Capítulo 14 - Desafeto

   Eu não sabia o que responder. Queria nesse momento seguir com o que Daimen tinha sugerido uma vez e dizer a ele para seguir em frente, até porque eu tinha tomado essa decisão a poucos dias atrás quando estava tomando sorvete com Daimen. Eu não escolheria, mas isso não queria dizer que ele seria obrigado a esperar que eu mudasse de ideia.

     — A cara que você está fazendo está me deixando com medo — Ele disse, o cenho levemente franzido com medo.

     — Ah, tudo bem — Falei, arrumando minha postura e respirando fundo — Tem alguma coisa que eu possa fazer?

     — Quer ajudar Deb a fazer comida? — Ele perguntou, abrindo um sorriso e apontando a direção.

     — Meu Deus, qual é o problema da Deb com comida?

   Ele riu alto, abrindo espaço para que eu andasse ao seu lado. Todos sabiam que Dabria era fascinada por fazer comida para outras pessoas, principalmente por ela cozinha muito bem, mas era quase como um toque dela e desde a vez em que estivemos aqui, nós três finalmente percebemos que isso era realmente sério.

   Caminhamos e conversamos um pouco sobre qualquer coisa que não tivesse relação direta com a missão para afastar um pouco nossos pensamentos disso e aos poucos fomos nos aproximando do lugar onde ambas as tendas disponíveis para nós estavam.

   Sons de conversas podiam ser ouvidas mesmo à distância em que estávamos, risadas também e a tensão que eu pensei existir antes pelo fato deles não se conhecerem ainda, parecia bobagem agora.

     — Ah, mas vocês parecem já conhecer o Daimen, como se fossem amigos — Ouvi Malia comentar, sua voz descontraída.

     — Eh, nós conhecemos — Ren tinha respondido, eu podia sentir um pouco de tensão na sua voz — Atelina nos apresentou ele como seu novo namorado há alguns meses.

   Um silêncio desconfortável se seguiu, eu podia afirmar que eles estavam concordando mutuamente com as palavras de Ren e entendido o que significava aquilo. Eu tinha apresentado, no passado e agora aquela relação não existia mais, não daquela forma.

     — Ah, eu também conheci Atelina dessa forma — Malia continuou, sua voz ainda bem animada. — Daimen falava bastante dela, chegava a ser irritante.

   Quando tínhamos alcançado o lugar onde eles conversavam, eu passei meus olhos por todos que estavam ali. Eles estavam sentados ao redor de uma fogueira que queimava com vigor e apenas três deles faltavam.

   Eles olharam na minha direção, acanhados.

     — Mãe, eu guardei um lugar para você — Luke disse, alto para que o gelo que se instalou fosse quebrado.

   Eu ri internamente, não querendo demonstrar nada.

   Luke não tinha guardado lugar nenhum para mim, mas assim que notou que eu podia ter ouvido o que eles estavam falando sobre Daimen e eu, ele empurrou Ren que estava ao lado dele e abriu um espaço que antes não existia.

     — Tudo bem, não precisa. Eu vou ver se Deb precisa de ajuda.

     — Não preciso, não se preocupe — Ela disse, anunciando sua presença. — Você deveria dormir mais um pouco.

   Olhei para minha amiga que caminhava para o meio do grupo, enquanto Ren se levantava e se afastava de Luke por ter seu lugar dado para outra pessoa.

     — Eu estou bem, eu preciso... conversar com você — Falei, me lembrando que talvez esse fosse o melhor momento para perguntar sobre isso à ela.

     — Comigo? — Ela perguntou, confusa.

   Assenti, apontando para a nossa tenda, mas mudando de ideia pois todos ali poderiam ouvir graças ao seus poderes e habilidades especiais e era um segredo de Deb que eu estaria expondo para todos, um segredo que ninguém além de mim sabia, pois as outras pessoas que o sabiam já estavam mortas.

     — Ok, eu vou passar na ala médica. Vamos conversando no caminho — Ela entrou na tenda e voltou logo depois com uma mala branca na mão.

