Capítulo 13 - Você quer mesmo uma segunda, "terceira" chance?

    — Estamos aqui.

   Lauren acompanhava Sophie. Ambas tinhas expressões complicadas em seus rostos e embora Lauren talvez não ligasse para o fato da filha ir embora, eu sabia que no coração de Sophie ela sofria.

   Peguei uma das malas de Sophie para ajudar, mas precisei que as fadas transportassem primeiro todas as malas para cima do pequeno abismo para poder ajudar realmente. Eu não queria comparar despedidas, mas em relação a minha no véu, Lauren nem abraçou a filha e apenas a observou de longe.

   Eu ficava me perguntando se me encontrar com Cassandra seria como me encontrar com uma estranha. Nenhum sentimento foi cultivado na nossa relação e sangue não era um líquido magico que criava emoções sem um esforço dos dois lados.

    — Para onde vamos, Atelina? — Sophie perguntou, quando entramos no carro.

    — Você tem um voo marcado que sai em meia hora, no caminho vou contar tudo que você precisa saber até chegar lá.

   Então durante todo o caminho expliquei como funcionaria as aulas e como a sra. Magda cuidaria dela e sem me esquecer tentei ao máximo sanar todas as dúvidas dela no aeroporto de como ela precisava agir até ela se encontrar com a secretária que a ajudaria também no meu lugar.

    — Tem alguma dúvida? — Perguntei, parada na sua frente escutando o som do embarque e desembarque que o aeroporto avisava com frases seguidas de sons.

    — Posso ligar para você? — Ela perguntou, olhando para mim com olhos brilhantes.

    — Sempre que precisar, menos dentro do avião. Desligue o celular quando entrar e só ligue quando chegar. — Falei, tentando acalmar sua expressão — E se precisar de dinheiro fale com a secretária ou comigo, ok?

   Ela assentiu segundos antes do seu voo ser avisado e meu celular apitar com uma mensagem de Luke.

   "Acordei mais cedo, onde você está? Vamos juntos para a loja. "

   Esperei Sophie entrar me despedindo dela com acenos de longe e sorrisos reconfortantes. Depois respondi a mensagem, dizendo que eu passaria em uma cafeteria antes de ir a loja porque estava com fome. Essa situação era hilária para ele, com certeza ele riu quando a leu.

   A cafeteria estava quase vazia, nesse horário a maioria das pessoas tinha algo para fazer, isso não foi ruim porque não precisei esperar muito para ser atendida e esperei meu pedido ao lado do balcão. Essa era a mesma cafeteria que estive uma vez com Amanda e conversamos, isso foi logo que voltei para Falls Stay.

    — Atelina Piierce ultimamente anda muito pensativa.

   Ouvi de uma voz ao meu lado e me virei. Peyton estava sorrindo para mim, seus olhos negros bem brilhantes e os lábios rosados esticados.

    — O que faz aqui? — Perguntei, mas eu já sabia a resposta quando lembrei que só havia contado onde estava para Luke — Ele sabe ou você...?

    — Ele tinha uma prova hoje, então sugeri vir no lugar dele.

   Assenti, mas não confiava nenhum pouco em suas palavras.

    — Quer alguma coisa? — Apontei para o balcão com comida e ele negou — Então, vamos andando assim que eu pegar meu pedido.

   A moça que me atendeu apareceu logo depois com o café e dois pedaços de torta em um isopor colorido com o logotipo da cafeteria no topo. Peyton levantou uma sobrancelha depois que viu minhas mãos cheias.

    — Vai conseguir mesmo comer e beber enquanto vamos andando para a loja?

    — Claro! — Respondi, mentindo porque estava mais do que óbvio que eu não conseguiria. Mas eu podia comer quando chegássemos na outra loja.

   Ele riu, colocando um dedo curvado sob os lábios e em seguida avançando na minha direção, tirando das minhas mãos ambos os itens que eu segurava.

    — Peyton, eu posso levar.

    — Eu não disse o contrário, mas... iremos sentar lá fora.

   Deixei que fosse na frente, enquanto seguia atrás com um olhar ansioso ao me lembrar da declaração que me fizera ontem na escola. Ele escolheu o lugar e me sentei na sua frente, prestando total atenção no que colocava na boca.

   O ambiente ao nosso redor fazia mais barulho do que o espaço entre nós dois, eu não evitaria falar com ele, mas me sentia envergonhada na sua frente como se todas as minhas atitudes estivessem sendo vistas por ele. Embora ele parecesse bem e nenhum pouco nervoso, isso não me deixava aliviada.

    — O que vamos comprar? — Ele perguntou, quebrando o silêncio.

