma parede de pedra desmoronou ao seu lado. Dymas ergueu-se novamente e olhou para a cidade.
Kartacos preparou um canhão ainda maior e com um feixe de energia, atirou no chão fazendo toda a terra tremer. O terremoto avassalador era como se a terra estivesse se partindo ao meio, fazendo desabar com tal força, casas, templos e grandes rochas das montanhas. Com dificuldades eles se voltaram para o seu caminho e partiram em direção ao templo do Oráculo.
-Eles vêm, eles tão vindo! – Uma guerreira élfica no telhado de um templo próximo gritou a advertência, em seguida, desceu uma escada bamba para a porta da sacristia. Um arqueiro morto-vivo disparou entre os perseguidores dos piratas. A flecha prendeu a mulher a estrutura de madeira, que pegou fogo quando a flecha explodiu.
Folgo e Amirah se abaixaram e se esquivaram quando ouviu um bater de asas furioso que conhecia muito bem, mas ele não era o alvo da harpia. A besta imunda mergulhou para arrancar do chão uma mulher correndo com uma criança nos braços. A harpia agarrou a criança e levou-a pelo ar. A mulher gritou e jogou pedras, mas a harpia levantou voo a centenas de pés. Então deixou cair o infante.
-Não! – Folgo se enfureceu. Ele deu um passo e estendeu a mão, como se pudesse manter a criança segura. Mas ele não podia. A miragem de sua amada filha encheu seus olhos. Um assobio soou atrás dele e de repente, um grifo apareceu nos céus e pegou a criança nos ares. A harpia voou rasante novamente, dessa vez agarrando a mulher. Ela lutou contra o monstro voador, mas tropeçou em uma laje quebrada.
Dymas correu e saltou com toda a sua prodigiosa força. Seus dedos passaram longe da asa da harpia, mas pegaram um pé pelas garras. A harpia gritou de raiva e lutou para se libertar. A raiva pelo rapto da criança emprestou a Dymas a determinação crua para agarrar a harpia com força suficiente para arrastá-la. A criatura horrenda caiu no chão, a alguns metros de onde a criança havia sido levada.
Uma torção, uma rotação, e Dymas alcançou o local onde poderia esmagar seu punho no rosto da harpia. Ele continuou a golpear o monstro até que restasse somente uma massa. Ofegante, ele segurou o pescoço magricela e um aperto e lançou o cadáver para longe, para que seu sangue sujo não se misturasse com os inocentes daquela cidade.
-Ajude-me, ajude-me! – A elfa destituída clamou pelos piratas – tem um alçapão dentro. Segurança. O santuário é seu, se vocês me ajudarem! – Atrás deles, o grifo pousou suavemente e a criança correu para os braços do que provavelmente era a sua mãe. As harpias haviam visto o destino de sua companheira e convergiram, pensando que a mulher era a vitima mais fácil para matar.
Folgo deixou que sua repulsa pelos crimes que as harpias cometeram decidisse o assunto. Amirah o compreendeu, ela sabia que ele se vingaria pela criança como se fosse a filha deles. Os piratas brandiram suas lâminas e atacaram. O primeiro golpe amputou asas. O segundo cortou um pé. Um golpe duplo de Beat e Seal removeu a cabeça de uma harpia de seus ombros caídos de pássaro.
-Vão – disse a mulher – encontrem seus refúgios.
Outra harpia gritou enquanto mergulhava como um falcão. Folgo saltou no ar, lançando a si mesmo e sua espada contra a criatura, mas ele estava muito longe para alcança-la.
A mulher havia corrido com seu filho o mais rápido possível, e assim que as garras ferozes iam cortar suas costas, Dymas interceptou com seus grandes braços. Garras ferozes abriram cortes sangrentos, e então a harpia bateu suas asas em declive violentamente. Dymas apenas atravessou seu braço direito pelo corpo da harpia e arrancou a sua coluna. O que restou caiu sem vida no chão.
