Capítulo 22 - Vampiros
As expressões de todos os vampiros no quarto ficaram espantadas, essa erva não era muito encontrada, nem muito usada desde que descobriram o efeito que tinha sobre os vampiros.
A mais ao menos dois séculos atrás, essa erva era usada para fazer todo tipo de coisa, desde comidas a itens de forja e isso apenas porque ela tinha um grande benefício para os humanos quando a usavam. Afastar os vampiros. Quando os vampiros descobriram eles queimaram grande parte das plantações dela.
Ela funcionava exatamente como o sangue de Luke fez com a pele de Peyton, queimando como ácido e a rápida cicatrização era retardada para uma cicatrização quase humana. Além disso, se usada em grande quantidade podia levar um vampiro a morte.
Por isso Valentine disse que Luke tinha sido envenenado, ele ainda tinha uma chance de viver, mas o processo seria lento e doloroso demais. Teríamos que cortá-lo de novo e de novo e alimentá-lo mais vezes do que um vampiro saudável seria alimentado para repor o sangue jogado fora e ainda sobreviver aos delírios e dores da pessoa envenenada.
— Atelina, o que vamos fazer? — Ren perguntou, sua voz expressando o que todos os outros pensavam também.
— Val, vamos ter que tirar o veneno e repor o sangue, né? — Perguntei, minha voz firme e concentrada.
— Exatamente, mas apenas você pode cortá-lo — Ela disse.
Essa parte eu já tinha entendido também, o veneno não faria efeito em mim, mas em todos os outros era realmente fatal.
— Ok, vamos... — Eu dei a volta e passei por Ally que segurou meu braço, suas mãos estavam tremendo.
— O que você vai fazer é perigoso.
— Eu sei, mas eu vou salvar a vida de Luke, ele precisa saber quem é o pai biológico e eu só vou contar quando ele estiver recuperado.
— Como? — Ela perguntou, franzindo o cenho.
— Nádia me contou quem era hoje na festa dos anjos. — Falei, sendo vaga — Eu vou contar para você também, mas não agora.
Afastei meu braço do aperto de Ally e continuei meu caminho para o banheiro do corredor para ir atrás de um balde e itens de primeiro socorro que encontrei no meu quarto. Eu estava tão concentrada em salvar Luke que tinha me esquecido de Laura e Kamila que estava em casa e eram vampiras novas e menos experientes.
Ambas esperavam na porta do meu quarto, suas presas e olhos vampirescos aparecendo prontas para me atacar, por causa do sangue que escorria ainda dos cortes feitos na festa e que não tinham fechado pois eu não parava para dar um tempo a eles.
Eu estava tão acostumada com os vampiros mais velhos que conhecia que não me lembrava que as duas era praticamente como bebês em comparação a eles. Não sabia quanto tempo tinham se transformado, mas sabia que não fazia muito tempo.
— Ally! Alguém? — Gritei, mas os passos delas vieram rapidamente na minha direção.
Fechei os olhos e esperei o ataque com as mãos na minha frente com o mesmo escudo de antes, mas Peyton apareceu acompanhado de Allyson e Ren que seguraram as duas enquanto saíamos do quarto.
Peyton só me soltou quando entramos no quarto onde Luke estava de novo.
— Como você pode cuidar de alguém sem antes cuidar dos seus próprios machucados? — Peyton questionou, sua voz se alterando.
— Eu não me lembrei! — Eu disse, engolindo o choro — Eu não me lembrei... só quero mais que tudo ver Luke bem de novo.
Abaixei a cabeça, soltando os itens que tinha na mão no chão e sem notar que Peyton se aproximava, ele me abraçou, acariciando minha cabeça como se eu fosse uma criança machucada.
Eu não quis afastá-lo, estive com tanto medo durante todo o dia no qual não quis demonstrar, que isso estava quase me afogando internamente.
— Vamos cuidar de você, ok? — Ele perguntou, sua voz carinhosa e aconchegante.
Assenti, escondendo meu rosto molhado no seu peito.
Peyton nos separou e me sentou no espaço vazio da cama, pegando a maleta de primeiros socorros e se sentando ao meu lado.
