Capítulo 11
Aos oito anos ouvira de uma colega que não poderia ir ao evento promovido pela escola, que daria pontos a aos alunos, e nem mesmo participar das apresentações já ensaiadas, porque ela não tinha uma mãe, e seria em especial para elas, feito por elas, as meninas. Em troca, propuseram a ela, que desse meia volta e se juntasse ao grupo dos garotos, onde estava seu irmão, para que em seguida, na apresentação dos meninos para os pais, porque já que só tinha pai, seria só para ele que ela apresentaria. Não era uma data comemorativa em questão, era um evento promovido pela instituição, era algo ligado ao saber e o talento da criança. Mas, algo tão bobo e inocente, fora dolorido para ela. Apesar de ser grata por seu pai e seu irmão, ela se sentia sozinha, era a única menina da casa, mal tinha as mulheres de sua família por perto. E sempre que as tinha, era por pouco tempo. Também, se sentia excluída do grupo das meninas, porque era diferente, porque desde pequena tivera personalidade, porque não existia azul para meninos e rosa para meninas para ela, na verdade, levem ao entendimento de vocês, como desejarem. Mas, Phoebe, via as coisas como um verdadeiro arco-íris, ou mais precisamente um arsenal infinito de cores. Não seguia o padrão imposto pela sociedade, porque não via maldade em ser amiga de meninos e das meninas. No entanto, tudo na vida, trás seus julgamentos. E ela, mesmo muito pequena, não fora excluída da lista de vítimas do preconceito social. Naquele dia, ela se juntou com os meninos, de rosto inchado, maquiagem feita por uma das professoras, toda borrada no rosto, por conta das lágrimas, e de mãos dadas ao irmão, ela fingia participar, enquanto suas colegas zombavam dela.
Nunca esqueceria aquela situação. Era algo que ficaria marcado. Mas, já se passara seis anos, o mundo estava mais cruel e mais aberto. Apesar de tantos poréns, ela ainda tinha a sorte de ter uma força em si mesma para seguir em frente. Hoje as pessoas gostavam de estar ao seu lado, mesmo que fosse apenas para acompanhar um desenho que fazia ou uma outra arte que desempenhava. Mas, por causa de seu irmão, as vezes, ela desempenhava um acesso de atletismo e acompanhava a ele em um jogo de vôlei ou outro. Já que era a única coisa que aprendera com o tempo. Mas, apesar de tantas marcas da vida, Phoebe, ainda era muito jovem para justificar que acontecimentos não tão recentes fossem os piores de sua vida. E em comparação ao seu irmão, hoje ela tinha mais "amigos", do que pode um dia imaginar, e mais sociabilidade com outros do que o próprio Henry.
Entretanto, a empolgação da vez era a feira de talento, ela amava essas ocasiões, e apesar de se tratar de uma sexta feira. Vovô confirmara a presença, assim como Judy e seu pai. Henry conseguira montar um experimento divertido de ventilação com luz solar, que fazia os professores dos alunos do ensino médio, cercarem ele admirados. Já Phoebe, escondia seu trabalho. Atrás de um grande tecido que lembrava cortinas, que comprara, com metade da sua mesada, no dia anterior, assim que a terminara. Com colagens de impressões de fotografias que ela mesmo achara, desenhara o rosto de Lily, com apenas fotografias, por isso, o quadro era grande o bastante, para Peter ter de carregá-lo amarrado sobre uma corda, até o colégio, morrendo de curiosidade, para saber o que escondia aquela "cortina", que ocultava aquele enorme quadro. E também deveria se perguntar, porque Phoebe escolhera um quadro tão grande para expor em um evento da escola. Ela mesma estava extremamente empolgada, várias pessoas passavam por ela, e sorriam curiosos com o que ela ía mostrar quando a feira iniciasse. Uma pequena caixinha de som estava próximo, a uma plaquinha em cima de uma mesinha, que identificava seu nome, série e turma, e o que era que estava expondo. Ali, apenas identificava como; " L de Lembranças". Para causar um certo mistério, até que realmente tivesse de expor, quando tudo estivesse pronto para começar.
Talvez Peter, colocaria ela de castigo por mexer em seus pertences, e tirar cópias de suas lembranças, da mulher que um dia amara. Ou talvez, ele ficasse estático, como sempre ficava quando algo muito difícil ocorria. Mas, sorriu internamente colocando ó pendrive na caixinha. Como ainda lhe restava alguns minutos, procurara em meio aos murmúrios que circulavam o ginásio, um lugar vazio que poderia se sentar, e encontrara uma cadeira vazia ao lado de umas caixas da colega ao lado, de uma turma do ensino médio. Colocou a mão no bolço da calça, estava empolgada com o que fizera, mas, passara o dia anterior se corroendo por não poder ler uma mensagem dela. Havia uma carta que escondera na calça Jeans, que poderia usar somente naquele dia, com sua camisa de manga curta branca e seu laço vermelho que amarrava seus fios escuros, em um rabo de cavalo. Olhou ao redor, para ver se alguém não se aproximava para conversar e então certa de que teria alguns possíveis minutos de paz, abrira o envelope.
