Capítulo 23 - Feitiço Vermelho
O fato de Daimen não ter me dado a chance de me explicar me deixou completamente inquieta. Naquele exato momento em que ele olhou para mim com aqueles olhos de reprovação eu quis poder ler sua mente e saber o que ele estava pensando de mim, só podia ser algo ruim, tanto que ele nem quis ficar mais tempo comigo.
Mais uma vez enfiei a agulha que alimentava Luke, eu ainda estava cansada. Apesar de ter ido dormir como Peyton viu, eu não tinha descansado e uma outra preocupação havia aparecido na minha cabeça.
Se Daimen não queria mais conversar comigo sobre nossa relação e ele mesmo disse que talvez ela não devesse ter existido, então ele não iria tentar ficar comigo de novo e Peyton não precisava competir com mais ninguém. Na verdade, eu já esperava isso.
Ainda assim eu queria ver Daimen pessoalmente e conversar com ele quando saísse do inferno. Ele era importante para mim e eu não queria que nossa relação terminasse dessa forma sem pelo menos um esclarecimento da minha parte.
Ouvi o som da campainha e olhei diretamente para Peyton sentado no sofá ao canto do quarto. Ele também olhou para mim, mas enquanto eu estava confusa, ele sorria.
— Você sabe quem é? — Perguntei.
— Você deveria descer...
— Não quero ver ninguém, Luke precisa de mim aqui.
Peyton revirou os olhos e levantou indo para o corredor, provavelmente foi abrir a porta. As vezes eu sentia falta de alguns dos sentidos aguçados que os vampiros tinham, porque a falta deles me deixava completamente indefesa.
Sentei-me no sofá onde Peyton estava e observei o subir e descer do peito de Luke, era tão suave e fraco ainda. Embora estivéssemos alimentando ele, não valeria de nada se ele não acordasse para fazer por ele mesmo, pois havia uma diferença entre ser alimentado assim e ele mesmo beber o sangue, ingerindo todos os nutrientes que tinham em falta nos vampiros.
Os passos no corredor se tornaram altos e apressados como se o dono deles estivesse com medo de alguma coisa e precisasse ver para crer. Primeiro pensei em chamar a atenção de Peyton, mas eu não sabia quem estava na porta e poderia ser alguém que não estava sabendo da situação em que Luke estava.
— Peyton? — Chamei para que a pessoa desacelerasse o passo.
Meu chamado apenas fez com que a pessoa corresse mais e fiquei confusa quando uma cabeleira dourada apareceu sob o vão da porta. Dabria estava até mais bonita do que antes se isso fosse possível. Ou talvez fosse por causa dos longos dias em que eu não a via.
— Vo-você está bem? — Perguntei, minha voz falhando.
— Ah, Atelina eu estou me segurando para não socar você pelo o que fez naquela festa — Ela disse e apesar de ser uma ameaça, sua voz era gentil.
— O que faz aqui? Brian...
— Brian não determina quem são meus amigos — Ela disse, marchando na minha direção e parecia pronta para largar de mão e realizar sua vontade de me socar — E vocês Piierce são como minha família.
Quando ela chegou a dois passos de mim e levantou o braço eu realmente esperava o soco ou tapa que ela fosse me dar e não haveria problema se ela fizesse, mas Dabria me abraçou em um abraço forte de urso.
— Eu estava tão preocupada! — Falei, aliviada.
— Eu sei que estava, e obrigada por ter feito aquilo por mim — Dabria sussurrou, enquanto acariciava meu cabelo.
Dabria continuou me abraçando por longos minutos até estar satisfeita e embora eu ainda quisesse ser um pouco mais mimada por ela, eu entendi quando ela se afastou e quis saber mais sobre a situação de Luke. Com ela aqui eu me sentia mais segura para tomar decisões, eu sabia que se ela recusasse alguma coisa, deveria haver algum motivo.
