Capítulo 31 - Batalha na Frota Imperial


Capital Imperio – Reino de Henry

Leore lia um livro durante a pausa de seu trabalho. Havia enormes pilhas de documentos espalhadas na sua bancada, inúmeras queixas e documentos reais sobre suas conquistas e burocracias imperiais que ele achava um saco de resolver. No sofá ao lado da sua mesa, sua assistente dormia pesadamente entre outras grandes pilhas de papeis, quando alguém bateu na porta e entrou. Um soldado se dirigiu para a mesa do consul.

-Senhor Leore, o Marechal Urie mandou seu relatório.

Leore apenas deu um leve sorriso.

-Ele encontrou aquela garotinha perdida?

-Sim, senhor. Majestade Nidia, seus companheiros, assim como a pedra...

-Bom trabalho. Descanse.

O guarda prestou continência e saiu.

Leore fechou o livro e se inclinou na cadeira e fechou os olhos com força. O gabinete de repente ficou gelado e em perfeito silencio. Uma massa enegrecida se moveu de um canto da sala como um fantasma. A assistente começou a tremer e se encolheu no sofá.

-O fragmento que confere o direito de governar deixado para trás por Gaiseric, o Tesserato Esmeralda... Juntamente com o Tesserato Rubi de Itorama e o Tesserato Safira de Capital Império... Isso é todos os três. Tudo está se encaixando... –Ele riu, enquanto aquela massa escura o encarava.

★★★

Na tumba de Gaiseric

Poderosas explosões ecoaram por todos os lados. Uma fina camada de poeira caia do teto encima deles, pedaços do teto se soltavam e se chocavam violentamente contra o chão perto deles. Lá fora a frota imperial abrira fogo contra o templo e as montanhas ao redor. Inúmeros garudas e outras criaturas corriam para longe das explosões afim de evitarem serem mortas.

Dos compartimentos laterais, pequenas aeronaves saíram da gigantesca Bearthorn e encheram os céus em poucos minutos.
O grupo correu para se esconder, saíram do salão agora vazio e voltaram para onde haviam encontrado Arles. Um outro tremor sacudiu o templo, algumas pilastras de sustentação tombaram para o lado e se destruíram com os impactos lá fora.

-Estamos cercados – comentou Spike.

Gerlon segurou com força seu braço, a dor o fazia se curvar.

-Malditos! Como eles conseguiram adentrar o vale dos Reis? Achei que as aeronaves não funcionavam por aqui! – Comentou Zafira com um pouco de raiva.

Outro tremor, e dessa vez o teto tremeu com mais força.

-Esses desgraçados estão usando o Tesserato Safira para driblar as vibrações mágicas! Provavelmente a oitava frota inteira está aqui para nos capturar! –Disse Flora, carregando Gerlon em seus ombros.

Gerlon odiava depender dos outros, principalmente quando achava que ele ERA o fardo das pessoas, não queria parecer tão fraco e ruim quanto parece, mas Flora já o convivia a muitos anos, suficiente para entender que ele estava mascarando a dor que sentia causada pelo necrosador.

-Se ficarmos aqui, é em questão de minutos eles levarem esse teto a baixo. –Ao terminar a frase, uma outra explosão acertou o teto.

Grandes blocos de pedra, do tamanho de pequenas aeronaves e até um do tamanho de uma casa, caiu e foi engolido pela escuridão ao lado da sala.

A brana se agitou e se tornou agressiva. Flora os alertou.

-Não podemos ficar aqui, eu sinto que há algo muito pior e perverso nas profundezas desse templo do que o próprio Império.

-E oque faremos? –Mikka se segurava com força ao braço esquerdo de Sirius.

-A melhor alternativa é nos entregarmos, já fugimos deles em Yanilad e fugimos outras vez em Arrokoth. Não há outra saída neste templo, e o que se agita lá embaixo... eu não quero descobrir.

