Capítulo 19 - Vingança
Suprimi um grito, mas meus olhos não seguraram as lágrimas e minha expressão chamou a atenção dos meus amigos na porta da sala. Dabria correu na minha direção com Peyton ao seu lado.
— Luke, Luke. Ah esse é o seu nome, não? — Lauren continuou falando — Sua mãe está preocupada, não quer falar alguma coisa?
— Lauren? — Outra voz apareceu na ligação.
— Ah, parece que eu tenho visitas. — Lauren disse, sua voz alegre — Agora só falta sua mãe e sua tia para a família toda estar reunida aqui, não é pequeno Luke? Diga adeus para a sua mãe...
Outro silêncio se estendeu, Luke não queria falar. Talvez não quisesse que eu soubesse qual era a gravidade de seus ferimentos através da sua voz e por isso não ousava falar, mas sem ouvir sua voz eu ficava ainda mais aflita.
— Ah, mamãe deve estar preocupada. Que tal disser onde iremos amanhã? — Ela perguntou e eu ouvi um som seco de tapa.
— Mãe, a festa dos anjos! — Luke gritou, rápido como se sua vida dependesse daquelas palavras.
— Luke, eu vou tirar você daí... eu vou... só me espera — Pedi, minha voz rouca e embargada.
— Ah, tão fofo. Tchau, tchau Atelina.
Antes que eu pudesse dizer algo, ela desligou.
Luke tinha sido sequestrado pelo lado inimigo, eu fui tão descuidada a ponto de deixar ele ser sequestrado. Que tipo de mãe eu sou? Como eu deixei isso acontecer?
— Atelina? — Dabria chamou, segurando meu corpo rapidamente quando minhas pernas fraquejaram — Você está bem?
— Luke, ele foi...
— Nós sabemos. Íamos contar agora, só não sabíamos como — Peyton falou, seus olhos não olhavam diretamente para mim — Eu sinto muito. Luke mora comigo e eu fui descuidado... eu realmente sinto muito.
Olhei em seu rosto, lembrando vagamente de como ninguém além de Dabria sabia sobre a ameaça de Cassandra, o que significava que eu era a culpada por não avisar que talvez qualquer um que tivesse relação comigo poderia ser um alvo. Não só de Cassandra como também de Lauren.
Ah droga! O que eles iam fazer na festa dos anjos?
— Luke disse que eles estarão na festa dos anjos. Que dia é hoje? — Perguntei.
Todo ano no dia 14 de junho os anjos falsos se reuniam para comemorar o dia em que o primeiro da espécie deles nasceu. E em uma época como essa onde uma parte deles foi enviada ao inferno seria burrice colocá-los no mesmo lugar para festejar, sendo que a pessoa que os ameaçava ainda estava solta.
— Eles quem? — Dabria perguntou.
— Cassandra, Lauren. O grupo que mandou os anjos para o inferno — Expliquei, fazendo os olhos de ambos crescerem ao compreenderem o que eu estava tentando dizer. — Harley... onde está a Harley? Precisamos saber onde vai ser a festa!
Tentei me soltar dos braços de Deb para correr pela escola inteira atrás da anja falsa que eu conhecia e também era filha do líder, mas Dabria me prendeu aos seus braços e apontou para Peyton.
— Vai você atrás da Harley e descubra, vou levar Atelina para a enfermaria.
— Deb, eu estou bem — Afirmei.
Repentinamente Dabria me soltou e minhas pernas não conseguiram manter meu peso, desde o choque, mas por sorte ela sabia o que ia acontecer e ainda tinha se mantido perto o suficiente para me segurar mais uma vez. Então sem maneiras para refutar eu deixei que ela me levasse até a sala da enfermaria.
Uma vez Luke me trouxe aqui para matar aula, logo depois que descobri sobre Harley e Peyton, mas dessa vez Luke não estava ao meu lado e mesmo que tivéssemos passado anos longe um do outro, antes eu podia ter certeza de que ele estava bem. Agora meu coração doía de tanta preocupação.
— Atelina, ele vai ficar bem — Dabria murmurou ao meu lado.
Sabia que ela queria me consolar e não queria levar isso como uma mentira, mas nem mesmo ela acreditava nas suas palavras. Por isso ela murmurava. Mesmo assim eu decidi acreditar, nem que eu tivesse que ir aquela festa e esperar Lauren aparecer com Luke e lutasse para libertar ele...
Ele ia voltar, ia voltar para um lugar onde eu pudesse ver que ele estava bem e que estivesse ao meu alcance.
— Ateh, não se preocupe — Ela falou mais uma vez, só que agora dizia por causa das lágrimas que escorriam em abundancia pelo meu rosto — Vamos salvar o Luke.
Dabria se aproximou e me abraçou bem mais forte do que eu esperava, confortando-me com seu calor meio gelado de híbrida.