— Não pode andar pela casa sozinha enquanto você ainda tiver machucados — Ele avisou, passando o produto para desinfetar a ferida — Vou passar a noite aqui e vou pedir ao Ren para trazer roupas para Luke e para mim...
— Não precisa...
— Atelina, tem certeza de que não precisa? — Ele perguntou, mas eu sabia que estava fazendo uma pergunta retórica — Enquanto Luke estiver envenenado ele pode ter delírio e atacar você se for a única aqui e você pode se machucar.
Concordei, ele tinha razão, além de ser perigoso para vampiros ficarem perto de um vampiro envenenado também era perigoso para mim que era humana e fraca, em comparação a força deles.
— Eu também sou a favor de você não morar mais aqui depois que Luke se recuperar — Ele comentou, parecia ser uma brincadeira. Mas eu sentia que ele estava falando a verdade — Você pode ir morar com a gente depois. Nós daremos um jeito para você não ficar desconfortável.
— É porque faz total sentido sair de uma casa com três vampiras e ir para uma com três vampiros — Eu disse, sorrindo.
Peyton ficou sem palavras e seu rosto ganhou um tom rosado muito fofo por estar constrangido com a ideia idiota que ele tinha dado. Contudo, eu sabia o motivo dele ter sugerido.
— Pode ficar aqui hoje... e obrigada — Agradeci.
O vermelho em seu rosto aumentou, mas ele sorriu.
Quando terminou de limpar e enfaixar meus machucados, eu me levantei e peguei o balde. Peyton ainda estava no mesmo lugar me seguindo apenas com os olhos e esperando que eu pedisse sua ajuda.
— Val, quantos ossos Luke tem fora do lugar? — Perguntei.
— Três estão fora do lugar e os outros só podem voltar se ele não tiver mais o veneno no organismo — Ela avisou.
— Ok, Peyton vá chamar o Ren e pegue mais um balde — Pedi.
Enquanto ele não voltava, eu tirei a camisa de Luke e encontrei marcas de queimadura de ferro quente espalhadas pelo abdômen dele. Em apenas um dia, Lauren tinha machucado ele demais como se tivesse passado dias sendo torturado, eu nem podia imaginar a dor dele. Mas isso teria troco. Eu não descontaria nunca na sua filha, mas Lauren pagaria pelo o que ela fez ao meu filho.
Peyton voltou com Ren e Allyson veio junto, com o balde e uma determinação de ajudar que eu já esperava.
— Você não me deixou ajudar em nada, então estou aqui para cuidar desse menino que é tanto importante para você quanto é para mim — Ela afirmou, firme.
— Ok, então vou deixar vocês colocarem os ossos dele no lugar — Expliquei — A parte de drenar o sangue, vocês não podem ficar no quarto porque o veneno também tem um cheiro forte que faz mal a vocês.
Os três concordaram e se posicionaram, Peyton tirou os sapatos e subiu na cama segurando os ombros de Luke, enquanto Allyson se aproximou para colocar o ombro esquerdo no lugar. Entretanto, assim que Ally tocou o lugar deslocado o corpo de Luke respondeu.
— Precisam segurar ele para que ele não ataque, podem ser amigos dele, mas ele não os verá como amigos. — Valentine avisou, antes de Ally exercer mais força.
Por sorte eles também estava suspeitando que isso aconteceria, então Peyton pressionou e segurou o lado direito de Luke enquanto Ren prendia as pernas no lugar. Val ditou o que Allyson precisava fazer para que Luke sentisse menos dor e reagisse menos, mas embora ele fosse o segundo mais novo no quarto naquele momento ele respondeu as dores do seu corpo com a força de vampiro que eu nunca tinha visto nele.
Allyson quase fora jogada para o outro lado do quarto assim que empurrou o osso para o lugar certo, graças a Peyton que estava ciente do que poderia acontecer e segurou o braço dela, ainda mantendo o lado direito de Luke pressionado.
Os outros ossos estavam nas áreas inferiores e não foi tão difícil quanto o ombro deslocado, o que levou menos tempo e foi menos perigoso.
Quando os três se afastaram, ofegantes, pareciam derrotados.
