Capítulo 37 - Salvadora

   Assim que voltamos para a festa de Casamento não realizada, eu ajudei no feitiço que abriu um portal para os seres do véu voltarem para ele novamente. Tia Michaele, Val e Mason voltariam para ele e continuariam sendo os líderes do grupo que protegia aquele céu dos seres sobrenaturais. Eu me despedi com os olhos cheios de lagrimas e o coração doendo.

   Agora que Val não faria mais parte da minha vida, seria estranho. Tínhamos criado algo com as ajudas dela sempre que eu precisei, mas eu sabia que ela queria fazer o certo e não atrapalhar a ordem natural das coisa.

   Mason quis voltar para o véu mesmo não precisando, porque ele se sentia útil lá dentro e ele não parecia querer deixar tia Michaele sozinha.

   Nathan ia voltar, mas tia Michaele bateu o pé e não permitiu, dizendo que se ele não tivesse se transformado em Anjo Falso, ele ainda estaria vivo como um Nefilim e que por isso ele não deveria voltar e sim ficar com nós do lado dos vivos e viver um pouco mais. Ele sorriu para ela e a abraçou, eu nunca imaginei que ele seria capaz de abraçar ela, mas parecia que finalmente tinha aceitado o fato que Tia Michaele era nossa mãe de criação.

   Então todos eles foram embora.

   Os seres do Mundo da Ilusão com a ajuda dos Vampiros e Anjos Terrestres mandados por Demeure procuraram por toda a propriedade os seres do seu Mundo para libertá-los e entre uma das celas no porão da Mansão eles encontraram Lauren, presa e abandonada.

   Parecia que ela tinha deixado de ter alguma utilidade para eles, então a prenderam e deixaram por lá.

   Eu abri outro portal e os enviei para o Mundo da Ilusão, trancando os portões de ambos os lados para que nunca mais acontecesse de eles serem escravizados ou vice e versa. Não era para existir um portal para o mundo deles no nosso mundo e por isso tomar essa decisão foi fácil, embora queria deixar uma brecha caso Sophie quisesse visitar Lauren, então deixei Aretusa avisada e pedi que falasse para os outros, principalmente para a pessoa que estaria em pose dela.

   Ao final, após terminar todos esses feitiços eu estava cansada demais para pensar ou agradecer e repentinamente meus olhos se fecharam.

§ § § § §

   Quando acordei estava na cama do quarto que eu usava na casa de Daimen. Eu estava limpa, vestia roupas mais confortáveis e meu cabelo estava livre e lavado, sem presilhas brilhantes ou gel.

     — Achei que nunca mais fosse acordar — Ouvi uma voz, e procurei pelo dono pelo quarto.

   Scott estava sentado na poltrona que Daimen uma vez ocupou, esperando que eu acordasse.

     — Ah, desculpa. E muito obrigada por tudo que fez — Falei, querendo fazer mais por ele do que só um agradecimento em palavras.

   Sem a ajuda dele, sem a nossa conexão e ligação não teríamos conseguido fazer nada desse plano.

     — Eu apenas fiz meu trabalho como Anjo da Guarda, pelo menos pela última vez — Scott murmurou, a última frase mais baixa.

   Eu olhei para ele, meus olhos quase saltando pelas minhas pálpebras e meu coração acelerado e desesperadamente comecei a respirar com dificuldade.

     — Por que pela última vez? O que houve?

     — Calma, calma. Respira! — Ele pediu, suas mãos balançando no ar como se fosse me acalmar daquela forma.

   Eu respirei fundo, meus olhos não perdendo ele de vista.

     — Essa foi a última vez em que ajudei você como Anjo da Guarda, eu irei entrar em contato com o céu para anular a nossa conexão — Ele disse, sem alteração alguma enquanto meu coração doía.

   E eu nem sabia que a possibilidade poderia fazer meu coração doer tanto. Eu tinha uma vez sentido estranheza pela presença da duas linhas, mas agora que ele mencionava que eu poderia ficar apenas com uma, eu já imaginava o vazio que sentiria.