Quando me acalmei e cansei de esperar Peyton voltar, peguei meu celular e disquei o número de Ally, minha irmã primeiro.
— Alô — Ela respondeu no terceiro toque.
— Oi, Ally. Como você está? — Perguntei, torcendo para ouvir algo bom.
— Você se preocupando assim, o que aconteceu?
— Ah, nada. Só queria deixar avisado que talvez eu não volte para casa de novo, então não se preocupe.
Ela riu um pouco, descontraída.
— Você ainda mora naquela casa, Atelina? — Ela perguntou, ainda rindo — Sabe, eu estou tentando ligar para o Luke, mas ele não atende. Onde ele se meteu?
— Eu acho... que ele dormiu demais, deve estar na cama ainda. Depois ele liga de volta... por quê? — Menti, engolindo em seco e segurando para não chorar de novo.
— Amanhã é dia do anjo falso e eu me encontrei com a mãe... com a Nádia Anderson. Ela queria ver ele, então dei o número para que ela entrasse em contato. — Ally explicou, constrangida.
A novidade me pegou desprevenida, eu não esperava que ela viesse atrás dele depois de tanto tempo e justamente quando... isso aconteceu.
— Ah, tu-tudo bem. Ele vai ligar se quiser falar com ela — Falei, engolindo o choro — Eu vou desligar, por favor, toma cuidado. Se alguém começar a seguir você ligue para mim ou para alguém para te acompanhar, mas não ande muito sozinha.
— Atelina, você está muito estranha. Tem certeza de que nada aconteceu?
— Claro! Tchau.
Não deixei que ela me respondesse ou fizesse mais perguntas e desliguei o celular procurando o número que Harley me ligou da última vez, mas após o primeiro toque caiu direto na caixa postal. Tentei outras vezes até cansar e passar o número para Deb tentar pelo seu celular para termos certeza se ela só estava me evitando.
Entretanto, não era estranho o fato dela não atender o celular, já que amanhã seria o dia mais importante para a espécie dela e talvez estivessem se preparando para a festa que estavam planejando.
Embora muitos anjos terrestres pedissem por isso, Keilan o líder não deveria ter aceitado. Era muito arriscado. Muitos anjos iriam ser mandados para o inferno se Lauren e Cassandra realmente fossem até o local da festa. O processo era nada menos que queimá-los para pegar suas essências, então a festa se tornaria rapidamente em uma fogueira.
Mas como elas sabiam onde ir?
De repente, alguém entrou na enfermaria a porta foi aberta tão rápido que assustou tanto Deb quanto a enfermeira sentada atrás da sua escrivaninha. Pensei que era Peyton, mas o cabelo da pessoa era de um vermelho sangue repicado e eu me lembrei quem era.
— Spencer, tudo bem? — A enfermeira perguntou, tomando fôlego por causa do susto — Precisa de algo?
— Precisam de você no ginásio, parece que alguém chutou o nariz de um menino... ah, e está sangrando muito — Ela disse, lentamente e com paciência.
— Por que não disse antes?
Spencer abriu espaço para a enfermeira passar por ela, assim que ela se foi Spencer entrou na sala e fechou a porta atrás de si mesma, olhando na direção da cama em que eu estava sentada.
— Você estava procurando a Harley para saber onde é a festa dos anjos? — Ela perguntou direta, seus olhos perigosos fixos em mim.
— Como...? — Sem que eu terminasse a pergunta, ela apontou para o ouvido como se fosse óbvio a resposta. E era. — Sim, eu estou procurando a Harley.
— Eu sei onde a festa vai ser realizada, essa semana ambos os conselhos estavam muito movimentados. E pelo o que eu descobri, eles alugaram uma casa desabitada e bem escondida aqui mesma em Falls Stay e apenas os anjos terrestres sabem o lugar... — Ela disse, abrindo um sorriso mais perigoso que seu olhar — Bom, eles e eu. Mas só direi se me der um bom motivo e me deixar ir com você.
Dabria olhou para mim e eu para ela, estávamos decidindo se valia a pena contar tudo para ela e envolvê-la nessa confusão. Mas tudo isso era pela segurança de Luke, então tudo valia e depois de contar Spencer decidiria se realmente iria. Não a forçaríamos.
— Ok, mas você não precisa ir se não quiser.
— Eu determinarei isso — Ela disse — Então...
Eu comecei a contar pelo fato que todos já sabiam. Os anjos que foram enviados para o inferno e pulando as espécies tiradas da prisão contei sobre o sequestro de Luke e sobre a ligação que tinha recebido.
Spencer ouviu tudo com olhos e ouvidos atentos, ela parecia bem inteligente e o ar calmo ao seu redor validava essa ideia.
