Capítulo 8
Lily era muito parecida consigo, além de ser alegre e carismática. A parte do casamento emocionara a todos, e Peter talvez, perder uma longa noite de sono com suas lembranças, depois de chorar por muitos e muitos minutos após os gêmeos interromperem o pequeno filme, para irem para suas camas. Demonstrava o quão querida, ela era para sua família. A festa era algo muito parecido com o que descreveram de sua mãe. Ela era uma pessoa simples e ao mesmo tempo muito detalhista, e meiga. Era em um campo gramado, com árvores, como se fosse uma floresta, aos fundos, atrás das tendas onde se realizava a cerimônia, havia como que uma sede de uma fazenda. E de um lado de uma das tendas, estavam algumas poucas cadeiras enfileiradas, para poucos acompanhantes do casal, padrinhos e testemunhas dos votos. A frente, um pequeno palanque, e um espécime de tribuna para que o juiz e o discursante apoiassem seus esboços e documentos ali. Duas cadeiras mais a frente para os noivos. Muito branco e prata em todos os cantos, flores brancas e poucas outras cores claras, como rosa e amarelo, nos arranjos. As lembrancinhas filmadas rapidamente, eram cactos e suculentas, em um vaso delicadamente decorado, como lembrança. A mesinha de doces estava lotada, havia um bolo gigante decorado, mas, que parecia apenas ser uma distração, um disfarce. Ou seja, era falso. As bandejas penduradas, sobre pequenas chamas, ainda vazias, indicava que haveria muita comida para o jantar e as entradas. E pela quantidade de mesa e cadeira em volta, tivera muitos, mas, muitos convidados presentes. A família materna era enorme, a paterna nem tanto. Mas, a quantidade de amigos que ambos tinham, era bem redundante a lotação. Judy, informara, que fora quinhentos convidados, mas, Peter, insistira em seiscentos e cinquenta. Todos trajavam roupas de festa, em sua maioria, longos, e com mangas, parecia estar frio naquele dia, mas, era em pleno verão, não fazia muito sentido. Mas, segundo sua avó, Judy, era por causa do frio que trouxera a chuva que caíra a semana toda, e naquele início de manhã, do mesmo dia.
Todos pareciam muito alegres, se abraçavam, apontavam para decorações e algumas imagens do casal, e muitos deles tinham os olhos brilhando. Músicas, que pareciam conhecidas tocavam ao fundo, mas, como seriam conhecidas, se ela nem existia ainda?
Sacolejou a cabeça, aturdida, e olhou para Henry, que segurava o choro, enquanto assistia ao vídeo. Felizmente, para seu irmão que bancava o durão. Judy decidira, desligar, antes que a sala inundasse de lágrimas.
E ao acordar naquela manhã, estavam animados para continuar de onde pararam, e desta vez ter a companhia de Lorenzo com eles. O avô soubera do ocorrido da noite anterior e insistira em relembrar com os próprios olhos, ao lado da família. O café da manhã dos gêmeos, passara da mesa, para o tapete da sala, e com a cortina fechada, tudo ficava mais escuro e agradável para que continuassem a assistir.
- Phoebe, o bolo de chocolate- lembrou Henry, antes que ela entrasse na sala.
- Ainda bem que me lembrou- agradeceu, segundos depois, com as fatias do bolo nas mãos.
- Prontos?- perguntou Judy, era uma pequena mania dela, porque se alguém se levantasse em instantes para buscar algo, ela desligava tudo, sem dar ouvidos aos choramingo de todos. Concordaram, ao mesmo tempo. E a TV voltou a transmitir de onde pararam na noite anterior.
Desta vez, a câmera saia da festa e voltava para o quarto, onde uma Lilian chorosa, com um sorriso tímido no rosto, saia carregando o buquê, e seu lindo vestido, ao lado de seu pai. Voltara a imagem para a festa, e um por um dos parentes e padrinhos que serviriam como testemunha foram entrando, todos muito emocionados com o evento. Ver o sorriso estampado no rosto de cada um, era como que reviver aquele momento, mesmo, ainda nem existindo.
