Capítulo 35 - O Casamento

   O dia amanheceu estranhamente ensolarado, Cassandra veio ao nosso quarto e pediu que Peyton saísse para começar a supervisionar os funcionários arrumando as mesas e cadeiras e detalhes na decoração. Eram os preparativos finais. E eu não tinha conseguido dormir na noite anterior.

   Scott avisou que todos que eu pedi e coloquei na lista de casamento tinham recebi o convite e mesmo aqueles sem o convite eu pedi que viessem também. Ele tentou acalmar a minha ansiedade, mas eu sabia que ele estava tão ansioso quanto eu. Graças a nossa situação, Scott teve que entrar em contato com o céu depois de fugir deles por anos e eu entendia a sua ansiedade que latejava pela linha verde.

   Como eu não podia andar pela mansão livremente, eu me mantive no mesmo lugar sentada em uma poltrona ao lado da janela do quarto, esperando o momento para poder me vestir.

   Depois do dia em que vi Daimen na sala de tortura de Leandro, eu sentia sua linha amarela dentro de mim tentando mandar sinais, parecia avisar que estava bem e me perguntava de volta se eu também estava e embora respondesse que estava eu não ficava muito bem após mentir dessa forma, eu queria tirar ele de lá, ir embora daqui, mas ainda não podia.

     — Atelina? — Cassandra veio até a porta do quarto, vestida formalmente — Os convidados estão lá embaixo, venha vê-los antes de se trocar.

   Eu me levantei, passando pelo manequim com o vestido escolhido e olhando para ele como se eu pudesse queimá-lo até as cinzas. O que era possível fazer graças aos poderes das chaves, mas eu também não podia.

   Descendo as escadas atrás de Cassandra, eu vi os convidados no hall de entrada. Scott não estava entre ele.

   Eu pedi que não aparecesse por enquanto, não poderíamos fazer Cassandra suspeitar que eu tinha mais um Anjo da Guarda com a ligação anjo-tutelado.

   Deb e o namorado estavam na frente do grupo de convidados, ela abriu um sorriso assim que meu viu. Seu sorriso era estranhamente alegre, pois por baixo dele eu sentia que ela estava sentida e entristecida pela situação em que eu estava no momento.

     — Ah, Ateh. Como é bom saber que você está bem — Ela disse, avançando para me abraçar em suas roupas bonitas e elegantes.

     — Obrigada por vir.

   Eu a abracei bem forte, amava o quanto me sentia confortável e menos preocupada com a sua presença.

   Sobre os ombros de Deb eu vi Ally. Ela abriu um sorriso quando nossos olhos se encontraram e meus olhos se encheram de lágrima.

   Ao lado dela estava Nathan e tia Michaele.

     — Meu Deus! — Eu exclamei, maravilhada com a visão da minha família estar ali — Quando vocês apareceram?

   Dabria me soltou, abrindo espaço para que eu pudesse ir até eles.

   Abracei todos ao mesmo tempo, enfiando-me entre os três.

     — Ah, eu pensei que não ia conseguir encontrar vocês... — Eu disse, meu coração apertado e as lágrimas escorrendo pelo meu rosto — Vocês estão realmente aqui?

     — Fomos encontrados pela Valentine, ela insistiu em nos procurar por todo o país e aqui ela nos trouxe — Nathan disse, acariciando minhas costas.

     — Vocês não sabem o quanto eu estou feliz em ver vocês — Falei, querendo com todas as minhas forças me encolher ali no meio e ficar ali por todo o dia, queria me esconder trás deles e deixar que eles me protegessem como faziam quando eu era pequena.

   No entanto, eu precisava acabar com o grupo extremista e pôr um fim nos planos deles.

     — Querida, estamos aqui para você, tudo bem? Não tenha medo — Tia Michaele sussurrou, incentivando-me.

   Eu me afastei, passando meus olhos pelos três membros iniciais da minha família. Agora minha família era composta por outras pessoas que não tinham ligação nenhuma com o meu sangue, mas também faziam parte dela e era por ela que eu continuaria seguindo em frente durante cada minuto desse dia, cada passo dado para termos um futuro acolhedor, para nos perdoar e amar.

     — Obrigada.

   Tia Michaele estendeu a mão na minha direção, tocando meu rosto e limpando as lágrimas. Ela sorriu e meu coração latejou em resposta, impulsionado com mais força.

