Capítulo 7 - Surpresa!

   Os dias que se passaram foram ao mesmo tempo sufocantes e de certo modo bons para mim. Eu consegui passar bastante tempo com meus velhos amigos, mas tinha que dividir o tempo em que ficava com um para não excluir demais os outros.

   Deb se tornou uma pessoa bem presente na minha vida, eu não sabia se o motivo era porque ela só estava querendo saber se Ally queria tentar matá-la novamente, mas ela parecia sincera e por termos crescido juntas quando mais novas, eu confiava nela e passávamos a maior parte do dia juntas. Seu horário era igual ao meu, descobri no dia seguinte que ela tinha trocado seu horário fixo por um dia, mas que voltou para ele e por isso íamos de aula em aula juntas.

   Peyton ainda tentava conversar comigo e éramos parceiros em cálculos, algumas vezes o silêncio reinava entre nós, outras os murmúrios dele eram repetitivos e eu tinha medo de ele um dia me sequestrar apenas para que eu ouvisse sua versão da história, que eu acreditava ser bem parecida com a que eu conhecia.

   Eu até que estava gostando de ir ao colégio e percebia todas as manhãs que Ally fingia que não gostava, porque na hora do almoço ela ficava rodeada de pessoas que a faziam rir o tempo todo, inclusive quando ela conversava com Luke. Eles não se viam a muito tempo e basicamente éramos uma família estranha. Amávamos da nossa forma única e peculiar, na qual não era preciso muita proximidade, mas era preciso lembranças, sentimentos e o principal: saber que o outro estava bem.

   E Ren encantava todas as garotas da aula de literatura o que deixava os outros garotos intrigados para saber o que ele fazia. Eu suspeitava de que era o sotaque, o cabelo grande e a barba, mas descobri que ele as seduzia como um perfeito cavalheiro medieval com sorrisos e elogios.

   Era uma vida em Falls Stay que eu nunca imaginaria estar vivendo, mas era reconfortante chegar ao colégio depois de mais uma noite de pesadelos. Esses, se tornaram mais intensos e sangrentos.

   Todas as noites eu ficava com medo de acordar alguém por causa do choro e a ideia de ter que me explicar era sufocante, então entrava no banheiro e ligava o chuveiro ou a torneira, o barulho da água corrente evitava que me ouvissem e só assim eu podia chorar sem medo.

§ § § § §

     — Ateh? — Deb chamou minha atenção, enquanto eu mexia nos meus livros no armário — Você me ouviu?

     — Desculpa, não — Admiti, cansada.

   Eu não tinha dormido direito noite passada também, passei a noite ajudando em um projeto da Califórnia e tive outro pesadelo que não me deixou pregar os olhos. Eu podia encostar em qualquer poste que cairia no sono como uma pedra.

     — Você parece péssima — Ela concluiu.

     — Estou cansada, só isso — Falei.

   Começamos a caminhar pelo corredor para a sala da primeira aula quando o cheiro de um perfume doce impregnou o corredor. Era tão enjoativo que eu senti náusea no momento em que a garota passou na nossa frente e entrou na sala. Seus cabelos loiros balançavam enquanto ela andava apressada para a mesa da professora de literatura entregando o mesmo papel que eu entreguei no meu primeiro dia. O que significava que ela era nova.

     — Temos uma aluna nova na nossa sala que deve adorar que as abelhas a persigam — Deb ironizou e eu ri concordando.

   Atravessamos o batente da porta e não contive a curiosidade de ver o rosto da novata... seus olhos eram grandes, verdes e eles se arregalaram quando cruzaram com os meus. Sua boca se escancarou um pouco e ela rapidamente desviou o olhar, olhando para as próprias mãos agora inquietas.

   Senti Dabria me cutucar. Eu sabia que havia parado no meio do caminho e estava atrapalhando quem queria passar, mas eu não conseguia. Aquela garota não podia estar no mesmo lugar que eu. Meus amigos eu até aceitava, mas ela... minha respiração ficou pesada e eu queria sair correndo.

     — Atelina, estamos no meio do caminho — Deb murmurou.

   Comecei a andar para a minha mesa que ficava longe da dela, mas eu não conseguia desviar os olhos das suas costas. Minha cabeça começou a doer, memórias antigas voltavam a todo vapor. Ela... ela era a maldita da recompensa de Peyton.