-Tudo bem, vamos nos entregar – disse Gerlon e todos o encararam, surpresos. – Vocês esqueceram que a Bichano está lá fora e vamos confiar que Beat e os outros venham nos resgatar. Eu confio na Flora, e se ela diz que há algo lá embaixo que está deixando nervosa, é porque deve ter algo lá embaixo que não podemos lidar.

-E o que faremos? Entregamos o Tesserato Safira de bandeja para eles? –Perguntou Zafira.

Ferecks a encarou. A princesa segurava firme o cristal.

-Eu não sei se você percebeu, mas nós estamos encurralados, não há outra alternativa. Se você quiser morrer, ou você desce e dá de cara com o que tem lá ou você sobe e enfrenta aquele idiota do Urie, e eu prefiro a segunda, já que eu ainda tenho alguma mínima chance de sobreviver e fugir.

Outros tremores sacudiram a tumba. No teto, alguns raios de sol já penetravam por algumas frestas. Vários fantasmas e criaturas nefastas saíram de seus esconderijos e seguiram para abaixo da escuridão, a brana devorava alguns violentamente.

-Não há algum meio de nos comunicarmos com a Bichano? Um rádio ou transmissor? –Perguntou Spike.

-Eles provavelmente interceptariam nossas mensagens e descobriam que não estamos sozinhos, então sem condições...

Um lampejo genial passou por Flora, ela saberia perfeitamente como se comunicar com os tripulantes; BINGO. Ela soltou Gerlon e deixou aos cuidados de Zafira. Ela correu até um altar próximo, sentou-se ao chão na posição de lotús e fechou os olhos, se concentrando.

-Isso não é hora para dormir, Flora! Precisamos de você! – gritou Sirius, mas Gerlon a entendeu no mesmo instante.

-Cale a boca, seu ignorante, ela está tentando falar com a Wiz.

Os outros se espantaram, eles não sabiam que era possível.

-É possível se vocês fizerem silencio!
Uma poderosa explosão derrubou uma grande parte do teto, que desmoronou e veio tudo ao chão.

Várias naves pequenas começaram a adentrar no interior da tumba, derrubando estátuas e destruindo murais tão antigos quanto o império. Eles cercaram o grupo e apontaram suas armas.

As aeronaves levantaram poeiras a séculos adormecidas no chão e fazendo elas entrarem em seus olhos e narizes, algumas naves aterrissaram e saíram vários soldados com armas e lanças.

O grupo recuou. Entre os inimigos, alguém saiu.

-Por motivos de força maior e jurisdição de Thiel, vocês estão presos por tramarem contra o vosso Principe e consul de Henry, foram julgados e condenados fugitivos pelos império e...

-Thiel não possui jurisdição em Henry e nem em Pangeia, seus idiotas! – gritou Zafira.

O soldado fez um gesto com as mãos em sinal para prende-los e com violência e hostilidade, o fizeram. Um soldado saltou para cima de Flora e a tirou de sua posição.

Gerlon e Spike tentaram impedir mas foram derrubados com facilidade. Com algemas de ferros pesadas prendendo suas mãos e pernas, eles foram levados a força para dentro de uma aeronave, foram jogados com violência e a nave decolou, e as outras o seguiram.

A nave pousou em um compartimento da Bearthorn e o soldado abriu a escotilha, na entrada vários soldados os esperavam e em filas e grosseiros, foram retirados da nave e dirigidos para a sala principal da nave. Na enorme cabine principal, havia vários cientistas thieldianos e se destacando com seu tamanho (e sua ameaçadora armadura) o Marechal Urie, ele abriu um sorriso sarcástico ao ver a princesa Zafira.

-É uma honra tê-lo conosco novamente, Sua Alteza. Diga-me, como foi na tumba de Gaiseric?

Zafira fechou a cara e encarou o Marechal com ódio mortal. Ele continuou:

-Bem, então, você tem a pedra com você?