    — Eu preciso dos artigos de sobrevivência para as pessoas que irei soltar, eles não vão ter lugar para ficar. Então terão que acampar. — Eu disse, tentando me lembrar dos itens que precisava. — Eu não sou muito de acampar, não sei o que preciso levar.

   Peyton se inclinou sobre a mesa na minha direção, pegando meu copo de café e tomando um gole sem pedir permissão.

    — Quantos são?

   Falei tudo que precisava para ele enquanto comia e ele aproveitou para fazer contas e assim Peyton fez uma lista ali mesmo na frente do café. Incluindo a comida que faríamos para eles assim que estivessem soltos.

   Enquanto ouvia o que ele falava sozinho meu celular tocou mais algumas vezes com o mesmo número desconhecido de antes e acabei atendendo por causa da insistência.

    — Alô?

    — Atelina, é a Harley Hannigan. — Ela falou, causando em mim uma expressão espantada — Eu não estou ligando por motivos pessoais, meu pai gostaria de falar com você sobre os Anjos Terrestres.

    — O que? Por quê?

    — Ele vai explicar melhor do que eu, então se não estiver ocupada ele gostaria de ir até você agora. — O tom da sua voz era de preocupação e isso era raro de se ouvir e tornava a situação ainda mais curiosa.

    — Eu estou na cafeteria Leys no centro, mas não tenho muito tempo...

    — Estaremos aí em um instante. — Ela disse, antes de eu terminar minha frase.

   Harley desligou e eu ainda estava espantada com as emoções presentes na sua voz, inclusive a seriedade que ela insistiu em manter.

   Olhei para Peyton percebendo que ele me encarava confuso, ele com certeza ouviu a conversa com sua audição de vampiro e sabia o que estava acontecendo. Mas minha visão deixou de focar em Peyton quando um carro negro como a noite apareceu na rua e estacionou na frente do café.

   A porta da frente se abriu e um homem vestindo um terno desceu abrindo a porta de trás para Harley sair do carro, enquanto um homem mais velho saía do outro lado.

   Harley não se parecia muito com seu pai, mas os cabelos loiros e olhos eram muito parecidos e apesar de ter uma estatura mediana ela era bem menor que Keilan, líder dos anjos terrestres. Era a primeira vez que eu via os dois juntos, um ao lado do outro.

    — Bom dia, srta. Piierce e sr. Campbell — Keilan disse ao se aproximar, interrompendo minha comparação entre eles.

   Levantei-me ao mesmo tempo que Peyton e ambos constrangidos com a rapidez em que ele apareceu o cumprimentamos com um aceno de cabeça.

    — Sinto em atrapalhar seu café da manhã, Harley disse que não estava ocupada. — Ele comentou, lançando um olhar de advertência a filha.

     — Não, eu não estou ocupada. Não foi erro dela, eu só tenho esse momento para falar com o senhor. Estarei ocupada futuramente.

    — Entendi, obrigado por aceitar me ver.

   Como a situação e o fato de querer falar comigo eram muito curiosos, eu não pude dizer não, pensei.

   Assenti e apontei para a cadeira a minha frente, onde Peyton estava sentado, mas se afastara no momento em que percebeu que Keilan deveria se sentar ali. Agradeci mentalmente por isso.

    — O que o senhor gostaria de falar comigo? — Perguntei.

   Ele se acomodou na cadeira e Harley ao meu lado esquerdo, prestando total atenção também.

    — Eu soube que a senhorita esteve no véu... — Ele começou falando, sendo vago para que eu confirmasse.

    — Está certo, eu estive...

    — O que aconteceu por lá para que voltasse? Isso tem alguma coisa a ver com os anjos que foram mandados ao inferno por uma bruxa?

   Keilan não era devagar, ele havia raciocinado tudo apenas observando e analisando e estava na minha frente perguntando apenas para que eu afirmasse seus pensamentos. Cassandra tinha mexido com os seus anjos, seu povo e ele não podia ficar parado.

    — Sim, minha volta tem algo a ver com os anjos. Eu estou aqui exatamente para manter o equilíbrio das espécies que foram bagunçadas por causa de um grupo extremista de bruxas que pertenciam ao véu.

    — Isso parece importante, a senhorita não pensou que fosse muito para você?

   Encarei seus olhos e vi ali uma crítica, uma que não tinha visto nos olhos de ninguém além de Mason. Embora a crítica de Mason fosse principalmente por causa da minha segurança, a de Keilan era exatamente o que parecia. Ele não acreditava que uma pessoa como eu fosse capaz de conseguir resolver tudo isso, o problema, para ele, era demais para mim.

   Claro, ele não estava errado de desconfiar já que eu tinha me tornado bruxa apenas há alguns dias, mas ele não podia me criticar por estar tentando. Ninguém estava fazendo nada e eu tinha me comprometido a fazer.

