Capítulo 17 - Caninos
Havia um lobo enorme na minha frente, os olhos negros pertenciam a ele e parecia que a minha presença não estava lhe agradando muito, pois assim que cheguei e seus olhos encontram os meus ele bufou, enrugando o focinho e mostrando os caninos pontudos.
"Eu não odiava os lobisomens, mas não ficaria perto de um durante uma noite de lua cheia." Eu me lembrava de ter tido esse pensamento, embora a lua não fosse genuinamente cheia, ainda era uma lua cheia e havia um lobo na minha frente.
Mas o problema nesse momento não era o meu medo e meu pensamento inteligente de não ficar perto deles no momento em que a lua os tornava em feras guiadas pelo instinto, o problema era que entre nós...
— Atelina, sai daqui! — Ren gritou, um lobo de pelo castanho estava bem na sua frente.
— Vocês estão bem? — Perguntei, sabia que a pergunta era estupida para o momento, mas mesmo que me dissessem uma mentira eu sentiria alivio.
— Parecemos bem para você? — Minha irmã gritou, a pele mais pálida do que normalmente era.
Ally estava entre mim e o lobo de pelo e olhos negros, sangue escorria do seu ombro no lugar onde foi mordida e também havia sangue na boca entreaberta do lobo que pingava no chão.
Além deles dois e o estado em que estavam, havia corpos espalhados pelo chão. Eu não sabia se pertenciam aos seres do Mundo da Ilusão que eles vieram salvar ou algum grupo desavisado que poderia estar acampando por perto. Estávamos no verão e muitas pessoas saiam para acampar nessa época.
Olhei mais uma vez para o lobo, tentando adivinhar o que faria em seguida, mas ele parecia ter entendido o meu olhar como um desafio, pois moveu a pata dianteiras direita preparando-se para atacar.
Rapidamente eu fiz o mesmo, minhas asas tinham funcionado ao sentirem a ameaça do homem que não gostava de mim, então talvez elas pudessem fazer o mesmo se caso eu precisasse me proteger novamente.
O lobo lentamente tirou seus olhos de mim, olhou para Ally no chão imóvel. Sua longa língua avermelhada passando pelos lábios e dentes para limpar o sangue que estava pingando, preparando-se para a próxima remessa de sangue caso ele conseguisse mais uma mordida.
— Ei! — Chamei a sua atenção para mim.
Ele olhou e eu podia sentir que estava rindo de mim. Rindo, pois duvidava que eu seria capaz de fazer alguma coisa. Apesar de estar sendo guiado pelo instinto, havia algo diferente nesse lobo. Era a lua cheia fora de época que o estava deixando estranhamente mais racional?
Eu estava pensando demais, tanto que ele aproveitou para correr na direção de Ally para atacá-la exatamente quando eu parecia estar aérea.
Não perdendo tempo corri também, procurando dentro de mim os poderes de anjo que Ariel acreditava terem sido herdados de Mason. Mas eu estava com medo de não chegar a tempo se confiasse demais em algo que eu não tinha certeza, então eu me joguei no ar quando estava próxima de Ally, entrando na sua frente e abraçando o seu corpo, virada de costas para o lobo.
Meus olhos estavam fechados no momento em que ouvi o som do lobo atingindo algo duro e firme, ele ganiu, mas se recuperou e rosnou desafiando novamente.
Não era eu quem ele estava desafiando dessa vez.
Minhas asas não tinham saído, elas ainda estavam escondidas nas minhas costas. Mas se não tinha sido as minhas asas o que ele atingiu...?
— Pegue sua irmã e saiam daqui! — Vociferou uma voz acima da minha cabeça.
Olhei para cima, Ally e eu tínhamos sido cobertas e protegidas por asas... as asas douradas de Daimen. A beleza daquelas asas eram tão grandes que me faziam esquecer que naquele momento elas estavam armadas para proteger e atacar. Exatamente como as minhas, as asas de Daimen tinham se tornado tenaz e a ponta delas pareciam facas cortantes.
— Piierce! — Ele chamou minha atenção — Vá!
