Capítulo 8 - Lágrimas

   Sentamos na praça de alimentação do shopping, Sophie aceitou ouvir o que eu tinha para dizer antes de me dar uma resposta. Entretanto, meu medo de ela chegar e dizer tudo para sua mãe para ganhar sua confiança era tão grande que eu estava revirando meu cérebro atrás de algum feitiço para apagar a memória dela caso ela me desse a resposta contraria a que eu queria. 

   Eu não podia perder essa chance, e precisava salvar aquelas espécies. 

    — O que você quer que eu faça, Atelina? — Sophie perguntou, direta — E por que fazer isso se você nem vive naquele mundo? 

    — Quando eu era mais nova e fugia de casa, eu sempre ia para aquele lugar. O Mundo da Ilusão era o refúgio de uma criança como eu e dizer que eu não vivo lá pode até ser verdade, mas quando se tem poder para alcançar algo bom e salvar aqueles que precisam o mínimo que eu posso fazer é ajudá-los. Eles foram meu lar quando eu sentia que não tinha um, foram meus amigos e eu não posso dar as costas a eles. 

   Sophie já não chorava mais, seu rosto ainda vermelho estava sério e ela parecia incrédula como se minhas palavras não bastassem. 

    — E além disso, preciso da ajuda deles para salvar os Anjos que foram mandados para o inferno. 

    — Como? — Sophie inclinou o corpo na minha direção, interessada. 

    — Eu descobri a pouco tempo que sua mãe faz parte de um grupo extremista que não liga muito para a ordem das coisas. Há um mês mais ou menos, uma bruxa que faz parte desse grupo voltou dos mortos com força suficiente para mandar anjos caídos e terrestres para o inferno enquanto roubava uma parte de suas essências angelicais. 

    — E por que minha mãe ajudaria nisso? 

    — Eu conheci sua mãe a muito tempo atrás e ela odiava a forma como o Mundo da Ilusão era regido. Então não foi uma surpresa quando descobri que ela estava liderando as fadas contra os outros seres. — Expliquei — Eu não sei para quem sua mãe está trabalhando e não vou tentar tirar essa informação de você. A única coisa que quero é que me ajude a tirá-los daquele lugar horrível. 

   Sophie ficou pensativa, mordendo os lábios com mais força do que a aconselhada. 

    — Mas se eu ajudar você... serei caçada pela minha própria mãe. 

   Essa situação era um pouco contrária no meu caso. Pois eu tinha voltado a vida para caçar e derrotar minha mãe. 

    — Sophie, sua mãe deu sua guarda para mim e eu posso oferecer segurança e uma vida longe de Falls Stay, se você quiser. 

   Seus olhos se fixaram no meu rosto. 

    — Eu tenho uma casa na Califórnia e posso deixar uma amiga cuidando de você como sua responsável enquanto eu não volto para lá, mas se aceitar ir tem que me dar a segurança de que vai a escola e não arranjará problemas para mim. 

    — Tudo isso por que você não me quer por perto? Então me deixe com a minha mãe! Assim pelo menos não vou ser deixada de lado por outra pessoa. 

    — Não! Sophie, não quero deixá-la de lado. Eu só não quero envolvê-la mais nessa guerra de espécies do que já está envolvida. — Expliquei, segurando sua mão trêmula largada na mesa. — Eu tenho um filho Sophie, e eu não o envolveria nisso se ele tivesse sua idade e pudesse oferecer outro caminho, um melhor. Eu amo ele e mesmo não tendo meu sangue, ainda é meu filho. 

   As lágrimas pareciam querer voltar aos seus pequenos olhinhos tristes e vermelhos. 

    — Estou oferecendo um caminho melhor, e aceitar ou recusar é com você. Só você sabe o que é melhor para você. 

   Soltei sua mão e endireitei minhas costas na cadeira dando espaço a ela. 

    — Não precisa escolher agora, apenas pense. E se quiser alguma coisa é só pedir que irei pagar para você, é o básico quando se chama alguém para sair. 