A alguns metros a frente, investindo contra eles estava uma dúzia de minotauros, seguidos por seis ciclopes e meia centena de legionários mortos-vivos, e atrás deles havia ainda mais. Eles obstruíram a estrada; eles nunca poderiam lutar contra tantos para liberar seu caminho.
Parecia que sua missão estava para acabar em um súbito e sangrento fracasso.
Cada um deles sacaram suas lâminas.
Para eles, não poder vencer não era motivo para desistir.
Monstros avançavam de todas as direções.
Um minotauro soltou um rugido alto e investiu a frente de seus irmãos, girando uma bola e uma corrente sobre sua cabeça. Atrás dele trotavam mais doze minotauros e seis ciclope desajeitados depois deles, e, ainda mais atrás, quinhentos mortos-vivos da infantaria pesada.
Um golpe rápido com a katana de Folgo cortou a corrente da arma do minotauro, enviando a esfera da outra ponta para os céus. Folgo lançou um olhar rápido na direção em que a bola foi lançada, esperando que pudesse tirar a vida de mais um soldado do exército do Inframundo, e ela acertou o ciclope mais próximo em cheio, no olho.
No momento seguinte o minotauro estava sobre ele, mas Folgo havia julgado a sua distância com exatidão. Ele girou sua lâmina em um floreio. Uma cortou a garganta do minotauro, já no segundo seguinte arrancou o fígado da criatura. As pernas do monstro dobraram, e ele caiu para frente com o rosto no chão, despejando uma última onda de chifres e sangue. Dymas levou suas duas lâminas ao crânio e, com um torcer de seus ombros poderosos, quebrou o crânio da criatura e pintou seus companheiros com seu cérebro.
Ciclopes se apinharam sobre ele, suas maças pesadas erguidas. Dymas e os outros mergulharam para frente e rolaram entre as pernas arqueadas do que fora cegado pela esfera da corrente. Maças trovejaram sobre o chão por todos os lados, fazendo toda a terra tremer. Uma delas golpeou o pé esquerdo do ciclope cego, esmagando seus ossos e fazendo o sangue esguinchar. O monstro ferido gritou e levantou seu pé, segurando-o com uma mão, enquanto a outra permanecia cobrindo seu olho sangrento. A criatura pulava uivando em agonia, e Folgo, nunca lento para encontrar uma vantagem, manteve-se rolando e mergulhando por entre as pernas da criatura, atraindo mais golpes de maças que só fizeram o uivo do ciclope aumentar em volume. Finalmente o monstro atacou com sua mão livre e, de alguma forma, apreendeu uma das maças, em seguida começou a distribuir ataques a esmo, com prodigiosa energia, atingindo um número de golpes potentes em seus companheiros.
Folgo mediu a distância e atacou. Um golpe foi dirigido ao coração da criatura. A borda da outra lâmina cortou atrás do joelho do ciclope, fazendo o monstro cair sobre Folgo. Mesmo sendo tão rápido, Folgo se viu incapaz de sair de baixo do corpo massivo, que feriu e imobilizou-o no chão.
A sua volta, ele viu todas as criaturas do Inframundo ficando selvagens. Desamparado sob a massa estremecida e desfalecente do ciclope, ele lutou para escapar. Depois, ele lutava para respirar. O ciclope comprimia o ar de seus pulmões. Por mais que tentasse, ele não conseguia respirar. Folgo erguia, as o enorme corpo da besta era como areia de praia. Fluía e preenchia todo o espaço ao seu redor. Seus pulmões começaram a queimar. Descarregando um rugido enorme, ele tentou afastar o ciclope e falhou.
A raiva engolfou Folgo, tão certeira como a carne ciclópica. Ele mordeu a barriga peluda que o oprimia e torceu, rasgando a carne e abrindo uma cavidade no estômago e movendo-se para cima, como um verme vil nas entranhas do ciclope. Ele cuspiu e tencionou, arqueando as costas. Sua cabeça e ombros entraram na cavidade do corpo da criatura. Sua cabeça girou quando o mundo escureceu, ele empurrou novamente e bateu contra uma costela vigorosa. Virando-se para o lado, ele deu uma última e poderosa mordida. Seus dentes se fecharam em um músculo robusto antes que ele caísse para trás, quase morto.