Levantei do chão, ainda sendo protegida por uma de suas asas e ouvindo no fundo o rosnado do lobo consternado por não poder mais nos atacar e ter encontrado um oponente a altura. Apoiei o braço bom de Ally no meu pescoço, afastando-nos de Daimen.
Antes de sair carregando ela, olhei para trás para Ren e aliviada vi que Scott também estava ali. Meu corpo foi inundado por alivio. Ren estava tão machucado quanto Allyson e por isso estava sendo carregado por Malia e Harley. As únicas que podiam chegar tão perto de um lobo sem terem medo de serem mordidas...
Mordidas. Mordidos.
Os caninos.
O veneno.
Finalmente a ficha tinha caído. Ally e Ren. Eles... morreriam?
— Deixe para pensar nisso depois, agora vá! — Daimen gritou, virando-se totalmente de costas para nós e esticando as asas.
A visão era linda, embora no minuto seguinte tornara-se brutal e sangrenta quando o lobo negro avançou e Daimen reagiu movendo a ponta cortante de suas asas na direção do lobo.
Scott tinha atacado também atrás o lobo de pelo castanho, mas assim que o lobo recebeu o chute dele seus olhos passaram pela minha visão e eu notei que tanto ele quanto o lobo negro tinham olhos totalmente escuros.
— Val? — Chamei, olhando para Harley que passava ao meu lado e pedindo para que pegasse Allyson de mim.
— Eu já vi tudo, eles estão enfeitiçados pela lua — Valentine disse, antes que eu perguntasse alguma coisa.
— Podemos fazer alguma coisa com eles e concertar o domo? — Perguntei, minhas mãos ensanguentadas e tremulas.
— O domo não, mas se desfazer o feitiço da lua eles poderão voltar ao normal — Ela disse, entristecida — A pessoa que destruiu o domo, espalhou sua magia por todo lado para impedir que nos escondêssemos novamente.
Por isso eu senti que estávamos sendo mergulhados em um campo de batalha. Porém estávamos sendo mergulhados na magia de alguém, inundados ao ponto de sermos marcados e não adiantar de nada nos esconder novamente, não sem usar uma magia mais forte e isso despenderia muito tempo.
Eu estava concentrada falando com Val quando sangue expirou de um dos lobos e ele quase foi ao chão, contudo após cambalear ele persistiu em pé.
— Não os matem, eles podem voltar ao normal.
— O que você ainda está fazendo aqui? — Scott perguntou, fúria aparecendo em sua expressão.
— Eu estou concluindo minha missão, — Falei, revirando os olhos para sua reação — eles foram enfeitiçados e podem voltar ao normal, então por favor, se puderem só deixá-los inconscientes.
Assim que falei, Daimen pulou rapidamente no ar, chutou a cara do lado direito do lobo e subiu nas suas costas. Mantendo-se pelo bater de suas asas, ele passou suas pernas ao redor do pescoço do lobo e apertou, até que não houvesse mais forças nele e desfalecesse no chão.
— Obrigada — Agradeci, boquiaberta.
Realmente o que Spencer tinha dito sobre a aparência de Daimen em ação se assemelhar a um guerreiro, não poderia estar mais certa.
— Para você é fácil, já que suas asas podem ficar forte! — Scott reclamou, voando no ar antes de se chocar contra a nuca do lobo castanho, fazendo-o desmaiar também.
Eu não tinha reparado antes, mas as asas de Scott pareciam ser sensíveis e não ficavam duras e afiadas como as de Daimen. E lembrando-me da vez em que ele me salvou quando a árvore caiu dentro de casa, suas asas também sangravam.
— O que vai fazer agora? — Daimen perguntou, ignorando Scott.
— Esses não devem ser os únicos lobos aqui, vamos voltar para a fogueira grande onde todos estão e enquanto isso eu e Val vamos desfazer esse feitiço.
Ambos concordaram, então após esconderem suas asas rapidamente voltamos para o acampamento na direção da fogueira, aproveitando para passar na nossa tenda e buscar meus itens de bruxaria que poderiam ser necessários.
Quando nos aproximamos as pessoas que tinham expressões de pavor e preocupação tiveram suas expressão suavizadas, talvez fosse pelo medo de não voltarmos e a esperança deles morrer junto com nós.