   Uma garçonete estava passando atrás de Sophie quando decidi que precisava comer alguma coisa com muito açúcar. Fizemos os nossos pedidos e comemos em silêncio, esse era pior que o do carro. 

    — Seu filho... você ainda vê ele? — Sophie perguntou, sua voz em um tom muito baixo. 

    — Claro que sim, apesar de que antes tínhamos pedido o contato quando não existiam celulares ou wi-fi. 

    — Você disse que ele não tem seu sangue... 

   Então após outras perguntas contei toda a história de como me tornei mãe de Luke e isso pareceu aliviar um pouco o peso que ela parecia ter nos ombros. Sophie havia rido tanto das histórias que já não tinha lágrimas de tristeza nos olhos. 

   Depois de comer andamos um pouco ao redor do shopping, olhando as vitrines e acabei comprando um celular para Sophie, assim ela podia me avisar quando tomasse uma decisão. Eu estava confiante, mas não era fácil decidir trair sua mãe e ajudar uma completa estranha. 

   Olhei o relógio na tela do celular, estava tarde e eu precisava deixá-la em casa para depois pensar no que Luke e Deb pediram. Voltar a ver todos de uma vez só na escola era como estar traindo todos eles que talvez tivesse conseguido passar pelo luto e não lembravam mais de mim, aparecer seria como jogar álcool na ferida quase cicatrizada. 

   Deixei Sophie em casa e avisei que precisava da resposta até semana que vem pois precisava preparar tudo para ela viajar. Ela não ia querer esperar Lauren ficar sabendo e acabar com todo o plano de ela ir embora. 

   Quando cheguei no apartamento, eu estava exausta. Nem parecia que eu tinha dormido na noite passada e essa noite eu provavelmente não conseguiria dormir. A ansiedade já tomava conta do meu coração e de toda minha respiração. 

   O que todos eles pensariam ao meu ver? E o meu cheiro humano, como eu posso dizer a eles que sou humana? 

   Ah, Daimen como eu queria que você estivesse aqui. 

§ § § § § 

   Olhei mais uma vez para o ponteiro dos segundos no meu relógio no pulso, eu não tinha costume de usar, mas havia feitiços que podiam salvar minha vida, caso precisasse, apenas usando o relógio. Mesmo assim eles não podiam tirar o nervosismo de mim. 

   Eu cheguei quase 1 hora antes do horário de bater o sinal e ainda estava dentro da SW4, pois não conseguia me mexer para sair do carro e entrar no prédio. 

   Cansada da sensação horrível, peguei meu celular e liguei para Luke. Queria avisar que estava mal e não iria mais... 

    — Mãe! 

   O celular voou da minha mão para o colo, Luke estava na janela do carro batendo nela para que eu abrisse. 

    — Você quer me matar de susto? — Perguntei. 

    — Não, longe disso! — Ele disse com os olhos saltando e eu me arrependi da brincadeira. 

    — Como você soube que era eu? — Tentei desvia a atenção da pergunta anterior. 

    — Eu reconheci o carro do Daimen. 

   Ter mencionado o nome de Daimen deixou a nós dois pensativos e distantes. Eu não sabia o porquê de Luke lembra de Daimen com tanto pesar, mas talvez fosse pelo fato de ele ter aparecido no meu velório com esse carro. 

    — Então, vamos entrar? — Ele perguntou e eu neguei no exato momento — Ah, mãe vamos. Estarei do seu lado o tempo todo. 

    — Mas e se... 

    — Nada de: "mas" ou "e se". Entra e descobre por si mesma — Ele disse, apoiando-se na porta do carro. — Mas eu quero perguntar uma coisa antes. Seu cheiro, mãe. Por que você cheira como um ser humano? 

    — Eu sabia que não devia ter vindo por causa disso, não quero explicar para todos o que sou agora. — Bati na minha própria testa — Quando você morre e vai para o véu, você volta a ser da espécie da qual você nasceu. Se ela for sobrenatural. E... 

    — Você é uma humana sobrenatural? 