     — Val quer falar com você também — Nathan disse, apontando por sobre seu ombro.

   Fazia tanto tempo que não via a aparência de Valentine que eu estava quase me esquecendo do seu cabelo escuro e cumprido e os olhos azuis, mas era ainda mais bonita do lado dos vivos.

     — Obrigada, Val — Falei, abrindo um sorriso para ela.

   Nathan se afastou um pouco, Valentine se aproximando com as mãos estendidas para segurar as minhas. Ela sorriu, abrindo levemente a mão para que eu sentisse o papel que ela tinha queria me entregar.

     — Não se preocupe, eu fico feliz em ajudar. — Ela moveu seus olhos na direção do papel e me deu uma piscadela.

     — Acho que vocês já deixaram os olhos da noiva vermelhos demais, teremos que usar mais maquiagem nela — Cassandra reclamou, ainda parada ao pé da escada. — Oi irmã, Nathan e Allyson.

   As expressões nos rostos dos três não eram muito agradáveis, eles pareciam ter visto algo que não gostavam nenhum pouco.

     — Você não tem vergonha de fazer isso com a sua filha? Não foi o suficiente ter feito o que fez com Nathan no véu? — Tia Michaele perguntou, raiva presente em suas palavras.

     — Não há necessidade de dizer isso a ela, Michaele — Ouvi uma voz grossa dizer ao fundo.

   Tia Michaele não desviou seu olhar cruel de Cassandra, ela sabia que estava sendo advertida por Mason, mas apesar de ter uma voz grossa e autoritária, Michaele nem tremeu e parecia querer partir para cima de Cassandra a qualquer momento.

     — Tudo bem, vamos esperar lá fora — Tia Michaele disse finalmente, desviando os olhos de Cassandra e dando as costas para ela.

   Mason não tinha entrado na casa, eu nem tinha notado a presença dele, mas ele sorriu para mim quando Michaele o alcançou e nossos olhos se encontraram. Eles partiram juntos para o lugar onde seria o casamento, os outros também foram.

   Olhei para Cassandra, notando que ninguém estaria ao meu lado quando eu entrasse no altar, pelo menos nenhum deles que era da família.

     — Quem vai entrar comigo? — Perguntei, fazendo sua atenção se fixar em mim novamente.

     — Ah, ele já está se vestindo. Ele vai encontrá-la antes de você ter que entrar.

   Mais mistérios, ela sempre fazia isso e eu já estava mais do que cansada. Estava exaurida física e mentalmente por lidar com alguém como ela.

   Revirando os olhos voltei para o quarto e me enfiei dentro do vestido com ajuda dos seres do Mundo da Ilusão que eram prisioneiros ainda ali. Isso me fez lembrar de Lauren e o fato de que mesmo dentro dessa casa, a casa do grupo que ela fazia parte, eu não tinha visto nenhum sinal dela.

   Talvez estivesse de volta ao Mundo da Ilusão e fora pega por todos aqueles seres que a odiavam e queriam vê-la sangrar. Ou também poderia estar procurando a filha.

   Quando eu estava pronta, vestida com o vestido branco com a saia leve e fácil de andar, com a maquiagem feita e o cabelo enfeitado com presilhas brilhantes eu me olhei uma última vez no espelho, respirando fundo e repassando o plano na minha cabeça.

   "Pronta?" ouvi a voz de Scott na minha cabeça.

   "Sim, vamos acabar isso. Olhe na minha cabeça para saber onde Daimen está."

   "Sim, senhora. Encontro você lá fora, enrole eles o máximo que puder. Vou fazer Daimen ir embora assim que o soltar"

   Assenti, embora soubesse que Scott não podia me ver.

   Dei a volta e acompanhada dos prisioneiros do grupo extremista eu caminhei até o celeiro. O caminho que fiz estava coberto por um tapete, facilitando todo o percurso que eu tive que fazer mesmo calçando saltos altos, passamos pelo lugar, onde seria a festa após o casamento no celeiro. Seria uma festa a céu aberto que nem chegaria a acontecer.

   Aproximando-nos da entrada do celeiro, a pessoa que Cassandra queria que me acompanhasse estava me esperando. Meus pés pararam automaticamente no minuto em que ele se virou e olhou para mim, meu movimento foi tão abrupto que fez os que me acompanhavam tropeçarem.