- Lembro que o ex-namorado dela estava na festa- Lorenzo comentou.
- Que eu saiba, tinha apenas um amigo que era apaixonado por ela- Peter comentou, com uma emoção qual ela não soube discernir.
- Como assim?- Judy perguntou.
- Ele não era namorado dela, como ela mesmo afirmara quando nos conhecemos, porque na visão dela, para ser um namorado, tem que haver um pedido de permissão aos pais, e reconhecer as pessoas em geral, ele nunca fizera isso.
- Muito sábio da parte dela- admitiu seu avô.
Por mais que a conversa fosse algo interessante, o interesse maior dos gêmeos estava na festa. Quando uma bebê, entrou carregando as alianças, e logo atrás suas tias, e uma prima de sua mãe, tudo ficou claro, que ela estava para entrar. As avós, e seu pai, já haviam entrado, enquanto a conversa de ambos os distraiam, e agora o momento mais esperado acontecia. Ela parecia muito emocionada, os olhos cheios de lágrimas, mas, um enorme sorriso no rosto. As pessoas, pareciam chorar enquanto ela passava. O vovô também chorava. Tudo era muito especial naquele momento. Os votos, a primeira dança, os rápidos relances de fotos com os convidados. Tudo que sempre ouvira era verdade.
A última cena do casamento era bem clara, uma roda de jovens, dançando todos abraçados, e sua mãe e seu pai, pendurados no meio. A maioria dos que estavam ali, eram conhecidos, e o melhor era comprovar com os próprios olhos a verdade.
"As vezes, o que sempre precisamos estava todo o tempo sobre os nossos olhos, só não quisermos enxergar, porque achávamos que o que era certo, deveria ser realizado. Erro nosso, a simplicidade em deixar transcorrer as coisas é que tornam as coisas mais bonitas..." .
O fundo ficou em um tom pastel, com uma textura de pincelagem ao fundo, o que de fato, não se tinha certeza. Sorriu com a frase, ela era mesmo criativa. Não se via criativa com as palavras quanto a mãe, mas, amava pintar e criar assim como ela. Henry usava a sua criatividade, mas, para coisas mais científicas poderia se dizer. No fundo, Lily estava um pouco em cada um deles.
Ela estava com o cabelo preso em um coque, um pouco bagunçado, e estava de costas, a porta que abria, revelava a casa onde moravam, onde eles estavam agora. Quem carregava a câmera, para filmá-la de costas só poderia ser seu pai. Ah, e duvidaria muito se não fosse.
Isso tudo foi trabalho seu?- Lily perguntava, com a mão sobre a boca emocionada, reparando cada detalhe da decoração da casa.
É claro que eu pedi um ajudinha, aqui, outra ali, disfarcei em umas perguntas ou outras a você, mas, sim, eu acho que consegui- respondera a ela.
Sim, era seu pai, reconhecia a voz dele, e os olhos emocionados de sua mãe, a fizera se emocionar também.
Não posso acreditar, sou casada agora- ela disse, suspendendo os braços, incrédula- sou uma senhora parker, e essa é a minha casa- ela estava muito empolgada e isso se tornava evidente- nossa casa, Peter.
Sim, e toda nossa, meu amor- ele responde, e apenas um braço apareceu a enrolando, e o rosto dela ficou praticamente colado na câmera.
Tudo ficara escuro, e novamente cores claras voltara a aparecer.
" E mesmo se tudo soar, como se desmoronasse em sua cabeça, isso era irrelevante, porque nada melhor, para um cansado, que um grande amor a sua espera...".