25.05.23
Querida Phoebe, hoje você me lambuzou de papinha de abóbora, era minha blusa preferida, mas, a mancha pode sair uma hora e eu vou sobreviver. O importante foi ver esse sorriso com apenas dois dentinhos que escancarara para mim com tanta empolgação. Você e seu irmão tem sido a realização de um sonho que parecia distante e impossível, mas, que se realizara. Só que neste momento, eu temo que tenha de ser realista. Apesar de estar ocupada com vocês, o risco em estar sozinha com os dois, tem sido grandes. Vocês são muito dependentes de mim, e eu não me vejo em nenhuma condição de estar sozinha no meu estado cuidando de vocês. Por isso a algumas semanas, a vovó veio para cá sem data de volta. Ela está preocupada e com razão, e não discute quando ela disse que viria a contragosto ou por boa vontade de minha parte. E sei disso, porque eu estava segurando você, seu sorriso era de longe a coisa mais bela que já tinha visto, toda suja do almoço, quando tudo apagou. Apagou! Eu não lembro de nada do que houve depois. Mas, a vovó contou que a escutou chorando enquanto terminava de colocar seu irmão no carrinho enquanto dormia, quando a viu no chão em prantos desesperada, e eu bem... em uma situação muito preocupante. Por que segundo ela, eu dormi por quase quatro horas.
Não havia tomado nenhum remédio que desencadeasse. E o tratamento não me da esses sintomas. Então, a alguns minutos eu estive no telefone com o meu médico. Seu pai acharia inapropriado eu falar sobre isso, assim. Eu não posso adivinhar como esteja a sua mente agora, mas, o que eu soube foi que meus dias estão a partir de agora, contados. E eu não quero contas horas, minutos e nem semanas, que passarei ao lado de vocês, porque isso me parte o coração, e eu não posso deixar de chorar por momentos que vou perder, por situações que não hei de presenciar, e por neste momento, ter de engolir a verdade amargamente, de que os resultados de todo esse transtorno com tratamentos, não adiantara de nada. Eu sei que a vovó está chorando na sala enquanto vocês dormem no berço ao lado. São dez meses de vida, que ainda posso assistir quando não estou em uma maca fria e desconfortável de um hospital, já presenciei sua primeira palavra, triste por ser talvez a única e feliz por você dizer aman, o que eu creio que queira dizer mamãe. Presencie você engatinhar pela segunda vez, porque a primeira fora privilégio do se avô e a do Henry, do seu pai. Mas, agora eu temo em dizer, que talvez sejam as únicas coisas que eu ainda posso presenciar. Não quero falar de uma forma enlutada, por mim mesma, é mórbida e assustadora, e você ainda é muito novinha pra se assombrar com esse problema.
Então eu quero que imagine o universo, isso, feche seus olhos, pense em estrelas, e melhor em nebulosas, veja como são grandiosas, coloridas, cheias de mistério, energia, que nos enlaçam em admiração em curiosidade. E ai abra os olhos, inspire o ambiente, espero que seja um bom ambiente em que esteja, para que cheiros agradáveis e diferentes possam te cercar, e relaxe. Eu sei que fui exagerada em lhe contar isso, mas, achei necessário, para que não seja enganada mais, e eu não me engane com o que não vai acontecer. Mas, eu te amo tanto, que prometo fazer dos dias, sejam quanto for os mais felizes e únicos ao lado de vocês.
Com amor, mamãe.
Guardou a carta segurando as lágrimas, suspirando bem fundo, seguindo o conselho dela. Pense em nebulosas! Pense em nebulosas, Phoebe! Murmurava para si mesma. Abriu os olhos com uma movimentação se aproximando e notou sua professora responsável, vir até seu encontro.
- A exposição vai começar- avisou ela, colocando as mãos sobre seus ombos, e em seguida retornando para a frente da mesa- pronta para apresentar seu trabalho?- perguntou, enquanto ela ainda estava aturdida de tudo o que acontecia em sua volta.
- É, claro- respondeu ainda, abalada.
Não fora um erro! Repetia para si mesma, certificando-se de que estava tudo bem em ter lido aquilo antes de começar a exposição. Procurou a ponta do tecido e puxou com cuidado para não estragar o trabalho. E em seguida ligou a caixinha de som, que tocava Swan Lake, de Tchaikovsky. Respirou fundo e levantou o olhar, com uma certa apreensão por ver as pessoas entrando.
Henry que estava a alguns metros de distância mostrando seu experimento para alguma pessoa presente, olhou para o lado de relance, ao deixar a palavra para o professor que o acompanhava, e se surpreendeu com o que vira, encarando a irmã, com uma expressão assustada, não compreendia o porque, mas, estava definitivamente admirado e emocionado, com o que vira. Abaixou a cabeça, nervosa, e levantou o olhar para alguns que admirava o seu trabalho, em silêncio enquanto a professora conversava com a aluna ao lado.
Mas, o que fora mais interessante naquela tarde, fora a comoção emotiva de sua família, por conta de seu trabalho, Henry que escondia as lágrimas para ainda poder apresentar seu trabalho, via o pai, a avó e o avô chorarem por conta do trabalho de sua irmã, depois de ter ido visitar o seu. Phoebe que analisava todas as expressões em silêncio se sentia acalorada, em seu canto.
- Por que eles estão chorando?- perguntou a professora, apontando para sua família, que era observada por alguns que passavam.
- Porque este é o retrato da minha mãe- explicou ela, com naturalidade e emoção.
- Ah, Phoebe- ela deu-lhe um olhar compreensivo- é ainda mais lindo do que já é sabendo o que significa.
- Obrigada- disse ela- sabia que se você se aproximar pode ver vários momentos da vida dela. Inclusive comigo e com o Henry.
- Não sabia- comentou- acho que vou me certificar mais de perto e informar a outros para que façam o mesmo.
Phoebe concordou, e ficou ali em seu cantinho, pensando em como sentia que retribuía o carinho de sua mãe daquela maneira, e ficou ali retraída, até o fim da exposição.
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