     — Oi, mãe.

   Meus olhos se encheram de lágrimas, eu não deveria chorar e manchar a maquiagem. Sabia que não ia me casar naquele dia, sabia que era um casamento falso, mas precisava seguir o plano e isso não incluía irritar Cassandra por ter borrado a maquiagem.

   Mas ela escolhera trazer Luke. O motivo, eu não fazia ideia.

   Ela nem ao menos gostava dele, não gostava do fato de eu o considerar meu filho quando não passava de um filho adotivo de uma espécies de Anjos falsos.

   Não, alguma coisa estava acontecendo.

     — Senhorita? — Uma mulher fênix atrás de mim chamou.

   Eu respirei fundo, engolindo o choro.

     — O que faz aqui? — Perguntei, mantendo minha voz firme.

     — Você estava me evitado, então decidi aceitar o pedido de Cassandra para entrar com você no casamento — Ele disse, sua voz receosa — Sobre Ren e Ally...

     — Eu não quero falar sobre isso, não agora.

   Não agora que eu não podia dizer nada em relação ao que ele me disse no hospital em Demeure. Ainda não podia contradizer suas palavras.

     — Mas ainda vamos falar? Depois? — Ele perguntou, olhando para a ponta do sapato social e batendo-o no chão inquieto.

     — Talvez.

   Ele olhou fixamente no meu rosto, medo estava nitidamente marcado em seu rosto e seus olhos tão parecidos com os de Ally não conseguiam olhar para mim com tanta determinação quanto tinham me olhado naquele dia no acampamento na frente dos lobos.

   Eu me aproximei dele e passei meu braço pelo seu rapidamente, estávamos atrasados e isso preocuparia Cassandra.

   As portas do celeiro se abriram.

   Os bancos colocados ali recentemente estavam lotados de gente, Cassandra estava em pé do lado que pertencia aos convidados da noiva, o que não era muito verdade e ela sabia disse, pois sua expressão estava tensa. Havia muitos convidados, uma boa parte amigos e conhecidos, mas havia ali no meio seres do Mundo da Ilusão que estavam aqui para buscar seus companheiros, amigos e compatriotas.

   Scott havia chamados eles exatamente como eu tinha pedido e além deles, reconheci alguns rostos de pessoas que pertenciam ao véu, pessoas que pertenciam ao grupo contrário ao de Cassandra, grupo que Nathan me disse uma vez "nós fazemos parte do grupo que evita que isso aconteça."

   Todos estavam ali, menos os convidados especiais que ainda não tínhamos certeza se iriam aparecer.

   Comecei a andar na direção do altar, Luke ao meu lado mais tenso do que eu.

   Eu sabia que não era heroína nem a salvadora de ninguém, eu não merecia ser chamada de nada disso. Eu não pensei em momento algum que teria que salvar todas essas pessoas, no momento em que entrei na estufa e pedi para ser a bruxa que os salvaria eu estava pensando apenas no meu desejo egoísta de viver e ver todos novamente. Por isso, embora Luke dissesse que eu não poderia salvar todos, eu devia a eles o meu suor e lágrimas, o meu esforço.

   Olhei para Peyton no altar, ele estava muito bonito no terno preto. Seu olhar também parecia estar mais leve.

   Meus olhos logo viram os dois cálices atrás, a poção de Cassandra.

   Finalmente Luke e eu chegamos até o altar, Peyton tocou minha mão com delicadeza levando-me pelo resto do caminho até estarmos de frente um para o outro e Leandro se aproximasse, ele estaria dirigindo a cerimonia.

   Analisei o lugar todo rapidamente, respirando fundo e me preparando para fazer uma cena logo.

   Daimen estaria seguro em alguns minutos.

     — Sejam bem-vindos, a essa cerimônia na qual realizaremos a união dessas almas apaixonadas — Leandro disse, as palavras perfeitamente ensaiadas — Esses dois se amaram por tempo demais e passaram por altos e baixos até estarem aqui finalmente à um passo de estarem juntos pela eternidade. Pessoas estiveram no caminho deles, pessoas cruéis com más intenções.

   O discurso dele não era nada mal e realmente combinava com a minha história com Peyton.

     — Chegou a hora de ouvir as palavras dos pombinhos. — Leandro disse, levantando as sobrancelhas indicando nós dois.