Ele engasgou e ofegou quando o ar fétido atingiu suas narinas. Ele cuspiu o sangue em sua boca e engasgou com as rajadas de vento. O céu apareceu através do orifício que seus dentes haviam rasgado no ciclope.
Folgo se deslocou de um lado para o outro, ajeitou seus ombros e, finalmente, libertou um braço que estava preso sob o corpo do ciclope. Uma vez que Folgo estendeu a mão e agarrou a costela, ele foi capaz de puxar com força. Metade do corpo da criatura rasgou-se. Coberto com sangue e fluidos digestivos, Folgo lutou e, finalmente, caiu ao lado do ciclope, ofegando no chão, quando seus companheiros se aproximaram, eles estavam ofegantes, já que era muitos inimigos para enfrentar.
Seria demais esperar que eles não tivesse sido notado pela borda de saqueadores do Inframundo. Ele ficou de pé e enfrentou uma meia dúzia de minotauros. Ainda fraco e treendo por conta de sua excursão através do intestino do ciclope, e sabendo que sua destreza física no momento era inadequada para a luta, Folgo lançou ergueu sua katana para frente. Beat em desespero, ele voltou a fincar sua espada e estalactites de gelo voltaram a brotar do chão, os minotauros saltaram para trás.
Folgo saltou para chutar o minotauro mais próximo por trás da orelha, o que fez a cabeça se jogar com tanta força que um de seus chifres feriu o monstro ao lado dele. Folgo os deixou resolverem isso sozinhos. Ele aterrizou com um rolamento que o deixou agachado próximo a outro tornozelo. Ele agarrou o casco da besta com as duas mãos e puxou-o pelos pés. Se ele tivesse tempo de recuperar sua força total, poderia ter quebrado suas pernas. E vez disso, o minotauro caiu sobre a terra com um baque doloroso e audível, mas um pouco de dor era muito menos do que Folgo pretendia.
Folgo se levantou e arrastou o minotauro com ele, imobilizando-o com uma gravata. Colocando todo o seu corpo e movimento, Folgo torceu tão fortemente que quebrou o pescoço da criatura. Os outros minotauros começaram a se reagrupar, certos de que agora os piratas não poderiam usar suas magias com sucesso. Eles olhavam de esguelha para os piratas, prontos para desviar seus olhares, caso eles materializassem mais agias de gelo mais uma vez. Para Folgo, nesse momento, a mágica deveria ser esquecida em favor da espada.
Mais uma vez os piratas erguera suas espadas enquanto os minotauros recuavam.
-Covardes – Seal rosnou.
Então, ele percebeu que a batalha havia se juntado uma infantaria de mortos-vivos com lanças.
Afiadas pontas de aço choveram em torno dele. Sua única saída se encontrava entre o edifício e o alçapão sobre o qual a mãe e o filho haviam se separado antes.
Pingando sangue, Folgo recuou para o arco da pousada que a mulher havia indicado. Recuar era um ato que o queimava como ferro quente, mas isso não era recuar. Eles estavam se pressionando a completar sua missão, para encontrar o Oráculo e salva-la, a pedido de Dymas, e naquela missão suicida, eles não deixariam seu companheiro ir sozinho. Ele chutou a porta com o calcanhar, os demais entraram e então ele bloqueou. Imediatamente a porta começou a rachar sob os repetidos golpes dos machados dos minotauros, e uma lança sibilou através de uma janela, atravessando uma mesa a poucos metros de distância.
A lareira de pedra e argamassa ainda crepitava com animadora chama. Se a esa empalada com a lança e os sons de fora pudessem ser ignorados, esse teria sido um local agradável para se passar um ou duas horas. Uma análise rápida ao redor da sala mostrou a eles que esse lugar fora, de fato, uma espécie de pousada, confirmada por várias representações por santos retratado com braços abertos acolhedores nas paredes. Havia até uma estátua do Grão-Sacerdote Esdras atrás de um altar para além da lareira.