   Recompensa que ele ganhou por domar o monstro. Ele ganhou a recompensa e ela estava ali, o que queria dizer que ele a tinha aceitado. E a explicação que queria me dar era que a tinha escolhido, exatamente como a carta dizia. E isso significava que Peyton queria partir mais do meu coração partido.

     — Srta. Harley Hannigan, seja bem-vinda — A professora de literatura disse, apresentando a novata.

   Olhei para o lado, Deb me encarava com olhos preocupados. Ela também conhecia a novata e mais da metade dos meus amigos a conheciam também, o que nos impedia de chamar ela de novata. Harley era a princesa, a filha de alguém importante e além disso tudo, foi minha amiga antes de Peyton aparecer e eu me tornar o monstro caçado.

     — Srta. Piierce, tudo bem? — Direcionei minha atenção para a professora.

     — Sim, só uma dor de cabeça repentina — Falei, com um tom de voz culpado.

   Assim que se convenceu da minha dor continuou sua aula, falando do último romance que nos obrigou a ler, sempre retomando algum comentário para que Harley não se sentisse perdida, mas eu achava quase impossível, porque quando uma Hannigan queria algo, ela conseguia.

   Quando ouvi o som do sinal soltei um suspiro de alívio e em seguida o pânico em compartilhar a próxima aula com aquela menina me encheu dos pés à cabeça. Eu não ia conseguir. Seu rosto me lembraria dele e em como eles estava bem-casados. Tão bem que ela precisava estudar com ele. Minha cabeça era tão paranoica que se encheria de cenas dos dois juntos.

     — Ateh? — Deb chamou, aproximando-se e parando na minha frente — Sei como deve estar a sua cabeça, e não deveria estar assim. Se eles querem viver o romance deles em um colégio o problema é deles, não seu. Você não merece sentir nada por eles.

   Sim. E não. Era meu problema, porque eu sentiria meu coração se partindo aos poucos como da última vez apenas por vê-los. Sabendo que aquilo que ele prometeu para mim foi em vão e que mais uma vez, alguém tinha quebrado a promessa feita para mim.

   Toquei meu colar no pescoço como um ato automático, ele era um símbolo especial para mim. Nathan me disse que mamãe havia me dado, mas eu gostava de tocar nele em momentos como esse mais para me lembrar dele. Meu irmão. Pois foi ele quem me deu.

   E tocar em algo que ele tinha tocado me levava a imaginar: o que ele me diria se estivesse me vendo nesse momento?

   Ele ficaria muito bravo, principalmente por conhecer Peyton como ele conhecia. Nathan não me deixaria chorar. E eu não choraria. Não hoje. Não por Peyton. E muito menos por aquela garota.

     — Eu estou bem — Finalmente consegui falar, e era uma meia verdade.

   Seguimos para a próxima aula, era cálculo. E eu me neguei a sentar ao lado dele. Troquei de lugar com o parceiro de Dabria. Ele pareceu não gostar da ideia e me encarou por vários minutos antes dela mesma pedir com gentileza, só então saiu da minha frente dando o seu lugar com todo o ódio que possuía.

   Peyton chegou atrasado e por causa do lugar de Deb ser próximo à ponta por onde ele passou consegui ver seu olhar de confusão. Ouvi quando perguntou para o parceiro de Deb o motivo da troca, o mesmo estava mais confuso que Peyton, mas ele não desistiu facilmente, começou a sussurrar do seu lugar apenas para que eu ouvisse.

   Dabria que também podia ouvir lhe lançou um olhar feio para me ajudar. Funcionou e eu consegui o silêncio da parte dele.

§ § § § §

   No intervalo eu me sentei na mesa com as mesmas pessoas do primeiro dia e me senti um pouco mais segura com as risadas que se tornavam cada vez mais presente. Luke estava do meu lado de novo e Ren na minha frente e eles pareciam felizes por algo que havia acontecido, pois seus olhos brilhavam de minuto a minuto quando tocavam no assunto sem que ninguém percebesse.

     — Ren! — Uma voz familiar interrompeu a narrativa de Luke — Luke, eu não vou estar em casa hoje, vou ter que visitar minha irmã e...

   Os olhos de Peyton se prenderam aos meus, havia um brilho estranho nos seus. Talvez por estar prestes a visitar a irmã mais velha. Ou simplesmente porque sua "esposa" estava com ele. Desviei meus olhos.