-Não faço ideia do que você está se referindo. –disse ela.

-A pedra... – eles ouviram uma voz atrás deles, era Ferecks, livre das algemas – está aqui –ele foi até Gerlon e tirou o Tesserato Esmeralda dos bolsos do pirata. –eu vi quando você escondeu nas vestes do pirata.

O grupo arregalou os olhos, o velho lobo estava livre das algemas e na sua mão esquerda, ele segurava o tesserato brilhando em cor verde como a natureza.

Zafira sentiu sua confiança ser estraçalhada, toda a sua esperança agora era entregue sem resistência, tendo seu medo lhe tomando conta de seu corpo e ela jura que viu seu reino sendo entregue a Thiel.

-Ferecks! Oque você está fazendo?! O que é isto?! –Indagou Spike, furioso.

-O Império não é um adversário que possamos vencer. Temos que ver isso se quisermos salvar Henry. –Respondeu.

-O Capitão Ferecks arriscou a vida por isso. Em troca do Tesserato Safira. Gostaríamos de reconhecer seu retorno ao trono e o renascimento de Henry, princesa –Falou o Marechal.

-Leore já assinou os documentos. Em troca dessa pedra... –Comentou Ferecks, segurando com mais força a pedra.

Urie passou o braço ao redor da princesa.

-Por uma mera pedra, seu país desaparecido reviverá. –disse ele.

Zafira o empurrou, enojada. Vários soldado sacaram as espadas, mas o Marechal apenas levantou as mãos.

-Ferecks... Será que você está... –falou a princesa, mas sua raiva era tanta que ela não conseguia pensar claramente.

-Certamente, este é um artefato valioso, mas Henry não tem mais nada para negociar. Vale a pena.

-É uma formalidade. No começo, você deveria ser tratado como um estado vassalo, mas... como dizer... você está imundo, queimado e parece que perdeu anos de sua vida. Então, devo agradecer-lhe por ir em nosso lugar. –agradeceu o Marechal.

Ferecks rangiu os dentes.

-Este é um assunto sério! Aqui está a pedra, então fique em silêncio, Marechal.

Urie pegou a pedra e analisou, encantado com o brilho esverdeado que emanava.

-Muito bem... Podemos conversar mais depois que eles se instalarem. Leve-os para a nave de Shalom, sim? –Ele entregou a pedra para um cientista próximo - Meça seu poder mágico.

-Sim senhor, mas.. Não fomos obrigados a levá-lo diretamente de volta à Leore?

–Perguntou o cientista.

-Seu idiota. Não deveríamos testar sua autenticidade com antecedência? Testá-lo no sub-reator?

-Claro senhor. Começaremos imediatamente. –Disse o cientista, que levou a pedra com cuidado para uma caixa de ferro.

Outros cientistas e soldados o cercaram e o acompanharam a sala de testes. Urie pegou seu helmo e seguiu os cientistas.

Eles desceram alguns lances de escada e chegaram a um grande laboratório, e com todo cuidado eles retiraram o Tesserato Esmeralda (que ainda emanava a energia esverdeadas) e os aparelhos começaram a detectar falhas energéticas.

O cientista chefe mandou ignorar todos os outros experimentos e focarem no Tesserato. Eles colocaram em um pedestal de ferro e as medições de energia começaram.

De imediato, o computador relatou um aumento no pico de energia superior a cem mil, fazendo os cientistas se preocuparem pois nunca detectaram algo nessa quantidade.

-Eu não posso acreditar, é como se não houvesse limite! –disse o cientista chefe.

-Não tem erro, esse é o Tesserato Esmeralda! Mas isso é... –disse outro cientista.

As feições do Marechal mudaram para preocupações severas.