Entretanto, eu não esperava que a primeira coisa que ela ia pedir seria ir com ela até o centro da cidade para fazer compras e deixar Luke sob os cuidados de Peyton. Não que eu não confiasse nele, mas eu realmente queria estar com Luke quando ele acordasse.
Mesmo assim eu não consegui ir contra os três que agora tinham os olhos vigilantes sobre mim. Todos concordavam que eu deveria descansar um pouco e desviar minha atenção dos acontecimentos da festa de anjos. E estar ao lado de Luke o tempo todo, era como ter um lembrete diário de tudo.
Então aceitei o convite e fui até a cidade com Dabria, íamos fazer compras porque Ally ainda não estava acostumada a viver com uma humana e tínhamos pouco comida desde que acabei ficando mais tempo em casa.
— O que aconteceu enquanto eu não aparecia? — Dabria perguntou, seus olhos esmeraldas curiosos, mas ansiosos caso ouvisse algo em que ela não pôde ajudar.
— Eu vi o Daimen! — Falei, as palavras saíram da minha boca sem que eu pudesse evitar — Na verdade, eu vi ele duas vezes.
Olhei para o lado e não esperava menos da sua reação. Seus olhos arregalados, a boca semiaberta e por um instante sua respiração também parou. Ela também não sabia o que dizer.
— Não nos vimos de verdade, Daimen me chamou no lugar onde os mundos se interligam e ele só apareceu para me ajudar com o feitiço para tirar os anjos do inferno — Falei, explicando tudo.
— Você... você não falou sobre a relação de vocês?
— Na primeira vez eu quis, mas ele disse que falaríamos depois. — Falei e vi um sorriso aliviado se abrindo no rosto de Deb — Na segunda vez ele já não quis nem tocar no assunto e disse que nossa relação não deveria ter começado, porque eu ainda amava o Peyton.
Dessa vez a expressão de Dabria se transformou, de aliviada para apavorada.
— E o que você acha disso? — Ela perguntou, arqueando uma sobrancelha.
— Eu não consigo aceitar que o que tivemos foi errado, mas não consigo pensar em nada para fazer ele mudar de ideia e conversar comigo sobre nós — Falei, sentindo meu coração se contraindo.
— Então que tal você manter com a ideia que concordamos antes? — Ela sugeriu, mas eu não me lembrava — Só espere, ele vai querer falar com você em algum momento e se você realmente não quer que ele te odeie vai esperar.
Dabria tinha razão e além disso eu ainda tinha que trazê-lo de volta para podermos conversar, cara a cara, sem que uma parede transparente estivesse entre nós.
Decidi fazer como ela disse e agora que eu podia desviar um pouco a atenção dela e de Luke aproveitei para enviar uma mensagem para Rebekah sobre o nome do feitiço que Daimen disse que daria certo. Ela talvez nem fosse querem usar minha ideia, porque não acreditava que eu fosse uma bruxa de verdade.
Contudo, até mesmo Val não era contra usar o feitiço. Portanto, se ela não quisesse usar esse ela precisaria sugerir outro no lugar, eu não aceitaria um não sem outro caminho.
Assim que terminamos de fazer as compras Deb parou na cafeteria. Ela me contou que evitou café por esses dias mesmo que se sentisse muito cansada e que agora que estava melhor precisava de pelo menos uma xícara. Eu até suspeitei que fosse mais um plano para me fazer ficar mais um tempo na cidade.
Por um lado, eu estava agradecida por isso e não quis ir contra então me sentei nas mesas do lado de fora enquanto ela entrou para fazer o pedido. Peguei o cardápio da mesa e comecei a ler mesmo que não estivesse prestando atenção as palavras.
— Hoje o dia parece bem quente, provavelmente não tanto quanto é a minha casa — Uma voz masculina reverberou na minha frente.
Levantei meus olhos, encontrando um cara negro sentado bem relaxado na cadeira da frente, as pernas cruzadas e os olhos escuros direcionados para o céu. Ele tinha pouca quantidade de cabelo, mas um cavanhaque bem feito e alinhado. Ele tinha um bom físico e era bonito.