Scott e Daimen se separaram e se posicionaram nas extremidades do círculo para proteger todos de possíveis ataques dos outros lobos que poderiam aparecer. Eu também me afastei para o lado de Ally e Ren que estavam deitados agora sobre um amontoado de cobertores e suas feridas estavam sendo tratadas por uma Fênix.
— Como eles estão? — Perguntei, acreditando que por fazer parte de outro mundo pudesse saber de uma forma de salvá-los.
— Sinto muito, nunca vi nada igual. Estou fazendo o possível para amenizar a dor deles — Ela me responder com pesar nos olhos.
Olhei para cima a tempo de ver Luke e Peyton novamente, ambos bem preocupados por terem sido abandonados no meio de uma explicação.
— Não fiquem sozinhos, e nem um com o outro — Pedi, respirando fundo tentando não demonstrar que estava assustada e que minha mãos tremiam.
Eles assentiram, Luke foi para o lado de Deb e Peyton para o de Harley.
Levantei e escolhi um lugar onde pudesse abrir os itens que precisaríamos usar, como as ervas, as velas... mas assim que segurei uma delas na mão eu me lembrei onde estávamos agora. A grande fogueira. Então me levantei novamente carregando as ervas e indo na direção do calor das chamas.
— Não fiquem muito perto da fogueira, por favor — Avisei — Val?
— Atelina... — Ela começou dizendo e eu senti o medo ao dizer meu nome — Você vai ter que encontrar o centro do feitiço e tomar posse dele.
— Exatamente como fizeram com o meu de proteção?
Ela grunhiu em resposta e mais uma vez senti que Valentine estava sofrendo no meu lugar. Eu teria que encontrar o feitiço e destruí-lo e se realmente fosse Cassandra a dona dele, era praticamente uma batalha perdida.
Cassandra era uma bruxa viciada em magia, e cultivou sua magia e força desde muito nova. Ela com toda certeza era mais forte do que eu... e se eu encontrasse seu feitiço e ela estivesse vigiando, sabendo que eu apareceria em algum momento e usasse exatamente isso para me manter em uma briga?
— Val, precisamos proteger todos que estão aqui antes — Falei, minha voz quase falhando, pois significava que eu teria que manter dois feitiços ao mesmo tempo — A Lua não vai ficar para sempre no céu, então se eu perder tempo brigando com a dona do feitiço todos estarão desprotegidos atoa.
— Faz sentido, vamos criar um domo temporário e eu ajudarei você a manter a proteção enquanto você se esforça no feitiço da Lua — Ela disse, um pouco mais aliviada — Atelina, você precisa canalizar.
— Malia, fica no meu lugar — Ouvi a voz de Daimen pedir a Malia.
Assim que procurei o lugar onde ele estava, eu encontrei seus olhos dourados no caminho que ele fazia até mim. Daimen estendeu a mão à apenas alguns passos de mim.
— Me use.
— Tem certeza? — Perguntei, receosa.
Eu sabia que poderia usar a essência de Daimen e que era a melhor escolha para canalizar, mas algo se contorceu no meu peito no momento em que vi que ele estava se oferecendo e eu não consegui evitar me lembrar da forma como Scott fora usado por Lauren e até mesmo Mason, embora ele permitisse ser usado.
— Não se preocupe não usaremos tanto se trocarmos e usarmos todos os seus amigos presentes — Val disse, explicando para que eu me acalmasse.
— Tudo bem.
Segurei na mão de Daimen, indicando que ia precisar que ele se sentasse para que eu segurasse em seus ombros, mas repentinamente antes que eu me preparasse ele se ajoelhou na minha frente e abaixou a cabeça indicando que dessa forma também poderia ser.
Sua posição na minha frente era extremamente ambígua. Não tinha como evitar pensar no que aquilo poderia significar se não estivéssemos quase em uma situação de vida ou morte.
Toquei seus ombros, minhas mãos sentindo e me conectando com aquilo que o tornava um anjo. Antes, para sanar minha dor, eu fui banhada em sua essência, mas o que eu queria dessa vez era mais profundo e estava totalmente ligado com o "ser um anjo". Era íntimo e parecia uma violação chegar em uma área tão profunda de um ser.
