Capítulo 18 - Por trás dos Panos
Eu não conseguia acreditar, mesmo que ela gostasse dele o que isso tinha a ver comigo? Quando eu estava viva e estava com Daimen eu tentei demais fazer com que Peyton desistisse de nós porque eu já tinha feito o mesmo, estava bem e feliz seguindo em frente com Daimen, mas então houve a ligação.
Agora Peyton ainda queria mais uma chance ao meu lado e eu concordei comigo mesma que essa seria a última vez, ele queria competir com Daimen, mas eu não tinha certeza se Daimen iria querer ter mais alguma coisa comigo. Então talvez nem existisse uma futura competição da qual ele tivesse que participar, mas isso só iria depender de Daimen e se eu ainda sentia alguma coisa por Peyton.
E a relação que ele tinha com Rebekah, eu não tinha o direito de me intrometer, nem mesmo se eu quisesse. Se ele a queria então ficaria com ela, mas se não o resultado seria o oposto.
— Eu não sei pelo o que você está me culpado, então estou saindo — Falei, dando a volta para sair do banheiro.
Quando eu já tinha dado alguns passos para fora do banheiro senti meu cabelo ser puxado para trás com muita força, uma que eu não esperava e fazia meu coro cabeludo formigar. Como um reflexo do meu corpo, levantei meu braço acertando uma cotovelada na bochecha direita de Rebekah, fazendo ela se afastar com a mão no rosto.
— Atelina! — Ouvi a voz de Peyton me chamando e quase xinguei em voz alta.
Esse não era o melhor momento para ele ser super protetor em relação a mim.
Peyton se aproximou pelo corredor até onde estávamos e veio na minha direção, levantando a mão para ver se meu rosto estava bem.
— Você está bem?
— E eu não disse, sem olhos para mais ninguém além de você — Rebekah falou, venenosa e cobrindo o rosto.
— Rebekah, você está muito nervosa hoje. Outro dia quando você estiver mais calma nós conversamos — Falei, pois ainda pretendia pedir sua ajuda.
— Conversar? — Ela perguntou, como se não existisse tal opção — Claro, vamos conversar, sobre como você não abre mão...
— Cala a boca! — Gritei.
Eu não queria ouvir ela dizer que era culpa minha Peyton não ter desistido de mim, porque eu abri mão dele tantas vezes que tinha perdido a conta e em todas essas vezes eu me machuquei. Não era certo ela supor algo sem que ela estivesse presente nas nossas vidas durante todos esses anos.
— Eu abri mão dele, abri mão dele tantas vezes — Falei, as palavras saindo da minha boca como se eu estivesse jogando fora um ar precioso — Eu... sei que as vezes eu o segurei, mas eu abri mão sim, quando eu estava com Daimen.
— O que aconteceu? Rebekah, o que você fez a ela? — Peyton perguntou, entrando na minha frente.
— Eu? Peyton, eu não fiz nada. Olha o que ela fez comigo! — Ela gritou, a voz manhosa.
Eu queria dizer mais e explicar, mas novamente como no dia em que Cassandra ameaçou a vida de Luke, uma massa se formou na minha garganta impedindo-me de falar e até mesmo respirar era difícil.
Levantei a minha mão, tentando apenas me apoiar em Peyton e estranhando o toque repentino da minha mão ele se virou e seus olhos cresceram nas órbitas, assustado. Apontei para o meu pescoço e ele se inclinou na minha direção.
— O que foi? — Ele perguntou, sua voz preocupada — Atelina, respira! Respira!
Olhando em seus olhos escuros, eu controlei minha respiração, pouco a pouco ela foi se normalizando e eu não entendia o motivo de ter tido um ataque de pânico. Talvez porque pensei por um momento que tudo iria por água a baixo se caso Rebekah se recusasse a ajudar e todos os Anjos e espécies na prisão da Lauren sofreriam por minha causa.
Talvez, também fosse a reação do meu corpo a revelação de que ela o amava.
— Você, Rebekah, sabe de toda a história que tive com Peyton porque eu contei quando estava na sua casa e fiquei lá me escondendo dele — Falei, fazendo seus olhos crescerem.
— O que? — Peyton perguntou, confuso — Você esteve na casa da Rebekah?