   Assim que voltou, caminhamos lentamente até o local onde ficava a primeira fogueira. A ala médica tinha se fixado no mesmo lugar onde Deb tinha tratado os primeiros pacientes e desde então ficaram por lá. Eu a tinha chamado para conversar, mas não conseguia criar coragem.

   Ontem ao notar que a história por trás do motivo de não usar minhas asas antes quando fui Anja Terrestre era triste e me causava dor, ela afastou a própria curiosidade, pensando em mim e no fato da lembrança poder me trazer algum sentimento ruim adormecido.

   A ideia fazia eu me sentir mal, pois estava prestes a tocar em um assunto que com toda certeza era doloroso para ela. Eu sabia que Deb não era muito próxima da Madrasta, pois a mulher deixava muito claro que elas não pertenciam à mesma família.

     — Deb, eu preciso fazer uma pergunta que pode doer, mas se você não quiser responder eu vou entender — Falei, olhando para as minhas mãos na frente do corpo, receosa.

     — A minha resposta pode ajudar na sua missão? — Ela perguntou, fazendo eu me sentir um pouco pior. Porque independente de ela querer responder, se fosse me ajudar, ela iria me dar uma resposta.

     — Talvez — Falei, sendo sincera.

   Aquela resposta poderia me fazer chegar um pouco mais perto de entender a mente e os motivos de Leandro, mas também havia uma possibilidade de não fazer a mínima diferença e não acrescentar em nada.

     — Tudo bem, pode perguntar.

     — Sua mãe... — Comecei dizendo e notando que começar dessa forma era como jogar uma bomba antes de contar até 3, pois seus passos lentamente foram parando pelo caminho — Você sabe o que aconteceu com ela?

   Os olhos dela brilharam, o brilho era de dor e eu quis me bater por ter feito ela sentir esse sentimento que a fazia parecer tão vulnerável, quando tudo o que ela fazia por mim era o contrário disso.

     — Por que você...?

     — Lembra, quando disse que Leandro comparou você com uma das irmãs dele? — Perguntei, explicando lentamente para, pôr fim, fazê-la entender o motivo repentino de eu perguntar sobre sua mãe biológica — Quando me encontrei com Cassandra no dia que ela marcou de ver Ally, ela comentou que era porque a irmã dele era a sua mãe.

   Seus olhos se arregalaram ao perceber a conexão. Realmente eu entendia aquela expressão, pois foi a mesma que eu tive ao descobrir aquilo pela boca de Cassandra que estava constantemente ao lado de Leandro, o que significava que ela não poderia estar mentindo.

     — Ah — Ela disse, simplesmente — O que mais você... descobriu?

     — Que a pessoa por quem ele era apaixonado também foi ela.

   Mais uma vez o silêncio se seguiu, eu queria pedir para ela não se forçar e deixar quieto, mas Dabria parecia pensar e pensar, talvez lutasse com as memórias que estavam escondidas profundamente e ao tocar no assunto eu as estava fazendo aparecer repentinamente na sua cabeça.

     — Ela morreu, Atelina — Ela sussurrou, tão baixinho que eu quase não ouvi.

   E aquelas palavras fizeram meu coração palpitar.

     — Como? Anjos do céu podem morrer?

     — Eu não sei, talvez Daimen e os outros saibam de algo, mas o motivo dela me deixar com o meu pai foi porque estava sendo caçada por alguém — Ela murmurava, tristemente. — Ela estava com medo que essa pessoa encontrasse algo, mas eu não sei o que era, só sei que ela me deixou com meu pai com apenas um livro com fundo falso que esconde uma chave dentro. Tudo em relação a ela é confuso na minha cabeça.

   "Um livro com fundo falso que esconde uma chave dentro", aquelas palavras se repetiram na minha cabeça, primeiro eu fiquei confusa. Estava tão preocupada com as 12 chaves que estava pensando que qualquer chave poderia ter alguma relação com elas, mas ao ter notado essa frase meu subconsciente tivesse ligado ela com alguma coisa que eu estava deixando passar.

