Capítulo 33 - Separados
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Cassandra não tinha vindo sozinha, havia outras pessoas atrás dela, provavelmente esperando para serem ordenados, pois eu sentia nelas as espécies do Mundo da Ilusão.
Daimen reagiu mais rápido do que eu, embora tivesse vomitado toda a droga que Cassandra tinha me dado, minhas pernas ainda doíam um pouco e não consegui levantar tão rápido quanto Daimen que se colocou na minha frente para me proteger.
— Você me atacaria para protegê-la, Daimen? Eu, que fui a primeira que você teve que proteger — Cassandra perguntou, decepção e crueldade presentes na sua voz.
— Desculpa, Atelina é a única a quem eu devo proteger no momento — Daimen respondeu ela, fazendo seu olhar queimar ainda mais.
— Então vocês tem a ligação de Anjo-tutelado? Hum. — Ela falou, mexendo o nariz e a boca pensativa — Diga Daimen, você me dizia que não podia me amar, mas simplesmente jorra palavras de amor a minha filha. São essas palavras verdadeiras? Como posso acreditar se você é o forasteiro do Céu sem sentimentos?
Merda! Era isso que eu tinha dúvidas também, mas acreditava em Daimen e sabia que ele tinha uma explicação, ou, se não, sabia que ele não estava simplesmente soltando palavras bonitas para mim para me enganar, ele não ganharia nada com isso.
— Olhe, até mesmo ela tem dúvidas! — Cassandra disse, apontando para mim e seu sorriso cruel se tornou cada vez mais malvado e convencido.
Daimen olhou para mim, enquanto eu tentava me livrar da dúvida no meu rosto. Não havia por que duvidar, então eu não duvidaria. Todos que o conheciam sabiam que ele estava diferente de como ele era quando caiu, agora ele era diferente. Toda aquela preocupação e olhares não eram falsos, aqueles sentimentos e emoções também não.
— Ah, querida. Não se preocupe, eu entendo o que é ser enganada por ele e esses olhos dourados cruéis — Ela disse, olhando para Daimen com desdém.
— Não entende, Cassandra. Você entende de enganar pessoas, por que foi exatamente isso que você fez com Mason.
Seus olhos murcharam, o desdém se foi e repulsa fervia deles.
— Separem eles. — Ela ordenou, àqueles que estavam atrás dela.
— O que vai fazer? — Daimen perguntou.
Ela gargalhou, fixando, em seguida, seus olhos em Daimen.
— Separá-los por um momento para depois, separá-los para sempre.
— Como? — Perguntei, minha voz tão baixa que quase ninguém a ouviu.
— Eu descobri que antes de ter algo com Daimen, você teve um primeiro amor, Atelina. Irei fazer com que você volte a estar com ele, enquanto Daimen paga pelo o que fez comigo, depois finalmente estaremos juntos — Ela contou, juntando as mãos como se o plano dela fosse perfeito.
Mas era repulsivo.
Toquei o braço de Daimen por trás, meu coração batendo loucamente no meu peito. Não tinha como escapar, não tínhamos como resistir e isso só estava acontecendo por causa da minha burrice de vir até aqui sozinha.
Daimen olhou para mim, como se dissesse com os olhos para que eu me acalmasse e me mantivesse firme para poder reagir quando necessário. Mas eu estava com medo.
— Andem e separem eles, esses toque e olhares me incomodam imensamente! — Cassandra gritou, batendo nas grades.
Aquelas pessoas entraram e antes de soltar minha mão Daimen a apertou levemente, tentando se despedir de mim.
Tentei manter nossas mãos juntas, mas fomos separados no momento em que estiquei minha mão na sua direção.
Cassandra riu ainda mais vendo que não consegui tocá-lo novamente.
— Levem ele para a sala de Leandro, — Ela ordenou, seu olhos sedentos para ver Daimen machucado — agora ela vai para o quarto que preparamos, ela tem uma visita.