     — Por que mudou de parceiro em cálculo? — Demorei para perceber que ele estava falando comigo — Eu não fiz nada, eu ju...

   Fingi não ouvir o resto de suas palavras. Ele ia jurar e para mim juramentos e promessas eram palavras fortes que não deveriam ser usadas a esmo sem nenhum sentido por trás. Por isso evitava extremamente fazer um deles e odiava mais ainda quando faziam um deles para mim.

     — Desculpa — Ele pediu, quando percebeu o que tinha feito — Mas eu não sei o que fiz para você ter escolhido se sentar com a Dabria.

     — Ei! — Deb protestou — Ela só quis mudar, e isso não quer dizer que ela esteja planejando uma vingança... se bem que você mereceria.

     — Por que eu mereceria? — Ele se dirigiu a Dabria.

   Eu queria entrar no meio da conversa e me defender, mas queria saber mais o motivo dele se fazer de vítima na minha frente.

     — Peyton! — Outra voz familiar e feminina o chamou.

   Olhei para trás a tempo de ver Harley correndo na direção de Peyton com seu vestidinho florido e jaqueta jeans. Ela agarrou o seu pescoço e o abraçou com força. Desviei os olhos e captei os olhares de compaixão de todos que entendiam o que estava acontecendo e outros olhares confusos.

     — Senti a sua falta, e tenho certeza que sua família deve pensar o mesmo. Eles pensam que você trocou a família por uma lua de mel eterna — Ela riu.

     — Só se for uma caçada eterna — Ele retrucou.

     — Como assim? O namoro com a Piierce não vai bem? — Ela perguntou e olhei para cima novamente quando meu nome foi citado.

   Ela sorriu assim que nossos olhos se encontraram. Harley estava brincando comigo.

     — Eu que deveria perguntar, como vai o casamento de vocês? — Ironizei, mas aquilo pareceu atingir ela como um soco no estômago.

     — Eu acho melhor eu sair daqui sua namorada não está contente com a minha presença.

   Namorada? Me perguntei. Ela realmente estava brincando comigo.

     — Por que namorada? — Minha curiosidade cresceu e eu me esqueci das pessoas na mesa que tinham toda a atenção sobre nós.

     — É porque, talvez, vocês estejam em um relacionamento? — Ela tirou sarro da minha pergunta — Atelina, você está ou não namorando o Peyton?

     — Por que eu estaria? — Perguntei de volta.

     — Porque ele desistiu do nosso casamento para ir atrás de você — As palavras dela me atingiram no estômago dessa vez e eu não consegui encontrar mais o ar costumeiro que precisava respirar — Não percebeu que ele é um vampiro agora e não mais um anjo terrestre?

   Eu não encontrava palavras para retrucar ou para responder suas perguntas. Porque todas me fariam parecer uma idiota. Eu não tinha percebido que ele deixara de ser um anjo terrestre porque para mim era como se ele sempre tivesse sido um vampiro, mas não. Ele nasceu anjo falso e deixou de ser. Por quê? Porque vampiros e anjos terrestres não podem ter nenhum tipo de relação além daquela de mutualismo. E na época a nossa tinha ultrapassado todas essas regras.

   Quando percebi que o tempo ainda estava passando e eu estava parada na frente de todos igual uma besta, decidi que precisava esconder minha cara que carregava a vergonha estampada. Então me levantei e sai do refeitório sem olhar para trás.

   Na metade do caminho parei de andar. Não conseguia mais. Não queria acreditar. Ele havia desistido de mim, mais de uma vez!

   Há menos de dez anos na carta que recebi dele, explicava que me procurava para dizer que não tínhamos futuro juntos porque estava casado. Ele me mandou uma maldita carta dizendo que não me queria. E sua suposta esposa me disse o contrário. Alguém estava mentindo para mim e eu não sabia quem era.

     — Mãe?

   Senti como se tudo dentro de mim estivesse caindo de um enorme precipício, mas os braços de Luke me seguraram no lugar enquanto eu começava a remontar mentalmente todo o meu mundo. E o pódio de ódio não era mais de Peyton. Ele estava reservado para quem estava mentindo para mim.

     — Tudo bem? — ELe perguntou e eu assenti. Estava mentindo. Ele sabia disso 

     — Vamos para a enfermaria nos esconder.