— Ah, deixa esse moleque acordar que eu vou ter o troco — Allyson ameaçou.
Os outros dois concordaram com a cabeça e eu me segurei para não rir, mas estava fixamente olhando para o corpo que soltara um praguejo de alívio como se um enorme incomodo tivesse sido tirado dele.
— Vocês podem esperar lá fora — Avisei, aproximando-me com o balde — Eu vou precisar de muito sangue humano para repor o sangue que vai ser drenado.
Eles assentiram rapidamente e saíram um atrás do outro.
Peguei o canivete que Peyton tinha deixado na cômoda ao lado da cama e posicionei o braço esquerdo de Luke para fora na direção do balde.
— Ah meu bebê, eu sinto muito — Sussurrei.
— Mãe? — Ele respondeu, sua voz fraca e cheia de dor.
Eu não esperava que ele respondesse, mas se ele estivesse acordado enquanto eu drenasse seu sangue ele sentiria dor? Eu não queria isso.
— Luke, sou eu. Você está em casa, filho. — Murmurei, segurando sua mão firmemente — Você não está cansado? — Perguntei, gentilmente e ele concordou ainda de olhos fechados — Então dorme, filho. Eu ainda vou estar aqui quando você acordar.
— Verdade?
— Claro, agora dorme — Pedi, acariciando suas mãos frias.
Dez minutos depois que eu pedi que ele dormisse eu fiz o primeiro corte para ter certeza de que ele estaria dormindo. O corte ia do antebraço ao centro da palma da sua mão e o sangue desceu para o balde em abundância.
Apesar de ter pedido para que ele dormisse, seu rosto se contraiu quando passei o canivete, por isso assim que a mão estava no lugar e o sangue descia, eu me sentei no espaço vazio da cama segurando sua mão vazia e falando que estava ali para ele e que não o deixaria.
§ § § § §
Nos dias que se seguiram Luke continuou dormindo, as vezes murmurava alguma coisa como da primeira vez, mas nada muito nítido e importante. Às vezes eu pensava que ele estava sonhando com a época em que ele sumiu depois que ele veio morar comigo porque ele me chamava e pedia para que eu não o deixasse.
Então, fazendo meu papel de mãe, eu me sentava ao seu lado e segurava sua mão até que ele se acalmasse e voltasse a ficar em silêncio.
Os baldes de sangues aumentavam de quantidade e não sabíamos o que fazer com eles, por isso nenhum dos vampiros entravam no quarto durante a noite. Eu fechava as janelas por causa do frio e embora o cheiro de sangue e ferrugem fosse horrível eu ainda ficava ali dentro. Mas durante o dia com as janelas abertas Peyton vinha para dentro e me forçava a comer ou a ir tomar banho sob a supervisão de Ally enquanto ele ficava com Luke.
Entretanto, os dias se passavam e eu ainda não tinha recebido nenhuma notícia de Dabria e primeiro pensei que fosse porque Brian não estava deixando ela sozinha, então ela estava bem, mas depois comecei a pensar que como Luke ela não tinha acordado. O que me enchia de agonia.
Tentei fazer Ally ir até lá, mas como Peyton ela quase nunca deixava o meu lado e só o fazia se Peyton estivesse por perto.
— Atelina! — Peyton chamou minha atenção — Você precisa dormir, Luke vai ficar bem se você dormir agora e voltar antes de escurecer.
Eu não dormia direito há dias, apesar de estar cansada eu só precisava fechar os olhos para os acontecimentos da festa voltarem para a minha cabeça ou pensamentos como: o que poderia estar acontecendo com Luke enquanto eu dormia? Apareciam e eu não consegui fechar os olhos.
Então recusei, mas meus olhos fechavam lentamente enquanto Peyton olhava fixamente para mim para que assim que eu os fechasse ele me carregasse para o meu quarto.
As meninas não estavam em casa e não ficavam durante o dia para que eu tivesse mais liberdade para andar, mas meus machucados estavam quase fechando, logo eu poderia passar perto delas com menos preocupação. Se bem que depois da sugestão de Peyton, eu ainda pensava que realmente não poderia morar em uma casa com três vampiras.