Eu tinha uma visita? Quem mais eles poderiam ter trazido até aqui a força?
Puxada e arrastada, aquelas pessoas me levaram pelas escadas até o segundo andar da mansão. Eles me puxaram tão rápido que eu não vi para onde levaram Daimen, mas ele não resistiu, ele suspeitava que isso acontecesse com ele.
Contudo, isso não era bom. Meu coração parecia que ia parar a qualquer momento pensando em quais meios eles usariam para machucá-lo e o fato de saberem como evitar com que seus machucados cicatrizasse tão rápido me deixava ainda mais assustada.
Antes de chegarmos ao quarto que era nosso destino, esparramos em Leandro que limpava uma adaga em mãos, como se fosse a coisa mais normal do mundo limpar uma adaga dentro de casa enquanto anda pelos corredores, cantarolando.
— Ah, a senhorita está aqui novamente. Seja bem-vinda. — Ele sorriu.
— Quem é bem-vinda quando se é tratada com drogas na bebida e presa em uma cela? — Perguntei, sendo irônica.
O sorriso dele esmoreceu e ele tocou o queixo com os dedos.
— Ah, sinto muito... — Ele parou seu pedido de desculpa, seus olhos incrédulos e curiosos — Por que sinto a força das chaves em você?
Mantive meu rosto sem expressão, mas estava curiosa para saber como um Anjo Renegado como ele sabia da existencia das 12 Chaves.
Cansado de esperar minha resposta ele se aproximou, inclinando seu corpo sobre mim como se pudesse sentir o cheiro das chaves no ar ao meu redor.
— Sim, são elas. — Seus olhos se iluminaram — Mas falta uma, não? Se eu fosse a senhorita não deixaria justo essa faltar.
Ele então se afastou, abaixando levemente sua cabeça e voltou a seguir seu caminho.
— Como sabe disso? — Perguntei, mas ele não olhou para mim e continuou até seu destino com a adaga segurada agora com ainda mais vontade na mão.
O quarto para onde me levaram tinha portas duplas, uma delas estava aberta e havia um guarda do lado de fora e eu consegui ver o vislumbre de outro ali dentro antes de entrarmos.
Assim que me soltaram e apontaram para dentro para que eu entrasse, eu me recompus e entrei lentamente, mesmo que estivesse sendo mantida aqui eu tinha que manter a calma diante dessa pessoa que eles tinha trazido contra a vontade dela também.
A pessoa estava de costas para mim, mas eu não poderia dizer que não a conhecia apenas por estar de costas. Porque eu a conhecia. Conhecia aquelas costas e deveria ter imaginado quem era antes mesmo de entrar no quarto, Cassandra dera a dica lá embaixo.
— Peyton? — Chamei.
Ele se virou, seus olhos crescendo de espanto.
— O que faz aqui? Não, o que eu faço aqui? — Ele perguntou, confuso.
— Eu não sei. Também estou sendo mantida aqui, mas sinto que a culpa seja minha, então sinto muito — Falei, passando meus olhos pelo quarto.
— Eu pensei que você tivesse me chamado aqui. Merda! Acho que foi uma armadilha ridícula que eu cai. — Ele disse, batendo a mão contra a própria testa.
Pensei em perguntar a ele sobre essa armadilha e se havia a possibilidade de outras pessoas também caírem nela, mas os sons de passos saltitantes chamaram mais a minha atenção e eu esperei pela presença de Cassandra.
Ela entrou no quarto, seu sorriso indo de orelha a orelha, feliz pelos seus planos estarem sendo concluídos exatamente como ela queria.
— Ah, vocês juntos formam um casal tão lindo. — Ela comentou, seus olhos brilhando.
— O que eu estou fazendo aqui? — Peyton perguntou, irritado, mas dessa vez sua pergunta estava totalmente sendo dirigida a Cassandra.