   E eu não queria mais fazer Deb passar por essa dor, já era o bastante que ela tivesse me contado, apesar de ser algo doloroso.

     — Não precisa dizer mais nada — Falei, quase chorando no lugar dela — Muito obrigada por dividir isso comigo.

     — Eu... eu acho que vou descansar — Dabria avisou, olhando para o caminho que estávamos tomando para ir até a ala médica — Diga ao Daimen que passarei mais tarde por lá, tínhamos combinado de ajudar nesse horário.

   Eu concordei, esperando enquanto ela voltava para a tenda pelo caminho de onde viemos. Era raro Dabria se desviar de seus planos, principalmente quando eles tinham relação com outras pessoas que necessitavam de sua ajuda.

   Eu brincava com isso, mas sabia que minha amiga se importava com os outros e por isso se doavam o máximo que podia para aqueles que não tinham forças. Já que ela tinha, porque não usar para aqueles que não tinham? Ter tocado nesse assunto a deixou sem chão e eu começava a me arrepender, pois eu toquei tão profundamente na sua ferida que ela não tinha forças e agora precisava que alguém as tivesse no seu lugar.

   Sendo assim, eu mentalmente arregacei as mangas e parti para a ala médica disposta a ajudar Daimen no lugar dela e ser essa força que ela precisava. E eu também precisava tirar a limpo o fato descoberto recentemente de que Anjos do Céu também poderiam morrer.

     — Cadê a Dabria? — Um das mulheres da ala médica perguntou, quando eu apareci na tenda sozinha.

     — Ela não estava se sentindo bem e foi descansar, mas disse que passa aqui mais tarde. — Falei, abrindo um sorriso meio que me desculpando.

     — Ai meu Deus, ela está bem? — A mulher ficou preocupada, levando a mão ensanguentada na direção do rosto sem perceber.

     — Sim, sim. Ela só precisou descansar — Disse, tentando tranquilizar a mulher antes que ela sujasse o rosto de sangue. — Eu vim tentar ajudar, se precisarem.

   A maioria das pessoas ali, homens e mulheres que tinham pacientes ao lado fingiram não ouvir essa última parte. Eu sabia que fazia muito tempo que eu não tratava ou ajudava a tratar pessoas doentes e machucadas, mas se me guiassem eu faria o melhor que podia. E eu não chegava a ser tão inútil assim, eu tinha feito um parto!

   No entanto, depois de pensar um pouco percebi que não era o medo do que eu poderia fazer errado, mas o que os preocupava era a ausência de Deb e o que a motivou a não estar ali.

     — Você pode me ajudar então — Daimen disse, aparecendo para salvar minha cara nesse momento.

   Eu sorri em agradecimento, seguindo na sua direção.

   Daimen estava tratando das crianças doentes hoje. Algumas apareciam com machucados e outras doentes. Doenças estranhas por serem de espécies com estruturas desconhecidas, mas que após algumas analises e investigações Daimen dava um jeito de resolver o problema deles. Algumas doenças até pareciam ser a reações de seus corpos por estarem tempo demais longe de casa.

   Isso me fez lembrar de Mason. As pesquisas que ele fez, ajudando as bruxas do véu e sempre sendo uma ajuda indispensável.

     — Daimen? — Chamei, assim que a última criança saiu.

   Ele estava com as roupas que veio ao acampamento, mas os papéis em suas mãos e o olhar pensativo o faziam parecer um verdadeiro médico. Eu não sabia o motivo, mas vê-lo assim me trazia uma sensação de familiaridade.

     — Hum?

     — Anjos do Céu podem morrer? — Perguntei, direta.

   Sua cabeça levantou na minha direção, confusão e desconfiança presentes no amarelo dos seus olhos que se fixaram em mim.

     — Eu não quero matar ninguém, mas... Cassandra me disse que Leandro amava uma anja e passou a odiá-la da mesma forma e eles se referiram a ela no passado. — Expliquei, não queria expor o segredo de Dabria.

