Capítulo 10 - Gratidão

   Abri meus olhos um pouco ao sentir o balanço suave de alguém me carregando. Ainda com a visão borrada consegui saber quem era por causa do perfume forte e masculino. Era gostoso também. 

    — Peyton? — Perguntei, minha voz fraca e quase impossível de ouvir. 

    — Você está segura agora, não se preocupe. 

   Aliviada me agarrei a sua blusa e tornei a fechar os olhos. 

    — Onde ela estava? — Distingui a voz de Dabria. 

    — No mato, parece que caiu. 

    — Ai meu Deus! — Deb parecia aflita. 

   Com mais alguns movimentos, Peyton me deitou no banco detrás do seu carro e junto com Deb ao meu lado fomos ao hospital. 

   Acordei totalmente no hospital sem saber quanto tempo tinha se passado desde que tinha desmaiado no carro de Peyton. Olhei em volta e ele ainda estava aqui, deitado no sofá a alguns metros da cama, dormindo. 

   Inspecionei meu corpo e com alivio conclui que não sentia tanta dor quanto antes e que não tinha tantos hematomas no meu corpo. Tentei chamar Peyton, mas minha garganta seca dificultou um pouco, então afastei o lençol e tentei levantar. 

    — Nada disso, pode ficar deitada senhorita — Dabria entro no minuto seguinte, acordando Peyton em um susto. 

    — Eu quero água — Falei, mas minha voz saiu estranha de novo. 

    — Peyton, vá buscar um pouco de água — Dabria pediu, apontando para fora e ele foi sem dizer nada — Obrigada. 

   Dabria então se aproximou com o colar que estava comigo quando voltei a vida, em mãos. 

    — Por que não disse logo que voltou com uma missão? — Deb soltou, a voz acusatória. 

    — Como você...? 

    — Seu colar falou para mim e ela me disse também que você estava chamando o nome de Daimen na mata. 

   Olhei confusa para o colar e por um momento pensei em Val, mas ela teria me avisado que estava lá, ou pelo menos diria que voltaria comigo nessa forma. 

    — Eu... eu não sabia que ele falava — Falei, apontando para ele desolada por ter sido pega — Eu ia contar, não tudo. Mas não deixaria todos vocês no escuro. 

    — Quem de nós ficaria no escuro? — Ela perguntou, aproximando-se.

  Respirei fundo antes de falar alguma coisa. Deb era uma pessoa de confiança, talvez a mais confiável, mas contar significava inserir ela nisso tudo e há menos de um mês minha irmã tinha tentado matá-la. Eu não podia pedir isso a ela. 

   Contudo, ela queria saber e eu não podia negar isso a ela, mas evitaria a todo custo deixar ela se envolver demais. 

    — Allyson, principalmente — Esclareci, honesta — Nossa família está envolvida nisso. A mulher que você encontrou no cemitério e que mandou os anjos ao inferno era nossa mãe. 

    — Bem que eu pensei que vocês fossem parecidas. — Deb estava sentada agora ao pé da cama, acariciando minhas pernas em consolo — Você voltou pelos anjos? 

   Concordei, contando em seguida tudo que vi e ouvi no véu. Tudo estava incluído, até mesmo a história trágica de amor entre Cassandra e o Anjo que ela amava e que não a queria. 

   Dabria ouviu tudo com atenção e parecia bem interessada, fazendo perguntas e tentando deixar tudo o mais claro possível. 

    — Apesar de querer muito seguir minha vida normalmente, eu fiz um acordo e deixei que todas aquelas almas no véu confiassem em mim para poder voltar e ver vocês. Mas não quero envolvê-los nisso, não mesmo. 

    — Acho que isso não é uma escolha sua, Ateh. Assim que todos saberem disso eles vão querer ajudar e talvez nem seja totalmente por você, mas pelos seus familiares e amigos que foram mandados ao inferno — Ela esticou a mão e segurou a minha — Eu irei ajudar você, pelo meu irmão e por você

    — Não quero que vocês se machuquem por minha causa mais uma vez... 

   Deb levantou rapidamente da ponta onde estava e me abraçou. 

    — Eu fiz uma promessa ao Nathan que te ajudaria sempre que você estivesse precisando e me senti em pedaços quando vi você sangrando na minha frente sem poder fazer nada — Ela acariciou meu cabelo, suavemente — Vou ajudar você dessa vez. 

   Sem mais palavras que pudessem refutar seu pedido, concordei ainda com um pé atrás. Deb podia ser uma pessoa maravilhosa, mas de todos nós sua vida era aqui e ela só conhecia isso. Então não era justo destruir o que tinha, porque com certeza ela não se adaptaria a uma mudança tão grande, caso algo desse errado. 

   Peyton voltou com água e comida, eu sabia que Deb disse para ele meu estado atual e que o motivo de cheirar a um ser humano era porque eu tinha me tornado um. 

   Depois de comer e agradecer ambos, Peyton foi embora. Eu não sabia o porquê de ele ter indo na minha casa mais cedo e ter que ajudar a me encontrar, mas quando tivesse a oportunidade perguntaria. Em seguida, o doutor que me atendeu entrou no quarto. 

    — Olá senhorita Piierce, parece que melhorou bastante — Ele sorriu, mostrando um belo e sedutor sorriso — Eu sou o dr. Jenks. 

    — Quando terei alta doutor? 