-Esta pequena pedra tem mais energia do que os estoques de energia de um navio de guerra classe 3... Não é de admirar que eles estivessem procurando tão desesperadamente por ela... não... aquele que a possui poderia se tornar um rei da segunda dinastia. Uma pedra milagrosa... se alguém tivesse isso, mesmo que fosse outra pessoa que não Leore... –Marechal Urie encarava o Tesserato com anseio, era como se algo o controla-se e despertasse sua ânsia por poder (que já era grande) sua ganancia crescia cada vez mais.

Enquanto isso, o grupo embarcava numa pequena aeronave para ser levado para a nave de guerra Shalom. Eles adentaram a pequena nave transportadora e sentaram nos bancos e o compartimento da porta se fechou. Desde da traição, Zafira não olhara para Ferecks, que os acompanhava livre das algemas.

Lá fora, os soldados thieldianos se preparavam para voar. O velho lobo se pôs de frente a princesa.

-Provavelmente levará alguns dias para obter permissão para atracar no Capital Imperio. Então podemos anunciar aos cidadãos que Vossa Alteza está viva e passa bem. –disse o lobo, mas a princesa permaneceu com cabeça baixa.

-Como posso acreditar em qualquer coisa que você diz mais?

-Já fiz negociações com o Império nos bastidores. Primeiro, a restauração da monarquia então... Alteza? –Ferecks segurou com força o braço da princesa com força, seu braço estava quente, como se tivesse acabado de sair de uma sauna.

Ferecks se estressou e olhou para seu amigo Spike, que o encarava com um olhar triste e orelhas baixas.

-Tudo o que fiz foi pelo nosso país... Mesmo agora, só desejo apoiá-lo...

O motor da nave  ligou e em poucos instantes levantou voo. As cortilhas laterais se abriram e um soldado deu permissão para a decolagem.

Gerlon olhou para Flora, seu nariz escorria sangue escorria, seus olhos estavam fechados como se ela estivesse se concentrando. Ela sentia uma sensação de queimação em seu corpo, seus pelos ficaram arrepiados.

Ela sentia fortes vibrações  mágicas emanando da Bearthorn, o que ela definitivamente não estava gostando, um perigo iminente crescia.

A pequena nave aterrissou na outra grande nave de batalha, Shalom. Do lado de fora, explosões soaram fortemente fazendo as sirenes de batalhas soarem. Vários soldados se prontificaram em seus postos. O guarda que os vigiava, abriu a escotilha e os apressou violentamente.

Outros soldados começavam a pegar suas armas e adentrarem em outras pequenas naves de guerra e decolaram. Ferecks estranhou o movimento.

-Mas o que...?

Mikka encolheu as orelhas, assustada, mas Sirius a encobriu com seus braços algemados. Flora se curvou para frente, urrando de dor, Gerlon apenas fechou os olhos enquanto o guarda se aproximou.

-Ei! O que você acha que está fazendo? – Ele esticou sua mão para toca-la. Com rapidez e violência exagerada, Flora o segurou pelo braço e o arremessou para longe.

-Isso está... queimando...

-Flora! Disse Mikka, preocupada – você está bem? Gerlon? O que faremos?

-Minha parceira é do tipo que não curte ser amarrada, entende? –Comentou Gerlon, com um sorriso sarcástico.

Vários soldados se prontificaram na frente deles, todos com espadas e escudos empunhadas.

-Vocês se separem, agora! –Gritou um soldado Thieldiano.

Um a um, os soldados caiam misteriosamente, como se alguém estivesse escondido. Suas cabeças eram acertadas violentamente. Um caos foi instaurado entre a legião que perdia homens com velocidade. O piloto da nave saiu atrás deles e como uma criança, Gerlon pôs seu pé esquerdo na frente dele de propósito, o fazendo cair.

-Ops, perdão amigo.

Um soldado avançou e segurou com força o braço de Mikka, a fazendo se separar de seu amigo, Gerlon olhou para Sirius e sorriu, o chowchow entendeu imediatamente o que ele queria dizer: com um salto ele derrubou o soldado com um só golpe.