   Era a minha vez de falar e depois disso tudo se tornaria uma bagunça.

     — Eu vou primeiro — Peyton disse, puxando minhas mãos para sinalizar que queria fazer algo. — Eu nunca pedi desculpas por ter feito a ligação e se eu fiz não pedi desculpas o suficiente para você e para... o Daimen. Atrapalhei vocês e fui usado por um grupo duvidoso. Quando fiz a ligação eu simplesmente queria você de volta porque pensei que você estava me evitando. Mas na verdade, você estava se apaixonando por outro.

     — Chega, por favor, é a vez da Atelina! — Cassandra pediu, sua voz embora baixa foi ouvida por todos por causa da raiva que ela sentia.

     — Qual o problema, Cassandra? Deixe-o falar. — Eu disse, abrindo um sorriso ao notar a vermelhidão em seu pescoço.

     — Calem a boca e bebam logo a poção para sumirem daqui — Ela disse, seus olhos fixos nos meus mostrando suas verdadeiras intenções.

   Eu soltei uma gargalhada bem alta que ecoou pelo celeiro inteiro.

     — Por que não fazemos diferente? A festa primeiro! — Eu gritei, levantando os braços e depois o vestido para sair pelo caminho que eu tinha feito com as pessoas vindo logo atrás.

     — Atelina!

   Eu podia ouvir Cassandra berrando ainda no altar, os convidados me seguiram para o lugar da festa, mas não era a festa que queríamos, queríamos um espaço aberto para nos preparar.

     — Se você não parar eu pedirei para Leandro matar o Daimen! — Ela gritou, fazendo meus passos se deterem.

   Olhei para trás, Cassandra teve que vir atrás da multidão de convidados. Um dos cálices segurado bem firme na sua mão.

     — Você mataria ele? — Eu perguntei, meu peito doendo pela possibilidade e a falta de notícia de Scott.

     — Se você não tomar a poção e esquecê-lo, eu o matarei. — Ela respondeu, sua voz firme.

     — Como você pode fazer isso, dizendo que o ama?

     — É por que eu o amo que ele não deve ter mais ninguém além de mim! Se ele não pode me amar, ele não vai amar mais ninguém! — Ela gritou, o cálice tremendo em suas mãos.

     — Você é doente! — Falei, ansiedade inundando meu coração.

   Meus olhos começaram a procurar pelo anjo criador que estava antes no altar, se ele desaparecesse... ele iria atrás de Daimen e Scott não tinha dado sinal de que tinha conseguido tirar ele da mansão e levado ele embora.

     — Eu vou contar até cinco para que você venha até aqui e beba isso, ou todos os seus convidados irão sofrer também — Seus olhos coléricos olharam de mim para os convidados ali atrás.

   "Pronto, Atelina. Consegui tirar Daimen de dentro da casa, mas..."

   "Mas? O que houve, Scott?"

   Então, antes de ouvir a resposta de Scott algo pousou ao meu lado rápido e pesado, a força fazendo o chão tremer.

   Raiva fervilhava da linha amarela dentro de mim e eu sabia que vinha do meu lado.

   Daimen ainda vestia as roupas ensanguentadas do dia em que fomos sequestrados, mas os cortes estavam menos horríveis dessa vez, ainda havia sangue e cortes, só que eram todos menos preocupantes e superficiais.

     — D. — Cassandra disse, sua cabeça passando por todos os lados procurando por Leandro.

   Talvez fizesse parte do plano que Leandro fosse até a sala onde mantinham Daimen e matá-lo com a arma que ele esteve criando, caso eu não me submetesse aos planos deles. Por isso Cassandra o procurava, mas Daimen estava aqui.

   Vermelhidão apareceu no rosto de Cassandra, ódio e raiva emanavam em ondas na nossa direção.

     — Nenhum de seus convidados sairá daqui vivos — Ela disse, arrumando a sua postura e largando o cálice.

   O liquido foi direto ao chão, o cálice fez um barulho oco ao tocá-lo.

   Cassandra sorriu cruelmente para nós e levantou as mãos ao ar, gargalhando e fazendo o vento ao nosso redor mudar drasticamente.

   A poeira subiu ao céu, as nuvens se moveram como se fossem ordenadas a se formarem sobre nossas cabeças e as copas das árvores balançavam assustadoramente.