    — Nesse mesmo instante. Se a senhorita prometer se cuidar, porque pelo o que vi no seu histórico médico não faz nem um mês desde que você foi internada. 

   Dabria olhou para mim, seu olhar acusatório. 

    — Ou você gosta de hospitais? — Ele perguntou, assinando alguns papéis no prontuário. 

    — Com certeza não! 

    — Então se cuide, aqui está sua alta. — Ele entregou o papel para Deb e se virou para sair, mas se deteve — Ah, e feliz aniversário senhorita Piierce. 

   Aniversário? Já era dia vinte-cinco? 

    — Obrigada. 

   Então ele saiu, sua figura alta de ombros largos e cabelos escuros. Ele era bonito e parecia muito novo e nada cansado para o cargo. 

   Com a ajuda de Deb me vesti e voltamos para casa. Ela não tocou no assunto de eu ter chamado Daimen na mata e eu muito menos queria tocar no assunto. Eu realmente achei que fosse ele querendo me ajudar... se bem que pensando agora não fazia sentido algum. 

   Daimen com certeza estava com raiva ou magoado comigo, então faria mais sentido ele não querer me ver nem pintada de ouro. Pensar nisso só fazia meu coração doer. 

   Assim que chegamos eu subi para o meu quarto e Deb permaneceu no primeiro andar, dizendo que faria um chá para ajudar nas dores e até mesmo que trouxesse o sono mais rapidamente. Então segui para debaixo das cobertas, segurando o colar que tinha me entregado. 

    — Eu deixei de perguntar uma coisa para você... — Dabria estava de volta, o cheiro do chá fumegante inundando meu quarto. 

    — Eu não sei. 

   Eu sabia que tinha chegado a hora da pergunta que eu não queria responder. 

    — Eu ainda nem perguntei — Ela se aproximou. 

    — Vai me perguntar sobre Daimen? — Perguntei e ela assentiu — Eu não sei. 

    — Pelo menos sabe o que vai dizer quando ver ele de novo? 

   Agora ela queria saber o impossível. Eu estava com medo e até mesmo meus ossos tremiam ao saber que teria que ver o sentimento de raiva que minha morte brotou nele quando os anjos fossem libertados. 

    — Você parece realmente gostar dele. — Deb entregou o chá — Você nunca se importou com o que outro homem pensasse de você além de Peyton. 

    — Eh, parece que eu realmente gosto dele. — Eu sorri para mim mesma — Na verdade, eu aceitaria. Se caso ele não quisesse mais nada comigo, mas não quero que ele me odeie por algo que fiz com boas intenções. 

    — Quando você salvar ele, explique-se e lhe dê um tempo. Ele vai perdoar você. — Ela disse e sua voz tinha tanta confiança que decidi acreditar e guardar essas instruções para mim. 

   Quando terminei o chá ela pegou a caneca e colocou na cômoda ao lado se levantando para fechar as janelas. 

    — Deb? — Chamei e ela olhou para trás — Eu sinto muito pela sua mãe. 

   Nathan me disse uma vez uma história sobre a família de Dabria e esse também era um dos motivos dele ter se aproximado dela. Um dia ele estava indo para um dos prédios no conselho de anjos quando viu Deb brigando com sua mãe. A mulher parecia estressada e enojada com a menina na sua frente e isso fez Nathan pensar que nenhuma mãe olharia para sua filha com tal olhar. 

   Mas depois ele descobriu que aquela mulher era na verdade sua madrasta, seu pai a teve antes de se casar e antes de sua mãe biológica morrer Deb foi entregada ao pai. Não podendo fazer nada, ele ficou com a menina e todos decidiram fingir que ela era filha da mulher. 

    — Nathan não me disse como uma fofoca. Ele me disse para que eu soubesse o motivo de ele achar você tão forte e amorosa, apesar de não receber o mesmo com frequência. 

    — Vocês irmãos Piierce, sabem como me deixar pasma. Mas é por isso que amo vocês — Ela disse, sua voz embargada. 

    — E você tem o amor de cada um de nós, além da nossa gratidão. 

    — Boa noite, Atelina. 

    — Boa noite. 

   Ela apagou a luz e saiu, eu não queria fazê-la chorar, só queria que soubesse o que sentíamos por ela. Era como uma verdadeira irmã mais velha, apesar de eu ser mais velha que ela. Mas sempre que algo acontecia, ela era a primeira que eu queria chamar.

   Na manhã seguinte acordei com o som do toque do meu celular. Era um número desconhecido, mas mesmo assim eu atendi. 

    — Alô? 

    — Atelina, é a Sophie. Eu tenho a sua resposta.

BRILHA, BRILHA ESTRELINHA 🌟🌟🌟

OLÁ SERUMANINHOS!! Como estão?? Esse capítulo foi pequeno né? Mas o que acharam? Atelina não se machucou tanto quanto esperávamos graças a sua desventura na mata atrás de Daimen mesmo sentindo dor. Mas o herói da vez foi Peyton, o que ele queria na casa dela que possibilitou que ele a ajudasse? E o fragmento da história de Dabria que descobrimos? E para fechar o capítulo Sophie soltou uma bela bomba, qual será sua resposta?

Por favor não esqueçam de comentar teorias que amo e façam as estrelas brilharem!!! 🌟

Amo vocês!! ❤️❤️❤️

Não me abandonem, se algo não os agradarem me digam.

Abraços gigantescos e quentinhos ❣️❣️❣️

- Atelina..

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