Essa estátua, como os afrescos ao redor da sala, tinha braços abertos em sinal de boas-vindas. A elfa havia falado de um alçapão, embora nenhum fosse evidente, nem houvesse tapetes ou pisos que pudessem ocultar tal saída.
Beat observou a lareira mais atentamente. Esse edifício fora consagrado a Esdras filóxeno, o concedente a hospitalidade; poderia outra parte da estrutura ter sido igualmente consagrado a Esdras ctônico, o protetor do... subterrâneo? Mas não por que a Ghede?
Beat soltou sua lâmina e se inclinou para examinar a lareira. Como era comum em hospedarias, ela havia sido construída e um anel de pedra e argamassa no meio da sala, colocada sobre uma laje de calcário espessa o suficiente para manter o calor da lareira sem pôr em perigo o piso de madeira da prancha. Nem a lareira nem a laje sob ela mostrava qualquer sinal de estarem dispostas para se moverem-se, deslizarem de lado, levantarem-se ou caírem, apesar dos esforços dos piratas.
Os talhos e marteladas dos machados contra a pesada porta subitamente dobrara de velocidade e de impacto. O brilho alaranjado dos incêndios lá fora começou a aparecer através de buracos irregulares, e Beat sabia que tinha apenas alguns segundos para descobrir o alçapão, ou se preparar para resistir.
Correntes pendiam dos pulsos da estátua. Agora Beat viu as rachaduras bem-acabadas onde os braços largos e acolhedores se juntavam aos ombros poderosos da estátua, como se esses ombros pudessem ser juntas que se assemelhassem as de um homem.
Beat saltou para o topo do altar e pulou novamente. Ele pegou uma das correntes e se balançou em frente a estátua de alcançar a outra e, usou os músculos de seus braços e de suas costas para puxar ambas as correntes simultaneamente. Ele entendeu, então, por que a mulher não havia levado seu filho para baixo do alçapão. Esses braços não poderiam ser movidos sem três ou quatro homens puxando cada uma das correntes.
Três ou quatro homens, ou Dymas.
Os poderosos braços de Dymas giraram para baixo, para que as mãos acolhedoras ficassem juntas, palmas para cima, dedos apontando para a lareira atrás dos piratas, lareira que então se levantou acima do chão. Apoiada por pesadas madeiras verticais, ela revelou uma escura abertura inferior.
A partir da tensão contínua sobre as correntes que segurava, Dymas sabia que a porta da lareira se fecharia assim que relaxasse, mas ele havia sido mais inteligente do que dispositivos semelhantes no passado. Ele apoiou o pé contra as coxas da estátua de mármore e se impulsionou para trás com toda a sua força. No instante e que libertou as correntes, os piratas se jogaram rapidamente, depois Dymas se arremessou em um mergulho violento enquanto a laje da lareira desabou como uma pedra de um penhasco. Ele foi de cabeça no buraco, a laje caída mal chegou a tocar a sola de suas sandálias.
Eles aterrizaram duramente em uma pedra úmida na escuridão e lançou um olhar cauteloso na laje acima. Não havia o menor vislumbre de luz através de qualquer rachadura. A menos que os minotauros fossem muito mais espertos do que imaginava ou mais compelidos a encontra-lo do que era provável, eles nunca descobririam como eles havia fugido.
Mas isso não queria dizer que eles tinham tempo a perder para se congratular. A Oráculo ainda os esperava.
Dymas ficou de pé, mas caiu de joelhos quando uma tontura o assaltou. Seus pulmões queimavam de novo, e suas costas empoladas estavam novamente entregues a dor constante. Ele precisava de tempo para se curar, parar curar suas feridas e...
Não havia tempo para fazer uma pausa. Acima, eles ouviram os machados estilhaçarem a estátua de Esdras. Os minotauros podiam ser incapazes para segui-los. Tudo o que eles precisavam fazer era seguir o rastro de sangue do ciclope e de seu braço que ele deixou para trás. Ele ainda estava coberto com ele. Suas pegadas guiaram os minotauros para a estátua de Esdras. Suas impressões sangrentas nas correntes mostraram o que eles haviam feito para escapar. Eles estariam atrás deles em alguns minutos.
