Capítulo 15 - A Outra

   Olhei para baixo, as crianças estavam mais calmas com a presença de Scott ali e seus olhinhos brilhavam com esperanças. Eu sorri, grata, mas chateada por ele ainda comentar sobre os perigos em que eu estava me colocando, embora não tivesse força para tanto.

     — Voltem para as famílias de vocês. Não se envolvam em mais confusões — Eu falei, a voz firme para que entendesse a gravidade do que tinham feito.

   Por fim, assim que saíram dos meus braços e correram para outro lugar eu me virei para Scott, quase me desequilibrando com o peso das asas atrás de mim. Mas mantive o equilíbrio para não passar vergonha na frente justamente daqueles que me chamavam de fraca.

   Scott segurava fortemente o pulso do homem, líder do grupo, pelo menos, a careta que o homem fazia, dizia que Scott não estava pegando leve no aperto, embora seu rosto e músculos do braço não demonstrassem que estava mesmo usando tanta força.

     — Agora pode me explicar o que estava acontecendo aqui? — Scott perguntou, olhando furioso do homem para mim.

     — Estávamos apenas tratando a senhorita, salvadora, da forma como ela merecia ser tratada — O homem respondeu, antes que eu dissesse algo pois acreditei que Scott estivesse se dirigindo a mim.

     — Eu não estava falando com você, cara. Mas então... — Ele agora olhava para o homem apenas — está me dizendo que a bruxa que criou esse abrigo para você e a sua ralé ingrata mereceu ser atacada com essa gosma verde sua?

     — Era só uma troca de ideias, eu só queria que ela entendesse que não é mais necessária... aí — Enquanto o homem falava a verdade, Scott virava seu braço em uma posição nada certa. — Aí, aí.

     — Scott... — Chamei seu nome para lembrá-lo de não ir muito longe.

     — Se você está incomodado com ela, não acha que quem deveria sair seja você mesmo? — Scott perguntou, sua voz furiosa de um jeito que nunca pensei que fosse possível vindo dele — E quer saber mais, eu trouxe você até esse lugar, então eu tenho todo direito de chutar a sua bunda arrogante para fora daqui.

     — Por favor, nos desculpe — Uma mulher gritou no meio do grupo — Fomos imprudentes e não acontecerá novamente.

   Os olhos dela estavam arregalados de medo, lágrimas escorriam pelo seu rosto contorcido.

   Eu entendia o medo dela, nunca tinha visto Scott tratar alguém dessa forma e muito menos sabia que era possível tal atitude vinda dele. O único momento em que Scott foi frio comigo, foi quando ele disse que não era um objeto aquilo que fazia ele e Daimen brigarem tanto.

   Nem mesmo quando falou sobre a tortura que passou com Lauren o deixava dessa forma.

     — Sumam daqui! — Scott pediu, soltando o homem e empurrando ele para as pessoas do grupo o pegarem.

   Eles o fizeram, mas eu não pude deixar de notar o olhar de repulsa que ele lançou, não para Scott, e sim para mim. Também parecia ter lançado olhar semelhante para a mulher que pedira desculpa por eles.

   Um mal pressentimento se instalou dentro do meu peito, entretanto, era tarde demais para falar alguma coisa. Eles se afastaram tão rápido que eu não consegui puxar a mulher para que ela ficasse e assim protegê-la do que poderia acontecer caso ela os seguisse.

     — Que outra maluquice você está pensando? — Scott perguntou, os olhos acusadores, embora estivesse lentamente voltando a suavidade e alegria de sempre. — Quer ir atrás da mulher?

   Olhei assustada para ele e me lembrei do que Daimen sempre me alarmava, minha mente estava sempre aberta para que qualquer um pudesse lê-la, inclusive Scott ao meu lado.

     — Eles pareciam não ter concordado com a atitude dela de se desculpar — Expliquei, sem me dar o trabalho de negar que era isso que eu pensava.