— Eu me escondi lá quando você quis me encontrar, eu não sabia o que dizer para você então entrei em pânico e me escondi — Expliquei, minha voz agora mais normal do que antes — Mas depois de conversar com ela e com Dhiren por semanas, eu decidi voltar e me encontrar com você. Mas eu não o encontrei e você me mandou uma carta dizendo que não queria mais nada comigo e só queria terminar tudo o que não pôde antes.
Peyton se afastou de mim repentinamente, os olhos confusos e o cenho franzido. Ele levantou a mão e a levou a boca e depois com ambas pressionou a cabeça, ele estava reagindo ao que eu disse como se não soubesse de nada, mas a reação ainda mais estranha era a de Rebekah, seus olhos agora não estavam mais vermelhos de raiva e sim vermelhos chorosos. Ela tremia e eu não sabia o porquê.
— Eu... eu não enviei nenhuma carta — Peyton disse, finalmente — Eu não escrevi nenhuma carta.
— Mas eu recebi uma em seu nome! — Afirmei.
Peyton desviou seus olhos de mim e olhou apenas para Rebekah, eu podia sentir o sentimento de raiva que crescia naqueles olhos.
— Eu encontrei a casa dos irmãos Clark e passei a noite. Mas nenhum deles me disseram que você esteve lá e Rebekah...
Rebekah sabia para onde eu voltaria quando eu fui embora, se acontecesse de Peyton encontrar a casa deles e eu já tivesse ido embora era para ela ter me avisado ou pelo menos ter mandado ele para o mesmo lugar...
Quando Harley me disse que Peyton estava atrás de mim desde o dia em que abandonou o casamento arranjado deles eu não acreditei, não havia motivos para acreditar e agora eu sabia o motivo e quem estava realmente mentindo para mim. E não era nenhum dos dois. Era a menina que eu confiei a tarefa de guia-lo até mim, mas quando o conheceu ela se apaixonou e foi ai que decidiu nos separar.
Ela nunca pensou que ele iria continuar me procurando e que um dia tudo fosse revelado. Mesmo assim por que ela acreditaria que ele ficaria com ela se eles apenas se viram por um dia...
— Vocês dois...? — Perguntei, assim que entendi tudo.
Peyton olhou na minha direção, agora preocupado e receoso.
— Foi só uma vez e eu não estava bem — Ele disse, explicando-se.
Levei minhas mãos a cabeça, era muita coisa para pensar. Peyton nunca conseguiu chegar até mim porque a garota que eu confiei se apaixonou por ele e enquanto eu estava preocupada e ansiosa de que o encontraria a qualquer momento, ele estava com ela...
E mesmo depois de anos e de ter nos separado com uma maldita carta assim que ela me viu, fingiu que era minha amiga, sempre esperando que algo acontecesse comigo para que o caminho estivesse livre para ela. Será que até mesmo quando eu fui a sua casa com Daimen, ela estivesse pensando apenas no caminho que estaria livre?
— O que você disse para o Daimen quando o conheceu, alguma coisa daquilo foi verdade? Ou você estava apenas agradecendo porque o Peyton estaria livre?
Rebekah olhou para mim e vagarosamente sua expressão mudou, antes ela olhava com empatia para Peyton, mas para mim o olhar transmitido era de ódio e desprezo.
— Eu estava feliz de que nem meu irmão e nem Peyton estariam envolvidos com você, mas então eu não tive escolha quando ele veio até mim pedindo para ligar vocês dois — Ela falou, sua voz carregada de desdém.
— Você está envolvida com a ligação? — Questionei, não conseguindo evitar ficar de boca aberta e raciocinando os momentos em que Rebekah também poderia estar envolvida.
— O livro, na sua casa encontrei o livro da minha família.
— Era falso, você não o encontrou de novo não foi?
Ela tinha razão depois que eu li, o livro tinha sumido. Mas não fazia sentido, Tia Michaele e Mason me disseram que Cassandra queria usar a morte de Peyton para voltar e que nunca quis que eu morresse, então porque Rebekah faria a ligação se Peyton iria morrer.
— Por que fez a ligação se sabia que Peyton morreria? — Perguntei.
— Eu não sabia e não sabia também que a bruxa que falava comigo era sua mãe. Ela apenas me disse que se eu fizesse os dois feitiços Peyton seria meu. — Rebekah explicou, a voz triste por ter sido usada.
— Ah, caramba! — Exclamei — Como eu fui idiota em acreditar em uma garota de dezoito anos com os hormônios a flor da pele.
— Está dizendo que eu fui imatura? — Rebekah perguntou, ríspida.
