Jacaerys estava encostado com seu irmão em uma das varandas do Palácio.

A festa em homenagem ao dia de nome do Lorde Corlys estava exultante, mas nem mesmo ele e nem Lucerys estavam muito animados para ficarem presentes.

Os sussuros, os olhares e as zombarias não eram bem escondidas.

Bastardos...

Pequenos senhores fortes...

Mesmo que eles não fossem provado ser Velaryon de nascimento, seus títulos de Príncipes do reino deveria ter gerado um certo nível de respeito. No entanto, a incerteza de sua ascendência deixou Sor Vaemond e outros Velaryons ansiosos para zombar deles e ninguém fez nada.

Sua mãe não poderia os proteger sempre e assim estavam sem defesa.

As lágrimas já escorriam pelo rosto de seu urmao mais novo, mas Jacaerys estava tentando ser forte e confortar seu irmão acima de deixar-se sofrer.

"Eu quero ir para casa..."

O mais novo choramingar, estava assim principalmente após Lorde Hobert Higthower,  o irmão da antiga Mao do Rei, ter zombado dele perguntando se suas vestes estavam na cor certa.

Luke não entendeu pois sua mãe o vestiu e garantiu que ele e seus irmãos estivessem com a cor dos Velaryon e bem arrumados.

Jace tentou tirar seu irmão dali, mas Lorde Higthower respondeu rapidamente,  dizendo que as cores mais "fortes" seriam mais adequadas. E rindo dele antes de lhe dar um pequeno empurrão encoberto por uma carícia leve em sua cabeça.

Jacaerys tentou se mostrar forte e tentou repreender o Lorde, pois ninguém deveria ser capaz de falar assim com um príncipe,  muito menos encosta-los, mas tudo o que recebeu foi mais risadas e insultos, assim como um empurrão, mais forte do que seu irmão, que o derrubou.

Ninguém os ajudou. Todos olharam, riram ou cochicharam,  mas os deixaram lá.

Jacaerys pegou seu irmão e seguiu rapidamente para fora.

"Jace, somos bastardos?"

O mais velho o olhou estranhamente calmo, embora seus olhos não escondessem a vontade de chorar.

" Somos Targaryen, Luke. Isso é tudo o que importa..."

Você você é um Targaryen... isso é tudo o que importa.

Respondeu a mesma coisa que sua mãe lhe disse quando perguntou, semanas antes.

" Vem, sei o que pode te animar."

Não era certo correr pelos corredores. E como príncipes, seu comportamento deveria ser exemplar, mas Luke estava chorando e triste, e Jacaerys não podia deixar seu irmão assim, sua mãe não estava lá para cuidar disso, então ele deveria fazer.

Aproximando-se de uma das lamparinas com fogo, usou-a para fazer sombras nas paredes com a mãos enquanto seu irmão olhava para a parede atrás deles olhando as sombras tomando forma.

Uma ave, um coelho. E ele tentou o seu melhor para fazer um dragão com seus pequenos dedos cumpridos...

Fingiu sons de animais e rugidos fortes de dragões. E  passou a contar uma história sobre um cavaleiro andante que viajava por terras distantes além do sol e da lua, conhecendo criaturas misteriosas do mar e homens com pele verde ou azul.

Seu irmão parou com as lágrimas e choramingos para sorrisos largos e risadas cheias, com os olhos brilhantes novamente.

" Jace, podemos comer bolo?"

Perguntou após o final da terceira história, já esquecendo completamente sobre o abuso e palavras más que ouviram. O mesmo assentiu e guiou seu irmão pela mão pelos corredores pouco conhecidos proxurando as cozinhas, com certeza não desejava retornar a festa.

Estavam passando por um largo corredor entre os aposentos dos convidados _não-familiares_ ,  onde estavam muitos dos convidados, quando cruzaram com um pequeno grupo e tanto.

Luke havia se soltado e corria a frente do irmão, desejando que o mesmo lhe pegasse quando acabou batendo contra a cintura de uma mulher com um longo vestido azul e cabelos negros.

Tímido e envergonhado, Luke gaguejou pedidos de desculpas antes de se esconder atrás do irmão, que o segurou com as pelas costas enquanto se curvava pedindo perdão e negando-se a olhar para cima, com medo de ser outros daqueles que lhe zombavam.

" Perdoe-me minha Lady. Meu irmão não quis ser agressivo."

" Oh céus..."

Houve um suspiro alto e Jacaerys arqueou as costas, segundando mais forte o braço do irmão.

Aí vem a zombaria...

Um...

Dois...

Três...

Contudo, não veio.