     — Atelina, o acampamento é grande se ela precisar de ajuda alguém irá ajudá-la, se ela quiser ser ajudada. — Ele disse, olhando na direção em que eles tinham sumido — Vamos, e por favor me ilumine explicando o motivo merda que você teve para aparecer no lugar onde um grupo que não gosta de você estava e... sozinha.

   Ele olhou na minha direção, inclinando a cabeça para baixo e arqueando uma sobrancelha.

     — Ah, eu não sabia que eram eles e eu não ia mostrar que estava aqui, mas não pude ficar só olhando quando ele começou a machucar as crianças — Expliquei, começando a andar e não olhando na sua direção.

     — É muito difícil acompanhar seu passo, Atelina — Ele comentou, a voz brincalhona.

   Confusa, olhei para trás acreditando que suas palavras diziam respeito ao fato de eu ter começado a andar na frente e deixado que me acompanhasse, mas não era isso.

     — Ah, Scott, você disse que as pessoas que se preocupavam comigo que iriam ficar mal do coração, não vai me dizer que você está preocupado?

     — Eu nunca disse que não fazia parte desses infelizes — Scott respondeu, sério e me ultrapassando no momento em que suas palavras me atingiram e eu parei de andar.

   Isso era injusto. Todas as vezes em que brincava com Scott quem saia constrangida e com as orelhas abaixadas sempre era eu.

     — Você vem, ou quer que eu arraste você? — Ele perguntou, olhando para trás onde eu tinha ficado.

     — Não precisa de tanta brutalidade — Falei, levantando as mãos no ar.

     — É porque mesmo que você dissesse que não, eu a perseguiria até estar com algum amigo ou conhecido ao seu lado — Scott acrescentou, assim que cheguei ao seu lado — Quem deixou você andando sozinha por aqui?

     — Eu sei me cuidar, Scott, e não preciso da permissão de ninguém para usar minhas próprias pernas — Falei, revirando os olhos para sua atitude.

     — Eu não disse o contrário, mas se prevenir quando você é um alvo é a escolha mais inteligente.

   Decidi não contradizer suas palavras. Em partes ele estava certo, na realidade, eu era mesmo um alvo. Com poder para me defender ou não, eu ainda era um alvo e estava passeando como quem não quer nada em um lugar que apesar de ser seguro, abrigava pessoas que cuspiam na cama dada de bom grado a eles.

   Sendo assim, voltei para nossas tendas acompanhada dessa vez de um Scott brincalhão e engraçado que mesmo eu não negando que ele poderia estar certo, usou cada minuto ao meu lado para mostrar que eu deveria sempre escolher o caminho seguro, e não o arriscado que me machucava.

   Eu ria por dentro o caminho todo. A preocupação dele chegava ser fofa, como a de um irmão mais velho. Além disso, ao seu lado foi bem mais fácil fazer minhas asas voltarem ao esconderijo delas dentro da minha pele.

   Quando nos aproximávamos do acampamento, notei a confusão que acontecia ao redor da fogueira.

   Todos estavam em pé, suas vozes elevadas e a tensão emanava um calor de onde eles estavam, parecia até que o céu ia cair a qualquer momento e eles não soubessem o que fazer. Malia que era sempre alegre, estava com as mãos tremulas e as passava no cabelo, esquecendo que ele estava trançado.

   Pelo menos até que ela olhasse na nossa direção e toda a preocupação no seu rosto sumisse, junto de um suspiro de alivio.

     — Daimen, ela está aqui! — Ela gritou e tão rápido quanto a luz se propagando no ar Daimen surgiu, vindo na direção onde Scott e eu estávamos.

     — Você está bem? — Ele perguntou, passando os olhos por todo o meu rosto e por todo o meu corpo procurando por machucados.

     — O que aconteceu? — Perguntei.

     — Eles estavam preocupados com você — Scott explicou, deixando o meu lado e caminhando para a fogueira para se sentar ao lado de Malia.

     — Como vocês...?