    — Eu sinto muito se não pareço capaz, mas eu garanto que não irei decepcionar em relação aos Anjos Terres...

    — Não se preocupe com eles, tenho um clã de bruxas que trabalha para mim e elas irão resolver isso. — Ele disse, o tom de voz sarcástico que eu sentia estar zombando de mim.

   Eu não tinha mais nada para dizer. Não bateria boca com ele. Olhei para o lado e vi que Peyton tinha a expressão que eu queria estar tendo, mas eu me segurei e permaneci com a minha congelada no lugar.

    — Senhor, eu não quero me intrometer, mas...

    — Então não se intrometa, Campbell.

    — Não tem como eu evitar, ela está de volta colocando a vida dela em perigo mais uma vez não para salvar apenas os anjos terrestres, mas todas as espécies prejudicadas. O senhor não pode dar pelo menos apoio?

   Segurei a mão de Peyton que estava mais próxima de mim e ele desviou a atenção de Keilan, seus olhos queimavam de raiva e outro sentimento impossível de decifrar.

    — Ela deveria estar agradecida por eu estar tirando essa obrigação das costas dela. E você deveria fazer como disse... e não se intrometer — Keilan falou, sua voz se tornando agressiva agora.

    — Então veio aqui apenas para...

    — Apenas para avisar que não precisa se envolver em salvar os Anjos Terrestres, eu cuidarei disso.

   Ele se levantou ficou bem mais alto do que eu tinha reparado antes e eu sabia que não era porque ele tinha crescido enquanto estava sentado, mas porque ele tinha me colocado lá em baixo desvalorizando todo o esforço que eu já tinha começado a dar à missão.

    Respirei fundo, soltei a mão de Peyton e me levantei também. Eu tinha abaixado demais a minha cabeça para esses líderes que desvalorizavam as outras espécies apenas por não ser a sua própria e eu estava cansada. Fui presa a espécie dele, fui presa a espécie de vampiros e a liberdade que eu tanto quis nunca existiu em nenhuma delas.

   E dessa vez sendo a hibrida que nasci, eu iria mostrar para ele que eu podia sim, salvar todas as espécies mesmo não pertencendo a nenhuma delas.

   Abri meu melhor sorriso, olhando bem no fundo daqueles olhos azuis.

    — Tudo bem, não me envolverei com vocês — Falei, mantendo a voz neutra — Vamos, Peyton. Temos um trabalho para fazer, por favor senhor tenha um bom dia e um bom dia do Anjo Falso.

   Peguei meu café e sem esperar para ver a reação dele ao apelido que sua espécie tinha aos olhos de outras espécies, sai de perto indo na direção da loja de departamento. Peyton seguiu logo atrás.

   Todos os anjos falsos odiavam serem chamados de falsos, porque acreditavam que eram tão bons quantos os anjos do céu. Mas eram apenas uma versão invejosa. Criada a partir da inveja de um homem por ser traído ao ser trocado por um Anjo Caído e depois ele seduziu uma bruxa para criar para ele o primeiro anjo terrestre vindo do ventre dela com ele. 

   O nascimento do primeiro anjo falso era comemorado todos os anos não só como aniversário, mas também como o nascimento de uma espécie inteira.

   Peyton e eu entramos na loja de departamento de equipamentos esportivos e fomos atrás de todos os itens que estavam na lista que ele fez mais cedo no café. Segui ele a maior parte do tempo por não conhecer os equipamentos e ele quis me ajudar a pagar, mas eu recusei.

   Apesar de ser caro tudo o que estávamos levando, eu ainda podia lidar com isso graças aos anos em que guardei dinheiro.

   As compras levaram mais tempo do que eu pensava e assim que colocamos tudo dentro do carro dirigi até a casa da Dabria onde Luke iria com o carro de Peyton para dividirmos as coisas. Peyton deu um jeito de caber tudo no Jeep, mas eu não estava confiante de que tudo ficaria inteiro até chegarmos no nosso destino.

   Deb estava sentada nos degraus da varanda da casa esperando com sua mochila pronta e Luke também, encostado na pilastra da casa conversando com ela. Buzinei quando estacionei.

    — Todos prontos? — Perguntei.

    — Luke me contou que você quer soltar criminosos — Deb comentou, esperando uma explicação.

    — Não são criminosos, eu já disse que são injustiçados. Vou explicar no lugar onde escolhi, eu preciso de tempo para fazer o feitiço então não podemos demorar.

   Ouvindo o meu apelo todos se moveram rapidamente para dividir os equipamentos entre os carros de Peyton e o Jeep de Daimen e depois com Deb ao meu lado fui até a saída de Falls Stay e dessa vez não estacionei no acostamento de terra na entrada da floresta.