     — Na verdade, em regra não morremos e muito menos temos um ponto fraco, mas houve um rumor sobre uma Anja que deixou de existir — Ele respondeu, sua voz, embora suave, era pesada por causa da intensidade do assunto.

     — Uma só? Como?

     — Ela foi morta por um dos nossos — Daimen disse, anotando algo no papel — Scott falou da última vez que alguns não recebem nome, lembra?

   Concordei, eu me lembrava de tudo que me disseram sobre eles.

     — Esses anjos não tem nome porque os nomes que recebem normalmente são denominados pela sua função — Ele explicou, concentrado — Anjo pesquisador, anjo criador, anjo explorador e assim por diante. Esses anjos tem poderes de acordo com as funções também, e são capazes de criar coisas que nenhum outro pode. Ninguém sabe qual, mas um anjo desses se tornou renegado. O motivo, desconhecido. Mas sabemos que uma de nós deixou de existir nessa mesma época.

     — Você já estava aqui quando aconteceu? — Perguntei.

     — Sim, eu já tinha caído. Mas Malia e Miles caíram depois do acontecido e nenhum dos dois sabe de algo muito além disso.

   Fiquei em silêncio, será que o anjo que matara a mãe de Deb era Leandro? Ele a amava muito de acordo com Cassandra e depois a odiou e agora ela estava morta após ter sido perseguida por alguém e Leandro carregava o nome Anjo Renegado por um motivo desconhecido.

     — Existem muitos anjos renegados?

   Eu não sabia se queria essa resposta. Todo o raciocínio que eu estava tendo dependeria dela. Se não houvesse muitos anjos renegados, então Leandro era o anjo renegado que matou a mãe de Deb, pois era dessa forma que o grupo de tia Michaele no Véu se referia a ele. Entretanto, se houvesse muitos deles, teria uma chance dele ser o anjo que matou a mãe de Dabria, mas ainda existiria a dúvida.

   Contudo, isso agora era apenas por curiosidade. O assunto desviou tanto que parecia me afastar do verdadeiro motivo de Leandro ter criando um grupo extremista. Se fosse vingança pelo amor não correspondido, não teria sentido algum já que quem ele amou estava morto.

     — Não, não há muitos deles e nunca sabemos quais se tornam anjos renegados. Só sabemos que há anjos renegados. — Ele disse, largando finalmente os papéis e se levantando — Terminamos por hoje, você pode voltar se quiser.

     — Não precisa mais da minha ajuda? — Perguntei, as horas ali o ajudando passaram tão rápido que eu nem vi que o sol estava se pondo.

     — Não, você pode ir jantar — Ele disse, afastando-se da mesa improvisada que fora usada para examinar as crianças.

   Como ele não esperou que eu pedisse que me acompanhasse e se afastou, decidi voltar sozinha para nossa tenda. Então me despedi dos "médicos" dali e voltei devagar para o lado onde as tendas ficavam. Meus pensamentos faziam festa na minha cabeça.

   Eu na verdade queria descobrir mais sobre a mãe de Dabria e o relacionamento dela com Leandro, para assim descobrir mais sobre ele. Eu sabia que ele não tinha nada a ver com a minha missão. Mason e Tia Michaele nunca me disseram para fazer alguma coisa com ele, e qual tipo de ameaça ele era, mas isso não me impedia de ser curiosa.

   Se Cassandra foi usada por ele só por um tempo e agora ele não precisava mais dela, isso só podia significar que ele podia fazer algo sozinho.

   Eu estava com medo de me fixar tanto em Cassandra e Lauren e depois descobrir que ele era a maior ameaça. Por isso tentava descobrir seus passos enquanto também atacava as outras duas que eram as minhas principais missões.

   Antes de chegar no acampamento, o que estava demorando mais do normalmente demoraria, eu ouvi um grito, não um grito de socorro, mas um grito de guerra que urrava e proclamava para que outros o seguissem. Eu, com minha curiosidade ainda ativada no máximo, lembrei que existia um grupo que não gostava muito de mim e deixei que minhas pernas e a audição me levasse até os gritos.