   Passei meus olhos de Daimen para Scott e depois para os meus amigos que também estavam voltando a se acalmar agora e retomavam seus lugares ao redor da nossa própria fogueira.

     — Falando nisso... e você, Scott, como me encontrou?

   Scott esboçou um sorriso malicioso, olhando para Daimen mesmo que ele estivesse de costas naquele momento. Mas eu vi, o brilho que seus olhos esmeraldas tinham e o medo na expressão de Malia logo ao lado.

     — Eu senti — Scott respondeu, dando de ombros.

   Ao ouvir aquilo, eu me lembrei da vez em que Daimen tinha me respondido com as mesmas palavras quando ele foi me buscar no bar e eu estava bêbada, e por isso não pude evitar olhar para ele. Seu rosto estava impassível. Mas era falso. Ele estava com uma expressão engessada e forçada, como se quisesse diante do que acontecia esconder o que realmente estava sentindo.

     — Por que você sentiu, Scott? — Questionei, diretamente para ele pois queria acreditar que ele me responderia sem hesitar como antes.

     — Será que não é porque os Anjos são como os heróis e sentem quando alguém está em perigo? — Luke perguntou, alheio a nova tensão que se instalava entre os três anjos e eu.

     — Scott? — Chamei, implorando pela resposta.

     — Scott, não... — Malia também chamava, mas sua intenção era diferente da minha.

     — Porque eu sou o seu Anjo da Guarda, Atelina. — As palavras que ele disse flutuavam no ar como se tivessem forma e peso e eram extremamente pesadas.

   Eu não entendia. Scott era meu Anjo da Guarda? Mas eu pensei que... e Daimen, o que ele era então? Era possível  uma única pessoa ter dois anjos da guarda? Entretanto, Daimen nunca disse com todas as palavras que era o meu anjo da guarda, então... o que estava acontecendo?

     — Eu não entendo — Falei, quase não saindo voz da minha boca — Por isso, você me disse para olhar para o céu e chamar por você quando precisasse?

     — Não importa de onde fosse, eu ouviria você — Scott afirmou, firme — E eu peço desculpas por não ter estado no meu posto por tanto tempo.

   Ele se referia a época em que esteve preso na prisão de Lauren.

     — Daimen? — Malia chamou.

   Eu estava tão concentrada em fazer perguntas para Scott que tinha me esquecido que Daimen era a terceira ponta ali. Eu não sabia se era possível uma pessoa ter dois anjos da guarda, mas Scott tinha sentido e Daimen estava preocupado e procurando por mim porque também sentiu, certo?

     — Você também sentiu? — Perguntei, olhando em seus olhos amarelos quase gritando para que baixasse essa mascara tão firme em seu rosto e me mostrasse suas verdadeiras emoções.

     — Mais ou menos, eu sabia que estava em perigo... mas não pude distinguir a direção para encontrá-la — Ele disse, cabisbaixo.

     — Meu Deus, você apareceu! — Ouvi a voz de Deb aliviada e comecei a procurar por ela quando fui abraçada repentinamente por outra pessoa.

   O cheiro de Peyton inundou meus sentidos, além do leve cheiro de suor. Eles estavam me procurando também, talvez a aparição de Daimen preocupado e me procurando apenas os deixara mais nervosos para fazer o mesmo e descobrir se o mal pressentimento dele fazia sentido.

     — Eu estou bem. Scott me ajudou — Falei, afastando Peyton de mim.

     — Muito obrigada —Dabria agradeceu a ele, olhando para mim depois prestes a iniciar um sermão.

     — Não se preocupe, Scott já me fez entender que é perigoso andar pelo acampamento sozinha por causa do grupo que não gosta de mim — Falei, antes que ela começasse.

     — Ótimo, então já está preparada para receber nossas novas ajudantes.

     — Novas ajudantes?

     — Os Anjos Terrestres enviaram Harley para ajudar e coincidentemente uma amiga deles veio ao mesmo tempo. Elas estão onde deixamos os carros agora.