— Não, imagina. É claro que estou! — Gritei — Quem é que bagunça toda a vida de outra pessoa, por um amor não correspondido?
Rebekah deu um passo na minha direção, ameaçadora.
— Você não sabe, e se um dia ele me correspondesse?
— E você está mesmo baseando toda a sua vida em um "e se"? — Questionei, fazendo o olha dela se intensificar.
— Você pode afirmar se não faria o mesmo? — Ela perguntou, os passos ainda vindo na minha direção — Se ele um dia me correspondesse e você sumisse da vida dele...
Antes que ela chegasse mais perto Peyton se colocou entre nós e olhando para Rebekah ele contraia os punhos cerrados.
— Vamos conversar, Rebekah — A voz dele embora estivesse baixa, eu podia sentir a raiva borbulhar em suas palavras.
— Mas... — Ela gaguejou, apontando para mim.
— Eu acho que não precisam mais de mim por aqui, eu vou ligar para o Luke e já que vai conversar com ela por favor peça a ajuda dela por mim. — Pedi, revirando os olhos e pronta para me afastar. — Eu não quero me envolver na relação de vocês.
Quando terminei de falar vi a mão de Peyton se mexer e vir na minha direção para que eu ficasse, mas eu desviei como se não tivesse visto e apenas me afastei para fora da escola. Eu não queria me envolver, mas ao mesmo tempo queria saber do que eles iriam conversar e saber por que precisava ser sem a minha presença?
Respirei fundo do lado de fora e voltei caminhando para a casa de Daimen do mesmo jeito que eu tinha ido a escola e durante o caminho eu não consegui guardar a raiva que sentia dentro de mim, deixando que as lágrimas caíssem enquanto andava.
Eu não estava com ciúmes deles por estarem juntos agora, eu só não queria que tudo tivesse ido por esse caminho. Se tudo tivesse sido mais simples e mais conclusivo, agora Peyton e eu talvez estivéssemos juntos ou separados, mas pelo menos nossa história teria tido uma continuação ou um ponto final perfeito, sem pausas e nem desvios.
Por que tudo ficou assim? Por que eu tive que hesitar quando não devia ter hesitado e encarado essas situações pronta para sentir dor, amor, felicidade ou tristeza. Tudo isso foi prorrogado por tanto tempo que parecia que estávamos doentes por causa disso.
Mas só agora eu percebi que deveria ter ouvido Peyton quando ele me chamou para conversar quando nos vimos de novo aqui em Falls Stay, eu fui tão boba em ter fugido.
Limpei as lágrimas do rosto e peguei meu celular, queria contar para alguém sobre o que eu tinha descoberto, então disquei o número de Luke.
— Esse número está desligado ou fora da área de cobertura. Deixe seu recado após o sinal. — A caixa postal atendeu — Oi, você ligou para o Luke. No momento não posso atender, então deixe seu recado que eu retorno quando puder.
Estranho, será que ainda estava dormindo? Ele dormia mais que Peyton no acampamento então provavelmente estava dormindo. E eu devia fazer o mesmo. Tinha dormido tão pouco e ainda descobri tantas coisas de uma vez só. Eu estava exausta, tanto física quanto mentalmente.
§ § § § §
Na manhã seguinte eu estava quase desistindo de ir ao colégio, eu tinha tantas faltas, então qual seria a diferença de mais algumas? Mas Deb como uma pessoa maravilhosa me enviou uma mensagem avisando que eu devia ir só mais um pouco até as férias começarem. Não faltava muito, mas o tempo lá significava menos tempo pesquisando o feitiço para abrir os portões do inferno.
Entrei no prédio do colégio, enquanto tentava ligar mais uma vez para Luke. Ele não me atendeu ontem por estar cansado provavelmente, mas era outro dia e ele ainda não estava atendendo. Eu não estava cem por cento preocupada, ainda, mas estava prestes a ficar se ele não me atendesse.
Eu estava indo direto para a primeira aula quando alguém entrou na minha frente e não saiu. Olhei para cima e encontrei os olhos claros de Rebekah, ainda raivosos e hostis.
— O que você quer? — Perguntei.
— Vou ajudar você com o feitiço dos anjos... e saiba que só estou fazendo porque Peyton me pediu pessoalmente.
— Eu sei. — Eu sorri, alegre por concluir mais uma das minhas metas — Você sabe qual feitiço poderíamos usar?