Daimen por dentro era tão brilhante quanto era por fora. Cada parte do seu ser era composto de dourado e luz, mas não uma luz cegante. Era provável que por causa do tempo que passou no inferno a escuridão tenha impregnado uma parte dele por dentro e agora o seu dourado era meio opaco, contudo era tão belo quanto seria se fosse de um brilhante cegante.
Assim que encontrei o que queria comecei a sugar e puxar para mim fazendo aquela essência diferente percorrer todo o caminho que eu tinha percorrido para encontrá-la.
Eu senti cada pedacinho dela se espalhando pelo meu corpo e minha magia recebeu seu poder como algo que a ampliava. Era um poder imenso, apenas o pouco que eu tinha tomado dele.
— Pronto, Val! — Avisei, alto o bastante para que eu não me perdesse no poder de Daimen agora correndo pelas minhas veias.
Val começou a recitar o feitiço de proteção, eu repetia suas palavras logo atrás depositando grande parte do poder de Daimen nesse feitiço, para que ele fosse quase independente e se mantivesse com pouco da magia de Val.
Ouvi o som de uivos mais uma vez, seguidos de exclamações contentes.
A proteção estava feita.
Então um pouco mais aliviada parto para o próximo feitiço, procurando pela magia que foi espalhada pelo acampamento e seguindo ela por todos os lados para encontrar seu início.
Não seria difícil normalmente, pois todo bruxo tem uma marca que sua magia carrega. As vezes um cheiro forte, uma presença marcante, as vezes agradável ou outras nem tanto. E tristemente a magia que estava ao nosso redor era nojenta e sufocante.
O cheiro era horrível, parecia que eu poderia me afogar naquilo a qualquer momento e se eu não mantivesse a concentração e não estivesse tão determinada a encontrá-lo, eu estaria agora correndo para o lado oposto exatamente como ela queria.
Percorri todos os lados do acampamento, não encontrei nada.
Decidi ampliar o meu alcance, mas sentia que já estava usando muito de Daimen. Então me mantive com a minha própria magia e soltei seus ombros.
— Já foi demais, obrigada — Falei, sem olhar para ele e antes que ele pudesse negar.
— O próximo — Val disse, alto o suficiente para eles ouvirem.
— Eu vou — Era a voz de Scott.
— Não! Fiquem... por último, os anjos... fiquem por último — Falei, entre respirações pesadas para não perder a concentração.
Ouvindo meu pedido, ouvi quando eles começaram a se organizarem sozinhos, mas eu não prestei mais atenção percorrendo a distância que nos separava do dono da magia que queria nos afogar, eu tinha que depositar mais e mais força para alcançá-lo.
Ele não estava perto, senão eu teria alcançado ele apenas com o poder tirado de Daimen que foi forte o bastante para eu descobrir que o dono da magia não estava aqui no acampamento.
O próximo que ofereceu sua força era Peyton, ele fez como Daimen e se ajoelhou na minha frente, segurando as pontas dos meus dedos e levando eles para os próprios ombros largos.
Continuei a procurar, percorrendo mais e mais metros e quilômetros para alcançar.
— Cadê você? — Perguntei para ninguém em especial.
— Tente procurar na cidade inteira de uma vez — Val sugeriu, entendendo o meu desespero.
— Preciso de duas pessoas — Falei, ouvindo a próxima pessoa vindo ao meu socorro — Obrigada.
Peyton se afastou um pouco e ficou de pé, apenas com a minha mão direita sobre seu ombro e a minha esquerda foi direcionada para o ombro de Harley. Dessa forma eu consegui olhar para a cidade de cima e encontrar um fio da magia asquerosa.
Esse fio não vinha de dentro da cidade, vinha de outro lugar do outro lado da cidade, na extensão da floresta ao oeste. Persegui aquele fio rápido demais e senti o corpo de Peyton tremular sob meus dedos.
— Próximo — Eu disse, afastando minha mão.
— Não eu...