-Eu também! Porque eu sou um futuro pirata do céu. E você?!

Um outro se aproximou e apertou o braço de Zafira, ela se virou para ele e o acertou com força no meio de suas pernas, o fazendo cair gemendo de dor. Ferecks rangiu os dentes para a princesa e ela apenas bufou para ele.

-Não me misture com você, não me qualifique como farinha do mesmo saco que eles.

Ferecks sacou de suas costas, sua enorme espada e apontou para Zafira.

-Vossa Alteza, eu não posso... Não posso permitir que vá além disso. Se você fizer isso, o futuro de Henry sofrerá!

Zafira se manteve imóvel, o encarando, ele continuou:

- Se você pretende, não importa o que... Então eu, Ferecks, não terei escolha a não ser usar minha força total contra você! Você não entende que nós precisamos disso!

-Não, sua majestade, você não deve parar por aqui. Vá em frente! Eu serei o caminho para você restaurar nossa nação!–Interveio Spike, se pondo entre os dois.

Ferecks chegou ao limite, rangiu os dentes e apertou o cabo de sua espada com força, como um arco que corta de cima para baixo, ele atacou seu velho amigo, mas Spike se defendeu rapidamente, colocando a algema que lhe prendia ir de encontro a lamina da espada.

-Por que você faz isso, Spike?! Você está louco?! Esse tempo inteiro que ficou preso o tornou senil! Você deveria ser capaz de ver a verdade... então por quê?!

Spike forçou ainda mais sua algema contra a lamina, algumas faíscas começavam a surgir.

-É porque eu vejo...! Que eu luto! –As algemas se romperam, quando ao seus pés, uma espada caiu e fincou no chão. Spike a pegou e a pontou para seu amigo.

Ferecks avançou rapidamente, mas Spike o bloqueou. Atrás deles, Zafira gritou por ambos, Gerlon levantou seus braços, deixando exposto sua algema, e com um tiro, ela explodiu.

Vários guardas avançaram para cima deles, quando entre eles, várias bombas de fumaça explodiram, os soldados ficaram confuso e um a um começaram a cair. Um poderoso estrondo ecoou pelo salão e uma grande figura, alta e musculosa se ergueu atrás deles, os fazendo gritar de medo.

Gerlon tomou em seus braços Flora, que estava fraca e cambaleando.

-Princesa, não se incomode, não há como prendê-los! Encontre a baia do Cabide! Estamos saindo daqui!

Vários outros soldados avançaram contra os prisioneiros, uma muralha de músculos avançou e os derrubou com facilidade, Dymas se divertia e gargalhava de euforia, de suas costas Beat saltou e com sua espada em mãos partiu para cima dos guardas. No ar acima deles, uma pequena nave semelhante a um morcego, construído com pedaços de madeira e sucatas usadas, Donpa e sua irmã Recon atiravam com suas baladeiras bombas de fumaça, espinhas e fogo.

Beat se aproximou do grupo e com sua espada destruiu as algemas, os libertando.

-Vocês demoraram! Onde diabos vocês estavam?! –Resmungou Gerlon.

-De nada também! Não precisa agradecer – respondeu de volta Beat –Eu não sei como você consegue se meter nessas situações, o que seria de você sem nós, capitão!

-Precisamos tirar a Flora daqui! Ela está muito mal! –Gerlon entregou sua parceira a Dymas, que recuou.

No portão, soldados a postos com suas armas apontadas para os prisioneiros se posicionaram. Um deles levantou seu braço direito e gritou.

- Pare aí mesmo! Você descobrirá em primeira mão do que Artilharia  Imperial é capaz!

O grupo recuou um pouco, vários homens apontavam armas para suas cabeças e para mata-los era mais fácil do que respirar. O ar ao redor deles começou a esquentar a medida que os sentimentos de Zafira se contorciam dentro dela.