— Desculpa, mas eu acho que você deve ter se sentado no lugar errado — Falei, mas ele parecia estar sentado ali há muito tempo, inclusive até mais tempo que eu porque a cadeira estava virada para a direção da rua, bem posicionada e sua postura bem descansada.
— Ah, você está me expulsando daqui? E eu pensei que você fosse ser bem receptiva com quem vem lhe entregar um presente. — Ele disse, ainda olhando para o outro lado e lentamente passando o polegar em seus lábios carnudos.
— Você me conhece?
— Piierce... — Ele disse, estalando a língua e finalmente se virando para olhar para mim — A bruxa que vai salvar os anjos... essa não é você?
— Quem é você? — Perguntei, olhando para dentro da cafeteria e procurando Deb — E como sabe sobre mim?
— Ah, entre todos os mundos existentes seu nome é bem falando, senhorita — Ele disse, abrindo um sorriso bonito de dentes brancos — E eu achei necessário ver por conta própria a pessoa que vai abrir as portas da minha casa para afastar as moscas que estão ocupando muito espaço.
Franzindo o cenho, não precisei pensar muito para saber onde os anjos estavam para serem considerados moscas e serem um inconveniente para alguém. E esse alguém estava diante dos meus olhos para me advertir pela demora.
Olhei mais uma vez para dentro da cafeteria e notei que Dabria ainda estava do mesmo jeito de quando olhei a uns minutos atrás.
— Você parece bem preocupada com sua amiga — Ele comentou, olhando para o mesmo lugar que eu — Uma híbrida de duas espécies que não deviriam existir, ela é verdadeiramente especial.
— Vo-você disse que tinha um presente para mim — Lembrei, tentando desviar sua atenção de Deb — O que é?
Ele lentamente voltou seus olhos negros na minha direção, eles eram tão escuros quantos os meus e pareciam queimar naturalmente mesmo que ele não estivesse com raiva.
— Eu poderia dizer que você ficaria me devendo uma, mas depois disso estaremos quites, não? — Ele perguntou.
Eu não entendi o que suas palavras significavam, então franzi o cenho esperando que me explicasse, mas ele somente levantou o braço no ar com a palma virada para cima e repentinamente um livro grosso e velho apareceu.
Parecia pesado e uma energia assustadora era emitida dele como se toda maldade do mundo pudesse ter sido guardada dentro daquelas páginas velhas e surradas.
— Meu presente é o feitiço que você precisa para abrir os portões da minha casa e além disso estou lhe dando permissão para fazê-lo — Ele disse, entregando o livro para mim.
— Eu fico muito agradecida por isso, mas porque está me entregando sem pedir nada em troca? — Questionei, arrependendo-me em seguida.
E se ele pegasse o livro de volta?
Segurei o livro firmemente nas minhas mãos, caso ele o pegasse de volta. Contudo, ele parecia sereno e nenhum pouco preocupado com isso, como se aproveitasse esse lindo dia de verão ele olhava para o céu mais uma vez e a postura relaxada.
— Você é uma pessoa bem questionadora, não? — Ele perguntou, sorrindo — Eu até gosto disso, mas me responda uma coisa srta. Piierce. Se o inferno fosse o lugar dos anjos porque existiriam os demônios?
O que dizia fazia sentido, mesmo assim era estranho fazer um acordo com o próprio rei do inferno sem que ele pedisse algo em troca. Muitas espécies pediam favores por pequenas ajudas ou porque ganharia algo em troca... ah, sim. Talvez fosse isso.
— Eu gostaria muito de me encontrar com a bruxa que os enviou para a minha casa sem me pedir antes. Aquelas moscas de nariz em pé só ocupam espaço e atrapalham o meu serviço. Mas não posso tocar nela já que é um espirito que pertence ao véu, até mesmo um rei tem seus limites.