    — Sou uma bruxa, Luke. Uma híbrida Bruxa. — Corrigi, revirando os olhos. — Eu nasci assim, e voltei a ser assim. E não posso ficar espalhando para todos que estou mais fraca do que antes. 

   Luke teve um momento de epifania antes de arregalar bem os olhos e colocar a mão sobre a boca aberta. Ele pegou o celular no bolso e digitou algo. 

    — O que foi, Luke? 

    — Acabei de perceber que colocamos você em perigo. Deb e eu não devíamos ter pedido isso a você. — Ele voltou a guardar o celular — Olha, não sairei do seu lado e se caso eu não tiver aula com você, então você fica com a Deb... 

    — Luke, está tudo bem. Eu posso me virar. 

    — Não, não pode não! — Luke ganhou uma vermelhidão estranha no rosto — Não quero ser o culpado se algo acontecer com você, mas não posso mandar você ir embora e impedir todos os seus amigos de saberem que você está aqui, viva e bem. 

   Ele tinha razão na parte de eles terem o direito de saber que estou viva, eu sentia falta de todos eles. Minha irmã também. E agora todos estavam mais próximos do que estavam há dois dias quando meu corpo estava em um lugar e minha alma em outro. 

   Eles podiam não querer se aproximarem de mim por causa do cheiro humano, mas eu precisava mostrar que estava viva. Pelo menos agora. 

    — Ok, eu entro. 

   Saltei do carro, peguei a bolsa com os cadernos de pesquisa dentro e acompanhada de Luke caminhamos até as portas duplas. Eu estava com medo, isso não dava para negar. Estava suando frio e agarrava a barra da camisa de Luke como uma criança com medo de se perder. 

    — Vamos até seu armário, pegar os livros — Luke sussurrou para mim. 

   Assenti e continuei a andar. 

   Peguei meus livros, guardei na bolsa e percebi que todos no corredor eram apenas colegas de sala, mas até mesmo eles me olhavam como se eu fosse a serial killer que tinha passado na teve na noite passada. 

    — Luke, eu quero ir ao banheiro. 

    — Deb está chegando, espere um pouco mais. 

    — Não Luke, eu realmente preciso ir. Acho que vou desmaiar com tantos olhos sobre mim. — Falei, quase implorando — Eu volto logo. 

   Antes de ouvir outra recusa, sai correndo pelo corredor, ouvindo o som das minhas botas no solo. Parei antes de atravessar a porta e olhei mais uma vez para o corredor, meus olhos encontrando outro par de olhos escuros me encarando. Esses ao contrário dos colegas de classe, pareciam completamente triste por me ver ali parada a poucos metros. 

   Ele desviou os olhos e eu aproveitei para entrar finalmente no banheiro. Lá dentro me aproximei das pias e lavei o rosto, respirando lentamente e tentando controlar o bater do meu coração. Por isso não percebi quando um vulto rapidamente apareceu no espelho. 

   Peyton tinhas olheiras sob os olhos e o rosto estava vermelho, os lábios pareciam em carne viva e a barba cobria uma grande parte do seu rosto. Ele passou a mão pelo cabelo desgrenhado e comprimiu os lábios como se estivesse prestes a chorar. 

    — Por que minha cabeça faz isso comigo? — Ele se perguntou — Por que não aceita de uma vez que ela morreu? 

   De repente ele se virou na direção da parede e a socou com a maior força que tinha abrindo um buraco entre os azulejos. 

    — Peyton, você está bem? — Perguntei, chamando a atenção dele para mim. 

    — Vai embora, vai embora! — Ele gritou, ainda sem olhar para mim — Eu não quero ver uma ilusão dela! Eu quero vê-la!

    — Peyton! — Chamei mais uma vez em vão. 

    — Cala a boca! — Ele virou rapidamente, os olhos agora vermelhos e negros com a verdadeira face de um vampiro. 

   As presas para fora em sinal de perigo e as veias sob os olhos saltadas, ele me atacaria a qualquer momento se eu não permanecer calada. 

    — Cala a boca! Ela já morreu! 

