Capítulo 12 - Uma Proposta
— Atelina, como está? — Ouvi uma voz perguntar de longe enquanto uma colega de sala se aproximava.
Eu tinha chegado na escola mais cedo e o corredor estava salpicado de pessoas que eu via com pouco frequência.
— Estou bem, Lili — respondi, não perguntando de volta para cortar a conversa antes que ela me perguntasse onde estive durante os dias em que não vim a escola.
— O que...
Meu celular começou a tocar e o código de área da Califórnia no qual eu estava familiarizada apareceu na tela. Esse era o motivo de eu ter acordado cedo. Ontem após chegar da cadeia de Lauren mandei um e-mail para a mulher que ficou de cuidar da minha casa lá, dizendo que eu mandaria uma sobrinha para estudar.
— Ah, sinto muito. É uma ligação importante — Falei, afastando-me para o banheiro feminino — Alô, Magda.
— Srta. Piierce, há quanto tempo.
— Só se passaram alguns meses, nem faz tanto tempo assim — Rimos para descontrair — A senhora recebeu meu e-mail, mas creio que esqueci de mencionar que pelo serviço a senhora será paga. Minha secretária acrescentará um cheque no final de cada mês separado de seu pagamento, com o valor exato.
— Ah, muito obrigada. Mas isso só por cuidar de uma garotinha? Não se preocupe cuido dela com prazer, minha filha pode até fazer amizade com ela.
— Que bom ouvir isso, mas só para avisar. Sophie pode ser um pouco difícil, ela não é acostumada a conviver com pessoas desconhecidas ou da mesma idade dela.
Larguei minha bolsa sobre o balcão da pia e olhei para o meu reflexo enquanto falava. Minha pele mais corada do que seria quando eu era vampira.
— Ah pode deixar, ela vai gostar muito da nossa convivência.
— Ótimo, obrigada mais uma vez.
Desliguei, lavando meu rosto com a água morna, eu odiava acordar cedo, mas precisava fazer alguns sacrifícios pelos meus planos. Levantei meu rosto assustada com o reflexo repentino atrás de mim.
— Peyton? — Perguntei, confusa.
Essa não era a primeira vez que me seguia até o banheiro, mas pelo fato de que da última vez a situação entre nós não estava nenhum pouco boa, eu me ressentia do que poderia acontecer agora.
— Você está bem?
Olhei para trás e dei uma boa conferida na sua aparência para ver se tinha alguma anormalidade que me avisasse o estado em que ele estava. Assim eu saberia se ele estava bem ou com raiva. Mas enquanto olhava lembrei que antes do meu aniversário Peyton foi a minha casa e eu não tinha encontrado um bom momento para perguntar o porquê.
— Peyton, o que você foi fazer na minha casa sábado?
Ele finalmente levantou os olhos e olhou para mim, a visão tão focada que fez arrepios passarem pelo meu corpo. Peyton pressionou os lábios em uma expressão frustrada e cerrou os punhos.
— Eu... sinto muito — Ele sussurrou, tão baixo que eu quase não ouvi — Eu sinto muito! — Peyton disse mais alto para ter certeza de que seria ouvido.
— Pelo que você sente muito?
— Se não fosse por mim você não teria morrido no meu lugar e voltado com uma missão tão perigosa sobre seus ombros. Talvez, também, ainda tivesse seu... anjo.
Ele estava colocando toda a culpa sobre ele e embora fosse difícil citar Daimen, ele o fez.
— A culpa não é sua Peyton, talvez Cassandra usasse outra pessoa próxima a mim da mesma forma e eu teria salvado meus amigos.
— Então, não fez por mim? — Peyton perguntou, a voz quase chorosa.
— Sim, mas faria pelos outros que amo também.
Peyton deu um passo na minha direção, mas pensou melhor e deu a volta passando as mãos desesperado pelo cabelo. Seus olhos queimando por algo indescritível.
— Eu não queria fazer a ligação, sinto que ter feito apenas fez o seu ódio por mim ficar maior. Mas eu só queria você de volta como já fomos antes.
— Eu sei, Peyton.
E eu realmente sabia. Porque quando estava perto de perdoá-lo a única coisa que eu queria era realmente voltar a ser o que fomos durante aquele ano caloroso que passamos juntos em uma pequena casa afastada da cidade. Foram dias tão carinhosos e afetuosos que eu não consegui acreditar quando ele simplesmente sumiu.
Eu o quis de volta antes, mas depois de tudo o que passamos parecia que não deveríamos ficar juntos e eu conheci Daimen.
— Mas eu não odeio você.