— Eu sinto muito — Falei, compreensiva — Qual é o nome do feitiço?
— Eu pensei que já tivessem dito para você sobre ele — Ele disse, virando apenas a cabeça na minha direção — Você vai precisar de muito sangue, não importa do que seja. Sendo sangue o feitiço vermelho funcionará.
Feitiço vermelho? O mesmo que Daimen tinha me dito.
— Obrigada, eu não fazia ideia de onde encontrar esse feitiço. Mas como devolverei para você?
— Ele vai voltar para mim quando chegar a hora, mas a energia necessária é grande. Talvez você precise canalizar algo, já que é uma bruxa nova.
— Você sabe muito sobre mim.
— Um velho conhecido se preocupa muito com você. — Ele falou, sem olhar para mim, deixando-me curiosa — É hora de ir embora.
Ele se levantou da cadeira e eu pude finalmente analisar todo o seu porte, que era realmente alto e grande.
— Espero encontrá-la numa próxima vez srta...
— Atelina, me chame de Atelina.
Eu não gostava quando diziam muito o meu sobrenome, eu aceitava se fosse em uma situação formal e apesar de acabar de conhecer ele eu preferia permitir que me chamasse pelo nome.
— Atelina — Ele disse, como se testasse o nome — Nos veremos em breve, Atelina.
Levantei do meu lugar também quando ele esticou sua mão na minha direção, o aperto foi firme e forte.
— Quando isso acontecer, pode me chamar pelo nome e eu agradecerei pelo favor que está prestando a mim e a minha casa.
Concordei com um aceno de cabeça e observei enquanto ele atravessava a rua sem nem olhar para ambos os lados. Os sons ao redor se tornaram mais nítidos quando um caminhão se aproximou o bastante dele e sua figura sumiu no ar.
Notei finalmente que os sons não estavam nítidos antes porque o tempo tinha parado, enquanto conversávamos. Talvez ele tivesse feito isso quando percebeu que eu não parava de olhar para Deb esperando que voltasse logo, eu também esperava que ela o mandasse embora assim que chegasse se eu não conseguisse, mas acabou que não foi necessário.
Eu não conseguia acreditar que tinha conhecido o Rei do inferno.
— Ateh? — Deb chamou minha atenção.
Olhei para ela e a mesma olhava para o livro na minha mão. Meus olhos seguiram a mesma direção dos seus e eu senti uma elevação entre as páginas que eu não estava sentido antes.
Lentamente abri o livro, entre as páginas amarelas havia uma chave vermelha enferrujada e em alto relevo a palavra "Demônio" estava escrito.
— Val? — Chamei — As chaves continuam aparecendo.
Um longo minuto de silêncio passou, antes de Deb afastar a cadeira e totalmente surpresa inclinar o corpo na minha direção.
— As chaves que a vidente disse? — Dabria perguntou, suas mãos trêmulas — Por que continuam aparecendo? Você tem outras?
Eu tinha me esquecido que apenas Val sabia sobre as chaves que eu tinha e reagi normal na frente de Dabria, mas agora o fato de todas elas aparecerem para mim sem que eu fosse atrás só me deixava com mais medo. Mais essa, eu já tinha cinco das doze.
— Eu vou explicar, mas vamos embora primeiro.
Levantei rapidamente do meu lugar sem dar tempo para ela recusar e voltei para o carro, pensando em como contaria para ela. Val e eu tínhamos concordado em não fazer nada e eu ainda não faria a não ser que realmente precisasse da força das chaves.
Eu não gostava da ideia de depender da força delas, e por isso deixaria elas como uma última opção. Mas qual seria a reação de Dabria? Eu não podia adivinhar se ela ficaria a favor da chaves ou contra elas, mas apesar da sua posição eu não podia fazer nada. Elas simplesmente apareciam... e isso sempre acontecia depois de ajudar alguma das espécies que elas nomeavam.
