Judy era hilária, dava muitos foras, em frente ao filho, que não gostava nada de saber que os filhos ouviam certos tipos de coisas, mas, eles não se importavam, eram acostumados com o jeito dela. Lorenzo apareceu naquela mesma manhã, não havia aula, e Phoebe, estava entusiasmada com a notícia de que a família se reuniria.

E o mais cômico de tudo, era como Lorenzo e Judit se alfinetavam, o casamento acabara a anos, mas, sempre surgia um motivo para se importunarem, quando se viam.

Henry contou ao avô sobre as cartas, que arrancou dele e de Phoebe algumas coisas muito marcantes em sua memória. Disse a eles, que sentia falta de Lily também, e que ela era como uma filha, e que o ajudou quando menos esperava receber ajuda. Uma pessoa boa, mas, que se foi por uma maneira triste.

Mas, havia esperança, ao menos para os quatro, talvez os cinco, se Judy acredita-se em segredo, sobre seus pensamentos. E isso era reconfortante para eles.

Depois do almoço, decidiram comprar sorvete, morango para Phoebe e Chocolate para Henry, e depois de deixarem tudo em ordem, os gêmeos se juntaram no quarto de Henry.

- O que está fazendo agora, gênio?- perguntou ela, vendo algumas peças em cima da cômoda de Henry.

- Espero que seja um mini ventilador movido a luz solar- contou ele, se jogando na cama, ao lado dela.

- Placas solares são um absurdo maninho, como vai comprá-las?- perguntou ela, virando-se de lado, para se encararem.

- Pedi ao papai, uma só, e ele prometeu pesquisar e me responder, até lá, vai ficar aquela carcaça- eles sorriram, juntos- vai pintar algo?- perguntou lembrando-se dar artes de sua irmã sobre o quarto.

- Queria fazer um balão bem colorido, mas, ainda não sei se faço em uma camiseta ou se faço em um papel- contou, ela pensativa.

- Poderia fazer na jaqueta Jeans que o papai te deu, você não quis usar ela porque estava muito estranha, se lembra?- "boa ideia Henry, boa ideia", pensou Phoebe.

- Acho que a camiseta vai ter de esperar- ela respondeu com um sorriso cúmplice.

Passaram mais alguns minutos conversando, e então tocaram no assunto sobre ela, Lily, era algo que eles perderam em comum, e compartilhar o que ela havia dito um para o outro parecia preencher parte deles.

No fim da noite, depois de voltarem de um restaurante, Phoebe, sentou-se em seu quarto, e pensou em ter mais um pouco sobre ela, talvez fosse necessário, ou talvez não, mas, sempre seria. Então arrancou os sapatos e os guardou na sapateira, tirou a blusa desconfortável de sair e colocou para lavar e vestiu seu pijama. Sentou na cadeira em frente a mesa de estudos, e abriu a mais uma das cartas.

12.12.22

Graças a Deus, eu posso estar em casa, com meus pequenos, e meu amor. Nossa família está junta novamente, com uma mamãe, determinada a continuar, firme e perseverante.

As últimas semanas foram difíceis, mas, não deixei um só segundo de me lembrar de meus pequenos, e remeter a minha infância. Era tão maravilhoso ser criança docinho, depois que essa fase passa, você implora pra voltar. A adolescência é a mesma coisa, o tempo voa, e depois vem as chuvas de responsabilidades em suas costas.

Quando conheci seu pai eu era muito diferente, se achasse que algo estava correto em meu ponto de vista eu contorcia até chegar no resultado desejado. E segundo ele esse espírito de liderança, que o fez me admirar. Eu era muito defensiva, não tinha irmãos mais velhos para me proteger, então usava as melhores armas possíveis, para me defender de homens. Ah, filhinha, seu pudesse te proteger de todos os maus que pode sofrer nesta vida, eu o faria. É muito difícil sair de casa, depois que se perde a inocência, a maldade está por todos os lados, e nós custamos a voltar a ser os mesmos de antes.

Seu pai dizia que gostava que eu fosse assim, isso me fazia forte para as outras pessoas, mas, ele foi o primeiro a me socorrer, quando a força acabava, naquela época, e foi aos poucos que nos aproximamos.

Eu espero que se for de seu desejo, que um dia possa encontrar alguém que lhe complete de verdade, alguém que você confie e se comunique sem medo de se machucar. Que não tenha vergonha de ser quem você é, e que te faça mudar para melhor, não deixando de ser você mesma. Mas, se seu desejo for trilhar o caminho sozinha, tome sempre muito cuidado para não se destruir, mantenha-se sempre de cabeça erguida apesar de lhe humilharem, não sinta vergonha de ser quem você é e como você é. Saiba que sempre terá em quem se apoiar.

E por favor Phoebe, seja boa com seu irmão.

Com amor, mamãe.

Ficou com a folha em mãos encarando o teto, era curioso a forma com que ela falara. Era como se ela não tivesse ido embora com a intenção de que Phoebe fizesse o mesmo que ela, afinal ela havia sido professora, ao menos por um curto período, mas, fora, e ela não especificara até então, o que desejava para a filha, além de que ela sentisse felicidade.

Não tinha a obrigação de esperar um casamento, e Henry e Peter, nem se quer deixavam ela mencionar a respeito, mas, ela tinha sua paixonite, e desejava que sua mãe estivesse ali para ouvi-la, mas, isso ficaria para alguém com mais experiência e com mentalidade igual.

- Esqueci de lhe contar- Henry pendurou a cabeça de lado sobre a porta ainda aberta de seu quarto, e a encarou- Tia lívia disse que está pensando vir em breve, bem... não vejo a hora, mas, ela disse que algo ia chegar hoje pela tarde para nós.

- A caixa que o papai pegou- ela arregalou os olhos e encarou o irmão, que endireitou-se na porta, mostrando o quão mais alto ele estava ficando.

- Vamos pegá-la- eles estreitaram os olhos, e como se lê-se o pensamento um do outro, responderam juntos, e se levantaram de fininho, pela porta indo até a beirada da escada conferir se seu pai já cochilava no sofá da sala, o que era feito, já que Peter sempre se esgotava aquele horário da noite. Eles voltaram de mansinho, passando pelo quarto onde o avô estava, que se encontrava com a luz do abajur ligada, e foram até o quarto de seu pai abrindo bem devagar, como duas crianças, prestes a aprontar.

- O que pensam que estão fazendo?- uma voz conhecida os pegou de surpresa, e ambos se viraram com os olhos regalados.