Seus olhos me encararam e seus passos pelo banheiro pararam. Seu olhar era desafiador e ardente, fixado em mim e eu sentia que aquilo era perigoso. Eu quis me afastar com medo do que poderia acontecer, mas eu já estava encostada nas pias.
Peyton avançou na minha direção com tudo que tinha e comigo entre seus braços ele me beijou profundamente e ao mesmo tempo lento e suave. Saber que eu era humana agora fazia com que ele se segurasse, mas mesmo assim a intensidade do beijo não foi diminuída.
Suas mãos passeando sobre minha pele deixaram rastros quente que pareciam queimar apesar da pele dele ser gelada como a de um cadáver. Um sentimento desconhecido se aflorou no meu peito e decidi fechar meus olhos e permitir que me beijasse, enquanto seus lábios molhados e quentes tocavam os meus.
Por um momento pareceu ser certo e eu havia aceitado tanto o beijo quanto o sentimento que ele trazia junto abrindo lentamente minha boca para deixar que sua língua entrasse, porém assim que sua mão me segurou no alto de forma rude e me colocou sobre a pia a ideia de certo mudou drasticamente.
Peyton desceu sua boca para meu pescoço, mordiscando minha pele, seus dedos tocando a barra da minha camiseta...
— Peyton... — Chamei, mas ele não me escutou — Peyton, não podemos!
Por fim ele parou, ainda se mantendo na minha frente. A respiração ofegante, tocando meu pescoço enquanto nenhum de nós falava nada.
— Por que? — Ele murmurou próximo à minha orelha — Por que não?
— Eu ainda não resolvi tudo com Daimen e não acho certo, sair com outra pessoa até... — Antes de terminar a frase minha voz morreu.
Eu não tinha certeza se queria resolver meu relacionamento com Daimen, eu sentia a falta dele, mas só conseguia me lembrar dos seus olhos amarelos e dos momentos que passamos juntos. E Peyton estava na minha frente tão real quanto qualquer outro objeto. Eu podia tocar, podia sentir, podia amar novamente. Contudo, ainda seria superficial, pois eu não achava certo me entregar a ele de novo.
E mesmo com medo do resultado final da conversa que teria com Daimen, eu não tinha certeza se queria que acabasse nossa relação.
— Ok, tudo bem — Peyton murmurou, segurando meu queixo e se inclinando para um beijo rápido — Vou ajudar você a tirar os anjos do inferno, mas quando Daimen sair, dê uma chance para nós competirmos pelo o seu afeto e eu dou minha palavra que saio de cena assim que você escolher e eu não for sua opção.
Levantei meus olhos assustada com as suas palavras.
— Peyton...
Era uma decisão precipitada, mas eu não podia manter ambos comigo assim que escolhesse e ele tinha razão. Entretanto, ter que abrir mão de um deles me doía e meu coração se contraia com pesar.
— Está tudo bem. — Ele disso, um sorriso triste se abrindo em seu rosto bonito — Preste a atenção em mim dessa vez.
Com tudo o que tinha para dizer, dito, Peyton saiu do banheiro feminino e me deixou na pia, atordoada. Minhas lágrimas presas nos olhos marejados e o coração dolorido com os pensamentos de abandono. Eu não queria uma competição. Eu queria... eu só não queria sofrer.
Quando sai do banheiro desisti de assistir a aula, meu rosto estava vermelho e eu não queria dar explicações a ninguém. Então sai do prédio do colégio e com o carro fui até o apartamento de Daimen na cidade e me ocupei fazendo os documentos de Sophie.
Ela não tinha nem uma certidão de nascimento e para viajar de avião precisava disso e de todos os outros documentos incluindo o passaporte. E junto com minha secretária que cuidava das minhas coisas na Califórnia fizemos todos os documentos durante a tarde inteira.
De noite avisei que não voltaria para casa e fiz um círculo de velas no chão do apartamento pronta para voltar a prisão e descobrir a resposta das fênix e thunderbirds quando o telefone tocou e o nome de Luke apareceu na tela do celular.
— Não esqueça que precisa de ajuda. — A voz de Val me assustou no minuto em que as primeiras palavras foram ditas.
— Ai meu Deus, Val — Exclamei, com a mão no peito.
Desde o meu encontro com Peyton mais cedo o silêncio me acompanhou a tarde inteira e eu tinha me esquecido de Val, mas agora ao me lembrar que ela esteve sempre comigo meu rosto começou a queimar de vergonha. Ela viu a cena no banheiro.