Dymas tentou se levantar, mas as pernas lhe faltaram. Ele sentou-se novamente, ainda ofegante pelo esforço, exausto.
Com uma explosão poderosa, Folgo e Seal ajudaram Dymas a ficar de pé, usando a parede como apoio. Ele fechou os olhos e virou-se lentamente na escuridão, até que sentiu um sopro tênue de ar contra o seu rosto. Sem abrir os olhos, ele caminhou hesitantemente em direção a corrente de ar. Apenas depois de ter dado vários dezenas de passos sem esbarrar em uma parede, ele se deu ao trabalho de abrir os olhos. Com a visão já adaptada ao escuro, eles rapidamente avistaram um brilho minúsculo na ponta de um túnel estreito e baixo.
Eles caminharam firmemente na direção da luz, com medo de uma armadilha ao longo do caminho. Se Dymas tivesse sido o construtor do túnel de fuga, teria cavado uma cova para fazer um intruso imprudente quebrar a perna (e um pouco mais alto). Se o construtor fosse mais ambicioso, poderia haver fios que ativassem uma emboscada, martelo oscilantes ou outros perigos que os estalageiros e hóspedes saberiam evitar, deixando surpresas desagradáveis para qualquer perseguidor. A luz ficou mais brilhante, maior, mais convidativa, e eles não encontraram nenhuma armadilha. Eles andaram mais rápido.
Os piratas estavam cansados de se esgueirar no subterrâneo, sentindo-se como bebês chorões, e quase sem forças para ficar de pé e seguir em frente. Mais uma, beat fincou sua espada no chão, e uma grande estalactite de gelo brotou no chão e destruiu na extensão do túnel. O ataque mágico destruiu as madeiras que sustentavam a laje da lareira, e tudo caiu e quebrou, espalhando gelo e neve no chão do túnel.
Ele assentiu consigo mesmo. Usar o gelo impulsionou seu espírito e apagou um da fraqueza de seus músculos. Eles estavam cansados com tamanha batalha, mas precisavam seguir em frente.
Massacrar os asseclas do Inframundo ao sair da pousada provou ser mais divertido do que eles haviam imaginado. Alongar-se e girar não causava o menor desconforto nas suas costas, onde o fogo da Kartacos os havia ferido Folgo e Dymas tão dolorosamente. Depois de alguns assassinatos, os monstros ia fugindo a medida com seus avanços, dando a chance deles se limparem em uma fonte e limpar um pouco do sangue do ciclope, minotauros e harpias. Amirah fez alguns curativos para Folgo e Dymas, os mais feridos.
Quando eles terminaram suas abluções, tiveram certeza de que poderiam triunfar sobre o pior que aqueles monstros tinham para oferecer. Eles encontraram uma sequência que era particularmente eficaz: Dymas arremessava Beat no meio de uma multidão de monstros e usava o poder de gelo de sua espada, fazendo as criaturas ao seu redor congelarem, em seguida, os demais se movia em meio de outro pelotão de legionários mortos-vivos, Amirah avançavam rapidamente como trovão e os derrotava com suas espadas.
Beat ficou apreciando sua obra de gelo quando o estalido de cascos contra os paralelepípedos alertou-o para a aproximação dos centauros. Eles se viraram, pensando que iria enfrentar apenas um. Um rebanho de criaturas metade cavalo, metade homem trotou na praça e rapidamente investiu contra eles.
De alguma fora, um deles havia conseguido avançar pela retaguarda quando a sua atenção era desviada pela manada principal. Poderosas mãos levantara Folgo, Amirah e Seal do chão e seguraram-no alto. Eles olharam para o céu e se esforçou para sacarem suas armas. Beat percebeu que ficava cada vez mais difícil de lutar por falta de força que suas magias de gelo lhe drenavam. Amirah jogou os pés para o alto e rolou para trás, libertando-se do aperto do centauro.