   Peyton caiu no chão de joelhos e começou a socar o chão, enquanto suas mãos achatavam e eu conseguia ouvir o som dos ossos se partindo. Com medo e assustada permaneci colada a pia, mas ele estava sofrendo bem na minha frente por pensar que eu não fosse real. Eu precisava fazer alguma coisa. 

     — Peyton... — Chamei, minha voz falhando por causa do medo — Peyton! Peyton, olha para mim! Olha para mim! 

   Então seus olhos vermelhos e negros se fixaram nos meus e eu me ajoelhei na sua frente, ainda longe por segurança. 

    — Sou eu, ok? Eu estou aqui, bem aqui na sua frente. 

   Lágrimas escorriam de ambos os rostos, e eu me senti aliviada quando a cor vermelha e preto suavizaram em seus olhos e as veias lentamente foram sumindo. Ele esticou a mão gelada na minha direção e tocou meu rosto. 

    — Por que você foi embora, Atelina? — Ele murmurou, a voz embargada. 

    — Desculpa, eu só não queria que seu irmão passasse pelo mesmo que passei sem o Nathan. Ele ia perder o único exemplo de irmão mais velho que ele tem. 

   Repentinamente Peyton avançou na minha direção, rápido demais para meus sentidos de humana e me abraçou bem forte. O medo de ser machucada pelo meu cheiro logo foi embora quando senti seu corpo finalmente relaxando entre meus braços. 

    — Atelina, Atelina! — Ouvi uma voz familiar chamar. 

   Levantei meus olhos e encontrei Deb, seus olhos cheios de alívio e lágrimas. Ela parecia cansada. Luke com certeza foi dramático ao dizer que eu podia correr perigo agora. 

    — Luke disse que algo podia acontecer com você se ficasse sozinha, então eu vim correndo — Ela explicou entre fungadas. 

    — Está tudo bem. — Sorri em consolo para Deb relaxar e voltei minha atenção ao Peyton ainda nos meus braços — Peyton, você parece cansado. Por que não vai para casa tomar um banho e dormir? Eu ainda estarei bem aqui quando você acordar. 

    — Não, não vou me afastar de você. 

    — Peyton, por favor. Preciso ver minha irmã e você realmente precisa de tudo isso que eu falei — Acariciei seu cabelo bagunçado — Estarei bem aqui. Deb e Luke estarão ao meu lado. 

   Ele se afastou de mim finalmente e apesar de gostar da barba em seu rosto preferiria que ela estivesse ali por escolha dele e não porque ele estava triste demais a ponto de não querer se barbear. 

    — Ateh, temos que ir. — Deb chamou, esticando a mão para me ajudar a levantar. — Peyton, faça o que ela disse. Depois se precisar falar com ela vá até a casa da Ally. 

   Peyton assentiu e Deb me puxou para fora, eu sabia que ela estava preocupada, mas agora que ele sabia que era eu, ele não iria me machucar. 

   Encontramos Luke no caminho do refeitório e eu quase dei meia volta. Esse era o último lugar onde eu queria ir primeiro. Os alunos esperavam o sinal aqui e todos que não sabiam que eu estava viva me veriam de uma vez só. O que aconteceria se todos agissem parecido com Peyton? 

   Mas não sobrou muito tempo para ficar pensando nas possibilidades, porque como era comum todos olharam para nós três quando atravessamos as portas duplas e o silêncio reinou no lugar. Eu pensei em sair correndo, o nervosismo parecia querer fazer meu coração pular do peito. 

    — Atelina! — Ouvi meu nome ser gritado no fundo do refeitório e ao procurar o dono vi quando Ren levantou da mesa que dividia com Laura e Kamila. 

   Seu cabelo maior do que eu me lembrava solto até o ombro e a aparência mais rústica também. Não estava tão mal quanto Peyton, mas meus olhos se encheram de lágrima e os seus azuis também. E as meninas pareciam perdidas, não sabendo o que fazer e se podiam vir na minha direção. 

   Abri um sorriso e antes de ver uma resposta Ren correu até mim abraçando minha cintura com muita força e me levantando do chão. 

