Capítulo 5
O que mais Judy admirava em sua neta, era a forma com que ela era o espelho de sua mãe. Judy, tinha uma memória excelente sobre as coisas, e o passado. E se recordava muito bem, de como fora rude com Lily, e de como se impressionara com o modo de ela lidar com tudo, tão tranquilamente e de modo tão respeitoso, apesar de as vezes também ter seus momentos de descontrole. O que mais a fez admirar nela, era que Lilian, não desistia facilmente de nada, e quando o sentido era persistir, ela lembrava o quanto de esforço ela teve de ter, para ajudá-la a ver as coisas com mais clareza, e quantas mudanças ela realizara na vida de Peter.
Lembrava-se de que a primeira impressão que tivera sobre a nora, era que uma garotinha de rosto bonito e língua afiada havia roubado seu menininho, mas, não. Lilian assim como não mudava seu jeito de ser por outros, da mesma forma, se mostrava sempre o contrário do que pensavam dela. E no momento em que ela mais precisou, aquela menina tão agitada e atribulada, lhe estendeu a mão, apesar de saber a aversão que ela tinha por ela. Não fora justa, mas, ainda tivera tempo de conhecê-la de verdade, e ganhar uma filha para si.
A dor de perdê-la fora como de Helena e sua família, que sentiram profundamente a partida da filha, assim como seu filho, ela e seu ex-marido. Todos eram muito apegados a ela, não só por ser prestativa, ou habilidosa, mas, porque era alguém que cativava a ter como companhia. Encarou a única fotografia que via dela pela casa, no alto da raque, em cima nos compartimentos a cima da televisão, carregando os gêmeos com a face muito esgotada, mas, com o sorriso no rosto e com o brilho que sempre mantinha nos olhos.
Phoebe era exatamente como ela, e para Judy, ver os netos crescerem sem a mãe, era uma dor que ela não sabia explicar, talvez fosse por isso, que juntava o dinheiro que zelava muito bem, para vê-los sempre que podia, era o mínimo que ela poderia fazer por eles. Os olhos verdes que herdara da genética materna, fora o mais encantador em seus netos, principalmente em Phoebe. O modo criativo e espontâneo, também era uma herança dela, e como a amava, por ela mesma, por Lily, por Peter, afinal, era sua netinha. E assim, como amava a Henry, o amor por ela, era imenso.
- Vovó, acha que ela gostaria de como vivemos?- perguntou Phoebe, com a mão apoiando o rosto e o restante de seu braço sobre o sofá, enquanto segurava o envelope rasgado.
- Em que sentido querida?- perguntar isso a ela, seria importante, mas, seria difícil adivinhar a que ponto ela se referia.
- Papai nunca mais se casou, e nós somos um pouco... estranhos- ela murmurou abaixando a cabeça.
- A... bem, eu sei que Lilian, amava o estranho, gostava de coisas quais eram despercebidas pela maioria das pessoas, e provava que beleza estava em todos os lugares- ela aproximou-se mais da neta, e ajeitou seus cabelos despenteados, para atrás da orelha- o certo, é que seu pai não tem espaço, ao menos não ainda, para outra pessoa, Lily era um porto seguro para ele, alguém com quem ele construíra um lar e certamente, alguém que merecera o amor, que ele só pôde retribuir para com ela. Não é que ele já não tenha cogitado a respeito, isso na verdade, já ocorreu, a questão é que ele ainda não se sente capaz de amar alguém que não seja ela.
- Foi o que eu pensei, eles deveriam se amar muito, para ele não ter se casado de novo- ela dizia, séria, como se a mente estivesse em outra dimensão.
- Ele a amava de uma forma que não sabia nem se quer se expressar.
- Eu espero viver algo assim, um dia- ela, disse e abriu sorriso enorme, trazendo a memória de Judy, Lilian, como se estivesse ali em sua frente.
- Certamente, meu bem, certamente, viverá.
Phoebe concordou e abraçou a avó, que lhe correspondeu, e depois encaminhou-se até o outro canto do sofá, para ler a carta.