Dito e feito, assim que fechei meus olhos contra a minha vontade Peyton me carregou para o meu quarto e eu dormi.
§ § § § §
"Quando meus olhos se abriram mais uma vez no espaço verde com o céu alaranjado sobre minha cabeça, eu não precisei de muito para me lembrar de onde estava e o que o lugar significava. Daimen estaria na minha frente mais uma vez.
Levantei do chão e corri até o muro transparente que separava os mundos onde estávamos e encontrei ele como da última vez, os cabelos castanhos, os olhos amarelos e o sorriso gentil nos lábios.
— Parece com presa — Ele disse, sorrindo.
— É que eu não o vejo há um tempo.
— E como vai o feitiço? — Ele perguntou, os olhos brilhantes de esperança.
Eu fiquei triste em ter que responder para ele que eu nem tive tempo de ir atrás do feitiço, não estava com os anjos na cabeça por enquanto e talvez eles não estivesse até que eu soubesse que Dabria estava bem e Luke também.
Olhei bem nos seus olhos e vi a expressão de se rosto mudar gradativamente e me xinguei mentalmente. Eu tinha me esquecido que não era possível esconder nenhum pensamento de Daimen quando eles fossem pensados e apesar de não querer dizer para ele isso, ele já sabia.
— O que aconteceu? — Ele questionou, dando um passo que o deixou bem na frente da parede.
Respirei fundo e coloquei meus braços na cintura, pensando e não pensando o que dizer.
— O que aconteceu com você? — Ele perguntou mais uma vez, mas agora olhava para o meu braço enfaixado com os olhos incrédulos — Você se machucou? Como, Atelina?
— Eu precisei salvar Dabria do feitiço de Cassandra e tive que fazer isso — Expliquei.
Daimen colocou as mãos na parede que nos separava, parecia prestes a avançar contra ela e finalmente chegar até mim, mas eu sabia que não tínhamos o poder de fazer isso.
— Vem até aqui e coloque sua mão contra a minha — Ele pediu.
Fiz como pediu, sentido como se um calor aconchegante e um formigamento viesse para mim através de suas mãos. Meus machucados deixaram de doer e até mesmo as dores que não tinham nada a ver com eles diminuíram um pouco.
— Eu pensei que você tivesse me chamado aqui para finalmente conversarmos — Comentei, vendo seus olhos se desviarem de mim.
— Não há nada para conversarmos, Atelina.
Minha boca lentamente se abriu, como não havia nada para conversamos?
— Vai fingir que o que aconteceu entre nós não existiu? — Perguntei.
— Talvez o que aconteceu não devesse ter existido. — Ele murmurou, tão baixo que quase não ouvi — A culpa foi minha por ter me deixado levar, sabendo que você ainda amava seu ex namorado...
— Daimen! — Chamei, mas ele não olhava para mim. — Você disse que iriamos conversar, por que mudou de ideia?
— Eu vejo que você não sente tanto minha falta — Ele disse, olhando para a palma da minha mão que "tocava" a dele apesar do vidro entre elas.
Afastei minha mão, ele aproveitou o momento para saber o que tinha acontecido comigo. Daimen sabia que eu não diria nada, principalmente que Peyton me ajudava muito e que estava me envolvendo com coisas muito perigosas, e por isso ele usou o toque para se aprofundar mais na minha mente e ver.
— Eu vou deixar você ir...
— Não! Daimen, espera!
E sem me ouvir explicar, ele simplesmente sumiu da minha frente e eu me encontrei mais uma vez sozinha naquele lugar antes de voltar para casa. "
JÁ FEZ A ESTRELINHA BRILHAR?? 🌟🌟🌟
Oi meus amores, como estão? Gostaram desse capítulo novo? Peyton parece cada vez mais próximo de Atelina enquanto Daimen a está afastando. Por que será que Daimen disse isso a Atelina sendo que antes ele disse que a ouviria? Será que ficou com ciúmes? E Luke, meu Deus, parece que a coisa só fica pior, ele foi envenenado e Atelina vai conseguir salvar ele??
Não se esqueçam de votar e de comentar. Espero vocês no próximo capítulo.
❤️❤️❤️
Beijinhos, beijinhos.
- Atelina.
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