— Esse parece ser um bom motivo. Mas eu não sei, o lugar e as circunstâncias em que encontraram a casa. Eu acredito que os anjos terrestres estão sendo enganados há muito tempo e que a festa vai acontecer exatamente onde essas pessoas os levaram.
Realmente, ela era esperta e passava muito tempo com os anjos falsos para conseguir afirmar isso. Eu suspeitava que algo estava muito estranho e ela confirmou. Os anjos falsos caíram na armadilha que o grupo extremista de Cassandra e Lauren fizeram para eles.
Ninguém no conselho de anjos e vampiros sabiam as aparências desse grupo, contanto que Cassandra não aparecesse eles não suspeitariam de nada. Eles me conheciam e saberiam quem ela era ou pelo menos suspeitariam.
— Você quer disser que não quer ir até lá? — Perguntei, ansiosa.
— Claro que não. Vocês precisam de ajuda, vamos em um grupo até a casa avisar a todos sobre o que está acontecendo e tentar diminuir a quantidade de anjos que serão mandados para o inferno — Ela ditou tudo como uma lista — Chame seus amigos, os mais fortes. Não precisamos de distrações.
— Espera, você quer ir agora? — Dabria perguntou, assustada.
Eu por outro lado estava me levantando, quanto mais rápido fossemos mais cedo eu poderia encontrar e salvar Luke. Mas Deb segurou meu braço e me manteve ao seu lado, impedindo-me de calçar meus sapatos e seguir Spencer para qualquer lugar contanto que me levasse ao lado de Luke.
— Atelina não está bem para ir lá e fazer feitiços, ela...
— Deb, tudo bem — Falei, sorrindo e tentando amenizar sua preocupação — Eu realmente quero ir para ajudar o Luke.
Dabria não revidou nem disse nada, apenas abriu o caminho para que eu passasse por ela e fosse até Spencer, mas na metade enquanto andava minhas pernas travaram e eu caí no chão exatamente como tinha acontecido no cemitério quando voltei a vida.
— Vamos amanhã, ok? — Dabria sugeriu, aproximando-se de mim — Vou levar você para casa.
— Fale para o Peyton perguntar quem pode ir...
— Eu vou, mas antes vou deixar você em casa. Spencer, você pode esperar até amanhã? Nos encontramos aqui no estacionamento da escola no final do período e você nos mostra o caminho.
— Sinto muito não poder ir agora...
— Não se preocupe ainda temos algumas horas até a festa começar — Ela falou, mas eu conseguia ver nos seus olhos decepção — Só pense em descansar, você levou um choque hoje.
Spencer abriu a porta e deixou que passássemos, meu braço esquerdo ao redor do pescoço de Deb que caminhava vagarosamente pelo corredor da escola até o estacionamento. Ela ligou para Peyton assim que entrou no carro e pediu que ele perguntasse quem poderia nos ajudar.
Eu me senti inútil por um minuto e triste por não estar indo ajudar, todos tiveram que fazer uma pausa não programada por minha causa. Mas eu iria compensar no outro dia não podíamos deixar outros anjos serem mandados para o inferno ou o feitiço que Rebekah e eu faríamos teria que durar mais tempo e apesar de sermos duas não poderíamos manter por tanto tempo.
Depois que deixamos a escola, pedi que Deb me deixasse na casa de Daimen. Ela não sabia o caminho e eu realmente não queria mostrar para ninguém onde era meu porto seguro e o único lugar onde ninguém além de Daimen poderia me encontrar, mas eu disse o caminho.
Por não conseguir ficar em pé sozinha, eu precisava de ajuda para caminhar e Dabria era a única ao meu lado.
Assim que entramos no apartamento eu deitei no sofá da sala, Deb confusa olhou para o apartamento inteiro inspecionando e foi na direção da cozinha, abrindo a geladeira e os armários.
— Você esteve comendo apenas comida industrializada? — Ela perguntou, sua voz realmente incrédula.
— Eu não sei cozinha, Deb — Respondi, virando-me na sua direção — E você não precisa fazer nada...
— Eu só vou conseguir ir embora quando tiver certeza de que você comeu e foi descansar — Ela disse, enchendo uma panela de água e ligando o fogão — Você não dorme todos os dias no sofá né?
Olhei incrédula para ela e logo percebi o motivo dela ter percebido a verdade, meu edredom estava dobrado ao pé do sofá com um dos travesseiros que roubei do quarto de Daimen. Eu peguei um para não ter que pegar suas camisas, mas o cheiro do travesseiro já estava sumindo e sendo substituído pelo meu.
— Às vezes... — Menti, desviando meus olhos dela — Eu fico até tarde pesquisando e algumas vezes eu durmo aqui.
— E em que mundo você pensou que eu fosse acreditar nisso? — Ela perguntou, cortando uma cenoura rapidamente — Você não gosta de dormir no quarto porque só tem um e é o dele?