O campo de batalha era cruel, o Império era cruel e ela fraquejou pela primeira, se questionando de haveria força para enfrenta-los. “Força”, pensou. Poder. Uma sensação quente emanava de dentro dela e seu braço estava quente, mas parecia não se importar.

-Vocês todos... Se vocês imperiais não tivessem...!

-Fogo!

Dezenas de balas voaram em direção aos fugitivos, mas num movimento instintivo Zafira ergueu a mão. Uma barreira invisível de calor surgiu e desviou o curso dos projeteis, alguns tinham seus cursos redirecionados para outros trajetos, enquanto outros simplesmente evaporaram.

-As... as balas, no ar...! –Reclamou o capitão.
Sirius e Gerlon arregalram os olhos, eles sentiam uma sede assassina vinda de sua companheira.

-Eles derreteram! –Espantou-se Sirius.

-Eu me recuso a correr ou me esconder por mais tempo. Esse pensamento está queimando dentro de mim. Eu vou... –Zafira ergueu o braço, que mostrou sua marca queimando sua pele. O ar ao redor esquentou, de repente, estava um calor infernal de quase cinquenta graus.

Atrás dela uma muralha de Brana se formou e começou a tomar forma: Arles surgiu atrás dela de braços cruzados. Seus olhos e pelos emanavam uma aura dourada e vermelha. Seus olhos brilhavam como dois sóis amarelos.

-Um monstro! - Gritavam os soldados! Vários começaram a avançar contra o espirito, mas sem sucesso. Ao primeiro passo, seu casco tocou no chão e um tremor sacudiu Shalom, aos seus pés, chamas vermelhas queimavam o chão como ferro fundido. Seu segundo passo esmagou cinco soldados que avançaram com descuido. Suas armaduras derreteram como manteiga e seus corpos queimaram e se fundiram com o chão.

-Ei! O chão! O chão está derretendo! –Gritou Sirius. Gerlon estava com seus pelos arrepiados e olhos felinos, seu braço ainda doía bastante que o atrapalhava na hora de pensar.

-Ela convocou aquela coisa que encontramos na tumba? Parece que a pedra não é a única coisa que o rei da dinastia deixou para seus descendentes! Mas isso é... – Ele notou que a fisionomia do rosto da princesa mudara: estava com um olhar assassino, um sorriso sádico, com feições ferozes na qual ele nunca imaginara em mil anos ver em seu rosto. Seus dentes estavam afiados e seus olhos estavam totalmente vermelhos. –Droga... isso é mau.

-Não vou deixar nenhum de vocês vivo! Queime até virar cinzas no Inferno!

Spike sofria muita pressão dos ataques furiosos de Ferecks. Tudo bem que sua velha espada é um fator a se levar em conta nessa batalha, mas ela resistia bem aos ataques da poderosa espada de seu inimigo, mesmo velha e enferrujada, ela tinha algumas irregularidades ao longo de seu fio que desviava por centímetros, os golpes do velho lobo.

-Ouça bem, Spike! Foi tudo por justiça para Henry! Sua Alteza pode se ressentir de mim por isso, posso ser insultado por isso, mas, mesmo assim, você deve entender minha determinação! –Com o peso de sua lamina, ele forçou golpes furiosos para seu velho amigo. Spike se viu em escapatória. Com um giro, ele arremessou a lamina para cima, desarmando Ferecks.

Ele correu a toda velocidade pela lateral.

-Mas se for preciso, mesmo que seja apenas por um tempo, eu, por Henry... Spike! Eu serei seu oponente! –Em pleno ar, catou sua espada e pousou pesadamente na frente de Spike e o atacou:

-Minha lâmina... não vai vacilar!

Spike bloqueou o ataque de seu velho amigo com dificuldade. Ferecks... Você está errado. Fazendo as coisas desse jeito...