Rebekah passou a mão pelo cabelo liso e escorrido enquanto torcia os lábios, pensativa.
— Eu vou olhar nos meus livros, não precisa ir na minha casa. Se eu encontrar alguma coisa eu posso trazer até a escola. — Ela disse, ríspida.
Eu não queria mais ter nenhum tipo de contato com ela também e por conveniência só dessa vez iria pedir sua ajuda, mas depois que os anjos estivessem fora do inferno, minha relação com Rebekah deixaria de existir e eu realmente não me sentia muito triste com isso. Ela nunca acrescentou nada além de dor na minha vida.
— Ótimo, eu vou procurar também...
— Duvido que encontre alguma coisa, você não recebeu os livros da sua família, então só espere. — Ela falou antes de se afastar, balançando o quadril tantas vezes que pensei que estava deslocado.
— Que menina mais nojenta! — Val gritou do meu pescoço.
— É Val, tenho que concordar — Rimos juntas.
Quando me aproximei da sala da aula de história encontrei um aglomerado de pessoas ao redor da porta, todos era meus amigos e eles conversavam intensamente sobre algo que com certeza estava estressando todos eles. As expressões eram todas preocupadas e alguns até pareciam aflitos.
Olhei para aquilo e pensei que o foco só poderia ser eu, mas eu não tinha feito nada preocupante. Por que eu seria o foco dessa vez?
Meu celular tocou na minha mão e eu decidi atender antes de saber o que estava acontecendo. O número era desconhecido.
— Alô?
— Mãe... — Era a voz de Luke, ela estava cansada e levemente angustiada.
— Luke, eu tentei ligar para você desde ontem. Onde você está? Está na escola? — Perguntei — Você dormir demais depois de passar uma noite acordado?
Uma longa pausa se passou antes de ele me responder e a voz tinha mudado, não só de tom, pois dessa vez não era a mesma pessoa.
— "Mãe", que fofos. Assim fica difícil acreditar que vocês não têm o mesmo sangue — A voz era feminina e vagamente familiar.
— Quem é você? Por que está com ele? — Perguntei, minha voz falhando, pois, a preocupação crescia no peito.
— Ah, assim você me deixa triste. Em alguns dias já me esqueceu? — Ela perguntou, brincalhona — Você está com a minha filha e eu com o seu filho, Atelina. Então, estamos quites?
— Lauren?
— Yep, parece que sua memória não é tão ruim assim. — Ela riu, eu conseguia ouvir seus passos no chão do outro lado — Bom, eu quero minha filha de volta e os meus prisioneiros...
— Lauren, Sophie não está mais aqui. Eu a mandei embora, para a segurança dela — Falei, rápido — Eu achei que ela ficaria mais segura longe disso...
— Com que direito fez isso? Ela é minha filha! — Lauren gritou e bateu em algo do outro lado — Eu pensei que estava um passo na sua frente e que poderia pegar você depois que você voltasse para usar a biblioteca, mas quem diria... filha de bruxa sempre consegue estalar os dedos e ter o que quer.
— Lauren...
— Pena que nosso pequenino aqui não teve uma mãe bruxa por tanto tempo... — Uma pausa maior ainda, estendeu-se e o som de correntes se arrastando era o único som que eu conseguia ouvir. — Você tem alguma coisa para dizer para a sua mãe?
— Não, por favor! Não machuca ele!
Eu ouvi um grito de dor de longe como se eu estivesse no mesmo lugar que eles e o som em seguida fez meu coração se partir e parar por um momento. O som de ossos se partindo.
CADÊ MINHAS ESTRELAS, CADÊ MINHAS ESTRELAS?? 🌟🌟🌟
Oie amorinhas, como estão? Mais alguém teve um pequeno infarto com o final desse capítulo e não só o final no meio dele tivemos uma baita revelação de coisas que aconteciam que Atelina nem suspeitava? Será que esse é o fim para as chances de Peyton ter mais uma oportunidade? Ou depois disso Atelina ainda vai levar em consideração a sua proposta de olhar para ele? E o Luke, meu Deus, Lauren realmente sequestrou ele para se vingar de Atelina pelos prisioneiros, todos nós sabemos o carinho e amor de mãe que Atelina tem por Luke. Nos próximos capítulos ainda teremos mais revelações.
Até o próximo capítulo, não esqueçam os votos e os comentários.
Abraços gigantescos ❤️❤️❤️
- Atenas.
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