   Olhei para Cassandra, ela fixou seus olhos em mim enquanto tudo ao nosso redor se movia com o vento modificado pela sua magia.

     — Vocês morrem aqui, hoje! — Ela gritou, pisando a ponta do pé direito no chão e fazendo um domo alaranjado cobrir o local da festa.

   Meus olhos foram na direção do domo, havia pontas afiadas que despontavam do teto feito por ele, além disso não havia apenas pontas afiadas, havia outros tipos de armas que poderiam nos matar se tocassem em qualquer um de nós.

   Procurei com os olhos, tia Michaele e aqueles que pertenciam ao grupo do véu que ajudou a me trazer de volta a vida. Eles estavam dentro do domo também, Mason e tia Michaele lideravam o grupo como se fossem o escudo deles e eles protegiam Ally também que estava com eles.

     — Sabe o que mais eu posso fazer? Posso fazer aquele lixo no braço do seu filho querido deixar de funcionar — Cassandra disse, olhando-me e chamando minha atenção com suas palavras.

   Tentei devolver o olhar de ódio que ela me dava, mas até parecia que eu estava sendo a errada em contrariá-la, ela me olhava como se ela fosse a vítima e como se eu estivesse colocando ela nessa situação.

   Quando ela percebeu que eu não acreditei nas suas palavras, ela esticou sua mão na direção de Luke e começou a cerrá-la em punho. Ele estava com Deb e Brian próximos do grupo de tia Michaele, mas o feitiço de Cassandra foi exatamente na direção dele.

   Luke segurou o pescoço com as mãos e começou a hiperventilar, sua pele morena mudando para vermelho de queimadura.

   Ela ia queimá-lo exatamente como Ren fez consigo mesmo.

     — Não! — Eu gritei, dando passos hesitante na sua direção.

   "Scott!" gritei em pensamentos.

   Foi só então que todo o domo de Cassandra deixou de existir, todo aquele arsenal de itens perigosos desapareceu de sobre nossas cabeças e Luke parou de hiperventilar sendo amparado pelos meus amigos e Nathan que se aproximou preocupado.

   Respirei aliviada, olhando mais uma vez para Cassandra que não se movia olhando para as próprias mãos curiosa.

     — Eu descobri seu segredo — Falei, dando passos e mais passos na sua direção.

   Enquanto conversava com Scott nos dias em que estive presa nessa casa, imaginamos todos os possíveis passos que Cassandra poderia dar para conseguir realizar o feito de me separar de Daimen e ter ele apenas para ela, e foi quando desconfiamos de algo que ouvi na minha visita ao véu.

   "Mas não teremos tanta força quanto quando estávamos vivos..." Nathan me disse isso e eu suspeitei que Cassandra também passava pelo mesmo.

   Por isso tantas bruxas tiveram que criar a lua cheia falsa, por isso ela e as bruxas nunca estavam no mesmo lugar. Cassandra era a cabeça, mas a força não vinha apenas dela.

   Como Leandro, um anjo renegado sem essência, teve que roubar essências dos outros, as bruxas do grupo extremista precisaram se unir como uma para poderem realizar feitiços e conjurar com mais força. Esse também era o motivo da magia delas federem tanto naquele dia.

     — O que quer dizer com isso? — Ela perguntou, dando passos para atrás.

   Assim que eu estava próxima o bastante eu lancei minha mão fechada em um punho contra o seu rosto e outro diretamente contra a boca do seu estômago.

     — Isso quer dizer que... não importa o que você e Leandro estejam pensando em fazer agora para contornar a situação, eu venci vocês e uni todas as pessoas que vocês feriram ao meu lado — Falei, vendo-a tocar o rosto vermelho. — Minha irmã e meu filho, meus amigos e a pessoa que amo quase morreram por sua causa, por causa da doença que você tem e eu gostaria que existisse uma forma de fazer você sofrer o que nos fez sofrer, mas infelizmente, eu não posso. Concordei com o véu que mandaria você de volta.

     — Mas o véu não existe mais.

     — Tia? — Chamei, não desviando os olhos de Cassandra — Vocês estão prontos?

     — Claro, querida.

   Tia Michaele e os outros bruxos que pertenciam ao véu se aproximaram formando um círculo ao redor de Cassandra.