   Segui com o Jeep para dentro do mato e só parei quando a estrada não era mais visível. Dabria abriu a boca espantada e pronta para perguntar, mas ela evitou e permaneceu quieta, apenas esperando.

   Quando parei e desci todos me olhavam como se eu fosse louca, mas tudo fazia parte do plano.

    — Carreguem apenas as mochilas agora, vou mostrar onde fica o lugar primeiro. — Avisei, quando vi que Peyton estava por abrir o porta-malas.

   Então começamos a caminhar na direção do lugar onde eu tinha deixado o primeiro espelho e lembrei o tamanho dele. Graças a Val eu peguei mais alguns por precaução e lembrei que alguém precisava buscar a vidente. Então três dos meus amigos precisariam entrar lá dentro. 

   Isso ia drenar muito da minha energia, mas eu não daria para trás. Keilan esperava que eu fizesse isso e eu não faria isso nem que eu usasse meu último fio de magia essa noite. Eu libertaria aquelas espécies hoje como eu disse que faria.

   Depois de passar o lugar onde a casa dos meus pais ficava andamos um pouco mais e encontrei o espelho escondido entre algumas folhas secas.

    — Pronto, aqui será o lugar onde acamparemos juntos com as fênix e thunderbirds que soltarei essa noite. — Falei, prestando a atenção nas expressões deles.

   A mais estranha foi a de Dabria, talvez Luke e Peyton não conhecessem essas espécies como Deb e eu e por isso a expressão dela foi completamente estranha.

    — Os criminosos que Luke disse...

    — As fadas dominaram o mundo da ilusão e estão mantendo as outras espécies presas. — Expliquei — Eu sei que eles devem resolver isso sozinhos e que eu não faço parte desse mundo, mas eles também foram atingidos pelo grupo extremista do véu e faz parte da minha missão.

    — Isso não é perigoso? — Deb perguntou.

    — Vamos tomar cuidado! — Afirmei — Eu realmente preciso da ajuda de vocês.

   Dabria ainda tinha um pé atrás, mas eu conhecia ela e entre deixar fazermos sem a sua ajudar e tudo dar errado ela com certeza preferia ajudar e garantir que desse certo, por isso ela precisava estar aqui.

    — O que temos que fazer, mãe? — Luke perguntou.

    — Vamos montar o acampamento...

    — Atelina, você precisa canalizar. Quanto mais tempo canalizando melhor — Val falou do nada, assustando Peyton e Luke que não sabiam da sua existência.

    — Eu não posso nem mesmo pegar algumas coisas?

    — Quanto mais tempo melhor, foi o que ela falou. Então você vai fazer isso — Deb tomou partido ao lado de Valentine. — Não se preocupe, vamos montar o acampamento.

    — Mas que merda, o que foi isso? — Luke gritou, confuso.

   Deb segurou seu braço e o arrastou de volta ao carro com Peyton, também confuso.

   Com duas árvores na minha visão e próximas fiz o círculo ao meio com um graveto primeiro e em seguida usando um tipo de areia branca que Val me ajudou a escolher para fazer um pentagrama mais permanente. Tirei as velas da bolsa colocando nos cinco pontos e posicionando os espelhos apoiados nos troncos.

   Entrei no círculo e me sentei ao centro com outras duas velas na minha frente, um recipiente e minha bolsa com os itens para aumentar minha energia espiritual e canalizar melhor. Acendi um incenso de sálvia e espalhei a fumaça no ar respirando fundo e fechando os olhos enquanto ouvia eles montando o acampamento.

   Quando o sol já não estava presente no céu, eu abri meus olhos e dei uma olhada no acampamento e na fogueira preparada para fazer a sopa que Deb estava, preparando com muito vigor. 

    — Então, mãe. O que mais precisamos fazer? 

    — Deb, você está pronta? — Perguntei, vendo ela se afastar do grande caldeirão de sopa. — Vou mandar você primeiro, você vai com a Valentine ela vai mostrar a direção da cela onde uma vidente ruiva estará. Como você é mais cuidadosa você vai trazê-la, provavelmente ela estará machucada. 

BRILHA, BRILHA ESTRELINHA 🌟🌟🌟

Oiê anjinhos, como estão? Espero que maravilhosamente bem. Nesse capítulo vemos como as pessoas de fora que não a conhecem direito não acreditam na sua capacidade de lidar com essa missão. Keilan foi direto demais e eu super concordo com o que Peyton disse. Ela só precisava de apoio. Será que ele ainda vai mudar de ideia ou vai continuar sendo um chatoooo? E quanto ao amigos dela ajudando nessa parte complicada onde ela vai invadir a prisão de Lauren?? O que esperam para o próximo capítulo??

Comentem teóricas, deixem seus preciosos votos e eu vejo vocês na próxima semana!!!!

❤️❤️❤️

Beijos e abraços.

- Atenas.

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