Com um movimento rápido de sua tanto, cortou os braços dos centauros que seguravam Folgo e Seal. O homem-cavalo gritou de raiva quando eles aterrizaram no chão. Amirah saltou e aterrissou no traseiro da criatura, as pernas pendendo de ambos os lados do corpo do equino.
-Vocês são aqueles que o Senhor Taudaron procura!
O centauro virou meio e tentou descarregar um punho ao lado da cabeça de Amirah. A loba esquivou facilmente, e com as duas lâminas cortou-lhe a garganta. Ele debateu-se e suas ancas e retaguarda, na esperança de lançar a Amirah para fora. Ela moveu-se para frente, aproximou-se da parte humana do monstro e chutou forte, para que seus calcanhares batessem contra a barriga do centauro. A medida que a criatura galopava descontroladamente para frente, Amirah guiava para onde estavam os outros do rebanho que ela desejava.
No último instante possível, ela liberou as pernas e saltou. Enormes estalactites de gelo sugiram no chão e congelava e penetrava na manada de centauros. O chão tornou-se escorregadio, o que os fez colidirem uns com os outros. Deslizando como esquiadores pelo chão gelado, Folgo e Seal cortaram as patas dos centauros que não foram congelados e que tentavam fugir. Vários haviam perdido todas as quatros patas, nenhum era capaz de lutar.
Apenas um único centauro havia sobrevivido, mas antes que pudesse ser morto, a criatura fugiu, deixando para trás apenas um lamento estridente de absoluto medo.
Beat caiu no chão, ofegante. Sua agia de gelo o drenava muita energia, algo que ele ainda não havia controlado ainda. Ele encarou a espada de seu falecido pai. Ela emanava uma aura que brilhava num azul Índigo intenso. Mesmo que apreciasse o poder resoluto do presente de seu pai, ele tinha que seguir de seguir em frente para encontrar o Oráculo. Ele perdeu a conta de quantos monstro já havia destruído; quando, finalmente, não restava mais nenhum para incomodá-lo, a estrada estava pavimentada com três fileiras de profundidadem cheias de cadáveres em todas as direções. Eles não se preocuparam em contar. Apesar de uma quase semi-garantia de que eles iria encontrar o Oráculo (ele se recusava a não encontra-la após todas essas batalhas) ele sentia que o tempo estava se esgotando. Os piratas corriam pela pista íngreme, caminhando a passos largos.
Enquanto corriam, a mente de Dymas se lançava para o futuro, considerando diferentes cursos de ação, mas, acima de tudo, sua mente sempre voltava para o Oráculo e seu misterioso segredo de como poderia salvar todos ali.
Ele estava tão absorto em seus pensamentos que, ao fazer uma curva, deu de cara com um legionário morto-vivo. Eles colidiram, Dymas foi para trás e o guerreiro esqueleto de armadura caiu no solo. O barulho de seus ossos contra a sua espada e o escudo cair ecoou pela Acrópole. Dymas se recuperou mais rapidamente do que o guerreiro esqueleto, sacou sua espada e retalhou o crânio do morto-vivo.
Ninguém oferecia resistência aos seus músculos. E quando viu uma dúzia de legionários descendo o caminho para investigar o ruído, ele riu. Esses legionários mortos-vivos estavam bem protegidos com armaduras e impressionante bem armados.
Órbitas oculares ocas, perturbadoramente maléficas, o encaravam como brasas em uma sala escura, através de capacetes de bronze decorados com penas negras. Eles carregavam escudos cravejados com pregos de metal. Uns poucos brandiam foices, mas a maioria estava armada com espadas, e eles marchavam em uma formação apertada, disciplinada, com mais soldados apinhados as suas costas.
E um raio único os fez em pedaços.
A explosão voraz irradiou, ziguezagueando em seu caminho como um raio de uma poderosa tempestade. O trio principal de legionários explodiu. Assim como a fileira seguinte, e a seguinte, e a seguinte.