A imagem focava a porta do quarto desocupado ao lado do banheiro, o que deveria ser o seu quarto, hoje. Tudo muito branco, claro demais, mas, a bagunça era evidente, e havia umas flores pintadas sobre a parede. Lily estava debruçada, com o cabelo preso em uma caneta ou um lápis, com os olhos cansados, e ainda era dia. As coisas, estavam todas espalhadas sobre a mesa. Eram muitas folhas, e ela parecia... sim, ela estava corrigindo atividades ou provas. Uma professora de verdade, pensou Phoebe, sorrindo.
Acho que poderíamos deixar o trabalho de lado um pouquinho, para conhecer a nova surpresa, não acha?- perguntava Peter, a ela, que mal o olhava.
Isso é importante, homem-aranha, não tenho todo o tempo do mundo, e tenho que entregar amanhã- respondeu séria, e Peter riu.
Ela o chamava de homem-aranha? Não poderia acreditar se não visse e ouvisse com os próprios olhos e ouvidos.
Lilian, eu tenho algo para você...- cantarolava ele, tentando atiçá-la.
Já disse, agora não- ela parecia estar ficando brava.
Era cômico, tinha que convir com isso, não havia como eles, ali presente, não rirem da cena.
Um...- a câmera virou para o corredor, e uma adolescente mal humorada, ao lado de uma outra menor, com uma energia incrível, e a vovó Helena se aproximavam de onde ele estava- dois...- ele voltou a câmera para Lily, que o ignorava, concentrada em seu trabalho- três...- ele recuou os passos e abriu mais a porta para filmar- e... já.
Surpresa!- gritaram todas em uníssono, fazendo lily pular na cadeira de susto.
Céus!- respondeu lily, com a mão no peito- Mamãe? Meninas? Não acredito- ela levantou-se para abraçá-las.
E tudo escureceu novamente. E as cores em pastéis anteriores voltaram a surgir.
" E não se importe com os intrusos bem-vindos, como a própria palavra diz... são bem-vindos...".
A cara de peste de Lívia fez todos gargalharem, ela achara a câmera, e fazia caras e bocas, com a mesma ligada. Algumas eram assustadoras, já que parecia que ela ia engolir a câmera. Depois, parecia que ela fora derrubada. E as imagens voltaram a aparecer. Miriam, dançava em frente a um guarda-roupa com fones de ouvido. E Helena e Lily, conversavam no quarto, que hoje era só de seu pai.
Eu não sei, só não queria que ficassem preocupados e irritados comigo- ela parecia se explicar sobre algo.
Como não ficar, isso é sério Lilian, quanta falta de responsabilidade da sua parte, olha o estado em que você esteve, isso é vida para ele? Acha justo com ele?- Helena soava tão magoada e irritada, enquanto tentava ensinar algo para sua filha.
Mamãe, ele sempre soube, e quis continuar, de todos ele era o único que suspeitava, na verdade, que sabia, antes mesmo de eu querer revelar, e me lembro dele dizer, dias antes do casamento, que casaria comigo, mesmo que eu morresse na semana seguinte, porque ele me amava, e me ama, qual o problema nisso?- e o gênio teimoso sobressaia pela primeira vez.
Não disse que ele não te ama, quero saber e você o ama e o amou o suficiente, para pensar que se não der certo, não funcionar, ele vai ficar sozinho, sem esposa, sem alguém que ele ama muito- ela tentava mostrar a filha, que o casamento não era errado, o erro era saber que algo poderia dar errado, e um jovem como ele, perderia a esposa cedo, e acabaria viúvo muito rápido- só estou dizendo isso porque...
Eu estou vendo você Liv- anunciou Lily, encarando a direção da câmera.
Ai, que bom, odeio ficar de canto- dramática como sempre, ela se aproximava das duas.
O que faz com essa câmera Lívia?- perguntou Helena séria.
O que eu faço? Oras, para quê serve uma câmera mamãe?- quanto ousadia da parte dela. Mas, fora engraçada o suficiente para as duas rirem.
Eu sei que foi errado da minha parte, mas, eu só queria proteger vocês- justificava lily, abraçando a irmã caçula.