" Príncipe... Jacaerys,  presumo?"

" Sim, my Lady..."

" Por favor, olhe para mim, meu príncipe. Deixe-me vê-lo..."

Receosamente ele o fez, precisando de alguns momentos para tomar coragem de ver o sorriso de escárnio e os olhos desagradáveis.

Contudo, não foi isso o que ele encontrou.

Não...

Olhos escuros e cabelos castanhos escuros com toques caramelizados como os dele...

Como os dele...

Ele engoliu em seco e pensou que talvez fosse isso. Este era um membro da casa de seu suposto pai verdadeiro e agora todos saberiam a verdade.

"Jace..."

" Você está bem, meu príncipe..."

O mesmo balançou a cabeça para os lados, mas então assentiu se firmando.

" Me perdoe, my Lady. Posso ter... ficado surpreso."

E então ouviu uma respiração profunda e esganicada.

" Bem... qualquer um aqui."

Havia outra mulher, com cabelos castanhos mais claros, mas os olhos eram os mesmos que ele. E havia um guarda então, um cavaleiro na verdade, com cabelos castanhos-aloirados e pele clara. Seus olhos eram iguais aos de Luke. Azuis cristalinos. Doces e gentis.

Jacaerys estremeceu. O pecado por ser um bastardo não era reconhecido, não havia verdadeiramente uma lei. Mas tentar passar um bastardo como filho legitimo era uma condenação ao muro, isso depois de dez chicotadas por cada ano em que a criança se passou por legitimo. Para ele e para a mãe.

Jacaerys receberia sete chicotadas...

Luke poder receber cinco...

E o pequeno Joffrey recebe três...Sua mãe receberia quinze...

Ele engasga... quinze chicotadas...

Eles não aguentariam...

Joff era tão pequeno...

E Luke tão sensível...

Ele não sabe quando parou de respirar. Ou quando cavou suas unhas tão fundo em sua pele que arrancou sangue.

Não...

Tudo fica tão nublado que ele não vê mais nada além da voz preocupada de seu irmão.

Eles já foram descobertos?

O que aconteceria com Vermax, Arrax e Tyraxes?

O que seu avô faria? Eles os amava, com certeza,  mas os Lordes pressionaram...

" Príncipe Jacaerys... por favor, respire fundo. Conte comigo, por favor, um... Dois... Três... isso, vamos, por favor, conte comigo... um... Dois... Três... quatro... cinco...s..."

" sete... oito... nove... dez..."

Ele conseguiu recobrar e falar. Sua garganta ainda ardia e parecia queimar, mas ele pode falar.

Seus olhos ardiam e todo o seu corpo estava tenso...

" Perdoe-me, Lady..."

Ela o interrompeu.

" Arryn..." Seu pescoço forcou-se para cima como um chicote estalando. " Lady Jayne Arryn, Senhora Suprema do Ninho da Águia, meu príncipe..."

Deuses...

Pelos sete e as quatorze chamas...

" Eu... eu..."

" Não se sente bem..."

Ele negou e tentou parecer-se bem, enquanto olhava agora para seu irmão atrás da mulher.

Quando ele se afastou?

"Jace, eles parecem conosco!"

O inocente Luke afirmou. Ih, como Jace queria aproximar-se e tirar seu irmão dali...

Mesmo estando certo, como sabiam que não seriam como os outros? Que gostariam de estar perto deles?

" Na verdade sim... me surpreendo qie sejamos tão parecidos, meus príncipes. Quem visse poderia pensar que seriam meus filhos... se tivesse..."

Ela sorriu levemente,  provocando ainda mais a emoção em seu íntimo.

Lady Jayne Arryn era a Senhora Suprema do Vale da Lua e do Ninho da Águia. Protetora do Leste e a única Lady Paramount atualmente... ela era filha do primeiro filho de Lorde Rodrik Arryn, Sor Artys Arryn, e assim era meia-sobrinha de sua avó,  Aemma Arryn Targaryen... prima em primeiro grau de sua mãe...

Ele sabia disso...

Estava tudo nos livros das Grandes Casas de Westeros...

Mas não estava lá sobre os olhos e cabelos escuros...

Ele sentiu algo dentro dele borbulhar. Principalmente ao ver o menino de vestes azul Arryn,  com cabelos cacheados caídos e olhos azuis que pareciam tanto com seu irmão mais novo que poderiam ser irmãos....

" Está tudo bem? Talvez devêssemos chamar um meistre?!

Perguntou a outra mulher. Mas Jacaerys lhe negou imediatamente.