   Ah, eu tinha me esquecido disso por causa do feitiço das asas, mas agora que estávamos aqui e eu tinha concordado com a presença dela, eu deveria recebê-la. Contudo, quem poderia ser...

     — Sua namorada apareceu dessa vez, Kennedy? — Scott perguntou, ironia presente nas suas palavras.

   Eu tinha a resposta agora.

   A única pessoa que eu poderia imaginar, era Brooke. A Anja do Céu que disse com todas as palavras sem hesitar que me odiava e que nunca me perdoaria pela dor que eu causei a Daimen, além disso, ela foi a pessoa que consolou Daimen. Pois quando eu fui a adaga que lhe cortou e fez um estrago no seu coração, ela foi o conforto dele. 

   Ou pelo menos tentou ser.

   Olhei para Daimen e meus olhos procuraram a mão na qual o corte que ele fez com o vaso de flores deveria estar. Contudo, o que encontrei, na verdade, doeu ainda mais. A ideia dele se machucar para afastar a dor que eu causei já doía por si, mas aquela cicatriz não só deveria ser temporária como não fazia nenhum sentido o fato dela estar ainda ali.

   Era tão fina e superficial que antes, ao tocar sua mão, eu não a havia sentido. Talvez ainda estivesse ali por causa do retardo causado por ele mesmo.

   Daimen olhou na minha direção. Seus olhos encontraram os meus e confuso, seus olhos amarelos ficaram preocupados.

     — Scott, cala a boca — Malia murmurou para ninguém além deles ouvir, mas era impossível com tantas pessoas com uma audição boa ao redor deles.

   Dabria e Peyton que tinham acabado de chegar decidiram que eles deveria ir buscar elas. Era necessário que pelo menos um dos que estavam aqui no momento em que fiz o domo atravessasse com elas, só dessa forma elas poderia entrar.

   Peyton parecia desconfortável em ficar ali. Eu não podia negar que também estava um pouco.

   Não queria me encontrar com Brooke. Sabia que ela fazia parte dos anjos caídos que queriam ajudar, embora eu suspeitasse que sua ajuda tivesse total relação com o fato de Daimen estar presente e ajudando também. Ainda assim, era uma ajuda a mais não importando seus motivos.

   No entanto, seria difícil não olhar para ela e me lembrar que ela o tinha confortado.

     — Você está bem? — Daimen perguntou, repentinamente assustando-me.

   Concordei, notando que ainda estávamos muito perto e que eu continuava afastada demais da fogueira. Então, lentamente caminhei na direção onde Luke e Ally estavam conversando.

   Voltei a pensar nas novas descobertas do dia, esquecendo-me por alguns momentos o que Scott disse antes. Se eu me perdesse em pensamentos sobre isso sabia que os três Anjos ali presentes saberiam o que estava se passando na minha cabeça e a bagunça que estava ali dentro.

   Não que fosse vergonhoso a minha confusão, mas não gostava da ideia deles poderem ler meus pensamentos a qualquer momento, inclusive os mais íntimos e os que eu gostaria de pensar sem culpa ou medo de ser julgada.

   Daimen se afastou de onde estava e se aproximou de Malia, evitando até mesmo olhar para Scott. Eles eram irmãos, mas se odiavam. Eu entendia que as vezes o desejo de matar seu irmão poderia ser tão grande que você talvez tivesse que se segurar para não fazê-lo, mas esses dois... o ódio deles chegava a um grau diferente.

     — Mãe, você conseguiu falar com a vidente? — Luke perguntou.

     — Consegui sim. Eu só estava curiosa quanto a algo que descobri — Falei, olhando automaticamente para o meu pescoço procurando Val.

   Por um momento eu tinha me deixado levar pela curiosidade em relação ao Anjo Renegado e a mãe de Dabria, mas o que eu deveria estar fazendo era encontrar formas de invadir o Mundo da Ilusão. Eu sabia que havia um portão, mas só havia um? Poderia existir outras formas que permitissem a nossa entrada sem ser de forma tão evidente?