Vamos deixar este assunto para uma outra hora- pediu Helena.
Eu não sou um bebê, eu sei que minha irmã está doente, dona Helena- Liv, era mesmo terrível.
Ah, é mesmo? E o que eu tenho?- perguntou Lily, a desafiando.
Sei lá, algo parecido com câncer?- perguntou ela.
É mamãe, ela não é mais um bebezinho, não mesmo...- e muitas risadas começaram a soar.
A câmera filmava de cabeça para baixo, enquanto Lily enchia a irmã mais nova de cócegas. Lívia se contorcia em gargalhada implorando para que parassem, e no fim, a câmera desligou com ela saindo.
" A família é e sempre será o seu melhor remédio não importa o que aconteça...".
A filmagem vinha de um balcão de um laboratório, e era fato, porque no fundo aparecia o nome do laboratório. Lily pegava algum resultado, e com ela a sua amiga, Amanda, a filmava. Elas agradeceram, e saíram para o lado de fora, sentaram em um banco próximo. Lily fechou os olhos, sorriu, demonstrando nervosismo e suspirou rasgando o lacre do envelope.
Independente do resultado, isso já me ajudou a ter esperança, e isso é o melhor a se pensar- revelou lily, para a amiga,
Eu fico feliz por isso, agora, faça-me o favor de pegar logo o resultado- reclamou Amanda.
Duas folhas, e os olhos transcorriam pelas palavras e as estatísticas e as porcentagens, e tudo era uma loucura, pelo menos para Phoebe, que vai a mãe, ler o papel. Um gritinho suave foi emitido, e ela tampou a boca, voltando a reler. Outro grito, e suas mãos começaram a sacudir e os olhos encheram de lágrimas.
É de verdade amanda, deu positivo, deu positivo- ela contava, tomada de felicidade.
Ah meu pai, eu serei tia, tem noção disso Lilian, tia- e as duas começaram a se abraçar e sorrir.
As imagens borraram com o ato e depois tudo escureceu novamente.
" A esperança é algo tão linda de se ver, mesmo que me custe a vida, eu darei a vida. E isso é o que mais me deixa impressionada..."
As mãos que carregavam a câmera, carregavam do outro lado uma caixa de presentes, e tudo pareci muito espontâneo. Desde a curiosidade de Peter, até o enrolar das palavras de Lilian, tudo. A surpresa estava na caixa, e quando ele abriu, só tinha um papel, e um objeto de madeira escrito papai, que ele nem se quer notou, ele leu imediatamente, uma palavra grifada com uma caneta, e encarou Lily, assustado, ficando sem palavras por minutos.
- Eu quase enfartei aquele dia- comentou Peter.
Ele pegou as mãos de Lilian, tomou a câmera e encheu ela de beijo, e deixou a câmera ligada em cima do sofá, levantou eu fórico, e começou a andar, enquanto Lily, ria de sua reação.
Eu sou pai? Isso? Eu serei pai? Lily isso é possível?- perguntava ele emocionado.
Sim, sim, sim e sim- respondeu, sorrindo.
O restante do vídeo era tudo muito lindo, as palavras, as reações, cada segundo da gestação, os surtos de sua mãe, por causa de coisas como comida, cabelo ou roupa. O como ela estava inchada, e que queria trabalhar. Era lindo e engraçado. Lilian, transmitia alegria. A alegria da família. Dos amigos. Até o nascimento deles, os gêmeos. E Phoebe que achara que todos choraram no casamento da mãe. Quando a enfermeira a mostrou para todos, era muita choradeira do outro lado do vidro, impossível não ficar com os olhos nadando em lágrimas.
Todos choraram, Peter, Judy, Henry, Phoebe e Lorenzo. E no final do dia, tudo acabou em um bom assado inglês que Judy sabia, ou aprendera a fazer, por algum milagre. Com boas conversas, e mais tarde em uma boa noite de sono.
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