" Não.  Me desculpe... obrigada... mas não precisa... Estou bem... estou bem... Eu só... fiquei surpreso.  Não poderia imaginar que tivéssemos...parentes assim ... " Afirmou sem aaber o que dizer.

Sua mãe havia afirmado que sua aparência era por conta dos seus parentes, a família Baratheon e os Arryn. Porém. Os primeiros Sempre parece um prontos para zombar deles tanto quanto a família da rainha.

E os Arryn não eram vistos na corte aparentemente desde a morte da rainha Aemma e do segundo casamento do rei.

" Tenho certeza... você,  meu príncipe, se parece muito com meu pai, o falecido Lorde Artys Arryn... E ainda mais parecido comigo. É... uma alegria desenfreada..."

Isso fez Jace apertar ainda mais as mãos em pinho, não se incomodando com a dor da carne.

Ninguém nunca ficou feliz por se parecer com ele...

As mãos gentis da mulher só pareciam o pressionar ainda mais

" verdade?'

" Oh, mas é claro meu principe." Afirmou a mulher que gentilmente tinha as maos nos ombros do seu irmão. " Olhar para você seria olhar em um espelho para a versão masculina de minha sobrinha..."

E isso rompeu sua barreira.

Veio primeiro os soluços. E então a tremedeira e as lágrimas grossas...

Os dois adultos e o terceiro menino pareciam confusos por tudo isso, mas foi seu irmão quem correu para seu lado, fazendo um leve carinho em seu braço.

" Não chora Jace. Eles se parecessem conosco. Então não vão zombar de nós, não é?! Podemos ter a aparência errada, mas agora conhecemos outros com a mesma aparência, certo?!"

E isso só o fez chorar ainda mais...

" Aparência errada?"

Ouviu a pergunta afiada da mulher atrás do que se descobriu Lady Jayne. Que ainda o segurava pelos ombros e parecia não saber muito o que fazer.

Ele queria calar seu irmão, o mandar ficar quieto, mas mal conseguia parar de chorar o suficiente para respirar e não se engasgar.

" Sim!"

" As...pessoas lhes chamam assim, meu príncipe?"

Ele não sabe se a pergunta foi feita para ele ou para seu irmão, mas incapaz de responder,  simplesmente aceita quando a mulher agachada a sua frente lhe puxa contra seu corpo em o que seria um abraço desajeitado.

" Sim! Nos ouvimos o sussuros... eles dizem que não parecemos com os Velaryon..." e então houve seu tom diminuir. " Lorde Hobert Higthower nos empurrou... disse que deveríamos nos vestir com outras cores..."

" Entendo... E o que sua mãe diz sobre isso? Com certeza a Princesa Rhaenyra cuida dessa situação. "

" A Munã nos protege. Mas não pode estar sempre lá... Jace tenta me impedir de ouvir quando falam de nós, mas eu ouço mesmo assim... mas... vocês são como nós, não é? Nos parecemos com vocês... porque?"

Perguntou confuso. Ele claramente não conhecia ainda todas as famílias Paramount de Westeros,  como seu irmão...

" Porque somos familiares... Príncipe Lucerys... somos parentes. Não tão distantes, e tem razão. Vocês se parecem conosco, e é por isso..."

" Oh..." O menino de cinco anos disse distraidamente.  " Então... realmente vestimos o azul errado?"

Perguntou com a cabeça jogada para o lado.

" O que Lorde Velaryon afirma quando houvesse sobre esses... comentários?"

" Ele fala que somos netos dele.."

" E...?"

O menino pareceu confuso com a pergunta a mais de Lady Jeyne, o que não foi muito encorajador aos outros.

" Lorde Vaemond diz que não somos legítimos Velaryon... E a princesa Rhaenys não parece gostar muito da gente..."

Jacaerys está esgotado. Praticamente mantido em pé pela surpreendente força dos braços da Senhora do Vale.

" Bom... se ambos acreditam nisso..." Começou Lady Jeyne Arryn, do Vale. " Então... sim, acredito que você,  e o Príncipe Jacaerys estão com o azul de tom errado, príncipe Lucerys... E deveríamos arrumar isso o mais rápido possível, não acha?!"

Ambos se afastaram um pouco olhando para a mulher a frente, com olhos escuros duros e a boca em uma linha fina e reta.

" Joffrey, querido. Acredito que algumas de suas roupas devem servir ao Príncipe Jacaerys, não?"

" Acredito que sim, tia..."

"Maravilhoso... ótimo..."

" E eu?" Perguntou tristemente o menino mais novo dos filhos da princesa Rhaenyra,  claramente sentido por ser excluído.