— Cala a boca e sai, é a minha vez — Luke falou, sua voz firme e séria.
Usando Luke e Harley, eu segui o fio rapidamente. Ele se estendeu por mais um tempo, o cheiro ficando pior, a textura também e a sensação de morte era de outro mundo. Parecia intencional, todo esse fedor e espessura para manter outros bruxos longe.
Quando cheguei perto o suficiente o corpo de Harley tremeu e eu soltei ela. Já recebendo a próxima pessoa que estava ali ao lado.
O lugar onde o feitiço se iniciava era uma cabana de madeira, um caldeirão fervente estava no centro de um círculo de bruxas que cantavam sob a luz da Lua falsa derramada sobre elas.
Era muito parecido com a forma como as pessoas comuns viam as bruxas, mulheres cantando e dançando ao redor de um caldeirão e sob a luz da lua.
Aquele só podia ser o grupo extremista, que provavelmente estava completo graças aos esforços de Cassandra em tirar do véu outras bruxas. Eram muitas e elas estavam concentradas apenas no feitiço e por isso não notaram minha presença que era como uma fina agulha penetrando em suas magias unidas.
— Val, encontrei. Elas estão mantendo o feitiço ainda, cantando ao redor de um caldeirão fervente — Falei, explicando o que eu estava vendo.
— Então quebre a conexão delas. Afaste elas do feitiço. — Val disse, sua voz distante mesmo que elas estivesse presa ao meu pescoço.
Luke e Dabria começaram a tremer ao mesmo tempo, mas eu não comecei a me preocupar, pois precisaria de muito mais para canalizar, então eu precisaria dos anjos. Com a força que eles me dariam eu poderia terminar com o feitiço da lua e ainda fazer mais se necessário.
Aos poucos soltei o ombro de Luke, tentando fazê-los entender que eu estava esperando que outro viesse para que eu soltasse Dabria. E assim, rapidamente senti quando meus dedos tocaram os ombros de Malia, então soltei Dabria logo em seguida.
— Desculpa, se caso eu canalizar rápido demais — Avisei, minutos antes de encontrar o mesmo lugar de onde canalizei Daimen e fazer o mesmo com o oceano brilhante e purpura de Malia.
Eu ouvi um gemido vindo dela, eu estava sugando rápido demais agora para dirigir essa força em feitiços de paralisação e mobilidade, além de um para destruir o caldeirão. Eu não sabia o que estava mantendo o feitiço, nem muito menos Val tinha tempo o suficiente para descobrir isso, sendo assim eu precisava destruir tudo. Isso evitaria que elas o mantivesse.
Respirando fundo, comecei a conjurar me fixando primeiro no caldeirão e na água, derramando um pedaço do que peguei de Malia sobre o ferro que trincou antes de explodir em fragmentos grandes e respingar água para todos os lados.
Todas as bruxas gritaram assustadas pelo acontecimento repentino, e trocaram olhares, contudo, tentando vencê-las no lento tempo de reação eu atingi a primeira que caiu ao chão molhado. Elas então se afastaram, olhando ao redor procurando pela culpada.
— Não abaixem a guarda, Cassandra vai nos matar se fracassar...
Antes de terminar sua sentença eu a fiz paralisar e me dei conta de que esse feitiço era pesado demais e muita magia era usada para realiza-lo e fazer tantas vezes seguidas me faria gastar o pouco que ainda tinha no estoque preenchido por Malia.
No momento em que decidi mudar de feitiço eu senti como se tentassem invadir meu feitiço de duas direções diferentes.
Não só as bruxas ameaçadas estavam tentando me encontrar em meio a magia delas, mas Val não estava aguentando manter a proteção com as investidas dos lobos que apareciam ainda mais e viam as presas que éramos para eles todas em um mesmo lugar, ao alcance dos dentes, mas impedidos por algo que não podiam ver.
Levantei minha mão livre com muita dificuldade, pois meu subconsciente não estava totalmente no mesmo lugar que meu corpo permanecia. Chamei com a mão para a próxima pessoa, pronta para soltar Malia. Ainda havia duas pessoas, mas eu apenas confiava em uma delas para me ajudar.