— Desculpa, eu só queria lembrar para você não afastar todos os seus amigos e fazer tudo sozinha. Se a resposta de hoje for positiva você vai precisar de ajuda amanhã.
— Ah, eu sei. Eu só não sabia como explicar o que aconteceu hoje — Expliquei, guardando a vergonha para fazer a pergunta — Val, você viu...
— Não se preocupe, eu dei privacidade para vocês assim que ele apareceu. Então eu não vi nada.
Soltei um suspiro de alívio, realmente aliviada. E seguindo o que Valentine disse peguei meu celular e retornei a ligação de Luke.
— Mãe! Você está bem? — Ele perguntou, a voz em tom de preocupação.
— Eu estou bem, Luke. Tive que faltar a aula para resolver uma coisa sobre a minha missão.
— Ah, sei. Você vai precisar de ajuda? — Ele perguntou, esperançoso.
Parei para pensar, na verdade eu precisava carregar equipamentos de sobrevivência para as espécies que seriam tiradas amanhã e levar os itens de Bruxaria para fazer o feitiço. Se eu fizesse tudo sozinha teria que fazer várias viagens até o carro para carregar tudo e eu não estava sendo preguiçosa, só estava pensando que isso levaria muito tempo.
— Que bom que perguntou, talvez eu precise de um carro a mais amanhã e algumas mãos para carregar equipamentos para acampar.
— Vamos acampar?
— Mais ou menos isso.
— Bom, se você precisa de mãos, eu darei as minhas... Peyton quer ir junto, tudo bem?
A minha resposta já estava na ponta da língua para negar, mas as palavras de Val fizeram um eco na minha cabeça e eu hesitei por um segundo, pensando. Ele me pediu que prestasse atenção nele e essa podia ser uma boa chance de ver o que ele estava disposto a fazer e mostrar que mudou.
— Tudo bem — Falei, minha voz meio falha — Mas levem roupas para trocar de preferência próprias de acampamento. Não sei quantos dias ficaremos no mato, então levem comida.
— Ok, vamos nos encontrar onde?
— Fale para o Peyton nos encontrar na casa da Dabria depois das 3h da tarde e você vem comigo de manhã para comprar mais alguns itens comigo.
— Mãe, o que vamos fazer?
— Vamos tirar algumas pessoas da prisão.
— O que, você endoidou? A perseguição de Peyton foi tanta que você quer contratar criminosos para matá-lo? Se quiser faço o serviço sujo e você não precisa... aí!
Ri alto no meio do apartamento vazio, ouvindo Peyton falando com Luke do outro lado. Às vezes eu esquecia que eles se davam tão bem, tanto que até moravam juntos.
— Por que vai soltar criminosos? — A voz havia mudado, então significava que Peyton pegara o celular de Luke. Mesmo assim eu ouvia ainda a voz de Luke no fundo — Mãe, se for por causa dele eu posso fazer o trabalho sujo enquanto ele estiver dormindo para você finalmente ter paz.
— Não, Luke. Está tudo bem — Respirei fundo, depois de rir tanto — Eu explico melhor amanhã junto com a Deb, mas não se preocupem. Eles não são totalmente criminosos, só injustiçados.
Eu podia sentir que ele não estava convencido, mas não me importei porque ele entenderia depois que eu explicasse. Ambos, mas com Luke a situação era diferente porque se eu disse para esperar e me ouvir, ele esperaria para me ouvir.
— Eu vou desligar, nos vemos amanhã. Luke não vá a escola, me encontre às 10h na loja de equipamentos esportivos. Tchau!
Antes de me impedirem de desligar, eu cliquei no botão vermelho do celular e desliguei preparando o círculo atrás da sala de estar próximo a janela.
Lembrei que da última vez Val não foi comigo, mas dessa vez não havia ninguém que poderia entrar no apartamento e atrapalhar o feitiço, então apenas para ter certeza perguntei:
— Val, vai comigo dessa vez?
— Ah, claro.
Então juntas recitamos as palavras em latim lentamente, cada feitiço precisa de seu próprio tempo, concentração e foco. Tia Michaele me fez gravar isso.
Fomos transportadas para o corredor onde deixei escondido o espelho na última vez, evitando deixar em uma cela em especifico caso as fadas encontrassem e mais alguma espécie sofresse por algo que fiz. E dessa vez estávamos mais perto das celas das fênix e Thunderbirds e não foi preciso andar muito.
O brilho da projeção astral iluminou o caminho na minha frente e antes de passar pelo batente era possível ouvir que eles estavam conversando entre eles, algumas vozes agressivas, outras autoritárias e isso vez meu coração apertar com a possibilidade de eles recusarem.