     — O que você vai...?

     — Esperem os Anjos Terrestre e os vampiros aparecerem.

     — Atelina! O que você vai fazer comigo? — Cassandra gritou, dando um passo para me alcançar e sendo impedida pelo círculo que criaram uma proteção contra ela.

   Eu dei as costas para ela e me aproximei de uma mesa para pegar uma faca, quando percebi que Daimen ainda estava no mesmo lugar, sua pele extremamente pálida e uma camada de suor cobria sua testa.

   Deixei a faca de lado, aproximando-me dele a tempo de ser o seu apoio assim que perdeu o equilíbrio. Daimen caiu sobre o meu corpo, tentando se manter em pé para evitar que eu fosse esmagada sobre o seu peso.

     — Você não parece muito bem — Murmurei, próxima de seu ouvido.

     — Ah, sério? Eu acho que estou ótimo. — Ele disse, tentando parecer forte, mas ainda podia sentir na sua voz o cansaço.

     — Você poderia ter ouvido Scott e ter seguido com o plano, não?

     — Não, Piierce. Eu não podia. — Ele sussurrou, sua voz perdendo força aos poucos — Eu queria desesperadamente ver você, nesse momento e não me importava com a minha situação, eu sabia que você podia lidar com tudo aqui.

   O corpo de Daimen ficou mais leve, quando senti outras pessoas se aproximarem de nós.

     — Deixe-o com a gente — Era a voz de Malia.

   Olhei para ela e Miles que seguravam o corpo de Daimen. Eles sorriram e eu respirei aliviada por estarem aqui também para ajudar.

   Peguei a faca na mesa e notei a presença dos vampiros e anjos falsos que se aproximavam de várias direções do terreno da mansão, acompanhados das bruxas que pertenciam ao grupo extremista.

   Elas estavam espalhadas pela propriedade, elas eram as fontes de energia para a magia de Cassandra e foi assim que eu não notei a presença delas quando Cassandra fazia magia, elas nunca ficavam perto dela.

     — Aqui estão todos — Scott falou, aparecendo ao meu lado silenciosamente.

   Eu estava tão grata por ele ter estado me apoiando nos últimos dias que agradeceria eternamente a ele, embora não achasse que ele pensasse ser digo de ser um Anjo da Guarda, ele tinha feito um trabalho excelente ao meu lado e esteve compensando todo o tempo em que esteve longe e afastado.

     — Obrigada, Scott. — Falei, apenas para ele ouvir.

   Scott olhou para mim espantado e sorriu, acanhado.

   Com todos as bruxas dentro do círculo junto a Cassandra, eu retirei de dentro do corpete do vestido o papel que Valentine tinha me dado no hall de entrada. Esse era o feitiço para a criação de um novo véu, ela esteve trabalhando incansavelmente todos esses dias para encontrar tia Michaele e os outros e descobrir uma forma de recriar o véu quando fosse necessário.

   Quase deixamos essa ideia de lado e desistimos, havia um preço a se pagar ao criar um véu, mas suspeitávamos que se Cassandra fosse apenas mandada de volta ela iria continuar tentando destruir tudo e todos e alcançar Daimen, sendo assim...

     — Vamos começar — Eu disse, olhando aquelas bruxas de olhares odiosos.

     — Não há mais um véu para você nos enviar de volta!

     — Eu sei disso, vocês não serão apenas seres no véu — Eu disse, inserindo-me no círculo — Você serão o véu.

   Sim, elas fariam parte da estrutura que criaríamos o véu. Esse era o sacrifício. A força de seres místicos precisava ser a argila que criaria o céu para os seres sobrenaturais, se não fosse feito de seres místicos, não seria um véu.

   Iriamos condensar a magia delas até estarem boas o bastante para fazer isso, dessa forma fariam parte do véu e seriam ele.

     — Você está brincando, né? — Uma das bruxas do grupo extremista perguntou, horrorizada.

   Sem respondê-la o círculo de pessoas começou a conjurar, fazendo um círculo de luz aparecer sob nossos pés. A resposta que elas queriam que não veio apenas as deixou assustadas e com medo do que iria acontecer, então elas começaram a choramingar e implorar, mas o grupo de Tia Michaele tinham tomado essa decisão e eles iriam até o fim.