" Não acredito que minhas roupas lhe serviam, meu príncipe..." Começou Joffrey Arryn. " Mas... talvez as roupas de meu primo, Hunter, sejam mais adequadas..."

Explicou, olhando não para o príncipe, mas para sua senhora tia, a Senhora do Vale, que assentiu duramente.

" Por favor, Joffrey, recupere todo o necessário e leve-os aos meus aposentos."

" Sim senhora. Com licença,  Minha Senhora tia, Minha Senhora, Meus príncipes..."

Os cumprimentou antes de se retirar, deixando o corredor então silencioso só com o som de seus passos.

Pareceu uma eternidade para Jacaerys, as então seu corpo foi mexido levemente e seus olhos pesados tentaram focar na mulher alta, de pé,  a sua frente.

Eles realmente se pareciam...

" Meu Príncipe,  acha que consegue chegar até meus aposentos? Estão a dois corredores de distância."

Ele assentiu levemente,  com sua cabeça pesando.

Os braços da mulher ainda estavam em seus ombros, guiando-o pelos corredores, enquanto a outra mulher levava seu irmão pela mão menor dele.

Jacaerys ainda estava exausto qie simplesmente se deixou ser levado, e por mais errado que isso parecesse, pois sabia qie nunca poderia seguir estranhos, por mais qie pudessem ser seus familiares,  não podia deixar de se importar.

A segunda mulher, que se identificou como Lady Amanda Arryn, meia-irma mais velha da falecida rainha Aemma, ordenou que frutas, queijo e leite adocicado fosse trazido aos seus aposentos, onde os guiaram a se sentar na sala de estar assim que chegaram.

Jace deveria cuidar do seu irmão. Deveria leva-lo de volta psra a mãe deles. E não entrar em aposentos de estranhos. Ainda assim, ali estava ele, dentro dos aposentos de Lady Arryn, bebendo algo que colocaram gentilmente em seus lábios ressecados.

Ele demorou, mas quando finalmente voltou a si, estava sentado, literalmente apoiado nos braços de Lady Jeyne Arryn enquanto Lady Amanda e Joffrey Arryn distraiam seu irmão com as peças de brinquedos no chão.

" Sente-se melhor?"

Ele assentiu, envergonhado, este não era a postura de um princpe. Poderia até mesmo ouvir a voz da rainha dizendo isso, como falou muitas vezes os olhando com desprezo.

"Perdoe-me minha senhora..."

" Oh, bobagem.  Não a nada a perdoar. É normal ficarmos pressionados demais as vezes, acredite."

Afirmou lhe acariciando os braços e sorrindo em sua direção,  o fazendo, mesmo lento, sorrir de volta.

" Agora, que tal fazemos um pequeno lanche e nos prepararmos asra o banquete?"

Embora quisesse dizer que não, Jace simplesmente não queria chatear a mulher que se parecia ranto com ele, além de ajudar ele e seu irmão, sendo gentil.

"Ótimo. Aqui, pegue o que quiser."

Disse apontando para a pequena mesa de centro em frente a eles, com carnes defumados, queijos, frutas, suco, chás e leite.

Ele não sabia porque, mas estava realmente faminto, e lentamente,  preferiu se aproximar da mesa, se sentando no chão apoiado nos joelhos.

Logo seu irmão e o outro menino se juntaram a ele ao redor da pequena mesa, comendo alegremente as delícias preparadas.

Um pouco de queijo, presunto defumado e uvas verdes. E graças ao incentivo da mulher, uma taça inteira de leite doce.

"Agora todos alimentados, que tal mudarmos essas roupas?"

E então sua consciência voltou. Não sabia se seria certo. E se isso insultasse os Velaryon,  ou se comprometesse sua mãe?

Mas Lady Jeyne era tão gentil...

Suspirando, se deixou ser guiado para ver o conjunto qie Joffrey separou para ele. Embora O mesmo fosse um pouco mais alto qie ele, suas roupas não pareciam grandes demais.

Um gibao acolchoado em azul com botões em branco e costura e debrum preto. Calças retas de linho negro com cinto preto.

Para Luke, seu irmão, havia um gibao azul, menor, com detalhes em branco perolado e costura amarelo mais clara,  em um tom bem suave. Com calças escuras.

Mesmo envergonhado e receoso, Jacaerys aceitou trocar suas roupas de cima e ajudou seu irmão a fazer o mesmo. Havia um tipo de razão oculta para que o sorriso da mulher, para ele, o fizesse se sentir mais confiante e tranquilo em fazer as coisas.

Joffrey também ficou na sala, enquanto as duas mulheres lhes davam licença, nesmo que já estivesse vestido.