Scott tomou o lugar de Malia. Rápida e intensamente eu canalizei já sabendo o caminho após conseguir percorrer ele nos outros dois, Scott também gemeu e eu tentei mostrar em meu rosto que sentia muito por isso, mas ele tocou meus dedos em seu ombro e os acariciou.
— Faça... o que tiver... que fazer — Ele murmurou entre pausas para tomar folego.
Distribui o que tornava Scott um anjo em dois feitiços, exatamente como fiz com Daimen, mantive o domo que nos protegia dos lobos de um lado e do outro eu acumulei e formei uma bola de magia que fiz com que se expandisse rapidamente antes que as bruxas tivessem reação e deixei que ela explodisse e as afastasse daquele lugar.
Algumas foram enviadas contras árvores, outras apenas desmaiaram depois de tropeçar ao correr para não serem atingidas. Todas estavam inconscientes, mas mesmo assim eu estava com medo de deixá-las e voltar, sendo que isso era temporário.
Olhei em volta. Se o lugar deixasse de existir elas não poderiam voltar logo em seguida ao feitiço, pois seria preciso encontrar um lugar melhor.
Com um pouco mais de força que puxei de Scott, fiz um feitiço de fogo sobre a cabana que lentamente queimaria, mas não as atingiriam. Isso daria tempo para elas voltarem a consciência e irem embora.
Só assim, consegui estar mais tranquila para voltar ao acampamento.
Quando voltei, minhas pernas fraquejaram e eu cai contra o peito de Scott que me segurou sem pensar duas vezes. Ouvi os uivos ainda mais raivosos ao redor e abri os olhos, procurando ver se eles estavam voltando ao normal.
Mas não, ainda eram lobos. Nervosos e salivando para nos comer.
Afastando Scott, olhei para a lua. Ainda era cheia e azul e emanava dela os restos do feitiço que a atingiu como se tivesse sido injetado muito nela e ela precisasse de tempo ou ajuda para se livrar disso.
Não tínhamos tempo...
— Val, eu sei que disse que não faria de novo, mas é urgente — Avisei, afastando-me com a mão no pescoço e atirando ela nas mãos de Scott.
Olhando para a lua conectei a minha magia ao fio que deslizava dela e o puxei com toda força na minha direção, porém ao contrário de antes eu não queria canalizar, então joguei toda a magia podre daquelas bruxas na terra para que fosse absorvida pela natureza.
Uma vez vinda da terra e tirada dela, retorna a terra.
Luz azul brilhou do lugar onde eu estava, não era tão perigoso quanto um raio de Thunderbirds, mas ainda assim era uma magia diferente que eu não sabia o que causaria em mim, enquanto era usada como uma ponte.
Com o pensamento, senti o gosto de ferrugem na minha boca e notei que ele escorria do meu nariz e subia pela minha garganta obstruindo o caminho. Sem forças para impedir, tossi e sangue quente saiu em gotículas da minha boca.
— Atelina! — Essa não era a primeira vez que gritavam o meu nome em uníssono dessa forma preocupada e desesperada.
Mas dessa vez, eu só consegui sentir raiva.
Todos tinham uma tarefa e essa era a minha, proteger a todos e se não o fizesse quem faria? Mesmo que eu fosse me machucar, não tinha como evitar, eu não era forte e todos sabiam disso, mas era o que eu precisava fazer com ou sem magia o suficiente.
VAMOS VOTAR, VAMOS VOTAR 🌟🌟🌟
Oie amorinhas, como estão?? O que acharam dessa capítulo, além dele ser um pouco grande? kkkkk sorry. Tenso não? Atelina viu um lobo durante a lua cheia e ela disse que não faria isso se fosse inteligente, mas não teve como evitar, aquelas bruxas... o que acham que vai acontecer em seguida após Atelina se usar como ponte entre a terra e a magia horrível dessa bruxas? E esse sangue, será que ela está bem? E os amigos gritando seu nome? Val sendo jogada para Scott?
Não se esqueçam de VOTAR e COMENTAR.
Vejo você no próximo capítulo.
Beijinhos e beijões.
❤❤❤
- Atel.
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