Acima deles, uma pequena aeronave com asas de morcegos atirava flechas em inimigos mais distantes. Atrás deles, Wiz se aproximava. Ela que havia conjurado o raio que destruiu os legionários mortos-vivos. Eles abriram sorrisos cansados e aliviados. Wiz pisou cautelosamente sobre os ossos e as partes fumegantes e queimadas dos corpos dos legionários. No caminho havia um capacete de bronze, as penas negras soltando fumaça, assim como o crânio amarrado com correias. Espadas derretidas e capacetes repartidos espalhavam-se ao longo da estrada.
Dymas olhou com espantou para o báculo que Wiz carregava. Ele se afastou apressadamente dela, se ele acidentalmente tocasse no báculo, era capaz de acionar um relâmpago e o matar por nada, antes de salvar Khirmira.
Mais uma vez eles aceleraram em um ávido passo que eram seu ritmo habitual até o caminho ficar cada vez mais íngreme. Em alguns lugares, os peregrinos haviam meticulosamente esculpido degraus nas rochas para os suplicantes mais fracos. Como se fosse um sonho, eles já não escalavam a Acrópole de Burlmugaron em direção ao templo da Oráculo, mas sim uma estrada montanhosa, cheia de vento a milhares de metros no ar. Tornou-se mais difícil respirar e suas pernas começaram a doer pelo esforço.
Eles chegaram a uma ponte sobre um desfiladeiro profundo. Ao longo da construção marchavam cinquenta elfos, humanos e evânianos, todos com cestos de vime com oferendas e se dirigindo para o templo do Oráculo. Dymas entendeu agora como o templo da Oráculo havia resistido as investidas do Império de Thiel: ele não estava próximo ao templo do Grão-Sacerdote Esdras, mas dentro da montanha de um caminho oculto magicamente, que poderia ser visto e trilhado apenas pelos fiéis.
Enquanto eles corriam em direção a ponte, um estridente assobio preencheu o ar. Eles olharam para cima e viu uma bola de fogo descendo dos céus, e ocorreu-lhe que, mesmo que não pudessem ver o caminho ou o templo, Kartacos aparentemente ainda podia encontra-lo.
Os piratas atiraram-se e rolaram para o lado. O pegajoso e ardente fogo não tocou neles dessa vez, mas espirrou por toda a ponte. Dezenas de suplicantes gritaram. Alguns saltaram da construção em um mergulho de centenas de metros para as rochas abaixo, em chamas, como pequenos sóis. Aqueles que foram atingidos diretamente pelo fogo estavam envoltos em mortalhas de carvão que um dia foram suas peles. Ele ouviu berros de gelar a alma. Horrivelmente queimados, presos em suas fuliginosas vestimentas, cada segundo da vida era uma eternidade de agonia.
Os piratas correram para o final da estrada e olhou através do abismo. Em seu vislumbre anterior, ele pensou que as bolas de fogo da Kartacos haviam destruído a construção, mas não; mais da metade da ponte conservara-se, porém, estava inclinada para cima, longe deles, suspensa por um enorme guincho acima do abismo. Um homem baixo e forte lutou com a manivela para travá-la no lugar.
-Pare! – gritou Folgo – abaixe a ponte! Precisamos chegar ao templo!
-Vá embora! – O guardião gritou de volta – os monstros espreitam por toda parte. Pelotões inteiros escalam o caminho atrás de você. Se você ama a Oráculo, você vai me ajudar a destruir a ponte!
-Abaixe a ponte! Eu preciso ir até a Oráculo custe o que custar! –Gritou de volta Dymas.
Dymas deu um passo adiante, a beira do abismo.
-Mesmo se abaixá-la, uma parte foi destruído! Como você vai atravessar o fosso? Se você pode voar, por que precisa da ponte?
-Abaixe-a – Dymas rosnou – não vou pedir de novo.
-Eu morria pela Oráculo! Eu morreria pelo Grão-sacerdote Esdras! Ele me prometeu um pós-vida nas praias brancas do paraiso!
-Que desgraçado – amaldiçoou Dymas.
Atrás deles, um disparo de uma arma voou direto a cabeça do pequeno homem. O corpo do guardião caiu e ecoou pelo desfiladeiro, mesmo depois de seu corpo quebrado respingar nas rochas.
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