— Não, não é isso. Eu gosto de vir aqui e tem dois quartos, mas eu prefiro não deixar muito da minha presença na casa — Falei, constrangida — Daimen era gentil comigo e eu gostava do tempo que passava com ele, então quando venho aqui é como se ele ainda estivesse e isso me acalma. Então consigo seguir para o próximo passo.
— Eu não o conheci muito bem, mas ele deixou uma boa impressão no seu coração — Ela disse, abrindo um sorriso realmente orgulhosa.
Dabria conseguiu fazer uma sopa com os ingredientes que ainda tinham e fez com que eu comesse tudo, acompanhando bem perto para ter certeza de que eu comeria e depois de comer, conversei mais um pouco com ela antes de cair no sono.
§ § § § §
"Lentamente a escuridão atrás dos meus olhos se transformou em um belo verde sob mim e um laranja avermelhado sobre minha cabeça. O ar ao redor se tornou limpo e puro. Era como uma perfeita tarde de primavera.
— Atelina?
Ouvi alguém me chamar e procurei desesperada para encontrar o dono, porque eu conhecia aquela voz e sabia a quem pertencia. Meus olhos por fim se prenderam nos amarelos mais lindos que eu já tinha visto e minhas pernas automaticamente se dirigiram na sua direção.
Eu sentia uma sensação quente e acolhedora no meu coração, eu sabia que era um sonho, mas fazia tanto tempo que não via ele, parecia até que eu tinha esquecido como seu rosto era. Entretanto, eu ainda podia me lembrar dos olhos amarelos, o rosto bem marcado e o sorriso torto que ele esboçava quando brincava comigo.
Sem notar eu ainda caminhava na sua direção, mas como se houvesse um grande muro transparente entre nós, meu caminho se perdeu e eu bati nele não podendo alcançar a pessoa do outro lado.
— Não podemos nos tocar, não estamos realmente no mesmo lugar — Ele disse, explicando e sorrindo.
— Eu pensei que fosse um sonho... — Falei, tocando o lugar onde minha testa bateu e doía — Não é um sonho?
— Estamos na pequena linha que liga o mundo dos vivos com o inferno. Eu trouxe você até aqui — Daimen disse, sua expressão saindo do feliz para uma realmente séria — Eu sei que a missão de nos tirar do inferno é sua, então vim em nome dos anjos ajudar e pedir que não importa como, você precisa nos tirar daqui.
— Como pode me ajudar, Daimen? — Perguntei.
Essa não era a pergunta que eu realmente queria fazer, mas não parecia ser o momento certo.
— O nome do feitiço que você pode usar sem precisar ir até a casa onde eu levei você é "Feitiço vermelho". Com ele você pode criar uma lua de sangue que tornará essa linha entre nós mais tênue assim qualquer feitiço dirigido para os portões do inferno funcionará, mas tome cuidado.
Olhei mais uma vez para seu rosto e vi um sorriso tristonho se aflorar em seus lábios finos.
— Eu farei isso, não se preocupe. Eu não vou desistir de você...s — Falei, perdendo-me nas palavras.
— Eu sei que não. Não se sobrecarregue, Piierce — Ele disse, levantando a mão na direção da testa e me dirigindo uma piscadela.
Aquilo só poderia significar que ele estava indo embora, mas agora que tive a chance de ver ele eu queria poder falar sobre tudo, tudo que eu passei e quis que ele soubesse e que estivesse comigo.
— Daimen, espera! Eu sinto muito! — Gritei, tocando a parede entre nós — Eu realmente quero...
Com um "toc-toc" na parede, eu parei de falar. Ele sorriu, seus olhos doces me olhavam como se compreendesse o que eu estava dizendo.
— Falaremos disso depois, eu também quero conversar com você — Ele disse, sua voz baixa o que a deixava mais grossa. — Tchau, Piierce.
— Tchau, Daimen.
Então vi quando ele sumiu no ar como se fosse apenas uma poeira leve que foi levada embora para bem longe. Enquanto tudo ao meu redor se tornava preto mais uma vez, mas o que importava era que teríamos uma chance de conversar e eu para me explicar. "
JÁ FEZ A ESTRELINHA BRILHAR? 🌟🌟🌟
Oie anjinhos, como estão? Daimen apareceu, mais alguém ficou feliz com isso? Estavam com saudade desses olhos amarelos que eu sei e parece que ele vai dar uma chance para Atelina se explicar, como essa conversa vai ser em, cheias de xingamentos ou amores e carinhos? E essa mãe do Luke que apareceu tão de repente quanto o sequestro, o que ela quer com ele?
Não esqueçam do voto e dos comentários. Até o próximo capítulo.
❤️❤️❤️
Abraços quentinhos.
Amo vocês.
- Atelina T. L. Silva.
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