Dentro do carro Dabria esperou que eu falasse primeiro, mas eu continuava imersa em pensamentos atrás de pensamentos desde que eu tinha conseguido mais uma chave e além disso conseguira o feitiço que iria tirar os anjos do inferno. Eu poderia começar os preparativos, porém não me sentia segura para fazer, sabendo que Luke não tinha dado sinal de vida.
Embora sobrasse pequenos vestígios de veneno em seu organismo já era para ele ter pelo menos aberto os olhos. Alguma coisa podia estar errada com ele, e eu só começaria os preparativos para os portões quando ele estivesse acordado.
— No que está pensando tanto? — Deb perguntou, olhando rapidamente para mim e voltando para a estrada.
— Eu consegui o feitiço para a abrir os portões do inferno e tirar os anjos de lá, está tudo nesse livro — falei, acariciando a capa do livro ainda assustador.
— Isso é ótimo! Quando poderemos começar?
— Val, pode dar mais uma olhada em Luke hoje? Acho que tem alguma coisa errada com ele. — Pedi, minha voz levemente pesada.
— Claro.
Assim que Dabria estacionou o carro em casa, eu ajudei a carregar as sacolas para dentro na esperança de me acalmar um pouco antes de Valentine fazer sua consulta, mas assim que as sacolas foram colocadas no balcão da cozinha um som de algo caindo veio do andar de cima.
Olhei na direção das escadas, esperando que Peyton dissesse que tinha sido ele e que estava tudo bem, mas eu não ouvi nenhuma palavra dele.
Deixando Dabria para trás na cozinha corri até o quarto, Peyton realmente estava lá ainda, entretanto era impossível que ele falasse alguma coisa com a cabeça enfiada em um dos baldes com sangue.
Eu fiquei atônita com a imagem que estava na minha frente, Luke era mais novo que Peyton, então como ele conseguia nesse momento imobilizar Peyton a ponto de não conseguir se defender?
— Luke, o que você está fazendo? — Gritei, minha voz apavorada — Vai matar ele!
Luke me ouvia, eu sabia que me ouvia pois seu rosto se contraiu apesar de ser apenas um pouco, porém ele não queria me ouvir e balançava a cabeça como se minha voz fosse uma mosca chata que não o deixava em paz. Eu queria salvá-lo e salvar ainda mais Peyton que tinha a cabeça submersa em sangue envenenado.
Contudo o fato de ser uma humana me impedia de avançar, se eu avançasse eu iria me machucar e até mesmo poderia instigar mais sua raiva.
— Dabria! — Gritei mais uma vez.
Luke realmente não gostava de ouvir minha voz aguda, porque ele finalmente largou Peyton inconsciente e avançou com a velocidade de vampiro na minha direção, a direção da voz aguda. Ele me empurrou contra a parede do corredor com os olhos negros e nublados e as veias dos olhos saltadas.
— Luke, sou eu! — Falei, minha voz trêmula — Sou a sua mãe, não se lembra?
Ele parou por alguns minutos como se pensasse nas minhas palavras, mas o som dos passos na escada chamou mais a sua atenção e ele deixou de olhar para mim.
"Atelina, ele está preso em uma memória! Ele não vai reconhecer nenhum de vocês, segure ele e olhe nos seus olhos. Luke só vai conseguir ouvir você." Ouvi a voz de Val na minha cabeça e automaticamente antes que Deb aparecesse puxei a cabeça de Luke para olhar apenas para mim.
Luke não gostou nada de ter sido puxado e forçado a ficar daquele jeito, enquanto um som mais interessante vinha na sua direção.
— Deb, se você conseguir, tire o Peyton daqui! — Eu disse, com uma voz que ela pudesse ouvir e que não incomodasse Luke.
— Você vai ficar bem? — Ela perguntou, de dentro do quarto.
— Sim, Luke é o meu menino. Eu sei que ele não vai me fazer mal, então leve Peyton e cuide do rosto dele.