— Você cumpriu com o que disse. — A mesma fênix que falou da outra vez disse, o tom irônico levemente presente.
— Eu odeio palavras que não valem de nada — Respondi, não queria que começássemos nossa relação sem confiança e apesar de evitar fazer promessas, se eu tivesse que fazer uma eu a cumpriria. — Espero que tenham pensado e tenham a minha resposta.
— Quando sairemos daqui, bruxinha?
— Isso significa que aceitaram? Com todas as minhas condições?
— Apesar de não querer uma liberdade com regras, o que a invalida de ser uma liberdade digna, ainda é melhor que nada — Um homem da cela das thunderbirds disse.
— Não quero limitar a liberdade de vocês, mas por enquanto por estarem fora do mundo de vocês e escondidos o máximo que devem fazer é ouvir uma moradora de lá para a proteção de vocês. E para não favoritar nenhuma espécie eu irei soltar todos, não agora, mas cada um no meu tempo.
O lugar foi dominado por um silêncio assustador, mas o fato de eles terem aceitado já era a minha conquista do dia e eu não precisava ficar por muito mais tempo. Eu precisava guardar energia para o dia seguinte.
— Amanhã não serei eu quem guiará vocês, eu estarei mantendo a ponte entre os espelhos, mas assim que alguém em meu nome passar pelo espelho, sigam eles que nos encontraremos do outro lado.
— Então, até amanhã.
— Aqui o espelho, guardem e não permitam que as fadas descubram.
E assim me despedi deles outra vez e voltei ao apartamento. Val disse que esse feitiço não usava tanta força quanto o outro, mas todas as vezes em que eu voltava a minha energia parecia estar esgotada como se aquele lugar me drenasse ou poderia ser o feitiço e o fato de eu não ser acostumada a fazer.
Esquecendo o cansaço coloquei o celular para despertar cedo, o voo de Sophie estava marcado para as 9h30 e eu ainda precisava ir buscá-la. Não ficaríamos muito tempo juntas, mas pelo menos eu sabia que ela estaria em segurança na Califórnia. Aproveitei para mandar mensagem para Dabria.
"Deb, quer acampar com Luke, Peyton e eu? Eles irão me ajudar em um feitiço amanhã, se não estiver ocupada passo na sua casa às 3h. Explico tudo pessoalmente. "
Com meu dia concluído e todas as tarefas feitas deitei no sofá mesmo e dormir evitando pensar e cogitar pegar outra camiseta de Daimen. Apesar de querer sentir o aroma cítrico que estava presente em seus pertences eu tinha que me abster, por enquanto, desses pequenos detalhes que me faziam lembrar dele para não me sentir culpada e essa culpa me impedir de seguir em frente com a missão.
§ § § § §
Antes de sair do apartamento escolhi levar o Jeep no lugar da SW4, porque fazia mais o tipo de carro que podia entrar na mata e havia espaço próprio para carregar os equipamentos embora não fizesse diferença já que o outro carro era enorme, mas chamava atenção ter um carro daquele na floresta.
Com os livros de feitiços dentro da mala do carro passei em casa para pegar mais roupas, preparando minha mala e depois parti até o mundo da ilusão.
Chamei pelas fadas, avisando que estava cumprindo minha parte do acordo ou seja, estava ali para buscar Sophie.
— Desculpe pela demora. Eu achei que seria melhor ela digerir a ideia primeiro — Falei, ainda olhando a pedra grande. — Se puderem apressar um pouquinho tenho outras coisas para fazer.
Meu celular tocou no meu bolso, o número era desconhecido então não me importei em atender e prestei a atenção no tremor que a pedra grande provocou ao se mover.
VAMOS VOTAR!! VAMOS VOTAR 🌟🌟🌟
Olá amorinhas, como estão?? Espero que maravilhosamente bem!!! O que acharam do capítulo de hoje? Eu disse que o romance apareceria, e ele apareceu para Peyton e Atelina. Será que aqui alguém é Team Peyton? Ou tem aqueles que torcem por Daimen que mesmo no inferno tem um chance? O que será que vai rolar nesse acampamento que eles farão só os quatro? E as fênix e Thunderbirds, será que vai ter algum problema depois que elas saírem?
Não esqueçam o precioso voto e comentem também, quero saber que estão aí do outro lado mesmo!!!
Amo vocês ❤️❤️❤️
Logo quando tudo der certo, as postagens aumentam então torçam por mim! 🥰🥰
É isso, até o próximo capítulo.
Abraços gigantescos.
- Atel...
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