   Caminhei por alguns minutos antes de chegar a uma área cercada por tendas pequenas. Havia um amontoado de pessoas reunidas ao lado de uma fogueira com as chamas fortes e extremamente altas. Um homem tinha sua estatura elevada por um tronco de madeira, deixando estampado quem era o verdadeiro precursor de tudo aquilo.

     — Vocês querem mesmo colocar suas vidas nas mãos de uma pessoa que precisa de outros para se manter viva? — Ele gritou, sua voz forçada ao extremo para ser ouvida — Aquele é o nosso lar, quem ela pensa que é para se envolver na nossa guerra?

   Ah, eu tinha entrado na toca do lobo.

   Realmente os gritos pertenciam ao grupo que não gostava de mim e além disso estava tentando corromper outras pessoas.

     — Pessoas de fora devem ficar de fora, é para isso que temos um portão! Vocês não acham que deveríamos expulsar esses seres do nosso acampamento e tomarmos o Mundo da Ilusão de volta por conta própria?

   Uma boa parte deles no aglomerado gritaram em resposta, como guerreiros sendo incitados antes de partirem para uma batalha sangrenta. Mas notei que aqueles que gritavam já faziam parte do grupo e estavam ali para incitar outros, o que não estava funcionando pois as outras pessoas continuavam o que faziam sem se importarem com eles e lançando olhares de esguelha na direção deles.

   Eu não achava certo rir deles, nem muito menos achar que o que faziam era errado. Era nisso que acreditavam e pelo menos não estavam machucando ninguém.

   Além disso, o que me incomodava era que tinha tanta atividade em que eles poderiam ajudar, mas estavam ali atrapalhando aqueles que pelo menos faziam algo, era esse o motivo de receberam tantos olhos adversos.

     — Inúteis deveriam continuar onde estão e deixar que os fortes batalhem, além do mais uma mulher proteger um mundo tão grande como o nosso? Aqueles Anjos que dependam dela, nós não!

     — Você está errado e sabe disso. Você só saiu da prisão por causa daquele Anjo amigo dela — Uma criança gritou no meio daquela multidão, ao lado dela havia outras duas um pouco mais altas — Se você tinha forças o suficiente para ter o nosso Mundo de volta porque permitiu estar naquela cela por tantos anos?

     — Você, criança, não sabe o significado de um plano bem planejado — Ele disse, nitidamente com raiva por ser contrariado por uma criança — Um bom plano leva-se anos para ser elaborado e não aparece de uma hora para a outra de forma precipitada. Aquela mulher só sai por ai balançando os braços e falando palavras estranhas sem pensar direito.

   Caramba, essa doeu!

   Eu não sabia o motivo, mas ele com certeza tinha alguma coisa contra mim que ia além do fato de eu ser uma mulher que se intrometeu em assuntos que não lhe dizem respeito.

     — Ela cuidou de todos nós desde o dia em que nos tirou da prisão e você não fez nada desde que... — A criança se calou ao notar que um homem enorme se aproximava dela, os cascos e as pernas encurvadas de sátiro deixando ele ainda mais alto na frente de uma criança.

   O homem que gritava antes, desceu do tronco e se aproximou da criança, o sátiro que a amedrontou se afastou dando espaço para o outro. Ele levantou um dedo e apontou para o peito da criança.

     — Crianças são ainda mais inúteis que aquela mulher — Ele disse, olhando em volta, sorrido e esperando que os outros concordassem com ele — O que... vocês... podem... fazer, hum?

   A cada palavra dita ele cutucava a criança no peito, de início eu pensei que ele não estava fazendo com força, mas assim que disse a última palavra a criança caiu no chão com o impacto.

   Eu não podia ficar parada olhando apenas, a criança estava me protegendo e isso nem era necessário, eu confiava naqueles que eu trouxe para esse acampamento e eles não iriam me abandonar, eu acreditava neles. Mas aquele homem passou dos limites, onde já se viu empurrar uma criança com essa diferença tão grande de força?