   Sem perceber eu já tinha me levantado do meu lugar e caminhava lentamente na direção em que a fogueira maior ficava, lá era onde todos se encontravam durante a noite para comer, conversar e trocar ideias. E lógico seria o lugar perfeito para conversar com os próprios habitantes e descobrir mais sobre aquele lugar.

   Quando fui ver Aretusa, eu estava tão maravilhada com o fato de existir um outro Mundo Oculto que me esquecera o que deveria estar realmente fazendo.

     — Onde você vai? — Ally perguntou, ela estava tão quieta que eu quase me esquecia da sua presença.

     — Ah, eu estava pensando em ir até a fogueira e interrogar algumas pessoas sobre o Mundo da Ilusão — Falei, para todos que olhavam para mim — Dessa forma talvez eu possa encontrar um jeito de entrar...

     — Podemos perguntar também, quanto mais pessoas, mais informação — Ren disse, os cantos dos olhos sorrindo.

     — Ah, claro. Então, por favor perguntem por ai como funciona o Mundo da Ilusão e tentem descobrir o máximo de informação possível.

   Todos ficaram de pé, preparados para se separarem quando pensei no grupo que não gostava de mim e da forma como ele se referiu aos meus amigos.

     — Não andem sozinho — Eu disse, antes que sumissem — Sei que sou o caso mais preocupante, mas vocês fazem parte do meu grupo e são tão alvos quanto eu. Fiquem atentos, e se cuidem.

   Com maneios de cabeças e sorrisinhos, eles começaram a se locomover em direções diferentes. Ally e Ren partiram juntos para o sul do acampamento; Malia e Daimen para a direção sudeste, onde a fogueira grande se formava, mas que também poderia levar para a ala médica.

   Sobrando apenas Scott e Luke ali ao meu lado.

     — Vocês deveria formar uma dupla e irem também — Sugeri, recebendo de ambos olhares de repreensão.

     — Vamos juntos para a fogueira, quando Deb e Peyton retornarem — Luke disse, sua voz firme.

     — Ok.

   Não havia como recusar, todos iriam me tratar como se eu fosse uma criança em uma área perigosa. Eu poderia me machucar ou quebrar coisas. Podia ser verdade e eu concordava, pois eles tinham concordado com agirem com cautela em relação a eles mesmo também. Pelo menos eu esperava que eles tivessem entendido dessa forma.

   Sendo assim, eu esperei com os dois por mais alguns minutos antes de as quatro pessoas que estávamos esperando aparecerem no nosso campo de vista.

   E realmente a pessoa que conhecia os Anjos, era a pessoa que conheci no apartamento de Daimen e tinha uma relação duvidosa com ele, tão duvidosa que até mesmo Scott caçoava disso. Eu me lembrava da sua aparência, mas todas as vezes que a via parecia que ela ficava mais e mais bonita.

   Os cabelos amarrados no alto em um rabo de cavalo bem apertado faziam o seu rosto em formato de coração ficar nítido e os olhos azuis cor de céu noturno mais visíveis.

   Além disso, seus olhos brilhavam de expectativa. Exatamente como brilhavam no dia em que ela encontrou ele no mausoléu.

     — Finalmente, eu já estava quase esquecendo a ideia de vocês estarem realmente vindo — Scott falou, levantando as mãos no ar e se preparando para ir, agora que elas já estavam aqui.

     — Cadê todo mundo? — Peyton perguntou.

   Ele vinha mais atrás das meninas e demorou para perceber que não havia ninguém além de nós três esperando.

     — Eu pedi que fossem atrás de informações — Respondi, desviando meus olhos de Brooke para Harley — Muito obrigada, por decidirem ajudar. Sendo por qualquer motivo, eu só espero que dê tudo certo.

   Olhei de uma para a outra. Harley assentiu, a expressão no rosto determinada a colocar a mão na massa para trabalhar assim que lhe fosse possível, enquanto a outra tinha uma expressão de aversão e decepção.