§ § § § §

   Estávamos de volta na aula de história, ainda faltava uma para ir embora, mas consegui convencer a enfermeira em me dar um atestado para ser dispensada. Eu só precisava assistir essa aula, era a última do prof. White antes de irmos para o tal acampamento. Estava previsto para ser em um dia e eu acreditava que ele daria as instruções finais antes do dia da viagem.

   Sentei em outro lugar quando entrei na sala, nenhum lugar era fixo, mas consegui facilmente me sentar no lugar de Ren, não era muito longe do meu lugar, mas me impedia de ver Peyton e Harley que havia conseguido convencer o nerd gentil que sentava atrás de Peyton a se retirar. Ele saiu todo sorridente.

     — Bom dia! — O prof. White estava melhorando o seu guarda-roupa desde a minha última observação mental. Dessa vez as calças eram sociais e da mesma cor do colete; a camiseta não era listrada; e tudo parecia ser tão apertado para ele — Hoje anunciarei as duplas que viajarão juntos no ônibus, mas antes eu gostaria de pedir um favor a todos. A turma de vocês ocupará quatro quartos com três beliches cada um e eu preferiria que vocês separassem os integrantes de cada grupo para ocupar os quartos para que evitemos fadiga quando chegarmos e mostrar como somos organizados. Entenderam? Posso confiar em vocês?

     — Sim! — Responderam em uníssono.

     — Muito bem. Então vamos começar — Ele recostou seu corpo na mesa e segurou em mãos uma lista — Sinto muito em dizer que não favoreci ninguém e agradeço a presença da nossa nova aluna, srta. Hannigan por evitar que um de meus alunos ficasse sozinho — White cumprimento ela com uma piscadela — Por favor guardem bem o nome dos seus parceiros. Ryan Adams, sua parceira é a srta. Clarmon. Amanda Clarmon...

   Eles pareciam decepcionados por não ser alguém que conhecessem, o que era uma boa oportunidade para que se conhecessem melhor. Mas essa junção que o prof. White tinha feito me deixou nervosa e curiosa para saber quem era meu parceiro. Poderia ser qualquer um, menos a Hannigan.

     — Luke Anderson, vai com a Dabria Green.

   E com isso as pessoas que eu conhecia e desejava que fossem meu parceiro foram diminuindo, mas Harley não foi escolhida como minha parceira. O sr. White por pura coincidência havia deixado ela com Peyton o que arrancou de ambos sorrisinhos de cumplicidade.

   Minha parceira era a amiga de Dabria que eu conhecera no meu primeiro dia. Spencer Mitchell. A menina de cabelos vermelhos como o sangue. Eu não estava completamente feliz, mas não reclamaria. Ela parecia ser legal. Eu só precisava tentar conhecer ela.

   Quando as últimas duplas foram anunciadas, o professor começou a entregar folhetos da cor marrom com uma pousada rústica estampada na frente. Por dentro havia um cronograma extenso e demonstrações das atividades que eram possíveis fazer por lá.

   Eu não me imaginaria naquele lugar e muito menos fazendo tantas atividades física, não que eu não gostasse, mas eu não tinha a prática e podia me imaginar trancada durante as duas semanas lendo algum livro da aula de literatura.

   O sinal bateu e eu fui embora para casa andando. As chaves do carro estavam com Laura dessa vez e eu não poderia pegar o carro e deixar elas irem a pé. Então sozinha fui para casa, no caminho tentei pensar mais sobre o que Harley disse no almoço, mas nada fazia sentido. Peyton tinha terminado comigo e me mandado um carta para fazer o trabalho sujo.

BRILHA, BRILHA ESTRELINHA 🌟🌟🌟

Oie Anjinhos, como estão? O que acharam do capítulo? E dessa revelação que Harley trouxe com ela? Atelina foi mais lerda que Ian ao não perceber que Peyton agora é um vampiro por causa dela kkkkk Ah e quem será que está mentido para quem? Atelina deveria dar uma chance para Peyton e saber a versão dele da história? E esse acampamento, será que teremos surpresas? Algo de estranho vai acontecer por lá? E esse professor misterioso que parece que está aprontando uma?

Não esqueçam suas estrelinhas e comentem, respondam minhas perguntas, critiquem, mas com carinho e deem suas opiniões!!!

Beijinhos deliciosos!!

- Atelina.

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