Seu gibao era um tom azul mais forte, como de Jace, embora seu cinto fosse marrom e não havia botões,  com o fecho sendo de lado, com um broche pratrado com a insignia do falcão em  branco.

Prontos, exitantemente ele levou seu irmão pela mão, psra fora, nervosamente olhando entre as duas mulheres.

Elas os comemorou e afirmou parecerem verdadeiros filhos da Casa Arryn e pareciam exultantes por isso. Não insultados ou chateados, mas verdadeiramente felizes.

E então os guiou para fora.

Luke ficou ao seu lado esquerdo, com Lady Amanda segurando sua mão. E Lady Arryn a sua direta, com uma mão gentil em seu ombro. Joffrey estava ao lado de Lady Jeyne os olhando com alegria no olhar e um sorriso confiante no rosto, assentindo para ele quando o olhou quase como em busca de aprovação.

Andar pelos corredores novamente lhe deu um pesar no estômago. O castelo de High Tide não era nem de longe parecido com a Fortaleza Vermelha,  e embora aqui devesse parecer uma casa para ele e seus irmãos, não poderia estar mãos longe da verdade.

Conforme saiam dos corredores dos quartos, e voltavam em meio a circulação, não perdeu os olhares recebidos, nem a tensão que passou pelos pequenos ombros de seu irmão ou o aperto de Lady Arryn ficando um pouco mais forte em seu ombro, mas não ao ponto de machucar ou incomodar.

Todos pareciam os olhar, cochichar e sussursr, mas de alguma forma isso parecia diferente de antes.

Onde havia zombarias e nojo no olhar, agora era surpresa e choque.

Quando finalmente se aproximaram do salão de baile, Lady Arryn pediu para que os anunciasse com TODOS os seus títulos e até mesmo o arauto parecia em choque ao vê-los todos juntos e tão parecidos,
"Apresentando... Príncipes Jacaerys Velaryon, herdeiro do trono,  e Lucerys Velaryon, o herdeiro de Driftmark. Lady Jeyne Arryn,  Senhora do Vale, Lady Amanda Arryn e Joffrey Arryn, o herdeiro do Vale..."

Os cochichos ficaram maiores, as falas já nao eram mais escondidas. Mas ao entrarem... foi como se tudo tivesse se calado.

Todos os olhavam entre choque e surpresa, até mesmo a mãe deles ao fundo, ao lado do seu pai, Sor Laenor.

Ele viu um tom de choque aparecer no rosto do rei e de Lorde Corlys, mas foi a expressão de choque e raiva na rainha que o deixou resseoso ao ponto de dar um passo para trás. Mas não pode.

Um sussuro baixo e Lady Arryn o lembrou de arrumar a postura.

" Você é o príncipe deles! Ande com a cabeça erguida."

Ele tentou... mesmo com os olhares e o silêncio trêmulo, mesmo com o julgamento silencioso.

Ele focou a visão em sua mãe, que parecia surpresa,  mas ao mesmo tempo feliz, e que lhe sorriu assim que se concentrou em seu rosto. Vindo a frente.

" Prima... vejo que você está tentando levar meus filhos..."

Lady Arryn soltou uma risada leve e assentiu com uma leve inclinação nos ombros.

" Eu acredito que eles ficam muito melhores com as cores Arryn, não é mesmo prima. Afinal, o sangue da rainha Aemma e do Lorde Rodrik pesa em seu sangue e face." Concluiu. " Se não tivéssemos tanta certeza de que você os deu a luz, afirmariam que eram meus filhos! Olhe para eles. Seu filho mais velho é como me olhar no espelho. E o Príncipe Lucerys é como..."

" Olhar para minha mãe..."

A mulher sussurou, com os olhos emocionados e um sorriso frágil no rosto.

" Sim...  confesso que fazia muitos anos, mesmo antes de seu falecimento, que não a via, mas seu sorriso e olhos são impossíveis de se esquecer... Seus filhos pegaram todas as faces da minha casa princesa, e não há palavras o suficiente para dizer o quão estou emocionada."

Jacaerys sabia que algo grande estava acontecendo.

Podia ver isso pela forma como a rainha estava fixando Vermelha e com os olhos escuros.

Como o Senhor e Senhora das Marés estavam os encarando entre alegria clara, para o primeiro, e choque, para o segundo.

Sabia disso quando todos ao seu redor pareciam olhar entre si confusos e em choque.

Sim, algo grande havia acontecido. Muito grande, mas tudo o que podia pensar era que seu irmão tinha um pouco de razão, o azul Arryn combinava mais com eles. E a Águia parecia muito melhor do que um Cavalo-Marinho.