     — Por que você quer fazer isso? — Perguntei, minha voz nitidamente entristecida.

     — Você já tem uma linha, Atelina. E entre você escolher ficar com a minha ou com a de Daimen, eu prefiro me retirar — Ele disse, sentando-se na cama e ficando de frente para mim. — Principalmente agora que nossa conexão está bem forte e eu posso sentir ainda mais o que você sente.

     — E qual é o problema?

     — Eu não quero sentir as suas borboletas no estômago quando você estiver com ele, quando você sorrir para ele — Scott falou, pesar presente no seu tom de voz, e seus olhos esmeraldas fixos no meu. — Eu gosto de você, Atelina. Mas você e o Kennedy compartilham esse sentimento. E serei apenas o invejoso que presencia os momentos que deveriam ser apenas dos dois.

   Lágrimas escorreram pelo meu rosto. Eu estava triste, muito triste, porém entendia demais o que Scott estava querendo disser. E agora aquele primeiro café da manhã que tomamos juntos fazia sentido. "Não é um objeto" não é um objeto, mas uma pessoa. E essa pessoa era eu.

   Eu era importante para os dois, os dois fizeram um acordo para se manterem longe de mim, mas mesmo assim acabaram quebrando-o e aqui estávamos. Eu amava Daimen, eu amava Scott também, mas não era o mesmo amor.

     — Você vai sumir? — Perguntei, limpando as lágrimas.

     — Se você quiser eu sumo, mas a linha não irá mais existir.

   Aquilo me doeu, como ele poderia achar que eu iria querer que ele sumisse? Embora fosse sentir muita falta da sensação que sua linha verde dentro de mim trazia, eu sabia que deveria aceitar.

   Eu me ajoelhei no colchão e joguei meus braços ao redor do seu pescoço, apertando-o uma última vez como meu Anjo da Guarda.

     — Não suma, eu entendo e aceito remover a linha, mas não suma, Scott — Falei, ainda abraçada a ele.

   Ele grunhiu, devolvendo o abraço e derramando sobre mim e sobre a minha mente a sensação da sua essência. Um verde esmeralda como a grama e um calor reconfortante me inundaram.

   Depois de alguns minutos, Scott se afastou estendendo a mão na minha direção.

     — Venha, Daimen deve estar esperando.

   Peguei na sua mão, sendo puxada até o andar de baixo e para a barulheira que vinha da área da piscina.

   Todos estavam ali, meus amigos. Não, minha família.

   Todos eles que me ajudaram de alguma forma, estavam ali na área da piscina festejando o final da minha missão. Sim, tínhamos sobrevivido ao pior, com perdas, machucados e dores, mas estávamos vivos e bem, prontos para voltarmos as nossas vidas.

   Daimen apareceu ao meu lado assim que surgi com Scott, que soltou minha mão e se afastou para o canto ao lado de Malia e Miles.

     — Eu sabia que ia acordar hoje — Ele disse, abraçando minha cintura e beijando minha testa.

     — Hoje? — Perguntei, levantando a cabeça e olhando para seu rosto.

     — Você dormiu por três dias.

   Ah, meu Deus.

     — Eu não invadi o seu sonho, mas estava começando a me preocupar e planejava entrar se passasse mais um tempo — Ele disse, usando nossas memórias para me alfinetar.

   Eu sorri para ele.

     — Você é sempre bem-vindo nos meus sonhos — Falei, piscando um olho para ele.

     — Ah, caramba! — Ele exclamou, exasperado pelo meu flerte — Ah, verdade. Dabria achou a última chave.

     — Sério e onde está?

   Ele apontou para o meu peito. Eles tinham colocado ela dentro de mim, já?

     — Ela colocou? — Perguntei, ele assentiu.

     — Você agora só precisa destruir elas, mas até lá... — Daimen se afastou, pegando na minha mão e me puxando para dentro da casa. — Esconda a linha de Scott por enquanto.

   Eu não sabia se ele tinha conhecimento do que Scott pretendia fazer em relação a nossa conexão, então apenas assenti, mas Scott já tinha empurrado nossa linha para baixo, fazendo-a perder força e escondendo ela até o momento em que deixasse de existir.