    — Pequena, você está viva! — Ren murmurou — Você nos deixou tão preocupados e eu não sei os outros, mas... — Ele me soltou e se inclinou na minha direção, abrindo o sorriso galanteador e acariciando minha bochecha — como seu amigo e escudeiro fiel, eu senti sua falta. 

    — Ateh! 

   Quando fui responder Ren, tanto Laura e Kamila pularam na minha frente. Os rostos de todos já tinham um tom vermelho de choro e apesar de estar feliz por vê-los queria ver seus sorrisos. 

    — Eu também senti falta de vocês. 

   Não apertei muito o abraço para evitar que sentissem meu cheiro, mas meu guarda-costas, Luke, estava atento a isso também e começou a afastar as meninas lentamente como se estivesse apenas brincando. 

    — Sei que sentiram a falta dela, mas minha mãe também precisa respirar. 

    — O que aconteceu com você? — Ren perguntou, direto — Eu tenho certeza de que vi seu corpo naquele... 

   Deb pigarreou alto ao meu lado. 

    — Aqui não é o melhor lugar para falarmos disso, Ren — Ela explicou, séria — Atelina terá tempo para falar tudo em outro momento. 

   Todos concordaram e o clima ficou tenso. Eu sabia que estavam curiosos, mas eu ainda não sabia o que podia dizer sobre o porquê de estar aqui. Nem Deb e Luke sabiam. 

    — Como Ally está? — Perguntei, quando lembrei de casa. 

    — Ah, ela... — Kamila começou. 

    — É melhor que você mesma veja, Ateh — Deb falou, cutucando minhas costelas — Devemos ir, o sinal vai tocar e nossa primeira aula é história. 

   História. Não me lembrava quando tinha sido minha última aula na escola e nem há quanto tempo tinha visto o professor White. Eu ainda não confiava nele. Contudo, o que me preocupava verdadeiramente era que essa aula era onde todos que eu conheci antes faziam essa matéria também. 

   Caminhamos juntos até a porta da sala e vi um garoto alto e negro entrar na sala onde entraríamos acompanhado de outro de pele clara e cabelos loiros. Ambos eram novos para mim, eu não me lembrava deles. 

   Entrar na sala foi estranho, tanto quanto o refeitório e todos me viram ao mesmo tempo. Amanda me olhou pasma e Ryan ao seu lado, espantado. Dhiren e Rebekah também, os gêmeos ficaram vermelhos. 

    — Aa... Atelina? — Amanda disse meu nome como se fosse um pequeno inseto que escapou de sua mão suavemente sem que percebesse — More? 

   Apesar de querer correr e abraçá-la, eu não podia. Meu cheiro provavelmente a inundaria de uma forma atrativa e eu estaria em perigo. E Luke parecia pensar no mesmo. 

    — É você mesmo? — Ryan perguntou. 

    — Por que está escondida? — Amanda questionou, pois Luke entrava na minha frente — O que está acontecendo? Alguém pode me dizer? 

   Dabria deu um passo à frente para se prontificar a responder suas perguntas. 

    — Está tudo bem, ela está bem e viva. — Deb disse — Mas estamos tomando cuidado com os mais novos em relação a uma característica nova nela. 

   Fazia sentido, Deb e Luke eram vampiros antigos com mais de 2 séculos de vida e por isso tinham facilidade para com o meu sangue, mas pensei que todos que estivessem na escola também tivessem um bom nível de controle já que estudam em uma escola de humanos. 

    — Estão dizendo que não posso abraçar minha amiga depois que ela ficou dias... sumida? — Eu sentia a hesitação dela em trocar as palavras para que os outros não estranhassem. 

    — Claro que pode, se der a certeza de que não importa o que sentir ao tocá-la vai se segurar — Luke disse, apontando o dedo na direção de Amanda, ameaçador. 

   Ela levantou as mãos no ar e assentiu lentamente. Meu coração bateu um pouco mais forte, eu confiava na Amanda, mas tinha medo porque minha vida era bem mais frágil agora. 