   Fingindo não ver aquele olhar, olhei para Deb, explicando que fossem até a fogueira grande quando elas terminassem de se instalarem nas tendas e inclusive deixei avisado que em hipótese alguma andassem sozinhos.

   Aqueles foram os minutos mais estranhos da minha vida. Eu sabia que embora fingisse não ver, eu sentia que os olhos de Brooke não me deixavam era como se ela tentasse me atingir de alguma forma com os seus olhos e eu confirmei isso quando estava prestes a sair e ela pigarreou alto para chamar minha atenção.

     — Eu não a via há um tempo, Atelina — Ela comentou, sua voz extremamente enojada por dizer o meu nome.

     — Você tem razão, fazia um tempo mesmo.

   Eu não tinha intenção alguma de conversar por muito tempo com ela e nem de lhe dar atenção além da necessária, por isso quando disse tudo o que queria, comecei a me afastar.

     — Não vou agradecer você por tirá-lo de lá — Brooke disse, alto para que eu ouvisse mesmo afastada.

     — Não preciso da sua gratidão. — Sussurrei.

   Continuei andando, sem olhar para trás.

   Eu estava sendo sincera. Embora Malia, Scott e Miles não estivesse no inferno eles me agradeceram por tudo que eu tinha feito, mesmo que aquilo não tivesse relação direta com eles e eu não sabia o motivo para que ela me dissesse que não me agradeceria, mas não importava, eu não precisava quando o possível motivo poderia ser tão mesquinho.

   Entretanto, eu não tinha certeza, então não havia como criticá-la tão abertamente.

     — Uou, uma anjinha com asas afiadas — Scott caçoou, tomando a dianteira — Mas tenho que admitir que compartilhamos do mesmo sentimento, eu também não gosto dela.

   Encontrei os olhos esmeralda de Scott, ele sorria e piscou para mim como se fossemos cumplices e realmente compartilhássemos algo. Quem iria imaginar que poderia ser o fato de não gostarmos da mesma pessoa?

   O caminho até a fogueira maior não demorou muito, eu estava imersa em pensamentos enquanto os outros dois não se conheciam o suficiente para compartilharem uma conversa, então Scott ia na frente silencioso e Luke ao meu lado da mesma forma.

   Quando alcançamos o fogueira, o sol já estava quase todo escondido no horizonte e pequenos raios ainda iluminavam o chão, mas o que iluminavam mesmo o lugar e todas as pessoas e objetos era na verdade a luz que emanava da fogueira. Ela não era chamada de grande fogueira atoa. Havia tanta madeira empilhada perfeitamente que as chamas chegavam a uma altura preocupante.

     — Salvadora! — Ouvi uma moça que estava sentada ao redor da fogueira me chamando com o braço erguido para indicar onde estava — Sente-se conosco.

   Concordei, escondendo o medo de ser queimada por aquela fogueira perigosa o máximo possível.

     — Ah, não se preocupem são chamas de fênix. Elas não machucam a não ser que elas queiram — A moça disse, explicando.

   Talvez eu não tivesse escondido muito bem.

     — Estivemos esperando a sua chegada durante todos esses dias — Ela comentou — Nos mantivemos forte e saudáveis para o momento em que você chegasse.

     — Vocês deram conta de tudo muito bem — Falei, maravilhada verdadeiramente por tudo que fizeram.

     — Na verdade, estamos acostumados com essa forma de viver. No Mundo da Ilusão era dessa forma também que lutávamos para sobreviver, a única diferença é que nunca nos misturávamos com outras espécies.

   A mulher ao meu lado junto com aqueles ao redor começaram a me contar tudo sobre a sobrevivência deles no Mundo da Ilusão, antes do acampamento e muito antes de Lauren os aprisionarem em celas. Todas essas espécies viviam em lugares diferentes que eram como habitats naturais para eles, lugares longes um dos outros.