O velho lobo se irritou mais uma vez e com o balançar de sua espada, jogou para trás Spike, que foi arremessado violentamente e cambaleou para se manter de pé. Ele avançou com todas as suas forças, Ferecks pos sua lamina no alto e nos últimos segundos, a desceu fazendo um movimento de meia lua. Com o tamanho e força colocada, Spike seria facilmente partido ao meio, mas, com tanta experiência em inúmeras batalhas: ele rodopiou para a esquerda e avançou, cravando sua espada no abdômen de Ferecks. Cambaleando para trás, ele puxou sua espada, mas o velho capitão percebeu a tempo para desviar, mas não rápido suficiente de evitar um profundo corte em seu ombro direito, mas um pouco e teria seu braço separado do corpo.

-Ele devolveu o dano?! –Ambos caíram de joelhos, no chão, poças de sangue cresciam ao redor.

-Obviamente, eu senti o perigo, e então devolvi o dano! No entanto... -Ferecks se pos de pé e desenhando um arco com sua espada, atacou Spike, que mais uma vez, foi rápido para bloquear o ataque. A força foi suficiente para estraçalhar sua lamina em mil pedaços, sobrando apenas dez centímetros de lamina acima do cabo.
-Em uma batalha como essa, a diferença entre as lâminas pode ser o fator decisivo.

Spike cerrou os olhos, ele sentia vibrações mágicas vindas de seu oponente e, ao mesmo tempo tentava antecipar seu próximo movimento, mas dada as devidas circunstancias, ele sabia que não havia mais opções para ambos, seus corpos velhos e desgastados estavam chegando ao limite.

Tinha que decidir nos próximos segundos, se partiria para tudo ou nada.

-se ele está usando isso, então eu deveria...
Spike avançou, mesmo com um forte letal em seu abdomem, Ferecks conseguia se movimentar com uma certa liberdade ainda, desviou pra a esquerda e seu inimigo passou direto. Era a sua vez de atacar.

-Tentando ganhar tempo, Spike? Que feio! Você se tornou um covarde nesses cinco anos! Mesmo se você não conseguir ver uma saída, continue lutando com sua espada quebrada! Eu odeio o que aconteceu com você enquanto esteve preso em Yanilad! Te amoleceu tanto, te enfraqueceu tanto que me dá nojo! Se você é assim... Henry nunca mais vai voltar!

A espada de Ferecks começou a emanar um brilho azul, meio esverdeado, e ele a cravou no chão liberando uma onda de energia que arremessou o capitão para trás, o fazendo se chocar contra a parede.

-Errado... você está errado, Ferecks... Minha espada... não está quebrada! –Um feixe de energia esverdeada emanou da lamina e cresceu em direção ao rosto de Ferecks, que por alguns centimentos não perdeu seu olho direito, mas ganhou um corte profundo abaixo dele.

-Impossível. Eu tinha certeza... Devia estar quebrado... mas acabei de ver, ali! – Sua respiração estava ofegante, seus olhos custavam a acreditar na tamanha força de vontade de Spike.

O capitão se pos de pé e ergueu sua espada em direção a ele.

-Esses cinco anos... Esses cinco anos desde que Henry foi destruído... Era solitário, naquela prisão, pensei que fosse sufocar naquela escuridão... mas mesmo assim, eu nunca...! – A espada de Spike emanou uma luz verde brilhante como esmeralda. E de repente, uma lamina de energia tomava o formato de uma lamina -Minha Espada de Convicção, nunca quebrará!

-Espada de Convicção...? Impossível! Não pode ser... Ele usou uma visualização para criar uma espada de brana... Ele só precisava de tempo! Seu coração não vai vacilar. Ele ainda tem luta nele. Ele pretende continuar lutando. Mas! Essa intenção impedirá o caminho para a paz!
-Ferecks! Você não vai me parar! Vou seguir em frente!

Os dois avançaram, enquanto a nave se abalava com poderosas ondas de choque.

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