   Amanda tinha os olhos marejados e os braços gelados, porém seu abraço foi acolhedor e carinhoso quase como um cobertor em dias frios. As lágrimas tocaram meus ombros expostos pelo suéter de gola baixa. 

    — More... — Sua voz dolorida me atingiu — eu não sei para onde foi, mas não vá novamente. 

    — Desculpa, More — Murmurei, tentando segurar o choro. 

    O sinal bateu alguns minutos depois e não demorou muito para o sr. White entrar na sala. Ele estava igual, bonito e mais elegante que antes e até mesmo sua expressão era mais feliz como se estivesse finalmente livre de algo. 

    — Bom dia! — Ele disse, colocando a maleta na mesa — Iremos começar um tema novo hoje. Idade Média. 

    Sentada no meu lugar seus olhos encontraram os meus e se arregalaram por frações de segundos, mas então logo em seguida brotou dos seus lábios o seu famoso sorriso que sempre me estressou. 

    — E não é verdade aquele ditado? Quem é vivo sempre aparece, não srta. Piierce? — Ele perguntou, dando a volta na mesa e se aproximando do meu lugar. 

    — É, com certeza isso faz sentido — Respondi, sorrindo de volta. 

   A aura de antes que eu sentia muito fraca nele, agora como bruxa eu conseguia sentir com uma força brutal como o fedor de algo estragado. Ele realmente era de alguma espécie sobrenatural, mas eu nunca tinha sentido esse cheiro em nenhuma espécie que conhecia, então não tinha certeza. 

    — Eu realmente pensei que estivesse morta, eu vi o mausoléu no cemitério. 

    — Realmente não era para mim — Menti, sentindo como se todos que me conhecessem ali estivessem olhando para minha mentira com olhos questionadores — É um mausoléu familiar. Vamos fazer placas com os nomes dos nossos parentes... 

   Minha mentira podia ser estranha e talvez até um pouco forçada, mas era o mínimo que eu podia fazer agora para despistar o senhor White. Ele ainda parecia ser perigoso para mim e apesar de ser professor eu não confiava nele. Não quando ele cheirava a problema. 

    — Ótimo, é ótimo que não precisaram usar aquele mausoléu para você — Ele disse, ainda sorrindo — Seja bem-vinda de volta. Qualquer dúvida sobre a matéria venha falar comigo. 

   Concordei e ele finalmente decidiu seguir com a aula. Uma parte da minha atenção estava concentrada, mas a outra metade estava em Ally. Apenas faltava ela saber que eu estava viva. 

   Eu estava com medo. Não sabia como ela reagiu a minha morte e nem como estava passando pelo luto ou se ela realmente precisou passar por ele. Deb queria que eu mesma visse, mas gostaria que alguém tivesse me dado esse spoiler como Val me deu de Daimen e Luke. 

   Nas aulas seguintes eu passei de aula em aula com Deb ao lado, não precisei seguir o plano maluco de Luke de estar sempre com ele, porque Deb e eu dividíamos o mesmo horário e como antes sempre estávamos juntas. 

   E parecendo ler meus pensamentos ela me acompanhou até a sala de Ally no intervalo do primeiro período.

ESTRELAS, ESTRELINHAS 🌟🌟🌟

OIE AMORINHAS, como estão? Espero que maravilhosamente bem!! O que acharam do capítulo novo? Esse capítulo foi um dos grandes, né? Atelina está em dúvida se vai poder contar com Sophie e descobriu qual foi a reação de todos a sua morte, não de todos, mas o pouco que vimos deu para notar que a maioria sofreu. Então o que vocês acham que vai acontecer no próximo capítulo quando ela ver Ally? E eu sei que é maçante ficar nesses reencontros, mas eles foram realmente necessários, vão descobrir o porquê nos capítulos posteriores.

Fiquem comigo, não me deixem. Se tiverem alguma crítica não esqueçam de comentar e me xingarem a vontade kkkkkk Comentem e não se esqueçam das amadas estrelas.

Amo vocês ❤️❤️❤️

Abraços gigantescos.

- Atenas.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top