— Eu vou voltar daqui a pouco. Não morra, Atelina.
Mesmo que ela não pudesse me ver eu concordei, vendo o rosto e a expressão de Luke se suavizar com a menção do meu nome.
— Mãe, cadê você? — Ele perguntou, os olhos marejados e a voz dolorida — Atelina é a minha mãe, você sabe onde ela está? Eu quero a minha mãe.
— Luke, eu estou aqui! Estou bem aqui.
"Olhe nos olhos dele quando eles voltarem ao normal e segure bem as têmporas dele. Assim você vai entrar na lembrança em que ele ficou preso."
Segui exatamente como Val me pediu e encarei os olhos âmbar de Luke quando eles aparecerem por um fração pequena de tempo, mas foi o suficiente para eu me sentir sendo sugada para dentro da sua cabeça.
"O lugar onde Luke estava preso era uma prisão, pensei no momento em que vi as grades que isso era por causa de Lauren e tudo o que ela fez a ele naquele único dia em que ele esteve sobre suas mãos.
Andei mais um pouco depois de passar pela grade e segui uma corrente no chão que se mexia as vezes. Quando cheguei ao fim, havia alguém ali e era nada mais nada menos do que uma criança, uma pequena criança suja e coberta de machucados. Seu rosto manchado tanto de sujeira quanto de lágrimas que ainda caiam.
— Mãe! — Ele chamou com a voz rouca — Mãe, não me deixe aqui! Eu quero ir para casa com você, não vou fazer nada de ruim. Mãe!
Eu não sabia o que mais doía em mim, se eram meus olhos cheios de lágrimas ou o coração. Eu sentia todo meu corpo pesado e mesmo estando na frente de Luke eu não conseguia dizer nada. Não porque eu não queria, mas porquê um pensamento louco de que a pessoa que ele estava chamando não fosse eu. Mãe.
Eu poderia ter me enganado durante todos esses dias em que ele chamou a mãe e eu respondi no lugar dela. Para mim, o fato de não ter sido criada pela minha mãe biológica me fazia crer fielmente que mãe não precisava ser realmente aquela que tinha dado a luz a mim.
Luke talvez não pensasse da mesma forma. Ele queria a mãe verdadeira.
Dei as costas para a criança no chão e com toda a força que ainda tinha dei um passo na direção que me afastaria dele. Assim que eu saísse da sua cabeça eu encontraria sua mãe e a traria aqui.
— Mãe, cadê você? — Ele chamou de novo — Ei, você conhece a minha mãe?
— Eu vou trazer ela até você — Falei, minha voz quase falhando.
— Ooobrigado, ela se chama Atelina — Ele disse, movendo-se e fazendo as correntes balançarem.
Olhei para ele de novo, agora não era mais uma criança, mas o Luke que também estava do lado de fora na minha frente. Nossos olhos se encontraram e ele finalmente parecia ter parado de chorar.
— Luke, eu estou aqui!
Com passos largos diminui a distância que existia entre nós e abracei ele no chão sem esperar que ele levantasse.
— Eu estava esperando você vir me buscar, mãe."
Meus olhos voltaram a realidade e encontraram o rosto de Luke agora mais suave e sem sinais de que seu lado vampiro que estava no controle de suas ações, mas antes que eu pudesse respirar de alívio ele tombou na minha frente e caiu no chão.
BRILHA, BRILHA ESTRELINHA 🌟🌟🌟
Oi anjinhos, tudo bem? Finalmente podemos respirar, Deb está bem, o feitiço foi encontrado e Luke acordou por alguns minutos, mas desmaiou novamente será que agora ele realmente está bem? E nosso amado Peyton, ele também está bem depois de ter sua cabeça mergulhada no balde de sangue envenenado? E nesse capítulo Atelina conheceu o Rei do inferno. Ele parece ser gente boa, não?
Não esqueçam de votar e comentar.
❤️❤️❤️
Beijinhos e beijões.
- Atel.
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