     — Você deveria se calar enquanto os mais velhos conversam — Ele continuou falando, enquanto a criança o olhava com medo nos olhos e tremia no chão.

   Eu acelerei o passo e no momento em que ele estava a ponto de levantar o pé para acertar as pernas da criança, eu entrei na frente.

     — Ei, o que pensa que está fazendo?

     — Oh, e quem é... — Um dos seus homens se aproximou e o cutucou no ombro.

   Virei-me para ajudar a criança a levantar, sabia que o homem ia dizer exatamente quem eu era, pois seus olhos se arregalaram quando olharam para mim.

     — Ah, então a verdadeira chefe chegou — Ele disse, um olhar arrogante presente em seu rosto — E quando a senhorita vai tirar seu servos daqui para que possamos viver em paz?

     — Eles são meus amigos e eles fazem o que quiserem, quem é você para querer expulsá-los? — Falei, colocando-me na frente das crianças e nos afastando deles o suficiente.

     — Alguém que tem mais força que você, bruxinha fraca — O sorriso dele se tornou cruel — Vá embora e não se meta mais nos problemas do seres do Mundo da Ilusão.

     — Eu ouvi tudo o que você estava gritando, mas não se preocupe — Eu disse, esperando o sorriso vitorioso aparecer no seu rosto — Eu não preciso da sua permissão para fazer o que eu quero.

   Seu sorriso sumiu instantaneamente, as sobrancelhas franziram em um carraca enfurecida e ele levantou lentamente a mão no ar, fazendo uma bola brilhante e enorme, esverdeada, aparecer entre seus dedos. Ele não pensou duas vezes antes de se aproximar com aquilo na nossa direção.

   Eu pensei primeiramente nas crianças atrás de mim e me virei para protegê-las do impacto daquilo ao atingi-las, entretanto, aquilo ricocheteou e fez com que o homem fosse jogado contra a multidão formada por ele e seu grupo.

   Eu não tinha total controle sobre minhas asas, mas pelo jeito elas sabiam reagir ao perigo e graças a elas eu não estava machucada. Pelo contrário, as penas que antes pareciam macias e suaves agora estavam tão tenaz e afiadas quanto um metal amolado para cortar.

     — Sua vagabunda! — O homem gritou, levantando-se dos braços de um dos homens que o acompanhava.

   Ele fez outra bola verde daquela, mas essa girava na sua própria orbita além de brilhar mais intensamente, e claro, como os covardes que pareciam ser os homens e mulheres que o seguiam também se preparavam para atacar, todos ao mesmo tempo.

   Olhei para baixo, as crianças tremiam.

     — Vocês deveriam correr para longe daqui — Falei, notando que sempre acontecia algo quando eu queria proteger crianças.

     — Ah, quer que elas corram porque não consegue protegê-las?

   Eu pensei em responder, mas antes que eu dissesse um "A", ele correu com tudo que tinha na minha direção. Minhas asas se moveram novamente para protegerem a minha frente e das crianças, mas não foi necessário. Alguém tinha aparecido, eu senti a presença dele antes mesmo de ouvir o som dos ataques contra o grupo e ter parado aquele cara antes dele chegar perto de nós.

     — Eu sempre falo, mas você parece ter uma tara por perigo.

   Não precisava nem olha para saber quem era, só uma pessoa brincava dessa forma comigo e mesmo com as asas cobrindo a minha visão, eu sabia que era ele.

VAMOS VOTAR, VAMOS VOTAR!!! 🌟🌟🌟

Oiê serumaninhos, como estão? O que acharam do capítulo novo? Vocês também acham que a curiosidade de Atelina em relação a Leandro faz sentido, ou ela não deveria se preocupar? E esse grupo de idiotas, vão arrumar muita confusão será? O grupo de Atelina parecia estar meio dividido, mas era só impressão dela mesmo kkkk E esse final, quem vocês acham que apareceu para salvá-la e será que ele foi o único que apareceu?

Não esqueçam de VOTAR e COMENTAR.

Até o próximo capítulo!

💖💖💖

Beijinhos e beijões.

- Atelina T. L. Silva.

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