   Eu estava ali para dar apoio, sabia que agora minha magia era bem mais forte que antes e eu não ficava cansada com facilidade após realizar um feitiço, eu testei algumas vezes enquanto estava trancada dentro do quarto.

   No ápice do feitiço as lágrimas das bruxas se transformaram em sangue, gotas vermelhas escorriam de seus olhos e a nitidez do corpo delas perdera opacidade, elas estavam se tornando translucidas.

   Olhei uma última vez para a mulher que me deu a luz, ela estava no centro das outras bruxas. Seus olhos fixos em algo além de mim, eu sabia para onde estava olhando e sabia que se não tivéssemos tomado essa decisão ela não iria mudar, ela iria continuar tentando destruir todos por que o cara que ela amava não a amava da mesma forma.

   Eu não podia fazer nada quanto a isso talvez a mãe dela não explicou que obsessão e amor não são a mesma coisa, embora a linha de um para o outro seja pequena. Mas Cassandra não sabia que ela não podia forçar o seu amor em outra pessoa.

   O amor forçado era como uma sentença de morte.

   Não apenas uma, mas duas almas morreriam no processo.

   E como se tivessem se tornado parte do ar, todas aquelas bruxas, incluindo Cassandra, sumiram, mas o sangue no gramado ainda permanecia das lágrimas derramadas.

     — Atelina? — Malia chamou, levantando a mão ao lado da cadeira onde ela e Miles deixaram Daimen. — Brooke pediu para avisar que encontrou um arcanjo disposto a resolver a situação com o anjo criador.

   Abri um sorriso, tudo estava indo conforme planejado.

     — Mas eles não querem que toquem nele ou destruam a arma que ele fez...

     — O que?

   Como um Arcanjo poderia pensar em deixar que existisse uma arma capaz de matar cada um daqueles anjos que eles chamavam de irmãos?

     — Vou procurar por ele na mansão, ele deve estar se preparando para fugir de alguma forma — Scott falou, abrindo suas asas.

   Toquei sua mão que estava ao meu alcance.

   Não, eu não ia permitir que Scott fosse e corresse o risco de ser morto. Principalmente agora que ele precisava fugir, o anjo criador poderia atacar qualquer um que se aproximasse.

     — Não, fique aqui. Eu irei encontrá-lo.

   Antes que alguém fosse contra essa ideia eu, com a faca que estava na minha mão, rasquei a parte debaixo do vestido para facilitar a minha corrida e tirei os sapatos. Tentei encontrar algo dentro de mim que parecesse com os poderes de vampiro e corri para a mansão.

   Não perdi tempo procurando em todos os cômodos, eu fui direto para a sala que ele usava para torturar Daimen e o encontrei rapidamente na sala ao lado que era usada por ele como um laboratório de pesquisa.

   Eu entrei na sua sala, fazendo barulho com os meus passos para que ele soubesse da minha presença.

     — Eu pensei que vocês fossem demorar mais um pouco cuidando das bruxas, mas vocês foram bem eficientes — Ele disse, sem olhar para atrás.

     — Não podia deixar você esperando. — Falei, meus olhos procurando a arma dele dentro da sala.

     — O que vão fazer comigo? Deixar os Arcanjos lidarem comigo como eles fizeram todos esses anos? — Ele se virou, uma pasta lotada de papéis nas suas mãos.

     — Como assim todos esses anos?

     — Você achou mesmo que eles não soubessem o que eu estava fazendo aqui? — O anjo Criador perguntou de volta, seus olhos insanos — Eles precisam da arma que estou terminando para manter anjos como seu Scott e Daimen na rédea. Anjos que se rebelam e que são fortes o suficiente para irem contra eles.

   Ah, caramba. Por isso eles pediram para não tocar em Leandro e nem na arma que ele estava criando.

BRILHA, BRILHA ESTRELINHAS 🌟🌟🌟

Oie anjinhos, como estão? Não vou falar muito nesse capítulo, vou postar os outros ainda hoje. Então, o que acharam do plano da Atelina em criar um véu usando o grupo extremista para isso? E isso que Leandro disso ao final, será mesmo que os arcanjos sabiam de tudo isso e ainda assim não fizeram nada por escolha?

Vejo vocês nos próximos e últimos capítulos.

Não esqueçam de VOTAR e COMENTAR.

Beijinhos.

💖💖💖

- Atenas.

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