01.12.22
Você e eu estamos tão longe meu amor, mas, mamãe não consegue se quer parar de pensar em você um só segundo. O dolorido não é as agulhas presas em minha veia, com medicações. Não, o que me dói e ter de deixar vocês longe, para que eu possa estar forte, para cuidar de vocês. O papai, contou que você, continua passando a perna no seu irmão. Phoebe, Phoebe, eu espero que agora, quando estiver lendo, tenha parado com essa mania.
As roupinhas também estão diminuindo, mas, o bom é que temos o suficiente para ambos, e que notícia mais boa, foi saber que nesta noite você dormiu. Já estava me desesperando com os seus choros de cólica a cada duas horas em que eu ligava. A vovó insistiu mais cedo para que eu descansa-se, mas, eu já descansei demais, e precisava estar aqui para você.
Deve ter notado que o tempo passou, é claro que sim. Minha Phoebe, será uma garotinha muito inteligente, e saberá que os motivos são sérios, mas, não alarmantes. A mamãe vai ficar bem, não se preocupe, meu amor.
Antes que eu continue, tia Lívia deixou registrado que te ama muito. Assim como eu.
É bem provável que eu só os veja em alguns dias, mas, torço para que cheguem logo, o papai me disse que vocês estão rolando na cama, e que o Henry, está tentando sentar. Não vejo, a hora de ver com meus próprios olhos. A vovó Judy, ligou hoje mais cedo, e me disse que está vindo em duas semanas, caso eu não melhore, o que eu duvido que aconteça, já que tenho sido uma ótima e obediente paciente.
As vezes, a vida vai, estar um pouco cinza, úmido e cheio de turbulências. Mas, não desanime em esperar pelas cores que ele traz. Persistir é a coisa mais importante na vida de uma pessoa, e se você puder o fazer, vai acalçar o que é preciso.
Queira a independência, não passe o resto de sua vida dependendo de alguém, seja capaz de correr atrás dos seus objetivos e sonhos, faça-os valer a pena, minha garotinha, sei que vai ser difícil ser uma mulher neste mundo. Um palpite, que seja bem real, é que quando você ler estas cartas, as pessoas não tenha mudado absolutamente nada, ou muito pouco do que são hoje, e tudo é muito conveniente, mas, não a dor qual passamos por ser mulher. Mas, há coisas precisas a se fazer.
E nunca tema, em ser destemida, por seu braço não ser forte o suficiente para medir a força com um homem meu amor, o segredo de sobrevivência feminina, está na força e no valor da sua voz, e em como vai usá-la, não na sua força física que contesta ou comprova qualquer teoria tola, masculina.
O mais importante de tudo Phoebe, é poder e saber respeitar, o respeito não é algo raro, não é motivo de vergonha, ou de odiar alguém. Não, e nunca tenha medo de demonstrar respeito, filha. A coragem maior, que terá, é respeitar a cima de tudo o próximo, mesmo que o próximo seja uma bomba atômica, cujo qual, você é obrigado a suportar. Talvez, a atitude tóxica ou explosiva que demonstre, seja momentânea e passe com o amadurecimento, ou talvez, seja trabalho seu, contornar a convivência com está determinada pessoa, e suportar a cima de qualquer coisa. Não será o fim, você pode ser capaz. Assim como eu fui.
Eu sei que o teste mais difícil da vida, e ter de suportarmos uns aos outros, mas, amor, não é o fim acredite, somos pessoas de fibras e muito bem treinadas, sei que se não agora, um dia será capaz de olhar para trás, e se orgulhar do que estará, sendo em seu presente, pelas mudanças que há de fazer,
Eu gostaria de lhe escrever um pouco mais, porém a vida não é tudo da forma que queremos, e prevejo que estarei, dormindo em alguns minutos. Então, antes que os efeitos colaterais me domine...
Com amor, mamãe.
Ela sofreara muito, e isso, ela podia sentir em suas palavras, mas, como ela era positiva em tudo, se sentia menos afetada pelas notícias que ela deixara registrada. Sorriu, com tudo aquilo, e deixou uma lágrima solitária escorrer sobre seu rosto.
Lily era alguém incrível, e queria sempre honrar a memória dela, e decididamente seguiria seus conselhos. Que eram os mais puros e sinceros que uma mãe poderia dar.
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