   Daimen me puxou até o meu quarto, fechou e trancou a porta partindo na minha direção com avidez. Eu sentia o desejo emanar dele por causa da linha, além do calor que seu corpo transmitia.

   Seus lábios alcançaram os meus famintos e possessivos, suas mãos me apertando e pressionando contra o seu corpo, eu fiz de tudo para acompanhar a sua vontade, pois compartilhava da mesma.

     — Esse quarto, você me deixou ficar aqui, mas ele é seu, certo? — Perguntei, entre seus beijos.

     — O que é meu é seu, Piierce. — Ele murmurou, ofegante e andando comigo até me deitar de costas na cama — Mas tem algo que é apenas meu e eu gostaria de ouvir mais uma vez...

   Só dele? Ouvir novamente?

     — Ah, vamos lá, Piierce. Você precisa estar desesperada e aponto de me perder para dizer de novo? — Ele falou, posicionado entre minhas pernas e retirando sua camisa.

   Ah, então era isso.

   Eu abri um sorriso, entendendo o que ele queria me ouvir dizer. Sim, era apenas dele. O meu amor era apenas dele e eu deveria dizer isso a todo momento, pois realmente o que ele disse na cela de Cassandra era verdade, não precisava de dificuldade para dizer algo que se tem certeza.

   E outra coisa que descobri estando apaixonada por ele é que... o amor dói, o amor machuca. E se eu não estivesse disposta a sentir isso, eu não estaria disposta a amá-lo tanto.

   Levantei os meus braços chamando-o para mim, ele se abaixou aninhando-se entre minhas pernas e permitindo que eu abraçasse seu pescoço. Seu rosto a centímetros do meu.

     — Eu te amo, Daimen Kennedy — Sussurrei, no seu ouvido.

   Um sorriso maravilho brotou de seus lábios, uma de suas mãos espalmadas na cama enquanto a outra tocava o meu rosto.

     — Obrigado por me salvar três vezes — Ele disse, dando um leve selinho nos meus lábios.

   Confusa comecei a pensar quais eram as vezes em que tinha salvado ele e apenas conseguia contar duas, não três. O inferno e da tortura de Leandro e Cassandra.

     — Daimen, só consigo contar duas. Qual foi a outra, foi antes do inferno? — Eu perguntei, recebendo beijinhos por todo o meu rosto e ele grunhiu em resposta — Então foi a primeira vez. E qual foi a primeira vez em que eu te salvei?

   Ele se apoiou nos cotovelos, olhando de cima para mim.

     — A primeira vez foi quando... — Ele parou de falar, deixando a frase suspensa no ar — A primeira vez foi quando você fez eu me apaixonar por você.

   E antes que eu assimilasse suas palavras ele mergulhou na minha direção, beijando-me mais lenta e suavemente, porém ainda intenso e cheio de paixão.

   Daimen disse que eu tinha salvado ele ao fazê-lo ter se apaixonado por mim, mas ele tinha me mostrado que eu podia amar de novo, mesmo sem nenhum esforço da parte dele. Eu amava o que éramos, amávamos o que tínhamos nos tornado graças a nossa separação e nossos aprendizados. E eu não via a hora de poder viver esse relacionamento de melhor forma possível, e como eu tinha dito ao Peyton, de forma leve.

   Porque amar Daimen era intenso, era leveza, como uma montanha russa. E eu nunca iria me enjoar disso.

CADÊ MINHAS ESTRELAS, CADÊ MINHAS ESTRELAS?  🌟🌟🌟

Mais alguém ai está chorando? Ah, meu Deus. Finalmente chegamos ao final, esse é o último capítulo do casal principal e dos acontecimentos finais. Eu deixei o epílogo para um outro personagem, mas a história de Daimen e Atelina acaba aqui. Meu coração fica quentinho com esse final, mas eu fico bem triste também, vou sentir falta deles.

Espero vocês no epílogo, não deixem de lê-lo.

💖💖💖

- Atenas.

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