— Atelina está aqui, então isso não é o suficiente? — Ela perguntou de volta, arqueando uma sobrancelha.
Peyton se sentiu incomodado com a pergunta, movendo-se desconfortável.
— Ok, entendi. Parece que terei que fazer uma poção para cada um de vocês. Eu queria acreditar que seria necessário apagar o Daimen apenas da Atelina, mas o seu amor por ela também se apagou... — Cassandra falava sem parar.
Olhei para Peyton, seus olhos se desviaram dos meus ao notar que eu estava olhando para ele e seu corpo todo parecia querer se encolher, como se Cassandra tivesse tocando em um assunto delicado.
Não poderia negar que era mesmo, nós não tivemos tempo para sentar e conversar sobre isso, mas desde que tinha acordado após salvar os anjos eu estive me afastando de Peyton... não talvez tivesse sido antes disso, talvez após conhecer Daimen e notar que estava atraída por ele e o queria ao meu lado.
Peyton ainda estava insistindo para fazer parte de uma competição, mas agora que Cassandra tinha comentado, eu percebi que ele já não fazia isso. Ele não queria mais falar sobre nós e não encontrava momentos ou desculpas para estar comigo... não mais.
— Nós o que? — Peyton questionou, seus olhos preocupados e espantados.
— Vocês irão se casar e eu irei preparar tudo para que estejam apaixonados um pelo outro novamente — Cassandra disse, sua voz soando como se fosse uma resposta óbvia e a mais correta.
Casar? Peyton e eu?
Confusa, fixei meus olhos em Cassandra e Peyton e prestei atenção no que ela estava falando. Não era possível que ela...
— Meus feitiços de amor são perfeitos, olhe para Daimen! Após tocar o colar que fiz, ele se apaixonou pela primeira pessoa que viu, infelizmente essa pessoa foi Atelina e ele acabou afastando vocês dois. Mas funcionou, ele não sentia nada e passou a sentir graças aquele colar.
Tentei não demonstrar reação, seus olhos escuros como a noite sombria estavam vigilantes sobre mim esperando para atacar e se alimentar das minhas dúvidas e confusões sobre assuntos nos quais eu não tinha total conhecimento e ela poderia controlá-los na palma de sua mão e me dá-los em seguida.
Eu não cairia nessa.
Mas caramba! Aquilo fazia sentido. Daimen e eu nos conhecemos na floresta de Williamsburg quando ele me encontrou e tocou meu colar, levando-me para a casa onde os portões do inferno estavam. Ele era frio, distante e era apenas um soldado fazendo o seu trabalho, mas depois...
Depois tudo mudou, mudou da água para o vinho. As preocupações, as brincadeiras, a presença constante, a atração, os beijos...
— Vocês dois poderão finalmente viver o amor que há anos tentam viver, mas não conseguiram — Ela disse, sua voz baixa como se assim mostrasse sua compaixão a nossa história — No dia do casamento, você beberam minha poção e estarão juntos para sempre.
Silêncio reinou no quarto.
Não sabia qual reação ela esperava de nós, mas até mesmo Peyton não reagira da forma que ela esperava reagir, ela sabia que ele tinha aceitado fazer uma ligação para que nos aproximássemos novamente e que não conseguiu nada com isso, então talvez para ela essa fosse a chance perfeita para ele, mas não.
Peyton parecia aterrorizado. Ele tentara antes e não deu certo.
— O que vai acontecer depois? — Perguntei, tentando quebrar aquele gelo estranho.
— Vocês poderão ir embora e se esquecerão dos outros que se intrometeram nas suas vidas e os separaram, incluindo, lógico, Daimen. — Ela respondeu, seus olhos fixos em mim, desafiando-me para dizer algo —O que sobrar da poção eu usarei nele.
Para fazê-lo amar ela.