   Da maneira como me contava, parecia que o Mundo da Ilusão não era um espaço pequeno como uma ilha onde todos moravam, mas um mundo inteiro e completo. Um mundo com muitas ilhas, muitas espécies diferentes e muitos seres próprios de lá. Sinceramente era incrível o feito de Lauren de conseguido tomar conta disso tudo...

     — Lauren então precisou de muito poder para conseguir controlar esse mundo e apenas com as fadas — Falei, induzindo para que me contassem mais.

   Não podia ser verdade que Lauren estivesse trabalhando sozinha apenas com as fadas ao seu lado, mas além dos seres forçados a trabalharem para ela não havia outra espécie do Mundo da Ilusão trabalhando com ela. Então como era possível?

     — No nosso mundo, há vários outros lugares parecido com os continentes de vocês. A parte onde Lauren governa, onde nós moramos, não é a maior delas. — Um homem próximo explicou.

     — Será que ela pensa em governar os outros continentes? — Luke perguntou, olhando para os habitantes do Mundo da Ilusão.

     — Ela seria louca se pensasse isso, as espécies que vivem nos outros continentes são bem mais perigosas que Fênix, Thunderbirds ou qualquer um de nós aqui.

   Então era por isso. Lauren não passava tanto tempo dentro do Mundo da Ilusão porque o lugar que ela queria já era dela e ela era a força mais poderosa dele. Entretanto, aqui fora, para ela, poderia se assemelhar a um parque de diversões onde se pode enfrentar um brinquedo desconhecido e ter a certeza de que ele era páreo ou se sua força superava a dele.

   Sendo assim, para ela não passávamos de brinquedos. E o Mundo da Ilusão era seu castelo, e lugar de descanso cuidado e bem protegido.

   Será que para ela éramos tão mais fracos que as espécies dos outros continentes do Mundo da Ilusão?

     — Mãe, estão todos aqui — Luke falou, olhando por sobre os ombros e apontando com os olhos.

   Olhei para onde ele olhava e vi que realmente todos estavam aqui.

   Daimen e Malia chegavam da ala médica, como eu tinha imaginado antes.

   Ally e Ren se aproximavam do norte, era provável que tivessem passado por várias áreas antes de chegarem aqui.

   E por último as novas "ajudantes" como Deb disse, vinham com ela e Peyton do caminho que levava as tendas.

   Nenhum deles tinham percebi as presenças um do outro e por isso estavam imersos em suas próprias conversas. Por isso, levantei e ergui a mão no ar para chamar a atenção deles, mas antes que minha mão chegasse bem no alto... Brooke viu Daimen do outro lado e com o rosto iluminado, gritou:

     — Daimen! — Sua voz estava extremamente empolgada.

   E como se fosse pouco o grito ela saiu correndo na sua direção, sem usar o poder de anjo ou qualquer outra coisa que fizesse com que eles não fosse notados. Porque eles foram notados, por todos que estavam ali e todos viram ela correr e gritar, alegre e sorridente até ele.

   Todos viram também ela pular no ar na frente dele, passando as pernas pela sua cintura e colar os lábios nos dele.

BRILHA, BRILHA ESTRELINHA 🌟🌟🌟

Oie amorinhas, como estão? O que acharam desse capítulo e a bomba que Scott jogou? Vocês já suspeitavam desde o livro anterior ou só descobriram agora também? Mas se isso for mesmo verdade o que Daimen é dela? Será que existe mesmo uma pessoa com dois anjos da guarda? Como isso seria possível? E essa cena de Scott dando um sermão nela, acho muito fofo, e vocês? E essa última cena, que descarada essa Brooke, não? Como assim ela chega pulando e beijando os outros? O que vocês pensam sobre isso? E sobre o Mundo da Ilusão, tudo que descobrimos?

Não se esqueçam de VOTAR e COMENTAR.

Até o próximo capítulo!!

💖💖💖

Abraços quentinhos.

- Atel.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top