— Deixarei vocês agora, está muito tarde. Amanhã estejam pronto logo cedo para resolvermos os preparativos do casamento — Ela sorriu, contente por não termos reagido a tudo que tinha que falar.
Sem que nos despedíssemos dela, Cassandra saiu.
Eu me aproximei da cama, largando meu corpo sobre o colchão e tentando assimilar tudo o que ouvira.
Peyton e eu seriamos forçados e nos casar, para que durante a cerimônia tomássemos uma poção para nos apaixonarmos novamente um pelo outro.
Como aquela mulher podia ser considerada humana? E pior... ser mãe. Ela não amava nada nem ninguém. Aquilo que sentia por Daimen não podia ser considerado amor, não, não podia. Ninguém merece o amor doentio de ninguém.
— Ateh, tudo bem? — Peyton perguntou, afastando-me de meus pensamentos.
— Ah, Peyton. Sinto muito mesmo por isso. — Eu disse, juntando meus joelhos contra meu peito e me encolhendo — Nem tenho coragem de perguntar o que você acha sobre isso, mas eu vou dar um jeito de resolver.
— Nós podemos dar um jeito de resolver isso juntos, vou ajudar você.
Levantei meu rosto, olhando para sua postura ainda desconfortável ao estar ali comigo.
— O que você e Luke decidiram sobre Ren? — Perguntei, lembrando-me que ele perdera o amigo a um dia atrás.
— Se quer saber, percebemos que não o conhecíamos tanto assim e que não fazemos ideia de como homenagear ele na morte — Peyton disse, soltando uma risada anasalada e triste.
É, realmente ninguém conhecia ele tão bem quanto acreditávamos, mas ainda assim era...
— Ele amava vocês, então... se lembrar dele como ele foi com vocês e a história que viveram é o suficiente para ele descansar.
Eu não tinha propriedade para dizer isso, mas ele estava decepcionado por não ter sido verdadeiro com aqueles dois, entretanto ele mostrou que estaria ainda mais se eles soubessem que aquilo era mentira e descobrissem sua verdadeira personalidade.
— E eu acredito que tenha uma explicação para o que Cassandra tenha dito sobre Daimen — Ele disse, tentando me consolar.
— Eu reagi de forma tão óbvia? — Senti minha lágrimas escorrerem, enquanto eu ria de mim mesma.
— Talvez não para ela, mas eu senti aqui e aqui — Ele respondeu, triste e apontando para o próprio nariz e ouvido.
Meu coração e o meu cheiro de preocupação.
Pelo menos era encorajador saber que ela não tinha percebido.
— Peyton, sobre o que tinha me pedido antes...
— Não precisa mais pensar nisso, não há competição, certo? — Ele perguntou, o brilho de seus olhos era triste.
Limpei meu rosto, balançando minha cabeça.
— Não é que não há uma competição. Eu quero retirar você dela, eu venho pensando nisso a um tempo, mas você queria que eu esperasse e visse o que poderia fazer por mim. — Falei, enquanto ele assentia — Não faça mais nada por mim, faça por você, Peyton. Eu o culpei todos esses anos por ter fugido e me deixado, mas mesmo assim eu vivi por mim, me esconder e fugir de você, tudo isso foi por mim. Eu estava me protegendo. E você, quantas coisas fez por você mesmo desde que abandonou sua espécie e veio atrás de mim?
Ele parou de assentir, sua cabeça abaixada se levantou e ele olhou nos meus olhos com os seus escuros e marejados.
— Eu quero que você vá viver por você. Quero que ame alguém e que dessa vez dê certo. Quero que você tome decisões pensando de forma egoísta, viva cada dia apenas com uma pessoa em seus pensamentos... você. E quando for o suficiente e você acreditar que foi egoísta por tempo demais, se entregue a pessoa que vai te amar e se agarrar a você e tenha ela em seus pensamentos, invadindo-os e deixando você cada dia mais leve por ter ela ao seu lado. — Continuei dizendo o que queria e Peyton me acompanhou no choro — Seja livre, Peyton. Deixe o que vivemos apenas como uma lembrança do passado e seja leve, sinta de forma leve.
— Não precisava dizer tudo isso. — Ele respirou fundo, tentando controlar as lágrimas — Meu Deus, como me fez chorar?
Rimos os dois, lágrimas chorando de ambos.
— Mas eu amo você e você faz parte da minha família, eu preciso dar um empurrão em você para que você perceba que merece mais do que um amor que prorrogou por tantos anos e só nos causou dor — Falei, minha voz rouca.
— Eu sei, obrigado.
Peyton avançou na minha direção e passou seus braços ao redor do meu pescoço, trazendo-me para um abraço caloroso.
Eu ainda queria falar mais, queria deixá-lo entender tudo o que desejava para ele, mas o choro não me permitiu.
Depois que ambos paramos de chorar e percebemos que os planos de Cassandra incluíam nos manter em um quarto apenas, nos deitamos na cama e fomos dormir, o sono veio rapidamente e apesar de estarmos em uma situação complicada e que pedia uma solução urgente eu, meu coração e minha cabeça fomos dormir um pouco mais leve.
§ § § § §
Os dias que se seguiram foram extremamente desgastantes, eu estava louca para descobrir o lugar onde Daimen estava sendo mantido e provavelmente sendo torturado, mas eu só podia sair se fosse para me encontrar com um dos organizadores do casamento, escolher algo e ver como andava os preparativos.
Peyton tinha um pouco mais de liberdade do que eu para andar pela casa, ao contrário de mim, talvez Cassandra pensasse que ele não teria motivos para descobrir onde o seu rival estaria, então ele ia e voltava sempre que queria.
Havia um velho celeiro nas terras da mansão que estava sendo reformado antes da nossa chegada, mas que agora seria usado para o Casamento. Não era um lugar feio, o teto era bem alto e ambos os lados era abertos para poder ver ao fundo a floresta atrás que se abria na propriedade.
Conforme eles decoravam ficava ainda mais bonito.
Cassandra permitia que escolhêssemos a maior parte das coisas, mas as vezes ela surtava e ela mesma escolhia.
Às vezes por estarmos levando tudo como dois bons e obedientes cordeirinhos, ninguém suspeitasse do que Peyton e eu decidimos naquela primeira noite em que ficamos deitado na mesma cama e presos contra a nossa vontade. Não permitiríamos mais que alguém decidisse sobre nossas vidas e relacionamentos.
Eles achavam que se queriam nos separar então nos separaríamos; se queriam que nos amassemos, então também nos amaríamos. Apenas quando eles queriam e desejavam.
Isso não seria mais possível.
As coisas seriam do jeito que queríamos. Minha vida da forma que eu queria e desejava; a de Peyton da forma que ele queria e desejava.
Então ficamos em silêncio inicialmente, enquanto planejávamos.
JÁ FEZ AS ESTRELINHAS BRILHAREM? 🌟🌟🌟
Oie amorinhas, como estão? Mais um capítulo para nos deixar mais próximos do final, mais alguém com o coração na mão por causa do final? Eu particularmente gosto desse capítulo, Atelina finalmente disse ao Peyton que queria que ele desistisse de tentar estar com ela novamente e em nenhum momento ela disse que era por que deixou de amá-lo, mas porque ele também precisava viver a sua vida e encontrar leveza no amor. O que vocês acharam? Alguém era Team P e queria que eles ficassem juntos? Ou também entenderam o que a relação deles precisava? E essa loucura de Cassandra em casar e fazê-los tomar uma poção? E Daimen onde nosso anjos de olhos amarelos está? Será que Cassandra vai conseguir vencer?
Espero vocês no próximo capítulo.
Não esqueçam de VOTAR e COMENTAR.
💖❤💖❤
Abraços gigantescos.
- Atenas.
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